Amor Mascarado 2 escrita por LunaCobain


Capítulo 16
Diário


Notas iniciais do capítulo

Minha inspiração... É inexistente.
Enfim, espero que vocês gostem desse capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/215624/chapter/16

Depois que Arnaud saiu do quarto, eu abri a porta de madeira escura que dava para o banheiro e enchi a banheira. A água estava morna e deliciosa. Tomei um banho de meia hora, relaxando, e quando sai o banheiro, de toalha, tinha duas mudas de roupa em cima da cama. Olhei para a porta fechada e larguei a toalha no chão. Peguei uma camisola azul-escura nas mãos, examinando-a, e olhei para o relógio pendurado na parede. Eram só oito horas, e eu estava exausta de sono.  Nesse momento, Arnaud entrou no quarto. A boca dele caiu, e eu olhei para baixo, para ver a camisola na minha mão e a toalha no chão.

–Ahm, oi Arnaud.

Ele não se mexeu um centímetro de seu lugar.

Sem pensar, eu andei até ele, tentando empurrá-lo pra fora.

–Desculpe, Arnaud, mas o que quer que seja que você queira dizer vai ter que esperar, porque eu ten-...

Fui interrompida pelos braços de Arnaud se enlaçando na minha cintura, seus lábios colados nos meus.

–Arnaud!- berrei, segurando-o pelos ombros.

Os olhos verde-água dele se arregalaram, e ele pareceu tomar consciência.

–Desculpa, Catherine. - ele sussurrou, se afastando. Eu fechei rapidamente a porta as suas costas, trancando... Só por precaução. Ouvi Arnaud sussurrar qualquer coisa no corredor, e me encostei na porta com força.
Não conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer, mas me ajudou a lembrar de alguma coisa...

Preferi deixar o que quer que fosse que eu estivesse começando a me lembrar para depois. Vesti a camisola azul, antes que qualquer outro incidente acontecesse. Prendi o cabelo ainda molhado numa trança soltinha, e resolvi falar com Arnaud. Precisava conversar com ele sobre o que tinha acabado de acontecer.
Segui pelo corredor longo e desci a escadaria. 

-Arnaud? - perguntei.

-Aqui, na cozinha. - ele respondeu, e escutei outra voz. Uma menina.

Entrei na cozinha para ver Arnaud conversando com a menina mais bonita da face da terra. A pele lindamente beijada pelo sol, olhos verde escuros, brilhantes, lábios carnudos e largos e os cabelos negros e ondulados, caindo no meio das costas. Senti uma inveja profunda.

-Catherine, essa é Esmeralda. Se lembra?

Simplesmente assenti.

-Olá, Catherine.

-Er... oi.

-Catie, está com fome?

-Não... Na verdade, estou ótima. Só vim dizer boa noite. - Me apressei em dizer, percebendo que não conseguiria conversar com Arnaud na presença da namorada dele sobre o que eu pretendia conversar. Subi as escadas e voltei pro quarto que escolhi. Deitei na cama e fiquei olhando pro teto na expectativa de conseguir dormir. Mas eu não consegui de jeito nenhum, e tentei por três, quatro horas. Sem sucesso.

Levantei-me e acendi as luzes, tentando achar algo que pudesse fazer. Talvez tivesse papel em algum lugar no quarto, e eu pudesse desenhar ou escrever um desabafo, ou qualquer coisa... Me dirigi a comôda no canto do quarto, e abri uma das gavetas. Nada, só alguns livros empoeirados. Peguei um exemplar carcomida de "O Fantasma da Ópera", de Gaston Leroux, para descobrir sobre meu passado, mas ainda não era o que eu queria. Segunda gaveta- algumas fotos de família, aparentemente. Peguei uma que me chamou a atenção. Era Arnaud, entre uma mulher alta de cabelos ruivos e olhos castanhos e um senhor de olhos verdes e cabelo preto, meio baixinho. Atrás do trio, via-se um menino moreno, com um sorriso estonteante, olhos castanhos escuros e lábios carnudos. Procurei por mais fotos. Tinha só mais uma com o menino moreno, e nessa ela parecia um pouquinho mais novo, e estava com o cabelo comprido. Lindo. Ai meu Deus, quem era ele, mesmo? Eu lembrava de ter lembrado dele. Sei que pode parecer estranho. Nenhum nome me vinha a memória.

  Debaixo das fotos, achei um caderno, sem identificação - nehum nome. Me enchi de curiosidade e abri o caderno, folheando-o. Era alguma espécie de diário totalmente anônimo, e estava escrito em inglês. Então, no fim do caderno, achei três desenhos. Dois deles eram de mim, o que me impressionou muito. O outro parecia ser só uns rabiscos, mas os espaços em brancos deixados no meio da página formavam uma máscara. Voltei algumas páginas, para ver rapidamente o que estava escrito. Parei mais ou menos no meio do pequeno caderno azul e aveludado que segurava.

"Querido diário, -se é que assim posso chamá-lo, pois não acho que alguém queira ser querido por mim. Acho que essa é uma frase que não consegui formular bem, pois ficou muito confusa aos meus olhos-, Eu machuquei a Catherine. Machuquei Cat, e  eu estou me sentindo terrivelmente culpado.  Estávamos no terraço, meu lugar favorito do Teatro. Ela estava tão linda ao pôr-do-sol, dizendo que queria que eu fosse a uma festa de alguma dessas menins da Ópera com ela. Meu corpo reagiu mecanicamente ao corpo dela, sentado perto de mim, e eu ergui a cabeça dela e a beijei, quebrando minha promessa anterior. Ela ficou inerte por um momento, sem reação alguma, e então começou a me  empurrar. Mas eu continuei a beijá-la mesmo assim, e não parei até realmente ter que recuperar o fôlego. Como eu queria que meus sentimentos por ela fossem correspondidos, e então que Cat me beijasse por vontade própria, ou ao menos reagisse bem quando eu a beijasse. Queria que ela me deixasse tocá-la, e que concordasse em ser minha. Mas ela disse o nome daquele maldito, como se temesse que ele achasse que ela o estava traíndo. Foi torturante para mim escutar o nome do monstro desfigurado escapar dos doces lábios de minha Catherine. Não sei muito bem o que aconteceu depois, pois estava começando a perder a cabeça. Ela me bateu, disso eu me lembro muito bem. E ela era tão pequena, mas conseguiu fazer um estrago tão grande em mim... Em cada sentido que isso possa ter. E, no momento seguinte, Catherine estava sangrando, chorando de dor no chão, a metros de distância, e eu estava perdendo feio para o nojento namoradinho dela, Erik, numa luta ousada. Fiquei sabendo, um pouco mais tarde, que quebrei algumas de suas costelas, e aconteceu mais alguma coisa com a perna dela que não me lembro. Só queria conseguir me controlar. Tenho medo de sair de mim mesmo e acabar causado um estrago maior."

Algumas páginas depois, outra confissão... Mais uma coisa da qual eu não me lembrava.

"Eu entrei na casa do Lago. E obriguei Catherine a ficar comigo num hotel. Parecia uma boa ideia. Eu prometi pra ela que não a machucaria de novo. Mas eu machuquei. Meu Deus, eu estuprei ela. Não quero dizer que foi ruim... Não foi, ela é incrível. Mas foi um ato desumano de minha parte. E então, ela começou a chorar e me implorar para que eu parasse, e eu soquei ela de novo. Só que eu pude escutar as costelas recém-curadas dela se quebrando de novo. E eu vi ela vomitar sangue, e seus olhos rolarem para trás até ficarem brancos, e vi ela chorando de dor, e não sabia o que fazer. Tudo o que pude fazer foi levá-la a um hospital, e acabei deixando-a escapar, e agora estou aqui, na cadeia. Pretendo fugir. VOU fugir, mais cedo, ou mais tarde, e ver como está minha Cat." 

Alguns dias depois, estava escrito apenas. 

"Catherine está grávida. Andei escondido pelo Teatro, e vi. Pode ser meu filho. Ainda não falei com ela, vou fazer isso logo. Amanhã, talvez. Não quis assustá-la. Ela já deve me repudiar, não preciso que o nojo que ela sente por mim aumente. E tenho medo do que esse tal de Erik fará se ela contar pra ele. Tudo isso seria muito mais fácil se eu simplesmente pudesse controlar esse maldito temperamento que eu tenho. Tudo por causa de uma má formação idiota no cérebro. Merda."

Transtornada, eu fechei o caderno, e fechei também os olhos. Em instantes, senti milhares de memórias sendo derramadas, como calda de sorvete, no meu cérebro. Elas tinham vindo de volta pra mim, enfim. Finalmente me lembraria de quem era. Minha cabeça começou a latejar, e com um único e lascinante grito, eu caí no chão e tudo começou a girar. Bom, ao menos tudo girava, antes de ficar preto.

Não sabia que Matt tinha um tumor no  cérebro, foi a última coisa que me lembro de ter pensado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de comentar, para me recompensar por meu esforço cerebral. Muahahaa.
Amo vocês.
Bjos, Luna :*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor Mascarado 2" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.