Entre Hanôvers E Bourbons escrita por Becca Armstrong


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Gente, cap pequeno, mas é só introdução para deixar vcs com água na boca, ok?



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Acordei com o sol das dez horas batendo direto na minha cara. Realmente, é muito abuso de Alice e Rosalie! A única coisa que as duas precisam fazer é cuidar de mim, e nem isso elas fazem direito.

    -Rose! Alice! Venham aqui já! –Se eu não dormia as duas não dormiriam. Honestamente, em um palácio nobre como esses, eu tenho que pedir para fecharem as cortinas! Parece até que somos bárbaros, como aqueles austríacos ou até mesmo ingleses!

    Levanto-me sem esperar pelas minhas damas de companhia. Vou ao lavabo e jogo água em meu rosto. Só então as duas aparecem.

    -Finalmente! Eu poderia perder a voz aqui de tanto gritar sabia? –Pelo menos as duas estavam vestidas. Fui ao meu vestiário e escolhi um vestido rosa claro com flores, presente de tia Renée e de tio Charlie, meus dois conselheiros. –Quero este. Pode chamar Erick para que arrume meu cabelo e minha maquiagem. E diga para que ele escolha jóias exuberantes!

    -Para que princesa? –Rosalie sempre foi a mais curiosa das minhas primas, como a tia Renée (tal mãe tal filha). Alice já era mais como o tio Charlie, acho que o tempo que os dois passaram na Itália juntos a fez ficar mais quieta. Rosalie era realmente uma das damas mais bonitas que eu tinha, cabelos loiros, corpo cheio de curvas e olhar penetrante, uma provocadora de todos os nobres. Já Alice era mais o tipo frágil, delicada como uma flor. Os cabelos negros quase nunca ficavam presos e ela sempre escondia as maçãs do rosto perto de um homem. Digam o que digam delas, eu adoro minhas primas.

    -Meus pais me chamaram para uma reunião. Devem ter considerado me dar minha casa de retiro! Ah, as festas que faremos lá serão magníficas! Por isso, mande trazer as safiras, ou as esmeraldas. –Olho-me no espelho, já tentando prever o que Erick fará em meu cabelo negro e em meus olhos grandes. Ele sempre diz que ama valorizar estas partes de mim.

    Rosalie sai e Alice continua apertando meu espartilho. Essa novidade é a melhor coisa que eu já vi. Só podia ser invenção de franceses mesmo!

    Erick chega com meus sapatos e com as caixas de apetrechos para me arrumar. As jóias são trazidas por Rosalie, uma das cinco pessoas a quem confio a senha de meu cofre Real.

    -Princesa! –Erick faz uma reverência na porta e espera minha autorização. Quando aceno com a cabeça, ele se aproxima e beija minha mão. Ele já tem intimidade suficiente para fazer algo assim. –Fiquei sabendo das novidades! O Rei vai te dar uma casa de campo! Será a casa de campo perto da residência do Marquês? Ah, imagine se ele te pede em casamento!

    -Seria incrível! E eu ouvi dizer que ele abriga os oficiais lá nessa época do ano! –Alice disse. –Imagine suas primas casadas com oficiais!

    -Podem ficar com os oficiais e com o Marquês. Ele pode ser o homem mais galanteador da corte, mas ainda não é Lorde. Acho que Félix seria perfeito para mim.

    Erick cuida de meus cabelos, fazendo o primeiro coque. Rosalie passa a base de minha maquiagem e Alice calça meus sapatos importados da Espanha. Não são tão bonitos como os franceses, mas já é algo. Espanha realmente tem futuro. Também, com um Bourbon, até a Inglaterra tem futuro.

    O tempo se passou, e Erick já dava os retoques finais em minha produção. A jóia já estava em meu pescoço. Uma safira linda, presente de mamãe pelo meu décimo sétimo aniversário. De repente, me dou conta de que preciso de outra jóia. Essa já tem mais de quatro meses e é a mais nova que eu tenho! O que a Corte pensaria de mim?

    -Princesa, suas majestades desejam lhe ver. –Disse um guarda.

    Olhei pela janela. Já era quase meio dia. Presumi que conversaríamos no almoço. Então meus tios e minhas primas estariam presentes. Menos mal.

    Caminhei pelo palácio até chegar ao salão reservado. As reformas feitas aqui realmente valeram a pena. Tudo estava lindo. As cadeiras e mesa renascentistas, as pinturas e flores... “Est la perfection”. (É a perfeição).

    Sentei-me de frente para meus pais, com titio e titia ao meu lado. Estranhamente, nenhum deles parecia exatamente feliz. Que tontos! Achando que eu não os convidaria para minha casa de retiro!

    -Mamãe, papai. Bon Jour. Dormiram bem? –Pergunto por pura educação.

    -Oui, minha filha. Muito bem. –Disse papai. Ele falava pelos dois.

    Papai e mamãe sempre querem comer antes de dar alguma notícia, então esperei pacientemente. Titio e titia mal tocaram na comida. Estranho. Eles sempre gostaram de patos silvestres. Terminamos e comemos alguns brioches de sobremesa. Irina era uma cozinheira formidável, assim como Kate e Tânia. Minhas cozinheiras particulares são as melhores.

    -Princesse do papai, tenho que lhe falar uma coisa. –Papai começou.

    -Diga meu pai. –Ele vai começar um discurso sobre maturidade e idade para aquilo ou aquilo. Mas eu esperarei pela casa de retiro.

    -Certas coisas na vida acontecem mais cedo ou mais tarde, quer nós desejemos, quer nós tentemos evitar. E a senhorita já está com idade suficiente! Minha princesse já tem dezessete anos! Então, veja bem, pelo bem do país, eu tomei uma decisão.

    -Sim papai? –Acho que minha casa não era exatamente para o país! Imagina uma peixeira lá? Ai, que nausée! (náusea, nojo).

    -Você irá se casar com o Príncipe Edward Anthony Hanôver Masen Cullen.

    Deixei uma taça de cristal com filigranas de ouro cair. Eu? Casar? Com um inglês?

    -Papa! Eles são repugnantes! Aposto que se aquecem com peles de urso e vivem em meio a pedras! E caçam três vezes mais que nós! Como espera que eu viva o resto de minha vida com um bárbaro? Pensava que eu fosse a jóia da coroa!

    -E você é, princesse.

    -Então é assim que vocês tratam jóias? Bom saber, olhe o que farei com meu colar de safiras! –Arranco o colar do meu pescoço. Tanto minha mão quanto meu colo doem (isso vai deixar um marca). Jogo a safira no chão, esperando que ela se rompa.

    -Viu princesse? Jóias como você agüentam tudo. Por isso te mandamos para lá. Suas malas estão sendo providenciadas. Você partirá esta noite. Viajará mais ou menos uma semana em carruagem mais uns três dias em navio. Lá você poderá se arrumar e conhecer seu marido. –Papai disse.

    -E não se preocupe, você terá seus pertences e sua corte com você. Já negociamos tudo. Charlie, Renée, Rosalie, Alice, Erick, Irina, Katie, Jéssica, Mike... Todos estarão lá. –Mamãe disse.

    Renée me abraçou e eu me desmanchei em lágrimas. Um casamento arranjado? Justo para mim? Com um bárbaro? Eu sou uma jóia.

    E é por isso que eu vou agüentar. Porque eu sou uma jóia, e jóias não se partem facilmente.

    Ergo meu rosto e olho para todos do salão.

    -Então acho que isso é um adeus para vocês. –Viro-me e vou ao quarto. Rosalie e Alice estão comigo.

    Encima de minha mesinha de escrever, vejo uma pintura.

    Há um homem belo desenhado em sua superfície. Cabelos cor de ouro, olhos verdes, sorriso iluminado. Ele se parece com um rei, mas um rei uns cinco anos mais velho que eu.

    -Quem é este? –Pergunto à Alice.

    -Este é seu noivo, Bella. O príncipe Edward. Não é lindo? –Alice toca a imagem que tanto me apavora.

    -Irei me casar com um velho? –Minha voz sobe uma oitava.

    -Bella, Edward tem dezoito anos. É apenas um ano mais velho que você. –Rosalie diz, arrumando alguns de meus livros em uma mala que ganhei de Charlie.

    -Não é possível!

    -Sim! E dizem que ele tem dois amigos lindos e perfeitos! –Rosalie diz, então ela e Alice começam a fofocar.

    TOC TOC.

    -Entre. –Digo, arrumando os pertences de Marie, minha gata.

    -Senhorita, o príncipe Edward mandou isto para a princesa. –O guarda diz para Alice.

    -Merci. –Alice fecha a porta e me entrega a caixa de veludo. Abro-a e encontro um rubi do tamanho de meu pulso. Ele era um príncipe galante? Então eu irei dançar conforme a música.

    -Entregue para Jéssica e Mike. Jóias da coroa devem ser lapidadas para que sejam delicadas. Não quero meu pescoço curvado diante de meu marido.

    Retirei-me e fui me deitar.

(Dez dias depois)

    Mike e Jéssica fizeram uma roupa magnífica. O vestido vermelho e dourado era perfeito para esse clima selvagem. A pele que ganhei de Erick ficou deslumbrante, e a jóia que ganhei de Edward (já lapidada) ornou perfeitamente.

    -Isabella, está na hora. –Renée vem me avisar.

    Saio da cabana de arrumação e encontro a cavalaria de Edward chegar. Não vejo mulheres, apenas homens corpulentos e nojentos. Barbas são o menor dos problemas que noto.

    Os tambores rufam. Tambores? Nem uma harpa? Que povo ultrapassado! Vejo Edward descer do primeiro cavalo (um garanhão negro e enorme) e vir até mim. Todas as pessoas ao meu redor se curvam. Mas eu jamais me curvaria para um bárbaro. Faço um breve aceno e Edward retira as luvas dele e as minhas e beija minha mão.

    É somente agora que realmente o vejo. Um homem de quase um metro e noventa, com olhos verdes fenomenais, uma boca fina e nenhuma barba. Os cabelos são ainda mais bonitos que no retrato.

    -Princesa. –Ele diz, com uma voz rouca linda de ouvir. Ele era muito sensual.

    Á contragosto, respondo.

    -Príncipe. –E faço a mesura mais charmosa que consigo com dez toneladas de pele sobre meus ombros.

    Edward levanta minha mão e todos aplaudem. Realmente, o que ele acha que eu sou? Uma cabeça de javali?

    Se este idiota acha que vai ter alguma parte de mim ele está muito enganado. Posso ser dele pela Igreja e pela Lei, mais jamais me renderei à seus encantos e cortejos.

             


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Notas finais do capítulo

Comentem que eu posto cada vez mais!