Narrado por Julie:

Não sabia como estava me sentindo, meu coração não estava partido, mas também, não estava totalmente intacto. Já havia se passado um dia desde que o Daniel tinha me dito aquilo. Estava no meu quarto, novamente sozinha.

– Julie. - Chama Beatriz.

– Oi. - A atendi, ela entrou no meu quarto.

– O show vai ser depois de amanhã, na quinta feira.

– A tá. - Estava um pouco desanimada.

– Não vai me dizer o que está acontecendo?

– Na verdade, preciso te contar uma coisa. - Contei para Bia que estava fingindo ser a namorada de Nicolas, ela logo abriu o sorriso de lado, parecia estar toda feliz.

– Amiga, você não acha que ele gosta de você.

– Não, claro que não, se ele pediu para eu ajuda-lo a conquistar a Renata.

– É, mas você precisa fingir ser a namorada dele.

– Não entendo seu ponto de vista.

– Ele podia ter pedido isso para qualquer uma, para mim, para a Shizuko... mas ele pediu pra você ! - Não pude deixar de sorrir com as palavras de Beatriz.

– Não havia pensado nisso...

– É, pode me agradecer por te mostrar que ele gosta de você, nem que seja um pouco, mas ele gosta.

Olhei para o chão, estava triste.

– Julie, agora me conta. Marquei um show, te fiz enxergar que o NICOLAS gosta de você, e mesmo assim você está triste.

– Bia... estou apaixonada.

– Eu sei, e acho que deveria ficar feliz, acho que é retribuida pelo Nicolas.

– Não... estou .... - Respirei fundo. - Estou apaixonada pelo Daniel.

– DANIEL? O fantasma??

– Não, Daniel Radcliffe. O Harry Potter. - Ironizei. - Claro que é o Daniel, Bia !

– Amiga, você tem certeza disso?

– Não exatamente, eu não sei... estou confusa.

– Olha, O Daniel não é o oposto de você? Enquanto você é romantica, ele é rockeiro. Certo?

– Certo.

– Então, vocês são como... dois opostos.

– Tá, mas o que isso tem haver?

– Julie, isso que você sente é só uma reação quimíca. Não é nada de mais.

Fiquei pensativa, e Bia pode estar certa.

– É, você tem razão amiga. - Sorri. Bia me abraçou. - E também, eu estou apaixonada pelo Nicolas, e o Daniel tá apaixonado pela Mannu e... - Bia me interrompe.

– Peraí... que Mannu ?

– É uma fantasma. Colega dele.

– Quem te disse isso ?

– O Daniel. - Afirmei.

– Huh... - Bia ficou tão estranha derrepente. - Olha, eu já vou indo. Tenta compôr umas músicas para o show. - Minha amiga se levanta rapidamente e sai.

Narrado por Bia:

Pra mim aquela história estava muito mal contada, Daniel me disse uma vez, que nunca se apaixonou, e agora, derrepente Julie diz que ele havia dito a ela que estava apaixonado por uma tal de Mannu. Afinal, se ele fosse mesmo apaixonado por ela, concerteza falaria alguma vez na sua morte sobre ela. Mas, nunca ouvi falar de uma Mannu, e as vezes acabo escutando umas conversas dele com os outros fantasmas da edicula, ele nunca falou dela. Como diferente de Juliana, eu sou mais espertinha, eu preciso de pistas, na verdade, preciso ouvir do proprio Daniel que ele estava apaixonado.

Fui andando até a edicula, chegando lá, o gritei.

– Daniel! Daniel! Aparece! - Eu o chamava.

– Oiiii. - Me aparece aquela fantasma irritante, esqueci o nome... acho que é Debora.

– Você é a Débora né? - Perguntei;

– Aham! - Ela riu.

– Ahh... você viu o Daniel por aí ? - Olhei a minha volta.

– Ixxii... ele acabou de sair, disse que não iria aguentar ficar na edicula comigo, e foi espairecer. - Débora gargalhou, até me assustei. - Ai, Daniel é tão engraçado as vezes... Mas, o que queria falar com ele?

– Ah... eu queria fazer umas perguntinhas. Mas já que ele não está, eu volto depois. - Disse já saindo da edicula, porém, Débora me puxa.

– Ahh, fica. Por favor, estou sozinha aqui, preciso de campania. E você é minha amiga. - Ela me dá um abraço exagerado.

– Tá..tá.Ma-aais me sol--ta.

Débora logo me soltou.

– Você... conheçe a Mannu ? - Perguntei, Ela me encarou pensativa.

– Sim, conheço porque ?

– É que, era sobre ela que eu queria falar com o Daniel...

– Huuh, entendi.

– Então, você sabe se o Daniel e a Mannu...

– Estão juntos? - ela me interrompe e pergunta.

– É, mais ou menos isso.

Débora ri.

– Não não, quando a Mannu era viva ela tinha uma quedinha pelo Daniel, mas ele nem ligava pra ela.

– Tá, mas e agora? Ele está apaixonado por ela? - Perguntei.

– OQUE ? Não não! Nunca.

– Huh.. - fiquei pensativa.

– O Daniel não gosta da Mannu não, ele gosta da... - Ela faz uma pausa.

– De quem??? - Perguntei.

– Ahh, esquece. Nem sei se é verdade.

– Me conta.

– Não posso. Se não ele me mata.

– Mas você já tá morta.

Débora ri, uma risada bem irritante.

– Conta ! - Perdi a paciência.

– Acho que ele sente ciumes da Julie.

– JULIE ? - Fiquei surpressa, mas eu não podia acreditar muito nas palavras de Débora, ela é maluca!

– O que tem a Julie ? - Daniel surge na edicula.

Eu e Débora nos encaramos, ambas assustadas. Daniel cruzou os braços, esperando uma resposta.

– Você tá sozinha nessa Beatriz. - Débora ri, e sai.

– Vamos, me diga ? O que tem a Julie ? - Novamente ele pergunta.

– É que... a Débora tava me falando que você ... tipo... sente ciumes da Julie.

Daniel dá uma risada forçada, parecia estar um pouco nervoso.

– Não... É.. da Julie? Nada a ver... - Ele responde.

Sorri torto, estava afim de testar as reações de Daniel.

– Ainda bem, acho que ela e o Nicolas estão em um rolo... - Falei. Daniel me encarou seriamente.

– OQUE ? MAS AQUELE FILHO DA...- Ele viu que estava nervoso, tratou logo de se calar e suspirar. - Parabéns para os dois viu. - Completa Daniel, agora com um sorriso forçado e triste no rosto.

– Admite que sente cíumes da minha amiga.

– Não, não admito e não sinto. - Ele me encara e coça a cabeça, em um sinal de dúvida. - Mas, a Julie e o Nicolas juntos... isso é verdade?

– Mas porque tanto interesse nisso Daniel? - Estava quase o pegando com meus interrogatórios.

– Ahhh, Beatriz. Não enche o saco tá! Foi só uma pergunta boba.

– Igual o seu ciumes, ciumes bobos.

– Eu não sinto ciumes, só estou curioso, me responde logo, isso é verdade ou não ?

– Não sei... - Dei uma de desentendida. Ele bufou, perdendo a paciencia.

– Tá, tá. Eu não gosto muito desse cretino, sinto ciumes. Pronto, falei; - Ele olha para o chão.

– Sabia... - Sussurrei.

– Agora, me responde, eles estão juntos ou não?

– Não, eu só estava te testando mesmo. E parece que você passou no teste do cíume. - Eu ri, Daniel fez uma cara de taxo.

– Tá tá, já tirou onda com a minha cara, agora sai daqui. - O fantasma mal educado me empurra.

– Não não, nada disso. - Disse me soltando. - Agora, quero que você me conte toda a verdade. Agora;

– Não sei do que está falando...

– Claro que sabe, estou falando sobre seus sentimentos pela Julie;

– Sentimentos? Mas que sentimentos?... - Ele bufou. - Vamos Bia, sai daqui logo. Quero privacidade.

– E eu quero explicações.

– Não te dou, quer dizer... não te devo explicações.

– Ótimo, e eu não te devo privacidade. Vou continuar aqui, na edicula com você.

– Garota chata... - Ouvi o fantasma sussurrar. - Como você quizer. - Ele vai andando até sua guitarra.

Me sentei no sofá vermelho, enquanto Daniel estava no sofá em frente, com a guitarra. Daniel era realmente dificil de se lidar, mas eu estava a ponto de descobrir tudo, não podia perder essa oportunidade. Já que sou a 'garota chata' vou ser meeeeesmo chata, não vou o deixar em paz enquanto ele não me contar.

Daniel começa a tocar guitarra, fingindo estar sozinho, ele simplismente me ignorava. Eu estava a ponto de pular no pescoço dele e o obrigar a me contar. Mas irrita-lo seria mais divertido. Estranhei o ritmo da música que ele tocava, mas fiquei queta, parecia ser uma batida romântica. Achei fofo.

'' Como doí, perceber que o fim, chegou tão de pressa e eu nem tive tempo de provar pra você..... que eu poderia ser o seu maior segredo.... '' A voz e a música de Daniel era linda, parecia mesmo que ele havia se esquecido que eu estava ali. Era como se o fantasma estivesse em outro mundo, outra dimensão.

– Nossa! Que música bonita.! - O interrompi. O fantasma me fitou com raiva. - Pra quem é ?

– Pra banda. - Responde ele, frio.

– Pra alguém da banda... certo. - Conclui. dando ênfase ao alguém.

– Errado. - Responde Daniel, voltando a tocar.

– Sério, a música é bonita.

– Eu sei, tenho talento, pode falar. - Diz Daniel, com um soriso no rosto.

– Não sei como a Julie aguenta você e esse seu jeito.

– Ahh é? - Ele coloca a guitarra no descanço. - Você deveria dizer '' Como o Daniel consegue aguentar a cretina da Julie. ''

– Ahhh... - Bufei. - Minha amiga não é cretina.

– Claro que é.

– Você é um grosso.

– Ela é uma tonta.

– Você é um cretino.

– Pelo menos não sou cantor de chuveiro igual a Julie.

– Se ela fosse cantora de chuveiro, não teria pego o seu lugar na banda.

– Ela não pegou, eu que fiz uma doação, e deixei ela ficar no meu lugar.!! - Ele grita.

– Como você pode ser tão ignorante?! - Gritei mais alto.

– Ignorante é a sua amiga que sai com o cretino e ajuda ele a conquistar outra!!!!. - Percebi que Daniel estava cada vez mais nervoso, e sempre que isso acontecia, ele acabava soltando demais suas palavras, isso podia ser uma coisa boa. Melhor eu continuar irritando-o.

– Porque você não vai com a cara da Julie?

– Porque não ! Ela é uma cretina.

– Porque acha isso? Porque não gosta dela? - Gritava.

Daniel bufava de raiva, era bem fácil deixa-lo nervoso.

– Porque você, e as outras pessoas sempre acham que eu não gosto da Julie?! - Tentei disfarçar meu sorriso maroto, Daniel estava no ponto que eu queria.

– PORQUE É O QUE VOCÊ DEMONSTRA!.

– TALVEZ NÃO! - Otimo, estou quase arrancando suas palavras.

– Talvez? - o provoquei mais. - Daniel, você não tem sentimentos.

– CLARO QUE TENHO. A JULIE... É... TALVEZ EU GOSTE DELA, MAS SÓ NÃO DEMONSTRO, JÁ PENSOU NISSO?

– Huum... gosta é ?

– Não.. TALVEZ EU GOSTE DEMAIS.... - Ele respira fundo.

– Gosta demais? - Sorri torto.

– Estou apaixonado por ela.- Finalmente ele admite.