Laços Fraternos: Megera escrita por MyKanon


Capítulo 38
XXXVIII - Fim




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/21647/chapter/38

Quando Lorrayne se deu conta, já passava da meia noite. Preparou-se para dormir. Ao deitar-se, levantou assustada com um ruído. Parecia algo quebrando. E vinha do corredor.

“Martha!” Lembrou-se. Correu até o quarto de Martha e bateu na porta:

_ A senhora está bem? Está acordada? Posso entrar?

Lorrayne não recebeu resposta. Tentou abrir a porta, mas estava trancada. Preocupada, bateu no quarto de Layane:

_ Layane! Acorda! Abre logo isso!

Antes de Layane, Renan e Eduardo apareceram no corredor perguntando:

_ Mas o que é isso, hein?

_ O que está acontecendo?

_ LAYANE! ABRE LOGO ESSA PORTA!!! – gritou Lorrayne.

Mal humorada, Layane abriu a porta:

_ Você é retardada menina? Quer acordar a mãe?

_ Quero! Mas graças a você parece que não é possível! Abre agora o quarto dela!

_ Você está ficando louca? Não vou abrir nada!

Lorrayne empurrou a irmã para o lado e adentrou o quarto. Perguntou para Renan enquanto revirava o quarto:

_ Onde essa menina guarda as chaves dessa casa? Onde? Estou te perguntando Renan! Você quer que a sua tia Martha morra?

Layane tentou impedir Lorrayne de continuar com suas investigações:

_ Não vou deixar você entrar assim no meu quarto e fazer o que quiser!

Com o ódio guiando seus movimentos, Lorrayne esbofeteou a irmã e perguntou novamente:

_ Fala Renan! Onde estão as chaves?

_ Elas estão... Estão no meu quarto...

Antes que Layane pudesse se refazer, Lorrayne acompanhou Renan até seu quarto. Pegaram uma chave intitulada “mãe” dentro de uma caixinha em meio às outras com outros nomes.

Lorrayne abriu a porta apressadamente e correu até a cama da Martha. A mulher respirava com dificuldade.

Enquanto Eduardo discava para a emergência, Lorrayne perguntava:

_ O que a senhora tem? Agüenta firme, nós vamos chamar uma ambulância!

Layane correu a abraçar a mãe, enquanto perguntava:

_ Mãe, o que você tem? Por que está assim? Por favor, mãe, fala comigo! Não me assusta!

Martha abriu os olhos com dificuldade. E procurou Lorrayne. Segurou sua mão firmemente. E com grande esforço murmurou:

_ Lorrayne... Obrigada... Você sempre tão preocupada comigo... E eu fazendo isso com você... Você pode me perdoar?

_ Claro! Mas pára com isso! Está assustando a gente!

_ Que bom... Eu sempre amei muito você... Não sei por que fiz tudo isso... Eu sempre te via fazendo alguma coisa errada... E aquela voz... Me deixando confusa... Parecia minha consciência que não calava enquanto eu não fizesse o que era certo...

_ Eu sei, eu entendo! Mas fica calma! Agora não vai mais acontecer isso!

_ Não vai... Você me perdoa Lorrayne?

_ Perdoo. Mas agora fica calma que a senhora vai ser socorrida.

_ É mãe! Você vai ficar bem! Já chamamos uma ambulância! Por favor, não nos assuste. – implorava Layane com as lágrimas correndo pelo rosto.

Martha tocou o rosto de Layane. Perguntou:

_ Por que você está chorando?... Vai ficar tudo bem...

_ Eu sei que vai ficar tudo bem.

Cansada pelo esforço, Martha calou-se, segurando as filhas pelas mãos. E voltou a falar:

_ E vocês dois? Apesar de tudo... Amo muito vocês... Os dois...

Ao chegar ao hospital, alguns enfermeiros amontoaram-se em volta da maca de Martha enquanto tomavam informações dos paramédicos. Depois de encaminhar Martha para uma unidade de tratamento, a médica pediu aos jovens que acabavam de chegar:

_ Preciso falar com alguém maior de idade, alguém responsável.

_ O que a minha mãe tem? – perguntou Layane.

_ Não temos uma certeza ainda. Parece uma parada respiratória. Precisamos colher sangue e fazer um exame. Mas poderíamos resolver isso mais rápido se soubéssemos se essa senhora tomava algum medicamento...

_ Ela tomava uma droga! – exclamou Renan.

Perplexos, todos o encararam.

_ Sinto muito Layane, mas a tia Martha pode morrer se não contarmos a verdade...

_ Que verdade, moleque idiota? Tá ficando louco?

_ É verdade! – afirmou Lorrayne – Ela tem sido drogada há algum tempo.

_ Então digam logo o que é, estamos perdendo tempo com algo que não conhecemos!

_ Era um sedativo hipnótico... Para mantê-la em estado alfa...

_ O quê?! – Surpreenderam-se Lorrayne e Eduardo.

Mas ainda tiveram que impedir Layane de investir contra o primo que conversava com a médica, que com cara de reprovação, deixou a sala apressada.

Parecendo ainda não acreditar no que havia feito, Renan largou-se em uma cadeira. Lorrayne aproximou-se do primo e disse:

_ Renan, você devia ter feito isso há muito tempo atrás...

_ Agora você vai me culpar? Agora a culpa é minha?

O garoto levantou-se e foi até Layane. Apontando para seu nariz acusava:

_ A culpa é sua! Você é uma tremenda assassina! Um monstro! Se a tia Martha morrer, não sei o que vou fazer com você!

_ Você não vai fazer nada! Ela não vai morrer!

_ Parem vocês dois! Não é hora nem lugar pra decidir quem foi o culpado! –estabeleceu Eduardo.

_ Vou ligar pra Catharina. – Avisou Lorrayne enquanto saía à procura de um telefone.

_ O que você está pensando? Você ainda não pode ver essa mulher! Minha mãe não morreu e ainda pode mandar prender ela!

Ignorando os comentários rancorosos da irmã, Lorrayne foi até o balcão, onde pediu para usar o telefone. Avisou sua mãe Catharina que preocupada avisou que estava a caminho.

Muito silenciosos, os garotos esperaram por notícias. Mas Catharina chegou antes. Abraçou a todos que necessitavam de um abraço encorajador.

Passaram mais algumas horas em expectativa, até a hora em que o médico se aproximou:

_ Vocês são os familiares da senhora?

Catharina respondeu positivamente por todos.

_ A droga que foi usada causou uma grave depressão respiratória. Perdemos um tempo precioso até descobrirmos, e... Ela não foi forte o suficiente...

“Ela não foi forte o suficiente...” Como assim? Lorrayne não conseguia assimilar. Percebeu Layane descontrolando-se e sendo amparada pelos primos. E ela mesma estava abraçada a Catharina, soluçando freneticamente, dizendo que não era verdade.

***

Durante a cerimônia de enterro, Lorrayne notou uma senhora abraçada a Renan e Eduardo. Não sabia quem era. E nem tinha vontade de saber. Também viu Layane. Estava calma. Muito calma. Não estava ali. Layane não estava ali. Layane parecia mal. As lágrimas não caiam. Catharina também estava ali. Consolando-a. Ao final de cerimônia, Catharina apresentou aquela senhora que ainda estava com Renan e Eduardo:

_ Lorrayne, esta é sua tia Diana. Ela vai depor a nosso favor. Ficaremos juntas.

Parte do raciocínio de Lorrayne pareceu voltar ao normal. Fitou Layane mais uma vez que continuava na mesma posição desde que chegara. Perguntou:

_ E a Layane? O que vai acontecer com ela?

Catharina suspirou fundo e mostrou uma assistente social:

_ Ela vai ser levada para um lugar onde possa pensar em tudo que fez, e decidir o que foi bom e o que foi ruim.

Lorrayne voltou-se para Renan. Perguntou:

_ E você? Vai morar com a sua mãe?

_ Vou.

_ E você? Também? – perguntou Lorrayne novamente, referindo-se a Eduardo.

_ Não. Eles vão voltar pra casa dela. Vou ficar por aqui mesmo. Tenho muito que fazer.

_ Legal.

Mais uma parte de Lorrayne começou a voltar a seu estado normal. Catharina perguntou:

_ Vamos pra casa?

_ Vamos. Espera só um pouco.

Lorrayne foi até onde Layane continuava sentada. Abaixou-se em frente à irmã. Disse:

_ Não deixe as lágrimas descerem para o coração. Elas podem endurecê-lo.

Layane a encarou muito triste. Lorrayne não teria coragem para consolá-la. Disse:

_ Já estou indo.

_ Eu sei. Eu também.

_ É. Não vai se despedir do Renan? Ele vai embora com a tia Diana.

_ Eu sei. A gente já se despediu.

_ Então tá.

Lorrayne se levantou. Layane a seguiu. Inesperadamente, Layane a abraçou e chorou. Disse:

_ Me desculpa. O que eu queria era justamente não perder minha mãe, mas parece que a tirei de nós duas.

_ Tudo bem. Eu sei que você a amava muito.

_ Muito.

_ Tudo bem.

_ Então tá. Agora, acho que você tem que ir. E eu também.

_ Tem razão. Tchau.

_ Lorrayne?

_ O quê?

_ A gente vai se ver de novo?

_ Claro. Farei o possível.

_ Obrigada.

Lorrayne acenou uma última vez para a irmã e foi com Catharina.

Estava de volta em sua casa. Não era exatamente a mesma casa. Nem o mesmo ambiente.

_ Mãe? Será que isso tudo foi culpa minha?

_ Não diga uma coisa dessas, meu amor!

_ Se eu não tivesse aceitado o convite, nada tinha acontecido.

_ Se não tivesse aceitado, não teria conhecido sua mãe, sua irmã, seus primos.

_ Mas também, ninguém teria morrido!

_ Lorrayne, não foi sua culpa! A Layane não quis te aceitar, e disso você não tem culpa. Tá bom?

Lorrayne concordou silenciosamente. Apesar de tudo, sentiria alguma falta de Martha. E de sua sósia.

No dia seguinte, Diana fez uma visita, acompanhada de Renan. Estavam de partida. Lorrayne lamentou conhecer a tia em uma situação tão triste, mas conseguiu sentir alegria em conhecer um pouquinho de seu pai. Sua tia era realmente uma mulher muito bonita e fina. E parecia gostar muito de Renan. Mas, e o Eduardo?

_ Tia Diana, e o Eduardo? Ele não vai com a senhora?

_ O Eduardo é um menino adorável. Eu o amo como um verdadeiro filho. Mas ele aprendeu a se virar sozinho. Ele não quer nos acompanhar. Prefere ficar.

_ Ficar? Onde? Com quem?

_ Compramos um apartamento. Ele vai ficar bem. E logo, logo será um homem maior de idade.

_ E...

_ Bom, estamos atrasados... Temos que ir!

_ Já Diana? - perguntou Catharina.

_ Já. Podemos perder o avião...

_ Tudo bem...

_ Assim que for possível, voltaremos!

Lorrayne despediu-se de tia e do primo. E não sabia onde estava Eduardo...

Continua


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Laços Fraternos: Megera" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.