My Friend, My Love escrita por Marcela


Capítulo 6
Primeiro dia de aula


Notas iniciais do capítulo

[Narração: Marcela]



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/21632/chapter/6

- Não fica assim. - Sua voz tranqüila ecoou em meus ouvidos - Eu to aqui.

 

- Mas... Mas daqui a pouco, você... Você não vai mais estar. - Soluços se misturavam com minhas palavras.

 

- Vou sim ó! - Ele disse, colocando os dedos em meu colar onde seu nome estava escrito dentro de um coração - Vou estar junto de você, pra sempre. E você vai estar aqui... Comigo.

 

Tentei lutar contra as lágrimas que teimavam em continuar caindo dos meus olhos, mas fracassei, pois não demorou muito para as mesmas rolarem pela minha face chorosa. As mãos de Eduardo envolveram minhas costas pela última vez, e as minhas contornaram seu pescoço, em um abraço perfeito, tentando trazê-lo para mais perto de mim. Detonei sua blusa com as gotas do meu choro, mas ele pareceu não ligar e chorou junto. A boca vermelha do loiro, selou minha bochecha e depois pousou em minha orelha, tentando soltar algumas palavras, mas eu não consegui entender nada. Apertei minhas pálpebras e mordi meus lábios inferiores, descansando a cabeça no ombro do meu amigo. Senti nossos corações baterem sem compasso, mas ao mesmo tempo, em uma perfeita sintonia.

 

- Ta na hora, filho. - A voz de Carla, mãe de Edu, era suave - Vamos.

 

Sai do carro rapidamente e me apoiei na janela aberta, dando as mãos para meu amigo. Ele as acariciou e sorriu, puxando meu rosto para mais perto do seu, tentando me dar um beijo na bochecha, mas, sem querer, virei ao mesmo tempo que ele, e acabamos selando levemente ambos os lábios. Recuei e arregalei os olhos, enquanto ele ria, contente - tentei rir também, mas estava muito sem graça. Ele me acenou assim que o carro começou andar, seguindo o caminhão que já partira. Acenei de volta, dando um tchau, um adeus, sei lá. Senti novamente as lágrimas quentes e teimosas, salgarem minha boca, ao tocá-la. Levei a ponta dos dedos até os lábios, tentando sentir aquele gosto, aquele sabor adocicado de novo, mas ele já tinha ido embora - pra sempre, presumira eu.

 

***

 

 

O sol varava minha janela aberta, acordando-me junto com o meu despertador. Me levantei vagarosamente para tirar o pijama e vestir o meu uniforme escolar pela primeira vez no ano. Caminhei, ainda sonolenta, até a cozinha, onde meu café da manhã já estava pronto em cima da mesa. Meus pais já tinham saído para o trabalho e eu teria que ir à pé para a escola, já que a mesma era três quadras de casa. Terminando a deliciosa refeição, subi as escadas novamente, indo em direção ao meu banheiro, para fazer minha higiene e dar um jeito em meu cabelo - acabei o prendendo em um rabo de cavalo, onde os fios castanhos e lisos desciam pela minhas costas, amarrados - na noite anterior eu tinha alisado o mesmo, pois ele era ondulado, e eu gostava de dar uma mudada no visual.

 

O caminho para o colégio foi rápido, embora eu tenha tido que obrigar meus pés a andarem para chegar a tempo. Nada havia mudado, tanto fora quanto dentro do local. Apertei os passos para procurar minha sala e acabei esbarrando com alguém - uma garota, para ser mais precisa. Ela carregava alguns livros e parecia confusa - acho que era nova aquele ano.

 

- Oh me desculpe! - Eu disse, tentando ser educada.

 

- Não foi nada! - Ela sorriu - Estou tão confusa. Sou nova por aqui. - Como eu presumira - Pode me ajudar a encontrar minha sala?

 

- Deixe-me ver... - Disse, olhando o pedaço de papel que ela segurava - Está no 2º A?

 

- Sim. Sabe aonde fica a classe?

 

- É a mesma que a minha. - Sorri - Só precisamos achar.

 

Pedi para que ela me seguisse e andamos até o corredor, onde ficava todas as classes. Não demorou muito para acharmos a nossa. Corri com os meus olhos cor de mel, ao entrar ali, tentando encontrar um amigo, ou alguém conhecido. A menina com quem eu esbarrei no corredor, parecia um tanto tímida e abaixou a cabeça ao notar que estavam fitando nós duas.

 

- Ah, o-obrigada. - Me agradeceu pela ajuda.

 

- Não foi nada. Não quer se sentar próxima a mim? - Convidei-a, sendo gentil.

 

- Claro. - Ela sorriu - Seria... Legal.

 

Ela era uma garota em seus quinze anos. Seus cabelos lisos batiam até a sua cintura, que ganhava algumas curvas pela idade, estavam soltos e brilhantes. Seus olhos castanhos escuros eram penetrantes e envolventes combinando com a sua pele clara e sua boca vermelha, como sangue. Não precisava de batom, aquela cor já era natural dos seus lábios. Seu rosto fino era bem desenhado, com pose de princesa.

 

- A propósito, meu nome é Lígia. - A morena sorriu novamente para mim.

 

- Marcela. - Devolvi o sorriso e me sentei.

 

Rolei os olhos de novo pela sala e notei a presença de um garoto, sentado em uma cadeira um pouco longe das demais que se encontravam, ainda vazia. Ele estava tão quieto e pensativo - acho que era novo aqui também, assim como Lígia. Mordi os lábios inferiores, lembrando do Du. Já fazia um dia que eu não o via e isso estava me matando, literalmente. Eu estava tão acostumada em passar todos os dias com ele, que me esqueci das minhas outras amizades.

 

- Grande Marcela! - Me virei para ver quem havia gritado meu nome.

 

- Oi Lucas. - Levantei assim que ele veio em minha direção.

 

Lucas era um dos amigos que eu e Edu mais gostávamos. Tinha cabelos loiros que eram desenhados em um penteado com gel para manter o topete não muito grande. Sua boca era tão vermelha quanto a do meu melhor amigo e seus olhos maravilhosos, de um tom de azul como o céu. Sua musculatura era magra, mas não raquítica - ele era bonito. Na maioria das vezes ele me fazia rir bastante, mas já havia um bom tempo que não nos falávamos.

 

- Senti saudades. - Ele me abraçou e eu retribui.

 

- Nem me fale. - Eu estava sendo sincera.

 

- Vamos nos divertir muito esse ano! - O loiro estava tão empolgado que acabei rindo, mas sem muita vontade.

 

- Vou tentar. - Dei um meio sorriso.

 

- Não vai ficar cabisbaixa em todas as aulas, só porque seu namoradinho não ta aqui em! - Ele gargalhou.

 

- O Eduardo não é meu namorado, Lucas! - Retruquei.

 

- Eu sei, eu sei. - Ele não disse mais nada, apenas se sentou, ainda rindo.

 

Me virei e me sentei também. Ele me havia feito me lembrar de quem eu não queria, pois pensar nessa pessoa iria me fazer ficar avoada hoje, o dia inteiro. Coloquei a cabeça entre os braços, apoiando-me na carteira. Não queria chorar, aquilo, sinceramente, não me faria sentir melhor, apenas ficaria com um aperto no coração. Não demorou muito para eu escutar uma voz familiar ecoar em meus ouvidos.

 

- Quem é Eduardo? - Lígia me perguntava.

 

- Um amigo... - Hesitei - Meu melhor... Amigo.

 

- Por que ele não está aqui?

 

- Mudou de cidade. - Minha voz era monótona.

 

- Ah! - A dela também.

 

Logo o sinal tocou em um soar irritante. Me ajeitei na cadeira e olhei para frente, mas não pude deixar de sentir aquele olhar penetrar em mim. Um olhar interessado, estranho e diferente. O menino do canto da sala já estava me deixando sem graça.

 

Fim do sexto capítulo.

 

Me desculpem pela demora, mas ai está um capítulo maior *__* Espero que tenham gostado meu amores :D Ficarei feliz com as reviews (: Beiiijos Mil :*


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!