Amor Mascarado 2 escrita por LunaCobain


Capítulo 17
I Remember


Notas iniciais do capítulo

E aí povo, espero que o Natal de vocês tenha sido ótimo!



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       "Catherine está grávida. Andei escondido pelo Teatro, e vi. Pode ser meu filho. Ainda não falei com ela, vou fazer isso logo. Amanhã, talvez. Não quis assustá-la. Ela já deve me repudiar, não preciso que o nojo que ela sente por mim aumente. E tenho medo do que esse tal de Erik fará se ela contar pra ele. Tudo isso seria muito mais fácil se eu simplesmente pudesse controlar esse maldito temperamento que eu tenho. Tudo por causa de uma má formação idiota no cérebro. Merda."

        Transtornada, eu fechei o caderno, e fechei também os olhos. Em instantes, senti milhares de memórias sendo derramadas, como calda de sorvete, no meu cérebro. Elas tinham vindo de volta pra mim, enfim. Finalmente me lembraria de quem era. Minha cabeça começou a latejar, e com um único e lascinante grito, eu caí no chão e tudo começou a girar. Bom, ao menos tudo girava, antes de ficar preto.

        Não sabia que Matt tinha um tumor no cérebro, foi a última coisa que me lembro de ter pensado.

       -Catherine! Catherine! Meu Deus, você precisa acordar. - senti alguém me chacoalhar. Devia ser Arnaud.

      -Ahm... - murmurei -Tô acordada. -abri os olhos devagar, dando de cara com os olhos verdes de Arnaud, arregalados, bem na minha frente.

      -Você achou o diário do Matt.

      -Eu lembrei de tudo.

      -Como assim? - Arnaud perguntou.

      -Ah, você deve ter percebido que eu estava meio confusa. Eu... Er, eu meio que sofri um acidente, e tive algum tipo de amnésia. Mas agora eu lembrei de tudo.

      Matt estava morto. Erik o tinha matado. Devia ser por isso que ele estava preso. Eu detestava Arnaud, ou costumava detestá-lo; mas ele estava sendo tão bom, me ajudando.

      Arnaud se mantinha boquiaberto na minha frente.

      -Eu não poderia nem imaginar, Catherine. Mas você lembrou de mim.

      -Eu tinha sonhado com você, e com Matt... Eu estava começando a me lembrar.

       Ele hesitou em responder alguma coisa.

       -Você quer que eu te leve pro Teatro?

       -Pode ser.

       -Tudo bem... Mude de roupa, vou avisar Esmeralda.

       -Ela tá dormindo aqui? - perguntei sem pensar.

       Arnaud corou e assentiu, e eu lhe dei um sorriso amigável e levemente malicioso.

       Ele saiu para avisar de sua saída a Esmeralda, e eu troquei de roupa, colocando uma calça jeans preta justinha e uma camisa xadrez que encontrei na gaveta e provavelmente era de Matt. Coloquei de volta meu All Star azul e dei uma ajeitada  no cabelo. Depois, encontrei Arnaud no corredor, e nós descemos as escadas para ir pegar o carro. Arnaud já podia dirigir, ele me disse. Nós entramos no carro e ele dirigiu calmamente pelas ruas amanhecidas de Paris. Ele morava muito perto do Teatro Abeau, chegamos rápido. Arnaud me deu um beijo na bochecha de despedida e desejou-me boa sorte para resolver minha situação sem Erik ou meus pais.

       Entrei no Teatro, andando pelos corredores e reconhecendo muitos rostos pelo caminho, até chegar ao quarto que eu costumava dividir com as minhas amigas. Estava quase vazio, só Audrey ainda estava lá, mas ela estava dormindo. Abri, com êxito, a passagem do espelho e lembrei com facilidade do caminho pelos túneis, chegando fácil até a Casa do Lago. Eu sabia do que eu precisava. Erik guardava dinheiro dentro de uma das gavetas dele, para emergências. Aquilo era uma emergência: eu ia precisar pagar a fiança dele. Ou melhor, ele pagaria a própia fiança.

       POV Erik

         Como será que Cathy estaria se virando sozinha? Eu estava tremendamente angustiado, pensando nela, e nem dava atenção aos outros detentos, que sempre começavam a me provocar e até tentavam me socar, as vezes. Já tinham me socado duas vezes até agora, e eu não consegui me defender, eram muitas pessoas - homens mais fortes do que eu. Mas eu não ligava. Como estaria Catherine, afinal? Será que ela tinha conseguido ao menos voltar pra casa, onde as coisas dela estavam?, ou será que ela estava desamparada e sem ter para onde ir? Ah meu Deus, eu não podia nem pensar nisso. Ela devia ter se virado.

        -Ei, Mascarado, no que que você pensa tanto? - perguntou um dos homens que estavam na mesma cela do que eu. O nome dele era Jerry, se eu não me engano.

       -Em nada. - eu respondi, distraído.

       -Como assim? É claro que você está pensando em alguma coisa, tá encarando a parede já faz mais de uma hora. - Jerry disse, me dando um empurrão, ao qual eu ignorei. -Por que você tá aqui, cara?

      Eu hesitei.

      -Matei uma pessoa. E você?

      -Eu estuprei uma menina. Mas quem foi que você matou, cara?

      -Um adolescente que estuprou a minha Catherine. - eu comentei, sentindo um nojo profundo de Jerry por ter feito o mesmo que Matt tinha feito com Cathy para alguém. Ele era gigante, ainda maior do que Matt... Quem quer que fosse a menina que ele tinha violado, eu já sentia uma pena enorme dela. Então comecei a pensar em como tinha sido aquele dia, em como Catherine tinha ficado apavorada, com medo de mim. Mais medo do que ela costumava sentir quando falava sobre Matt.

       Jerry não disse mais nada. Um outro detento - praticamente uma criança, na verdade... Devia ter uns 18 anos. -começou a me encarar.

       -Então não gosta de estupradores? - ele perguntou. Não me lembrava do nome dele, mas o chamavam simplesmente de Babão.

       -Não, e tenho certeza que vocês não gostam de assassinos também. - comentei, mas os dois pareceram levar aquilo como um insulto, e começaram a avançar na minha direção. Nem tentei me defender, minha mente estava em outro lugar. O tal de Babão segurou meus braços atrás das costas e Jerry deu um soco na minha cara. Senti sangue brotar da minha boca enquanto levava uma pancada no estômago. Eles podiam continuar o dia inteiro me socando, não teriam se cansado.

       -Erik! - ouvi de repente uma voz angelical, distante, que vinha de fora da cela.  

       Jerry e Babão se afastaram de mim, e eu, com a cabeça meio baixa, pendendo pro lado, ergui os olhos e vi Catherine se aproximando, correndo, da cela, seguida a distância por um dos guardas. Cathy se aproximou das grades, meio desconfiada.

       -Essa é a sua menina? - Jerry perguntou. Eu assenti.

       -Ela é uma delícia. - Babão disse, me provocando e eu me virei com raiva para ele, ameaçando-o. Agora eu entendia porque o apelido de "babão".

       -Ei, ei, ei, o que é isso, monsieurs? - o guarda perguntou. -Monsieur Erik, essa menina pagou sua fiança. Você pode ir embora.

       O guarda abriu a grade da cela e eu, sem hesitar, saí do maldito inferno onde tinham me colocado. Ele custou  a não deixar ninguém mais passar. Eu fui correndo para minha Catherine, tão linda, tão inteligente. Não acreditava que ela tinha conseguido me tirar daquele lugar imundo. Estava prestes a passar meus braços em volta dela, apertá-la contra o meu corpo e beijá-la, mas me interrompi antes de sequer tocá-la. Ela não se lembrava de nada - o beijo que ela me dera antes, no terraço, devia ter sido de puro desespero. Recomecei a andar e a abracei forte, embora não fosse exatamente o que eu queria. Afundei meu rosto machucado nos cabelos negros dela e apertei o abraço quando senti os braços dela em volta de mim também.

        -Erik - ela sussurrou no meu ouvido -, por que você deixou eles te machucarem assim?

        -Como uma menina me disse uma vez, é a lei do mais forte, Catherine.

        -Duvido que eles sejam mais fortes do que você. Você é tipo um herói, Erik. É o meu herói.. - ela disse, sorrindo. -Vamos, temos que ir pra casa agora. Vou cuidar de todos esses seus machucados, tá? - eu assenti.

        -Tudo bem, vamos logo. Não aguento mais ficar aqui. - eu falei, e tirei os braços de Catherine.

        Nos dirigimos a saída, e Cathy e eu voltamos a pé para o Teatro, que ficava a algumas quadras de distância. Ela me disse que sabia onde eu guardava o dinheiro, e que como era uma emergência, ela teve que usar. Fiquei muito agradecido por ela ter essa ideia brilhante.

        -Então se lembrou do caminho pelos túneis? - perguntei.

        -Na verdade, eu me lembrei de um monte de coisas, de repente. Quer dizer, percebi que ainda tem muitas coisas que eu não lembro, mas consegui me lembrar do nosso casamento, por exemplo.

         Eu sorri. Aquilo era uma ótima notícia. Ela progredira rápido.

         -Fiquei muito preocupada. - ela acrescentou.

        -Eu também fiquei... Estava muito preocupado com você, Cathy. - eu disse, envolvendo-lhe o ombro com o meu braço. Chegamos ao Teatro e Catherine realmente parecia se lembrar muito bem dos caminhos pelos corredores, e dos túneis na passagem do espelho. Quando chegamos em casa, ela me disse para ir tomar um banho e vestir uma roupa que não estivesse ensanguentada, que depois que eu terminasse ela cuidaria dos meus machucados. De algum jeito, ela ficar toda preocupada comigo era muito sexy.

        Fiz como ela disse, peguei uma camisa branca com gola em V e uma calça preta e outra máscara, porque a branca estava cheia de sangue. Tomei banho e me enxuguei, e depois fui para o quarto e me vesti. Então escutei Catherine batendo na porta.

       -Pode entrar, Cathy. - eu disse, esperando pela minha pequena.


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de comentar!
Bjos, Luna :*



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