Amor Mascarado 2 escrita por LunaCobain


Capítulo 13
Capítulo 13




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/215624/chapter/13

Erik me guiou até o quarto preto e abriu a porta para que eu passasse. Eu sorri com o gesto, ele era mesmo um cavalheiro. Me dirigi, meio sem graça, até a cama de casal.

–Não precisa ficar tímida, Cathy. - Erik estava rindo.

–É inevitável. - eu dei um sorriso de lado, e vi Erik respirar fundo ao me ver fazer isso. Sei lá, estranho.

Nos deitamos, estranhando a situação. Parecia que estávamos a quilômetros e quilômetros de distância por causa da tensão entre nós. Fiquei encarando o rosto dele até sentir que estava pegando no sono.

_______________________________________

Arnaud Monteg chegou para interromper meus preciosos pensamentos. Tá, eu não costumava parar de pensar quando o Monteg chegava, mas o problema é que ele estava acompanhado. Não de uma menina, quero dizer, não. Era um menino alto, alguns anos mais velho do que ele, extremamente bonito - olhos intensos, negros como os cabelos, e uma pele de um tom castanho-avermalhado de dar inveja... Ah, não, eu o conhecia. Aquele garoto tentou me beijar, não faz muito tempo. Aliás, eu já o conhecia, mesmo antes dele tentar isso. Eu só não sabia direito de onde.

–Oi, Catherine. Feliz aniversário! - exclamou Arnaud. O garoto ao seu lado exibia um sorriso animado. - Esse é meu primo americano, Matt. Essa é Catherine Daaè, de quem lhe falei. - disse ele, agora olhando para o primo, fazendo as apresentações com um tom formal.

–Oi. -murmurei baixinho, desviando o olhar deles.

–Olá - disse o menino musculoso, Matt, num tom um pouco eufórico demais. -Já não nos conhecemos?

_______________________________________

Acordei me sentindo estranhamente leve, meu corpo um pouco entorpecido. Então percebi que Erik, que antes hesitara tanto em sequer me tocar, agora me abraçava fervorosamente. Sorri. Muito embora não me lembrasse de nada exceto um momento ou outro do começo da nossa relação, eu gostava dele. Meu sorri aumentou mais um pouco. Os braços dele se estreitaram ao meu redor antes de ele abrir os olhos, e me soltar. Seus olhos estavam levemente arregalados, e meu rosto voltou a ficar sério.

-Desculpe-me, Catherine. Eu pensei que conseguiria me controlar.

-Não tem problema, Erik.

Ele suspirou, e tirou uma mecha de cabelo do meu rosto. Seus olhos estavam distantes. O silêncio não hesitou em se fazer presente.

-Eu acho que me lembrei de mais alguma coisa. - murmurei, tentando fazer com que ele se animasse.

Eu acertei. Os olhos deles se voltaram para mim imediatamente, brilhando. 

-Do quê, Catherine?

-Um garoto ruivo e um moreno. Arnaud e Matt... alguma coisa.

-Ah... Como? - ele pareceu um pouco desapontado.

-Ahm... Era o meu aniversário. Mas é só isso.

-Seu aniversário de catorze anos. Pode se dizer que foi um dia importante.

Não entendi muito bem o que ele quis dizer. Em vez disso, contentei-me em observar seus belos olhos azuis.

-Catherine, você precisa fazer um esforço para se lembrar... - ele começou, encostando as costas na cabeceira da cama.

-Eu estou tentando, Erik, juro que estou. - senti meus olhos se encherem de lágrimas. Eu já tinha me lembrado de duas coisas, mas não foi o suficiente para ele. Ele não sabia como estava sendo difícil. -Mas eu simplesmente não consigo.

Ele passou um de seus braços fortes pela minha cintura, e me puxou para perto, deixando minha cabeça encostada e seu peito. 

-Posso tentar fazer você lembrar. Você quer?

-Quero.

-Então, acho que vou te contar uma história, Cathy.

"Naquele Teatro, o Teatro Abeau, sempre teve uma criança especial para mim. Uma garota linda, com olhos escuros como ônix e uma inteligência incrível. Catherine, era o nome dela, mas a princípio, eu não sabia mais nada além disso. Havia muitos, muitos anos desde que eu estivera nas entranhas de um Teatro como aquele, mas eu resolvi que valia a pena afastar a garota da solidão. Com a Voz, é claro, qunado ela era muito menor. Era um dos meus "poderes" favoritos. Eu apenas os utilizara com Christine antes. Ah.... Christine. O nome que antes soava como uma prece agora me parecia uma praga.

Mas agora tinha Catherine. Ela era diferente das outras, ela nem sabia o quanto. Catherine não era excessivamente magra, como as garotinhas esqueléticas da Ópera, ela tinha as curvas de uma mulher; e era mais alta até que a sra. Giry, apesar de baixinha para mim. Mas ela não gostava das saias, das sapatilhas e da maquiagem. Tenho certeza que, se fosse permitido, ela usaria jeans, All Star e camiseta todos os dias da vida dela. Ela era órfã. E mais inteligente do que todas aquelas meninas juntas, e provavelmente, com o dobro da criatividade. Não é todo o dia que se encontra uma mente assim. Mas não era só pelo cérebro dela que eu me fascinava. Era pela beleza, também. Sim, é claro, eu era o monstro a procura de beleza. Mas a pele clara, constratando com os lábios rubros, o corado das bochechas, e o castanho-escuro do cabelo ondulado e dos olhos... Ela me ganhou.

A Voz, porém, não funcionou. Na verdade, funcionou para ela. Mas, certo dia, quando aquele Arnaud trouxe o primo americano pela primeira vez, e ele tentou beijar Catherine. Na verdade, eles tinham uns sete anos na época, ela e Arnaud. Matt devia ter uns dez, mas a história se repetiria mais tarde. Nesse mesmo dia, percebendo que Cathy - como eu a apelidara carinhosamente - sentia também alguma coisa pelo estrangeiro, eu decidi deixá-la. Senti ua leve pontada de arrependimento. Ela se afastou das pessoas. E chorava, não foram apenas dias ou semanas que ela passou chorando por sentir a falta da Voz. Nem meses, sequer. Foram anos.

Mas depois, com treze, ela estava ainda mais bonita. Como se isso fosse possível. Os cabelos estavam curtos, alguns dedos abaixo dos ombros, e formavam cachos largos nas pontas, de vez em quando. Os cílios pareciam ainda mais espessos, longos e curvados. Mas havia sempre uma sombra de tristeza em seus olhos. Durante os seis anos em que eu tinha ficado só observando, como mero espectador, ela mostrara seu talento. Ela ainda se recusava a cantar, é claro, mas apenas falando se percebia o tom divino em sua voz. Dançava muito bem, apesar de não gostar muito de se apresentar - era terrivelmente tímida. E, quando algum dos músicos faltava, ela pegava o instrumento, indepente do fato de ela nunca ter encostado a mão em alguns deles, ficava um minuto tentando descobrir como funcionava e depois tocava com maestria. Simples assim. Fizera aulas de piano e era muito boa para tirar músicas de ouvido, e também aprendera sozinha a tocar violão maravilhosamente. A garota era quase como eu, era quase como se eu pudesse ver o reflexo de minha alma olhando para seus grandes olhos escuros. E ela era um pouco malvada, admito. Maldosa, talvez seja a palavra que se encaixe melhor. Mas acho que talvez fosse coisa de órfão. Eu a entendia. E foi então que eu resolvi me aproximar."

Erik parou. 

-Eu me lembrei de mais uma coisa, Erik! - exclamei, animada.

-O que? - ele perguntou. E tudo o que eu podia fazer era lhe contar do meu flashback repentino.

"Estávamos deitados na cama do quarto branco. Erik me aninhava em seu peito enquanto eu tentava me acalmar mentalmente. Na verdade, minha mente estava desesperada, mas meu corpo estava totalmente relaxado. Era bom, tão bom, sentir Erik perto. Esse turbilhão de sentimentos não podia me fazer bem, de jeito nenhum.

–No que está pensando? - Erik perguntou, baixinho, acariciando meus cabelos.

–Em você... - eu sussurrei, apoiando o queixo em seu peito para encará-lo. Ele era lindo. Podem me chamar de louca, se quiserem, mas ele era lindo, sim. Não perto de mim.

–Eu te amo, Catherine. Mas...

–Que foi?

–Ah, Catherine. Eu te assustei, não é? Eu sei disso. Consigo enxergar o medo em seus olhos.

–Eu só... Sei lá. Talvez eu esteja apenas um pouco surpresa."

-E foi isso que eu lembrei, parou aí.

-Você está se lembrando rápido.

-Ainda bem.

Erik beijou os meus cabelos, enquanto suas mãos acariciavam minha cintura por cima da camisola.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Galera, desculpem-me pela demora infernal! Vocês não tem noção de quantas vezes eu comecei a escrever aqui, não deu certo, tive que largar tudo e acabei perdendo o que tinha feito antes.
Enfim, espero que eu consiga postar mais regularmente mas não me matem se por acaso não der.
Deixem reviews - se não fossem vocês me motivando, eu nem teria continuado a escrever.
Beijos, Luna :*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor Mascarado 2" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.