Depois da prova, que eu me esforcei muito para não olhar para Tiérry e o professor pensar que eu estava colando dele, eu sai e encontrei com ele do lado de fora. Ele tinha acabado primeiro do que eu e fomos direto para o quarto dele. 

Quando chegamos lá, ele abriu a porta pra mim e eu entrei sem graça. Ele estava levando meus livros e alguns cadernos que ele me forçara a tirar da mochila para ele levar. O quarto dele era muito bonito, estranhamente organizado para um menino de dezesseis anos. Tudo em seu lugar, organizado por cor e sua cama bem arrumada. A Vista da janela dava para o campus, era uma vista e tanto.

-Belo quarto. -eu disse e ele sorriu puxando uma cadeira pra mim. Notei um violão perto da cama e algumas partituras na mesa de cabeceira- Eu toco violão.

-Quer tocar? -ele perguntou me olhando como quem pedia para que eu aceitasse.

-Agora não, mais tarde. -ele sorriu 

-Eu sei tocar algumas coisas, eu sou melhor na flauta. -eu vi o estojo de veludo na mesa de cabeceira- Vamos, vamos fazer o trabalho.

Eu e Tiérry formavámos uma dupla e tanto para trabalhos, eu tinha que admitir. Ele me ouvia e dava palpites experientes nos trabalhos, ele falava com fluencia e digitava os textos no computador com facilidade, como se fosse um jornalista escrevendo para o jornal. Eu dava meus palpites é claro e escolhia as imagens dos trabalhos, preparava a conclusão com ajuda do livro e ele ia imprimindo o texto. 

Tiérry era focado, notei, ele sabia o que queria, como eu e Ana haviamos dito no dia anterior. E o incrivel era que ele conseguia conversar e discutir sobre o trabalho ao mesmo tempo. Conversamos sobre musica, partiruras e sobre tocar flauta. Ele parecia saber bastante sobre violão, e disse também que cantava, eu queria ouví-lo cantar.

Quando terminamos o trabalho, ele colocou tudo na escrivaninha e se sentou na cama com as pernas cruzadas de indio, eu ri ao lembrar daquela expressão, e ele indicou para eu me sentar na frente dele. Eu obedeci e me sentei na mesma posição de frente para ele.

Ele então me entregou o violão e eu toquei para ele "Quero Toda Noite" do Fiuk, uma musica que eu gostava muito. Toquei e cantei é claro, ele ficou maravilhado, e eu tive que admitir que adorei aqueles olhos maravilhosos me encarando.

-Sua vez. -eu disse o entregando o belo e lustroso violão, ele sorriu e começou a tocar "Te Trouxe Essa Canção" do Mateus Alves e depois "Sweet Child O´mine" do Guns e por ultimo tocou "What Make You Beautiful" do One Direction, ele além de tocar, é claro que cantou, e ele cantava tão bem quanto tocava. Me deixou sem palavras, eu estava boba quando ele terminou a ultima musica e sorriu.

-Gostou?

-Você disse que só sabia algumas coisas... -eu disse ironica

-Algumas muitas coisas então. -corrigiu ele rindo- Você também toca bem.

-Comparada a você, acho que não.

-Toca sim. -ele disse pegando minha mão e a acariciando- Você é boa em tudo o que faz Sophie. 

-Você não sabe o que eu faço... -eu disse

-Eu não preciso saber o que você faz, pra saber que você é boa, boa pra mim pelo menos. 

Eu corei e ele sorriu.

-Você fica linda com vergonha.

-Você é lindo naturalmente. -eu disse e me calei instantaneamente e corando mais ainda.

-Boba. -ele disse tocando meu nariz.

Ele então começou a tocar uma outra musica, uma outra melodia lenta e ao mesmo tempo com um embalo leve. Uma letra linda que falava sobre um amor que nasceu a muito tempo, mas eles se separaram e no final o destino os fez se reencontrarem e viveram felizes para sempre... felizes para sempre...

Aquela musica me era muito familiar, familiar com a nossa história, mas será que seria amor? Eu não tinha certeza, talvez ainda fosse meio cedo para dizer aquilo, mas fosse lá o que fosse...

Era a nossa melodia. Nossa Música.