Não sabia ao certo porque fiquei assim, mas sabia que estava nervosa.

– Hein?? - O encarei. - Quem é Mannu??

– É uma colega da escola, era colega do Martim e Félix. - Ele responde.

– Huum... Se ela era colega do Martim e do Félix, o que ela era sua? - Perguntei.

– Julie, porque está me perguntando isso ?

– Só curiosidade.

Ele me encara pensativo.

– Ela não era nada minha, na verdade ela mau falava comigo. - Finalmente ele responde.- E então, quando vai ser o show? - Pergunta o fantasma.

– Porque mudou de assunto derrepente? - O olhei disconfiada.

– POR NADA! Só quero saber quando vai ser o show. - Ele ergueu uma de suas sombrancelhas. - E porque todo esse drama ?

– Por ... por nada, oras. Só queria saber quem era. Sei lá né.

– Huum... - Ele se sentou no sofá. - Era uma timída garota do colégio. Ela morreu um pouco antes da Apollo 81.

– Nossa... Tadinha. Morreu de que?

– Não sei. Martim e Félix devem saber. Enfim... - Ele respira fundo. - Ela sempre foi apaixonada por mim. - Aquelas palavras foram como espadas dentro de meu peito.

– Ahhh... é... - Fiquei nervosa. - E ... e você, tipo... gostava dela também.? Ela era retribuida??

Daniel revira os olhos, parecia estar entediado com toda essa conversa. Eu ainda espera sua resposta. Quando ouço alguém me chamar.

– Não é melhor você atender? - Daniel dá um sorriso torto, parecia que não queria me responder.

– Tá, mas depois continuamos essa nossa conversa. - Sorri.

Fui andando pensativa até a porta da sala, já estava fixo na minha mente que deveria esquecer o Daniel, e era o que eu estava fazendo. Nunca daria certo um relacionamento entre uma humana e um fantasma, e sim, estou esquecendo ele aos poucos, mas admito que me senti desafiada por essa tal Mannu.

Narrado por Daniel:

Estava na edicula, a porta estava aberta, então eu conseguia ver Julie dá uns pequenos passos até a sala. Do jeito que conheço Julie (E conheço muito pouco), sei que ela estava com um pouco de ciumes, acho. Mas, pensando bem, ela fez o mesmo interrogatório maluco quando Martim e Félix apresentaram Débora a ela, então... infelizmente isso não deve ser nada de mais. Mas... porque ela me perguntou se eu sentia algo pela Mannu?

– Então Julie, posso entrar? - Consegui ouvir a voz de alguém na sala, resolvi ir até lá, só que invisivel.

Enquanto andava pelos cômodos da casa, eu refletia: Se aquilo foi mesmo ciumes da Julie, então ela sente alguma coisa por mim... Sorri. Mas meu sorisso durou pouco quando vi que Nicolas estava na sala, com a Julie.

Eles estavam bem perto um do outro, Nicolas coxichava algo no ouvido de Julie, a mesma ria da situação. Senti raiva, a pior coisa para mim era Vê-lá alegre, ao lado de outro. Mas eu sabia que Julie estava fingindo ser a namoradinha de Nicolas por um tempo, e sabia também que ela estava gostando disso.

– Não sei porque a Renata ainda não se encantou por esses olhos azuis. - Julie falava para Nicolas.

– Ahh... Julie... - Falou Nicolas, um pouco envergonhado. - Brigado. - Ele sorriu. - Sabe o que você merece por esse elogio?

– Oque ?

– Um beijinho.

Ele beija delicadamente sua bocheca. E Julie cora.

Ao ver que Nicolas já estava se despedindo de Julie, voltei rapidamente para a edicula. Estava bufando de raiva, mas precisava me controlar. O que eu estava pensando? Que Julie sentiria cíumes de mim? Que ela poderia sentir algo por mim? Sou um fantasma. Julie prefere os vivos, de pele bronzeada e quente, e olhos azuis.

– Voltei. - Chega Julie toda alegre.

– Huh.. - Bufei.

– Então... voltando o assunto da Mannu. - Ela me encara seriamente. - Sentia algo por ela?

– Aham, na verdade, até hoje sinto, sou apaixonado por ela. - Por puro cíumes, orgulho e raiva. Menti.