Sangue Winchester escrita por N Baptista


Capítulo 19
Os irmãos Winchester (parte 3)




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/216240/chapter/19

Após estarem acomodados na estalagem, Dean se servia do pernil que era o jantar, enquanto Natale permanecia em um canto sem reação e Sam se despedia do delegado:

- Só mais uma coisa, - Disse o caçula Winchester – Na taberna, Como o senhor nos reconheceu?

- Vocês estão se tornando conhecidos. Já ouvi histórias de que os Irmãos Grimm usam roupas estranhas para se protegerem das criaturas.

O homem se foi pela meia-luz do corredor e Sam fechou a porta:

- Os vampiros daqui são bem descarados – Comentou Dean com as bochechas cheias de carne – Nem se preocupam em disfarçar o ataque.

Sam andou até o irmão na mesinha perto da janela e também se serviu. O silêncio reinou por um momento e depois o caçula se virou para a sobrinha:

- Não vai comer nada?

- Não estou com fome Sam... Na verdade estou enjoada. Pensei que ia ser uma tarefa fácil e que eu já estava acostumada, mas...

- Ainda dá tempo da gente pular fora e sair da cidade amanhã cedo. – Disse Dean.

- Não – Respondeu Sam olhando pela janela – Não podemos deixar essas pessoas sendo atacadas.

- Mas nós temos que voltar pro nosso tempo – Natale se sentou a beira da cama – O que você sugere?

Ele puxou uma cadeira e se sentou pensativo antes de responder:

- Acho que eu sei o que podemos fazer. Você pode não gostar muito Natale, mas como essa caçada foi ideia sua é melhor aceitar. Amanhã Dean e eu vamos com o delegado ver o caso dos vampiros, enquanto você volta para a fazenda e tenta entender como viemos parar aqui. Pode ser?

- Pode. – Afirmou a garota.

- Vamos deixar a Natale sozinha?

- É preciso Dean. E além do mas, aqui ninguém sabe do 4 e não tem porquê as criaturas irem atrás dela. Sem falar que seria pior leva-la até os vampiros.

A garota deu um suspiro e se deitou virada para a parede:

- Não vai MESMO comer? – Perguntou Dean.

- Não. Eu vi a cozinha quando estávamos vindo, tinha cães comendo os restos, moscas por toda a parte e os cozinheiros também estavam nojentos.

Os outros dois na mesma hora largaram o pernil e se afastaram da mesa.

* * *

Diário da Natale

De manhã, os falsos irmãos Grimm foram começar a caça aos vampiros e eu tomei uma carruagem em direção ao campo (não acredito que disse isso). O cocheiro me deixou cerca de um quilômetro da fazenda e tive que massacrar os meus pés na caminhada para seguir viagem, mas a pior parte era o vestido que me obrigaram a usar para não chamar atenção. Ele era grande e pesado, e a medida que eu caminhava, a barra da saia acumulava poeira tornando o peso ainda maior. E ainda tinha aquele maldito espartilho que me sufocava mesmo sem amarrar.

Entrei no celeiro cansada e irritada, o mais frustrante era não saber o que procurar. Andei a procura de símbolos estranhos, objetos suspeitos, energia paranormal, animais que estivessem com alguma coisa estranha, mas não achei nada, absolutamente nada. Desisti da busca depois de algumas horas, eu estava na parte mais alta do celeiro e tive a brilhante ideia de me apoiar em uma viga mal presa que se soltou e me derrubou na parte de baixo, só que dessa vez ao invés de cair na montanha de feno, eu cai em cima de um garoto que estava indo alimentar as galinhas:

- A senhorita está bem? – Ele perguntou me ajudando a levantar.

- Tô inteira, obrigado.

Ele franziu a testa estanhando minha resposta incomum e informal. Tratava-se de um adolescente alto e de pele clara, com olhos e cabelos castanhos. Ele perguntou o meu nome e o que eu estava fazendo ali:

- Natale – A primeira resposta foi fácil, mas a segunda exigiu um pouco de pensamento – Eu estava fazendo uma viagem e a minha carruagem quebrou aqui perto, vim andando para pedir ajuda, mas não encontrei ninguém. Para dizer a verdade ouvi um barulho lá em cima e pensei que pudesse haver uma pessoa, mas... Nada.

- Nossa, é realmente uma história fascinante. Mas diga-me, para qual cidade ias?

- Ah, é uma aqui perto, mas não me lembro o nome. – Comecei a ficar nervosa, se ele continuasse a fazer perguntas ia acabar percebendo que na minha fala não tem verdade nem nas pausas respiratórias.

- Acho que já sei de qual se trata, mas não é tão perto assim. Se quiserdes dar-te-ei uma carona.

E não ter que pisar nas minhas bolhas durante o caminho de volta:

- Eu adoraria!

- A propósito, sou Luiz.

- Prazer em conhecê-lo Luiz.

Ele saiu me guiando até o outro lado da fazenda onde havia um cavalo selado (então a carona que ele falou era a cavalo, mas também no século XIX eu estava esperando o que? Uma Ferrari?). Nós dois montamos e saímos pela estrada de terra. Após um longo tempo de cavalgada ele perguntou:

- Então, de onde a senhorita veio?

- Ah, sou de muito longe. Nem vale a pena mencionar.

- E o que a trás a região?

- O negócio da família.

- Percebes-te que não me dera uma única resposta completa?

- Sinto muito. Mas tenho que agir assim.

Ele se calou e eu também, ficamos assim por um tempo até que não aguentei mais:

- Sem querer ofender, mas você é bem culto para um camponês.

- Ora, mas eu não sou um camponês. Vim para este país unicamente para tomar conta de minha avó adoentada que possui a fazenda que vistes. Mas minha família é nobre e eu passei os últimos anos no melhor internato de toda a Europa.

- Ah, tá. – O que mais eu podia dizer?

- Também não quero ofender-te, mas falas de uma forma tão singular.

Deixei escapar uma risada:

- Longa história.

Continuamos conversando ao longo da viagem, e apesar de o Luiz não entender cerca de 40% do que eu estava falando, o papo estava muito bom e descontraído. Apesar de toda aquela história de nobre criado em colégio interno, ele era um cara bem legal e humilde. Gostei de conhece-lo.

Chegamos na cidade e o Luiz me levou até a porta da hospedaria onde eu desci do cavalo na maior dificuldade por causa daquela porcaria de vestido, me despedi do rapaz e entrei no estabelecimento. Me aproximei da camareira que estava no corredor e perguntei se “Os irmãos Grimm” já tinham retornado, mas ela disse que não e eu fui para o quarto. Havia uma cesta de frutas sobre a mesinha e eu a ataquei, já que estava morrendo de fome, depois deitei por um instante para descansar, a viagem (tanto ida quanto volta) tinha acabado comigo.

Cochilei por alguns minutos e vi uma raposa grande pular em cima de mim, abri os olhos depressa e voltei ao quarto, mas tinha a sensação de que alguma coisa me guiava e deixei esse extinto tomar conta, atravessei o corredor as pressas e fui direto para a rua, virei a esquina e dei de cara com o Luiz:

- Ainda não voltou para a fazenda?

- Queria aproveitar para resolver algumas pendências aqui na cidade.

- Então pode me fazer mais um favor?

Pedi que ele me desse carona mais uma vez, ele concordou, mas dessa vez não havia destino certo. Eu sabia para onde tinha que ir, mas não sabia para onde estava indo. Finalmente chegamos às docas e tudo parecia deserto, só dava para ouvir o trotar dos cascos do cavalo e isso me deu arrepios. Por fim eu vi movimento em um galpão mais distante e escutei uma pancada forte e a voz do Sam:

- Sammy! – Gritei como reflexo e pulei do cavalo (agora eu consegui descer sem que a anágua prendesse em tudo).

A enorme porta do galpão se escancarou e três homens correram na minha direção com uma velocidade absurda, um deles agarrou a parte de trás do meu vestido e eu só consegui ver o Dean ferido e caído antes de sentir o chão faltar em baixo dos meus pés, aquele vampiro tinha me jogado para o alto e senti o vento passar depressa antes de ter a pancada do meu corpo caindo na água. Eu tentei ao máximo me manter na superfície, mas era inútil, e o pior era que toda a vez que eu afundava acabava vendo arvores e um céu cinzento. Acho que afundei de vez e acabei perdendo os sentidos, mas quando abri os olhos aconteceu a coisa mais estranha, eu me vi novamente na floresta onde tudo começou. Estava chovendo muito e o chão estava todo enlameado, mas não havia mais neblina e eu podia ver as várias pessoas que ainda dormiam, inclusive Sam e Dean.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sangue Winchester" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.