Sangue Winchester escrita por N Baptista


Capítulo 18
Os irmãos Winchester (parte 2)




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Diário da Natale

Quando abri os olhos, a primeira coisa que eu vi foi um teto alto de madeira velha (era óbvio que não estávamos mais na floresta), me levantei devagar e olhei ao redor, era um tipo de celeiro. Havia umas galinhas, uma vaca, dois porcos e uma montanha de feno. Eu estava em um lugar mais alto, e me debrucei na beirada para ver se encontrava Sam e Dean, mas não vi nada, até alguma coisa roçar na minha perna e eu cair na montanha de feno. Sam que estava em um canto ali em baixo, acordou com o meu festival de gritos e me ajudou a levantar, procuramos Dean em Toda a parte, mas nem sinal. Saímos daquela construção estranha e demos de cara com o resto da fazenda, tinha uma casa grande ali perto, um galinheiro mais atrás, uns trabalhadores mexendo na plantação (tirando os métodos ultrapassados, não tinha nada de estranho). Preocupado, Sam começou a gritar:

- Dean! Cadê você?

Ouvimos um barulhão vindo da casa grande e depois Dean saiu pela porta dos fundos, ele deu uma volta grande até ver a gente e fez sinal pra correr, aí que nós vimos três mulheres pra lá de estranhas perseguindo o coitado, ele passou direto pelo Sam e agarrou o meu braço me arrastando pela estrada de terra, já tínhamos andado um bocado quando Dean finalmente achou seguro parar:

- O que foi que aconteceu? – perguntei rindo.

- Sei lá – Dean ainda estava recuperando o fôlego – Eu acordei na casa com aquelas locas em cima de mim.

Sam teve um ataque de risos e o irmão entrou na onda:

- É né, vocês tão aí rindo porque nenhum dos dois caiu no feno... Aquilo tava fedendo!

Nós três rimos um pouco e depois Sam fez a pergunta que todo o mundo tinha na cabeça:

- Como viemos para cá?

- E aonde é aqui né Sammy? – Dean se sentou ao pé de uma árvore.

Sam pegou o celular e viu que além de estar sem sinal nada funcionava, peguei o meu e tava a mesma coisa, aí gelei, peguei o Ipod e não dava pra desbloquear:

- AAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!!!!!! – Comecei a gritar e Dean correu pra tapar a minha boca.

- Fica quieta que ta vindo alguém. – Ele disse me soltando.

Nos escondemos atrás da árvore e ficamos quietos, uma carruagem passou pela gente e ficamos boquiabertos. Não dava tempo pra pensar, Dean aproveitou a baixa velocidade do “veículo” e correu me arrastando até entrarmos na cabine vazia, Sam entrou logo atrás de nós e ficamos abaixados durante toda a viagem.

* * *

A carruagem avançou pela estrada de terra até os cascos dos cavalos começarem a trotar na parte de paralelepípedos, dali em diante o cenário só foi mudando cada vez mais daquela imagem rural que os Winchesters encontraram para uma cidade populosa e burguesa. Um cruzamento mais movimentado fez o cocheiro parar e os caronas aproveitaram para descer, Sam e Dean escoltaram Natale em meio a multidão de curiosos que se horrorizavam ao ver uma mulher usando calças.

As ruas estavam repletas de homens que trajavam chapéu alto, lenço no pescoço, jaqueta com lapelas, colete, calções e botas. E mulheres que usavam vestidos de cintura muito alta afunilada com espartilho e lenços na cabeça. Para essas pessoas, as camisetas, calças jeans e tênis que os Winchesters usavam, pareciam não só um absurdo como surreal:

- O que tá acontecendo? – Gaguejou Natale quando viu em uma banca de jornais a data de 1812.

Dean olhou para o irmão buscando uma resposta, mas este também não tinha, então só o que puderam fazer foi vagar pelas ruas e tentar não chamar muita atenção (o que era uma tarefa quase impossível). Os três entraram em uma taberna e se sentaram para tentar entender os fatos:

- Qual é a última coisa que vocês se lembram? – Perguntou Sam – Eu só lembro de desmaiar com a neblina da floresta.

- Eu lembro de ver você cair no chão e depois também apaguei. – Disse Dean.

- Eu vi vocês dois caírem e depois tudo escureceu... – Os rapazes bufaram antes dela terminar – E também tinha...

- Tinha o que Natale? – Dean voltou a atenção para a filha.

- Eu não sei direito, era uma coisa laranja que passou por mim.

- Tem certeza que já não estava vendo coisas? – Sam franziu a testa.

- Honestamente não tenho não. – A garota cruzou os braços diante do corpo.

Os três ficaram em silêncio até um homem passar com um grande caneco de cerveja e Dean aguar com a bebida:

- Nem pense nisso – Sam deteve o irmão – Nós não temos dinheiro.

- Do século XIX? – Zombou Natale – Nem roupas.

Dean deu uma leve risada que foi interrompida por uma voz grave e escandalosa que vinha de alguém na porta do lugar:

- Então chegaram! Só os esperávamos na próxima semana.

Um homem alto e esguio usando farda e chapéu se aproximou da mesa deles:

- Desculpe – Se manifestou Sam – Mas o senhor seria...?

- Delegado Gilliam. Às suas ordens. – O homem lhes lançou um sorriso e continuou – É claro que todos na cidade ficarão aliviados quando vocês terminarem o serviço...

- Serviço? – Interrompeu Dean.

- Exterminar os vampiros que assombram as nossas ruas é claro. A caso não são os irmãos Grimm?

Sam pretendia desfazer o mal entendido, mas foi cortado pela reação instantânea de Natale:

- Isso mesmo. O senhor está correto.  E o trabalho será realizado, é claro, assim que estivermos devidamente instalados.

- E a senhorita seria...? – Perguntou o delegado com certo receio de tratar de tal assunto com uma mulher.

- Natale. Sou aprendiz dos senhores Grimm e irei participar da... “Caçada”.

- Pode nos dar um instante? – Pediu Sam e o homem assentiu se afastando.

- O que você tá fazendo Natale? – Sussurrou Dean.

- Pensando rápido – Respondeu a garota – Precisamos de um lugar pra ficar, e podemos lidar com um vampiro. Além disso, os verdadeiros irmãos Grimm só vão chegar na semana que vem e até lá a gente já pensou em alguma saída.

Dean ficou pensativo, estava realmente considerando a ideia quando Sam cortou sua linha de raciocínio:

 - Os irmãos Grimm eram escritores Natale. O delegado deve ter falado em sentido figurado...

- Se falou ou não falou pra mim não importa Sammy – Ela o encarou – Eu estou cheirando a celeiro, as pessoas estão falando de mim pelas costas por causa das roupas, to morrendo de fome e sofrendo com a abstinência musical, então o mínimo que podem me dar é uma cama pra dormir.

- E com a nossa sorte você quer enfrentar a ameaça dos vampiros? – Sam estava nervoso.

- Aí – Interrompeu Dean – Relaxem os dois... Sam, vamos entrar na onda e ver até onde vai essa história. E Natale, nada de botar a gente em roubadas que não de pra sair depois.

Os dois assentiram com a cabeça e todos se viraram para o delegado que se aproximou:

- Vocês irão ficar na estalagem próxima a delegacia e pela manhã visitaremos os locais dos ataques...

O delegado foi interrompido por um homem baixinho e gorducho que entrou na taberna chamando por ele aos berros:

- Aconteceu de novo! – Gritou o homem e todos no estabelecimento começaram a se desesperar.

O delegado saiu guiado pelo homem e fez sinal para que os Winchesters os seguissem, avançaram três quarteirões até chegar a uma loja de antiguidades que tinha a vitrine em estilhaços pela calçada, eles entraram cautelosos e logo todos puderam ver o corpo de uma mulher loira, que estava caída no chão com o pescoço estraçalhado e diversas marcas de mordidas ao longo dos braços. Natale escondeu o rosto no peito de Dean que sussurrou em seu ouvido:

- Ainda quer fazer isso?


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Notas finais do capítulo

peço desculpas pela demora. Eu andei meio enrolada, mas vou tentar postar os próximos capítulos mais depressa.



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