Não podia estar me apaixonando, afinal, Daniel é um fantasma. Se ao menos ele fosse um pouco mais gentil comigo de vez em quando, eu até pensaria nisso... Mas na maioria das vezes ele é bem grosso, não posso gostar de alguém assim. E também sei que Daniel nunca se apaixonou quando era vivo, e não vai se apaixonar agora. Depois de morto, e ainda mais se apaixonar por mim ' A viva cretina que roubou o lugar de vocalista da banda '

Daniel ainda me olhava, nossas mãos ainda estavam juntas, ele nem ao menos piscava. Parecia estar hipnotizado.

Narrado por Daniel:

Meu sentimento pela Julie estava aumentando, eu sabia que deveria dar um basta, mas estar apaixonado tem o seu lado bom, as vezes. Queria tanto estar vivo, assim eu poderia dizer o que sentia por ela. Não iria precisar esconder.

– Daniel... - Sua voz interrompeu meus pensamentos.

– Eu.

– Estou com fome, acho que vou pra casa. - Ela tenta se levantar, mas eu a puxo rapidamente, e com força. Fazendo com que Julie caisse direto no meu colo.

– Solta.. - Julie levemente cora.

Dei um sorriso torto.

– Te pago um sorvete.

– Não precisa, eu...

– Não adianta teimar comigo Julie, já disse que vou pagar.

Nos levantamos do gramado, e fomos até a lanchonete, dei o dinheiro pra Julie, ela foi comprar o sorvete enquanto eu tentava achar uma mesa vazia, para dois.

Finalmente encontrei uma mesa vaga, não imaginava que uma simples lanchonete teria tantos clientes, me sentei. Olhava Julie de longe, comprando o sorvete alegre e animada, senti uma sensação de bem estar, seguida de tristeza. Não posso ama-lá. Mas amo. Julie vinha em minha direção, com um sorvete de casquinha, sabor chocolate. Ela estava com o celular na mão, na hora senti um frio na espinha, deve estar falando com ele.

Ela deu um sorisso para mim, e se sentou.

– A Bia tá no celular. - Fiquei mais calmo, ainda bem que não era o cretino. - Ela disse que está tentando conseguir um show pra nossa banda. Não é demais? - Julie estava animada, porém, eu nem tanto. MInha mente estava repleta de pensamentos. Se apaixonar também tem seu lado ruim, ainda mais quando você é um fantasma.

– É... é demais. - Respondi, depois de um bom tempo que Julie havia me perguntado.

Fiquei em silencio por alguns minutos, enquanto Julie ainda tomava o sorvete. Eu olhava para o chão da lanchonete.

– Talvez seja na loja do Klaus. - Julie tenta puxar assunto.

– Bacana.

– Daniel, tá tudo bem ?

– É melhor não falar comigo, as pessoas vão pensar que você está louca, falando sozinha. - Eu sou um fantasma... não esqueça disso. =/

Julie olhou a sua volta, percebeu que passava umas meninas, que logo em seguida riam de Julie ao vê-lá falando com ninguém.

– Quer saber, eu não me importo! - Responde Julie, ela consegue arrancar um pequeno sorriso do meu rosto.

– O que houve? - Pergunta ela, percebendo o meu estado. - Olha para mim. - Julie segura minha mão que estava sobre a mesa da lanchonete.

Obedeci, e olhei para Julie, mas logo em seguida, olhei para o chão novamente.

Julie novamente tecla no celular, já havia tomado o sorvete todo, ela coloca o celular sobre a mesa, e tecla apenas com uma mão, pois com a outra mão, ela segurava firmemente a minha.

Nossas mãos estavam juntas novamentes, ela alisava os meus dedos.

– Julie... - A chamei, a mesma olhou rapidamente para mim.

– Oi, Dan. Pode falar. O que houve? Tá estranho... - Julie perguntou rapidamente, ela parecia estar nervosa.

– Você acha que daria certo... um relacionamento entre... uma humana e um fantasma?

– Ahh.. bom... - Julie suspira. - Dificil... - Ela sussurra. Mas consegui ouvir.

Olhei para o longe, pensando na resposta de Julie, '' Dificil...'', É dificil a pergunta... ou é dificil dá certo ?...

Ainda olhando para o longe, percebi que Nicolas se aproximava.