Fiquei paralizada ao ver Daniel ao meu lado, ele estava muito perto. Ele mesmo notou nossa aproximação e se afastou. Senti meu coração disparar por um momento, não sei o motivo, mas fiquei nervosa com Daniel ao meu lado.

– O que veio fazer aqui ? - Perguntei.

– Não aguento mais aqueles dois fantasmas na edicula. - Reclama Daniel. - E a Débora também tá lá, e os três vão sair.

– Huum... - Começei a navegar na internet.

Daniel liga a Tv entediado.

– Nada que preste. - Reclama o fantasma, passando rapidamente os canais. - Ei, o seu pai não tem uma moto.?

– Tem, porque ? - Perguntei.

Ele não me respondeu, resolvi voltar a mexer no notebook. Daniel estava calado, parecia que queria dizer algo que estava preso em sua garganta. Mesmo ainda mexendo no notebook, vi que Daniel me encarava.

– Que foi ? - O encarei.

– Disculpa. - Ele levemente corou. - Se eu fui um grosso com você naquela hora, quer dizer. Ontem.

– Não precisa se desculpar. É o seu jeito de ser. - Esse seu jeito durão, e ao mesmo tempo sensivel. Isso as vezes me deixa pensativa.

– Claro que preciso. - Ele suspira. - Eu não queria ser assim. - Viu, ele está se mostrando uma pessoa totalmente 'diferente' do que ele aparenta ser.

Sorri, e aquela vontade repentina de abraça-lo me veio em mente, e foi o que eu fiz, o abraçei. Daniel estava calado, não sabia ao certo se ele estava gostando do carinho ou não, olhei para ele. O fantasma fechou os olhos, parecia estar calmo. Derrepente, o abraço foi interrompido com o barulho do Msn.

Nicolas diz:

Oi :D

– é... Daniel... - Estava quase gaguejando. - Pode ir pegar um copo d'água pra mim ? - Queria que ele se afastasse, já que eu sabia que ele não gostava muito quando eu conversava com o Nicolas. Afinal, eu e Daniel acabamos de fazer as pazes, não queria brigar com ele.

– Tá né. - Ele some.

Julie diz:

Oi ^^

– Toma aqui. - Chega Daniel com o copo de água.

– Obrigada. - Sorri.

Nicolas diz:

Tudo bem ?

Bebi a agua rapidamente. E estendi o copo.

– Pode por na cozinha de novo ? - Peguntei a Daniel, que começava a disconfiar.

– Me dá .- Ele pegou o copo com força.

Julie diz:

Melhor agora.

– Julie... - Chega o Daniel, na hora fechei o notebook.

– Oi?

– Estou entediado. Me faz compania? - Perguntou o fantasma.

– Ahhh... eu acabei de lembrar que tenho lição de casa. - Me levantei. - Vou levar o notebook. - Subi rapidamente as escadas, e fui até o meu quarto.

Cheguei lá, continuei conversando com o Nicolas.

Beatriz ♥ Théo diz:

Oi amiga.

Julie diz:

Oi Bia!

Conta as novidades ?! #Valtinho. u_u '

Beatriz ♥ Théo diz:

Eu disse que não, não iria sair com ele Juh, tenho namorado, e entre eu e o Théo já está tudo resolvido.

Julie diz:

Ahh, que otimo amiga, fico feliz. *-*

Conversei com Bia, mas a internet dela caia toda hora, ela se despediu e saiu, disse que iria almoçar com o Théo. Então continuei meu papinho com o Nicolas.

Nicolas diz:

Poxa, não sei o que anda acontecendo com a Thalita... :/

Julie diz:

Porque? O que houve entre vocês?

Nicolas diz:

Ela pediu pra gente voltar.

– Mas não é possivel! Já?! - Gritei.

Julie diz:

Ahh, que bom . ^-^

Nicolas diz:

É, mas não sei se eu quero.

Eu queria sair com uma pessoa antes.

Abri um sorriso.

Julie diz:

Com quem ?

Quase comi minhas unhas de tanta ansiedade, Nicolas demorava de responder, e eu ficava cada vez mais nervosa, com quem ele queria sair, será que era comigo ?.... Ahh, como eu queria que a Bia estivesse online, ela ia poder me ajudar nisso...

– Responde, Responde. Droga...

Nicolas diz:

Com a Renata.

Julie diz:

A tal garota nova do colégio?

Nicolas diz:

É, ela parece ser legal, esse é o meu segredo. Estou te contando, porque você é minha melhor amiga.

Julie diz:

Pode deixar, não conto pra ninguém. ;)

Nicolas diz:

Obrigado Julie, preciso ir.

Nicolas desligou-se.

– Não acredito que ele quer sair com a Renata... - Falei para mim mesma, senti uma lágrima quase cair, mas segurei o choro. Eu sabia que chorar não iria adiantar nada. Nicolas me magoou sem ao menos saber o que eu sentia por ele, ele me magoou apenas com palavras digitadas pelo computador.

Liguei a Tv do quarto, estava entediada. Me veio uma culpa, menti pro Daniel, dizendo que iria fazer a lição de casa, e acabei que nem fui dar uma voltinha com ele...

– Já terminou sua lição?- Aparece Daniel no quarto, novamente meu coração disparou, estranhei o jeito que ele me perguntou.

– Já, a lição... é, terminei.

– Huum... Quando você vai ver que ele não tá nem ai pra você?

Daniel era mais esperto do que eu imaginava, ele já sabia que eu não estava estudando, e sim falando com o Nicolas.

– Não é que ele não esteja nem ai pra mim, ele só não sabe dos meus sentimentos. - Abaixei a cabeça. - Acho que isso é a pior coisa...

– Oque é a pior coisa?

– Não demonstrar o que sente.

– Tem gente que simplismente não pode demonstrar Julie.

– Esse não é o meu caso, comigo é diferente, faço de tudo para o Nicolas vê que eu sinto algo por ele...

– Julie, você acha que ele não sabe?

– ... Não.

Daniel bufou.

– Mas é logico que ele sabe. Julie... - Daniel se aproxima rapidamente. - Entenda que a coisa mais facil de se fazer é esconder os sentimentos.

– Está dizendo que o Nicolas esconde um sentimento de mim?

– Não, estou dizendo que é facil para qualquer pessoa, fingir que não sente nada pela outra.

Aquela conversa estava ficando louca, porque derrepente Daniel diz sobre sentimentos? Suas palavras me deixavam totalmente confusas, afinal, Daniel sempre dizia que nunca se apaixonou, mas... como ele sabe tanto a respeito dos sentimentos?

– Ainda está entediado? - Mudei de assunto, Daniel balançou a cabeça dizendo 'Sim.'

Puxei sua mão gelada, descemos as escadas do quarto. Eu não estava muito afim de sair hoje, mas eu faria de tudo para esquecer aquela historia do Nicolas ... e a tal Renata.

– Isso te acalma?... - Perguntei a Daniel, que respirava devagar, ele com a cabeça deitada sobre meu ombro, e eu involuntariamente, fazia carinho em seus cachos.

– Aham... - Daniel fecha os olhos. - Pode continuar. - Diz o fantasma, em um tom autoritário.

– Até parece que manda em mim. - Parei de mexer em seus cabelos, apenas por pura birra. Ele ficou calado, se passou uns minutos e voltei a mexer novamente.

Quando estou com Daniel, não sinto falta de nada, não sinto fome, muito menos sede. É como se com ele, eu me esquecesse de tudo. Olhei para o relógio de pulso, não acreditei quando vi que já havia se passado duas horas desde que estou aqui, com o Daniel. É incrivel como o tempo voa quando estou com ele...

Passando se o tempo, mudamos diversas vezes de posições, as vezes Daniel deitava no gramado, outras vezes eu me deitava na sua barriga enquanto ele se apoiava no gramado.

Suas mãos estavam em minha barriga, enquanto eu deitava em sua frente, me apoiando em seu peito, Daniel estava com o rosto apoiado no meu pescoço, admirando o céu.

– Gostou de brincar com a minha mão. - Daniel ri, ao ver que não parava de mexer em seus dedos frios que estavam na minha barriga.

– É... - Dei um sorriso torto.

– Ai!Julie! Isso dói! - Reclama Daniel. - Você mordeu meu dedo; - Eu e ele rimos.

– Dói? Mas eu não senti nada... - Brinquei.

– A é?! Vai sentir agora. - Daniel começa a fazer cosquinhas fortes na minha barriga. Mal conseguia respirar.

–Pa-para,. Da-aani-el! - Eu tentava dizer o seu nome, mas era quase impossivel.

– É bom né... - Ele continua a me fazer as cosquinhas.

Aquilo estava insuportavel.

– PARA! - Com um grito, segurei suas duas mãos com força. Na hora nossos dedos se entrelaçaram, não sabia ao certo se fui ele que os entrelaçou, e se foi eu. Ou pior, se foi nós.

O silencio reinou, nossas mãos ainda estavam juntas, senti Daniel fazer carinho em meus dedos. Estavamos calados, mudos. Apenas olhando um para o outro.

Será que eu estou.... me apaixonando?