Nossos passos eram calmos, porém apressados, pois as lágrimas geladas beijavam nossos corpos desesperadamente. Marcela não me olhou desde que saímos do parquinho, ela apenas fitava o chão, ainda soluçando. Peguei sua mão trêmula e enlaçei nossos dedos, tentanto aliviar o clima tenso que pairava sobre nós. Tal ato fez com que a minha morena corresse brevemente com os seus olhos cor de mel até meu rosto, encontrando o verde dos meus; sorri, fazendo-a corar.

- Não vai mais falar comigo? - Cortei o silêncio.

- Falar o que? - Ela disse, ainda olhando a calçada.

- Não sei... - Hesitei - Quer dizer que me ama? - Ri sem graça.

- Disso você já sabe. - Ela sorriu encabulada.

Às vezes ainda sinto
Vontade de ver você
Sonho contigo até sem querer
É que o meu coração
Não quer entender
Que é melhor assim
Que não tem nada a ver...

Não demorou muito para voltarmos ao silêncio mortal que nos deixava constrangidos. Marcela apertou minha mão quando um vento frio bateu contra nossos corpos. Ri contente assim que ela mordeu os seus lábios inferiores, sem graça. Logo a peguei pelo braço e a coloquei em minhas costas de cavalinho, novamente. Seus braços envolveram meu pescoço e eu a arrumei, deixando-a mais confortável, segurando suas coxas; pude ouvir ela suspirar.

Senti seu coração bater mais rápido, ao tocar meu corpo. Marcela não era nem um pouco pesada, pelo contrário, era leve demais, mas sempre comia como um leão, fazendo uma montanha de comida no prato, todas as vezes; sempre brinquei com ela sobre isso. Vou sentir falta das nossas brincadeiras, nossas zoações, nossas piadas e todos os nossos dias juntos, principalmente de seu carisma e sua beleza incrível.

- Tá entregue. - Disse ao avistar sua casa, colocando-a no chão.

Metade de mim
Te ama e te adora
Outra metade de mim
Precisa ir embora
Estou com medo de ser
Feliz outra vez
Por que dói, dói
Ficar sem você aqui...

Um sobrado branco, simples mas bonito, era onde minha amiga morava. Passamos muitas tardes juntos aqui, ora estudando, ora vendo filmes, etc. Acho que uma das coisas que eu mais vou sentir saudades vai ser da pipoca doce que só a Marcela sabe fazer; me dá até água na boca só de pensar. Estremeci quando ela apertou seu corpo contra o meu, fazendo-me arrepiar, mas sem que a mesma notasse.

- Obrigada Du. - Ela disse fitando o chão.

- Bom... Amanhã cedo eu venho aqui me despedir de você, definitivamente. - Peguei em suas mãos trêmulas, fazendo-a desenhar um breve sorriso em sua face chorosa.

- Vou... Sentir sua falta. - As lágrimas voltaram a rolar de seus castanhos claros.

- Já estou com saudades. - Ri brevemente.

Aí eu me afasto
E tento me distrair
Pensar em outra coisa
Prá não me trair
Sair com você
Pela última vez
Como esquecer
Tudo que a gente fez...

Marcela olhou para trás e viu que sua mãe já estava na porta, esperando sua chegada, pois já era bem tarde da noite. Ela mordeu os lábios inferiores novamente e pulou em meu colo, colando nossos corpos molados. Minhas mãos contornaram suas costas, enquanto as dela seguravam meus cabelos de um tom dourado. Soluços abafados voltaram a escapar de sua boca vermelha, seguido dos meus. Meus lábios colaram em seu rosto, selando, carinhosamente, sua bochecha.

- Promete... Promete que não vai esquecer de mim? - Os soluços e as suas falas se misturavam, dificultando o meu entendimento.

- De jeito nenhum! Por que eu seria idiota de fazer uma coisa dessas?

- Sei lá Eduardo! - Ela me olhou nos olhos - Você... Você é meu melhor amigo e eu não quero te perder, mesmo estando longe um do outro.

- E não vai. - Enxuguei seu rosto molhado - Agora vá, ou sua mãe vai nos matar. - Ri.

- Você vem amanhã mesmo? - Seus olhos brilharam.

- E por que não? - Franzi as sobrancelhas.

- Tenho uma surpresa para você. - Ela riu.

- Ai meu Deus Má! Quero só ver.

- Amanhã Du. Amanhã. - Ela riu novamente - Boa noite.

- Durma com os anjos, meu amor. - Disse, beijando sua bochecha mais uma vez.

Metade de mim
Te ama e te adora
Outra metade de mim
Precisa ir embora
Estou com medo de ser
Feliz outra vez
Por que dói, dói
Ficar sem você aqui...

Logo ela correu para dentro de casa, me acenando, já de longe. Seu cabelo castanho estava grudado em seu rosto perfeito, de modo com que nem cambaleasse com o vento. Só espero que não fiquemos gripados depois desse belo banho de chuva de verão que tomamos hoje. Sem demorar muito, dei meia volta e corri até o fim da rua, onde ficava minha casa. A parede verde erva-doce era manchada pelas lágrimas contínuas que escorriam dos tristes olhos das nuvens cinzas que choravam no céu negro, enfeitado apenas por algumas estrelas.

 Bye! Bye!
Te levo no meu coração
Ainda te amo, mas
Bye! Bye!
Você sabe tão bem quanto eu
Que dói dizer "não"...

Hesitei ao tocar a maçaneta, eu sabia que seria a última noite que eu faria isso novamente, nessa casa. Logo entrei e corri, subindo as escadas, até meu quarto, entrando no banheiro, retirando minhas roupas molhadas e ligando o chuveiro, para que a água quente escorresse e esquentasse meu corpo nu. Vesti um confortável pijama e deitei na cama aconchegante. Por mais que eu quisesse, o sono não vinha, eu não consegui dormir aquela noite, apenas pensando como seria minha vida daqui para frente, apenas pensando nela, na Marcela.

Metade de mim
Te ama e te adora
Outra metade de mim
Precisa ir embora
Estou com medo de ser
Feliz outra vez
Por que dói, dói
Ficar sem você
Por que dói, dói
Ficar sem você
Por que dói, dói
Ficar sem você aqui...

Fim do quarto capítulo.

Acho que vou acabar entrando em depressão T.T UIHASIUHASUHAUHSAUISHUAHSIAHSUIIHASUIHASIHASUIAS
poxa, eu não queria estar no lugar da Marcela e nem do Eduardo não D: Deve ser triste demais...
Mas espero que vocês, leitores, estejam gostando :D
Comentem, mandando reviews para mim por favor, para me deixar muito muito muito feliz :) Beijos da Tia Má :*