Entre Hanôvers E Bourbons escrita por Becca Armstrong


Capítulo 2
Capítulo 2 -Bárbaros?


Notas iniciais do capítulo

Gente, foi mal pela demora, mas eu tinha esperança da capa nova que eu encomendei chegar antes de eu postar esse cap.



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    Honestamente, não acredito que estou fazendo isso. Andar a cavalo! Que coisa démodé! Só podia ser idéia de britânico, ou melhor, do rei da Inglaterra. Edward dissera que minhas damas de companhia iriam na carruagem e que nós dois cavalgaríamos lado a lado. E ainda me entregou uma cela para que eu arriasse meu próprio cavalo! Por sorte tio Charlie me salvou dessa humilhação. Quem ele acha que eu sou? Uma camponesa? Sem contar que meu vestido estará um lixo quando eu chegar ao castelo. Aquela bainha linda com fios de ouro do Oriente? Já era!

    Essas árvores precisam urgentemente de uma podada. Elas poderiam ter os formatos mais lindos possíveis, com design de Jessica e mão de obra de Mike. Ficariam lindas.

    As árvores da França são mil vezes mais... Opa. Pausa. Eu prometi a mim mesma que não falaria mais de França. Eu sou uma jóia. Eu sou uma jóia. E jóias agüentam o que der e vier. Assim eu espero, pelo menos.

    -A princesa está bem? –Ouço aquele tom rouco ao meu lado. Edward tem a voz mais linda que eu já ouvi.

    -Oui. Ah, perdão. Muito bem. –Tenho certeza que um bárbaro não saberia falar uma língua tão fina como a minha.

    -Essa é uma coisa que eu nunca vou entender. –Edward fala, depois de um tempo, mais para si mesmo que para mim.

    -O que seria isso, meu príncipe? –Qual seria uma das bilhões de coisas que o senhor não sabe? Ingleses burros!

    -Por que vocês, damas francesas, vivem pedindo perdão? –Ele esconde uma risada. Francamente! Eu sou abrigada a responder?

    -Porque, diferente de uns e outros bárbaros, nós temos bons modos. E, dessa vez, porque eu queria me desculpar por superestimar sua capacidade intelectual ao falar francês em sua presença. Vocês desconhecem uma língua tão charmosa.

    -Confondre son, princesse. Nós, bárbaros, sabemos que seja um pouco de sua nobre língua para afeminados. –Edward falou, com altivez.

    -Afeminados? Nossa nação conta com um exército superior ao resto da Europa! Afeminados são soldados, por acaso? –Uma comparação fraca e ridícula. Ele tinha tantos jeitos de me derrubar agora!

    -Ainda assim, menor que o da Grã Bretanha. –Ele cortou o assunto.

    -Perdoe-me se não somos porcos imundos que fazem com que nossas damas guiem um cavalo! –Desafio-o a continuar brigando.

    -Não seja por isso. Emmet! –Edward gritou. Um homem corpulento e de cabelos escuros veio até nós.

    -Senhor? –Ele falou. Até a voz dele parecia de armário.

    -Pegue o cavalo de Isabella e o entregue para que um guarda tenha a honra de montá-lo. A princesa irá comigo ao nosso castelo.

    Emmet rapidamente me desmontou do cavalo e me ajudou a montar no de Edward. Ele só poderia estar brincando. A princesa nem sequer tem direito a montar seu próprio cavalo? Ou melhor, ter uma carruagem puxada por seis deles?

    -Segure-se. –Edward disse imperioso.

    Agarrei-me á cintura dele bem a tempo. O cavalo galopou e eu me prendi ao homem a minha dianteira o máximo que pude. Não vou olhar para frente, não vou olhar para frente.

    Chegamos ao castelo minutos antes do restante. Havia uma série de serviçais nos esperando, uma fila quase infinita. Essa era uma parte que eu gostava. Sempre gostei de fazer uma passagem pelos nossos trabalhadores na França. França mais uma vez!

    Edward desceu de seu cavalo e, como um bom noivo, me pegou pela cintura e me desceu. Por um momento, meus pés ficaram presos na cela e me desequilibrei. Acabei indo de encontro ao peitoral definido de Edward enquanto ele me ajudava.

    -Não havia percebido antes. –Ele falou bem baixo para mim. –Essas são as jóias que você mandou fazer do rubi que eu te dei? Agora você não se desequilibra com todo esse peso, não é? –Ele foi irônico.

    -Como você...?

    -Isabella, eu sei mais sobre você do que qualquer um. –Ele sorriu torto. Que sorriso lindo! Isabella, esse homem é o pior dos piores ingleses.

    -Bom, então deve saber que eu gosto de ser chamada de Bella. –Brinco com ele, há uma provocação escondida.

    -Só pelos íntimos. –Edward espera me corrigir.

    -E quem seria mais íntimo do que o homem com quem dividirei a cama todas as noites pelo resto de minha vida?

    -Não sabia que a princesa já tinha esses pensamentos comigo. Sinto-me honrado. –Ele imitou uma reverência sutil com a cabeça.

    -Não pense que não calculei os sacrifícios que terei que fazer. –Sorrio de forma vitoriosa. Rebate essa, Edward.

    -Será uma honra torturá-la de todas as formas possíveis. –Ele sussurra em meu pescoço.

    -Então o senhor já pensou nisso? Que vergonha! –Misturo timidez e surpresa em uma fala.

    -Muitas vezes. Quem não pensaria nisso tendo a jóia da coroa francesa em sua cama toda noite? –Ele ri. –E não se preocupe, as peles são bem tratadas.

    Ele sabe até de minhas conversas com Alice e Rose? E ainda mantêm peles na cama?

    Afasto-me dele e vou caminhando até os serviçais. Edward está ao meu lado, segurando minha mão. Ele sabe fingir ser um cavalheiro.

    Cumprimento todos os trabalhadores e Edward entra comigo no castelo. Soube por Alice que a família real tentava conseguir um tal Palácio de Buckingham. Já até soube que o ganharia de presente.

    -Hoje à noite você terá a cerimônia de casamento. Seu vestido está em seu quarto de vestir, venha.

    Sério? Eu chego e já tenho um casamento? Que coisa mais estúpida! E os chás? As festas? Os presentes? Se eu não receber que seja uma porcelana ou um talher de prata eu mesma faço pele dos nobres desse país!

    Edward e eu subimos umas trezentas escadas, mas enfim chegamos ao local indicado.

    -Nosso quarto. –Ele mandou dois guardas abrirem duas portas com estilo clássico e, atrás delas, vi a coisa mais magnífica do mundo. Os ingleses sabiam decorar! A cama era suficiente para umas seis pessoas dormirem sem problemas. As peles passavam a idéia de conforto e aconchego que faltava em meu outro quarto (na França! Que raiva!), havia uma mesinha de escrever para mim e uma para Edward. Este ambiente não pertencia a um castelo, mas sim a um palácio. Havia inclusive varandas. No plural mesmo. Olhei por uma delas e constatei que havia um jardim magnífico. E percebi que me enganei ao julgar que isto era um castelo medieval. –Decorei tudo eu mesmo. Apenas outros cômodos foram feitos por profissionais. Espero que tenha gostado.

    -É... Interessante. Ainda não decidi se gostei ou não. –É claro que eu amei, mas eu não daria o braço a torcer.

    -Bom, as portas para seu vestiário são ali. –Edward apontou para umas portas à nossa esquerda.

    -E as portas ao lado?

    -São as do meu vestiário. E, antes que você pergunte, as outras são do nosso quarto de banho.

    -Nosso quarto de banho? Dividiremos um quarto de banho? –A idéia era um pouco apavorante. E pobre. Dividir algo além da cama?

    -Sim. Não se preocupe. Só preciso de vinte minutos para me arrumar.

    -Sério? Eu gasto em média...

    -Três horas por dia para se arrumar, quando se banha antes de se vestir. Eu sei, Isabella.

    -Bella. –Corrigi-o automaticamente, impressionada por ele saber tanto sobre mim.

    -Bella. –Ele repetiu, de forma mais suave. –Vou deixá-la a sós. Ou melhor, chamarei Rose e Alice.

    Passados uns dez minutos, as duas chegaram.

    -Bella, amei esse país! –Rose disse. –Você viu o Emmet?

    -O armário capacho de Edward? O idiota que me privou de meu cavalo? Vi sim. –Desdenho Emmet por ter roubado me cavalo (mesmo que a mando de Edward).

    -Ele é lindo.

    -Mas continua sendo um bárbaro, como o chefe. –Digo. Quem Rose pensa que é para se engraçar com um mero soldadinho? E pau mandado ainda por cima!

    -Bella, Edward não é bárbaro. Ele toca vinte instrumentos musicais, fala onze idiomas diferentes, é um aluno excepcional em contas, literatura, astronomia e... –Alice ia dizendo. Parei de escutar em certo ponto. Então Edward era assim tão espertinho? Já entendi tudo.

    -Rose, Alice. Descubram tudo o que há para saber sobre ele. Passado, presente e futuro. Não gosto de estar em desvantagem com relação a meu inimigo.

    -Inimigo? –Rose perguntou.

    -Por hora é. E ele sabe mais do que eu. Como espera que eu possa competir com um cara que me conhece mil vezes mais do que eu o conheço? Preciso de tudo que você...

    -Flor da Grã Bretanha! Hora do embelezamento! –Erick chega. –Vamos começar!

    Ele faz a reverência e já me mostra os acessórios: Safiras maiores que tudo o que eu já vi. Edward pediu para que eu as usasse, eram muito especiais. E havia também uma tiara menor, que Alice me disse que seria substituída por uma coroa.

    Essa noite eu me tornaria Rainha da Grã Bretanha e mulher de Edward.

    Vesti um vestido magnífico. Trabalhado a mão pelas costureiras reais, ele era decotado, acompanhado por uma pele de lobo branco, todo rodado e com várias camadas. Lindo, mas bruto em comparação aos meus outros vestidos. Meu cabelo estava preso em um coque frouxo com fios caídos para todos os lados. O colar, brincos, tiara e pulseira de safiras e diamantes ficaram perfeitas.

    Saí rumo ao altar.

    Cheguei a frente ao tapete vermelho, preparada para andar até o altar. Vi muitos nobres me olhando com desdém, admiração, curiosidade... E vi Edward no fim do caminho, me aguardando. Ele sorria. Foi uma ajuda para acalmar meu coração.

    A cerimônia foi tranqüila, com os votos e com a troca de alianças. A coroação seguinte também. Edward recebeu a capa, a coroa e o cetro, fez um juramento e depois ajudou a me coroar. A coroa era incrivelmente pesada, assim como aquela capa ridícula que acabou com o look.

    Terminamos a cerimônia em conjunto com um beijo. Sim. Um beijo. Edward pegou minha cintura de leve, segurou meu maxilar e encostou nossos lábios. Ele se demorou um pouco ali, mas não fez nada além. Os lábios dele apenas pairavam sobre os meus, com maciez sem igual. Foi meu primeiro beijo. O povo aplaudiu e nós entramos em uma carruagem (finalmente) e fomos ao palácio.

    Esta seria nossa noite de núpcias.

    Chegando ao nosso quarto, senti meu coração saltar.

    -Alice e Rosalie estão em sua sala de vestir, preparadas para te trocar. –Edward já entrou em seu quarto.

    Quando fui à salinha que me era designada, meu queixo quase caiu. Vi fileiras e mais fileiras de vestidos, manequins, estantes com adereços e sapatos, mesa para maquiar e, o mais perfeito: O triplo de jóias que eu tinha, além das que já eram minhas.

    -Gostou? –Alice perguntou.

    -Muito. –Consigo dizer.

    -Bom, amanhã te acordaremos as oito, você tem café as nove... –Foi dizendo Rose enquanto desabotoava o vestido. Alice já retirava as jóias e soltava meu cabelo.

    Quando terminaram, me olhei no espelho. Pelo frio, eu usava um casaco longo (de pele, será que tudo aqui tem pele?) branco, mas havia uma camisola longa e fina, quase transparente por baixo. Meu cabelo estava solto, caindo abaixo de minha cintura em alguns cachos restantes do coque, meus olhos estavam grandes e as pupilas negras pareciam dilatadas, minhas bochechas estavam muito mais rosadas pela falta de maquiagem e minha boca já estava vermelha de tanto ter sido irritada por meus dentes.

    -Boa sorte, Bella. –Disse Rose, toda maternal. Ela era dois anos mais velha que eu.

    -Arrase Bellinha. –Alice parecia até mais nervosa. As duas saíram por uma porta e eu me encontrei sozinha.

    Caminhei até o quarto e abri a porta. Edward estava deitado em nossa cama, bebendo vinho e segurando outra taça. E sem camisa, exibindo uma coisa que eu nunca havia visto, mas gostei: a barriga dele não era esquelética, mas sim acentuada e cheia de umas coisas parecendo gominhos. Ele devia lutar muito. Fui até ele e subi na cama. Era muito confortável. Eu dormiria anos ali. Aquelas peles eram ótimas!

    -Gostando um pouco mais das peles? –Ele leu meus pensamentos, entregando-me a taça extra.

    -Um pouco. –Confesso, bebendo vinho. Eu sou tão fácil assim de se decifrar? Ele olha para mim e parece saber tudo o que eu penso em segundos!

    -Posso te fazer uma pergunta? –Edward pegou nossas taças e pôs em um criado. Então se aproximou.

    -Pode. Mas eu escolho te responder ou não. –Ele riu da minha frase besta. Então ficou mais sério.

    -Por que se casou comigo? –Edward quer saber, com real curiosidade.

    -Bom... –Tento ganhar mais tempo. –Eu não sei. Meus pais me mandaram fazer isso e eu aceitei. Foi um acordo benéfico.

    -Era o que eu tinha que saber. –Edward apagou a vela e se deitou ali mesmo, bem perto de mim. Mas não fez nada. Ele esperava que eu começasse? Eu precisaria iniciar isso tudo para cumprir meu papel de rainha?

    Insegura, levei meus lábios de encontro aos dele, auxiliada pela luz do luar. Ele não correspondeu de início, mas então me devolveu com mais ânsia do que eu conhecia. Era possível alguém beijar bem daquele jeito? As mãos dele foram até meus cabelos e senti um leve suspiro sair de sua boca. Senti o cheiro delicioso de vinho. Minhas mãos foram até seu peitoral.

    Então ele me afastou.

    -Bella, não. –Ele sussurrou quando tentei voltar aos seus lábios. Além de lento era frouxo? –Não. –Ele prendeu meu rosto entre suas mãos. –Não quero tocá-la assim e não o farei até que você me peça.

    Ele beijou minha cabeça e me trouxe para o travesseiro, deitando-me de costas para ele e segurando minha cintura. Então ele respeitaria meu ritmo? Não me pressionaria? Levantei-me da cama.

    -Algum problema? –Edward quer saber.

    -Não. Só quero tirar esse casaco de pele para dormir. –Volto para a cama apenas de camisola e vejo os olhos de Edward se arregalarem um pouco.

    -Algum problema? –Repito a pergunta dele.

    -Essa camisola fica quase transparente com a luz. –Ele diz. Fiquei corada e ele percebeu. –Não que seja um problema, você sendo linda como é. –Deitei-me de costas para ele e trouxe seus braços ao redor de minha cintura, mais relaxada do que estive em anos. Lembrei-me de uma coisa que tinha que fazer.

    -Boa noite Edward. –Digo beijando seus lábios de leve.

    -Boa noite Bella. –Ele adormece pouco depois.

    Posso esquecer meus preconceitos por uma noite, mas uma noite apenas.


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Notas finais do capítulo

Comentem ta? Eu quero saber se vcs estão gostando e se eu devo continuar!



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