Voltando A Viver escrita por DuhPaiva


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo ficou grande :)
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Olá pessoas, mais um capitulo e que desta vez demorou eternidades, não é mesmo? Bem, ele ainda não foi revisado, por isso contem com toda a certeza erros. Peço que relevem, amanha se conseguir coloco aqui o capitulo direitinho.
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Boa leitura



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A beleza inquestionável de Jane parecia atrair os olhares masculinos que por ali circulavam. Dona de uma silhueta invejável, uma pele clara que contrastava com seu cabelo loiro como ouro e seus olhos azuis mar, trajando um vestido preto simples com um corte sublime no peito, embora discreto, um pouco acima do joelho e com uma pequena racha do lado direito realçando sua coxa definida. Em seus pés adornava uma sandália de salto fino preta e prateada, combinando elegantemente com o colar e pulseira que completavam a figura oponente.

A figura de sorriso alargado contemplava Edward com um brilho no olhar, mas visivelmente confusa pela sua inercia. Este continuava parado no mesmo lugar de quando o chamara, claramente surpreso.

– Ainda se lembra de mim, querido?

– Jane… - Murmurou. – Você aqui? Como você… o que você está fazendo aqui?

– Edward, querido, eu vim ver-te! – Disse sorrindo.

Bella e Rose acompanhavam aquele reencontro, atentas e curiosas. A linda mulher que estava agora próxima a elas exibia um profundo olhar sentido sobre Edward, revelando muitas das divagações das duas. O pensamento que preambulava na mente de Bella se confirmava pelas poucas palavras da moça e do nervosismo ciente dele, à sua frente estava o amor de Edward, o amor que o mesmo encontrou nesses dois anos de vivência sem ela. Esse pensamento era partilhado por Rose que temia agora pelo bem-estar de Bella e, consequentemente, pela consequência que a confirmação acarretaria na vida de todos.

Os dois anos de lacuna da vida dos dois era a insegurança diária que preenchia o coração de ambos, embora cientes que partilhavam do mesmo sentimento de outrora, a pronunciação do mesmo ficava guardado na alma destes e travados na garganta quando o desejo se sobreponha à razão. Então, inseguramente as trapaças da vida se proponham em cada pedaço de tempo que desperdiçavam. Agora ali e naquele momento, nada poderia ser feito ou reescrito. Agora ali e naquele momento, a verdade se cingia a ela mesma.

– Rose, vamos? Ainda tenho mapas para rever e alguns problemas a resolver. – Disse Bella aparentando uma calma e seriedade que em nada correspondiam à verdade.

– Sim, sim. Eu tenho que terminar os relatórios e entregá-los ainda hoje. – Disse enquanto seguia Bella até ao elevador e percebia o abraço saudoso que Jane e Edward trocavam agora.

Bella desejava internamente poder sair daquele hall e refugiar-se no recanto da sua secretária com o trabalho preenchendo sua mente, mas como naquele momento a sorte parecia abandonar a sua figura, Edward e Jane entraram no mesmo elevador.

– Jane, quero apresentar duas pessoas importantes na minha vida pessoal e profissional, eu já lhe falei delas. Essas são Rose e Bella, amigas e profissionais da empresa.

– Prazer em conhecer-vos. O Edward falava muito de vocês, enfim pode conhecê-las. – Disse sorrindo, mas prendendo um olhar em Bella.

– O prazer é nosso Jane. – Disse Bella sorrindo falsamente.

– Prazer, Jane. Espero que goste da estadia por aqui, agora se nos permite temos que encarrar o nosso trabalho. – Disse retirando-se com Bella do pequeno hall que antevia os escritórios.

A percetibilidade de algumas realidades pode ferir as esperanças mais réstias que um coração pode guardar em seu interior e então, o derrame sanguíneo das feridas jamais saradas aprofundam a dor dilacerante que consome. Contudo, dois anos era o tempo suficiente para a alma de Bella ter aprendido a dissimular os sentimentos e aparentar serenidade. Com certeza, esta dissimulação não acontecia em todos ou quaisquer momentos, acontecia na força surpreendente da mente e nunca numa surpresa.

– Você está bem, Bella? – Perguntou Rose, quando Bella sentava na sua cadeira encarava a parede branca.

– Estou amiga, tudo bem. – Disse almejando que suas palavras fossem verdadeiras.

Aquela tarde parecia gigantesca e o trabalho imenso face a outrora. Estava claro a quem conhecesse Bella e sua história de vida que aquela figura que ali estava, não era mais que um corpo. O brilho que começava a aparecer no seu olhar morreu, a esperança que empregava em cada palavra tinha esmorecido e a sua voz calou as palavras! Contudo, naquele momento podia ser percebido algo novo por detrás daquela feição tão sublimar, alguma decisão.

– Rose, acabei por hoje. Vou indo, você vem?

– Vou sim. Vou guardar tudo e desligar o computador, por hoje está concluído. – Riu, sendo acompanhada pela amiga.

– As horas hoje arrastaram-se, os relatórios que tinha para ver não eram tantos e o trabalho não estava muito atrasado. – Tentou justificar, já que havia dito o que não queria.

– Se você tivesse realmente lido com atenção algum daqueles documentos e não, o mesmo, três ou quatro vezes. – Sorriu de leve. – Felizmente, eu conheço você tão bem. Não subestime a minha inteligência, se não quiser tocar no assunto, tudo bem, mas não minta.

– Vamos indo? – Disse fugindo daquela conversa.

– Vamos.

Quando chegaram ao hall, os risos e carinhos presentes numa imagem puramente romântica, as deixaram sem fala e, de certa forma, constrangidas por interromperem o momento. Ali presentes estavam Jane e Edward numa brincadeira de crianças, trocando carinhos e abraços. Jane estava com os braços envoltos no pescoço de Edward, enquanto com um braço ele mantinha a cintura dela próxima a ele e com a outra fazia cocegas na barriga ou lateral do corpo. A cabeça de Edward estava suspensa no ombro dela, enquanto roubava um pouco do perfume do seu pescoço.

Os dois estavam tão envolvidos um com o outro que nem perceberam a presença das duas amigas atrás, somente quando Bella, demasiado perturbada pelo que presenciou, seguiu para o elevador chamando-o.

– Vocês estão aí? – Perguntou Jane, enquanto Edward estava sério e de olhos postos em Bella, que jamais o encarara.

– Estamos indo embora. Por hoje, o trabalho terminou, amanhã há mais! – Disse em um sorriso dissimulado e enraivecido.

– Nós também estamos indo, não é querido?! – Disse sensualmente. – Vamos jantar fora.

– Hoje está um tempo fantástico para isso, talvez se escolhessem um restaurante à beira mar. – Sugeriu Bella, olhando nos olhos de Jane e desprezando a surpresa neles.

– Uma ótima ideia. – Disse simplesmente, incapaz de pronunciar algo mais.

O ambiente nos segundos que o elevador os levava ao térreo foram estranhos e perturbadores, o silêncio reinava. Aquela pequena provocação mútua tinha sido mais do que esperavam para um dia só, aquela tinha sido a sentença das emoções e sentimentos existentes. O futuro era agora comandado e sentenciado conforme a razão mandava, sua vontade prevaleceria.

Despediram-se na porta de entrada e rumaram aos seus carros parados no estacionamento. Desejaram boa noite e nada mais fora ouvido, nem Rose tentou dizer qualquer palavra naquele momento, ela sabia que a amiga desabaria e não daria esse gosto a Jane. Apesar de tudo, a opinião de Rose em relação a Jane era incerta… Jane parecia ser uma boa pessoa e não uma boémia interesseira, no entanto depois do ocorrido na empresa, as suas convicções mudaram.

A alma de Bella estava perturbada, embora não conseguisse derramar alguma lagrima. Seria o choque o fator para tamanho feito? Talvez, tudo se devesse a tantas e tantas circunstâncias e privações que a vida lhe colocara no caminho ou, simplesmente, pelo fato de ter ainda um pouco de amor-próprio e ter conseguido superar a culpa. Aquela culpa de o ter deixado partir, aquela culpa que carregou por tudo que aconteceu na história dos dois. O dia tinha sido intenso, ela tivera que saber lidar com sentimentos que não esperava, mas tinha conseguido perceber que em nada adiantava continuar a culpabilizar-se por algo que estava feito e que, neste momento, a transcendia.

Então, enquanto percorria as estradas que a levariam a sua casa, tomou algumas decisões e a primeira delas, ela trataria logo no dia seguinte. A sua vida tinha que mudar, o seu coração tinha que cicatrizar. A normalidade devia reinar na sua vida, o passado tinha que ficar lá, ela somente quereria viver no presente e no futuro. Os sonhos de menina/mulher e aquele amor tórrido que sentia em seu peito teriam que ficar onde eles pertencem… no passado.

Abrindo a porta de casa sem qualquer pressa, ouviu sou telefone tocar incessante. No play list podia ver piscar o nome de sua mãe, a ultima pessoa com quem queria falar naquele momento, mas acabou por atender.

– Olá mãe. – Disse sem qualquer emoção na voz.

– Oh minha filha, como você está? Faz tempo que não falamos, como está seu trabalho? Os seus amigos? – Perguntou.

– Anda tudo bem, mãe. – Respondeu direta, sem querer alargar a conversa.

– Não está mentindo, pois não? – Perguntou com seriedade. – Eu ouvi dizer que a família Cullen estava de volta à cidade.

– Eu sabia… para a senhora ligar tinha que haver um motivo! – Disse indignada. – Jamais me ligaria somente para saber se sua filha está bem ou se precisa de alguma coisa, aliás nem sua filha sou mais não é?! – Apertou o telefone com força.

– Não fale assim comigo, eu ainda sou sua mãe. Nós já conversamos milhares de vezes sobre esse assunto, pensei que tivesse ficado resolvido. Filha, todos nós cometemos erros, todos nós temos direito a uma segunda oportunidade! – Disse surpresa e revoltada com as palavras de Bella.

– Tudo bem, mãe. Sim, os Cullen estão de volta. Sim, Edward está aqui. Sim, nós os dois já nos vimos, já falamos e não, não voltamos a ser o que um dia fomos. O sentimento que nos unia ficou naquela época, agora somos dois adultos que um dia se amaram e embora muita coisa tenha acontecido, tornamo-nos amigos ou conhecidos. Sinceramente, eu não sei como definir aquilo que nos “une”, acho que no fundo a única ligação que temos é profissional e basta. – Desabafou.

– Profissional? Como assim, Bella? Vocês trabalham juntos?

– Ele é meu chefe. – Suspirou.

– Seu chefe? Que coincidência ou será que… - Disse indagando.

– Não será, nem meio será! Eu já respondi ao que me perguntou, agora eu quero ir tomar um banho e relaxar. – Disse já perdendo a pouca paciência que tinha.

– Tudo bem. Fique bem e descanse, nós conversamos outro dia. Boa noite. – Disse despedindo-se da filha.

– Boa noite. – Disse e desligou.

A quantidade de pensamentos e emoções que assolavam sua mente a deixavam exausta. Além de ter que assimilar a presença de Jane, sua mãe lhe ligara só para saber se o que ouvira era verdade. Embora não quisesse lembrar de nada do passado a discussão com os seus pais ainda era lembrada, agora de forma diferente, mas ainda feria. Tudo tinha a sua consequência, aquela permaneceria gravada no seu coração, embora não guardasse qualquer mágoa.

***

Os raios de sol entravam pelas frestas das janelas meio abertas do quarto de Bella, fazendo-a despertar do seu sono apaziguador. Ainda faltavam uma hora para o seu despertador soar, ainda sonolenta virou o corpo para o lado oposto e tentou voltar ao seu sono. Contudo, a claridade não lhe permitiram tal feito, fazendo-a levantar e seguir o seu ritual habitual.

Aquele arranha-céus estava mais uma vez diante de seus olhos, faltavam apenas vinte minutos para que o seu horário de expediente começar, mas ali sentada numa mesa de café observava toda a envolvente daquele edifício gélido e estático. Em frente aquilo tudo, ela percebeu que a solução viável para tudo que ela mantinha em sua mente e coração era afastar-se de tudo. Afastar-se da presença constante dele e, consequentemente, tentar reorganizar e entender tudo que havia acontecido desde a sua volta. O equilíbrio que há muito ela tentava recuperar, aquela certeza que ficou abalada, mas que dia após dia, ela tentava encarar e readquirir.

– Bom dia meninas.

– Bom dia, Bella.

– Vitória, eu quero falar com você. – Disse enquanto arrumava sua mala na cadeira.

– Pode falar, Bella.

– Eu estou querendo tirar as minhas férias, três semanas para ser mais exata. Então, veja no mapa de férias e marque. – Disse séria.

– Quando quer começar as férias? – Perguntou, observando o mapa.

– Segunda-feira…

– Esta segunda-feira? – Perguntou espantada.

– Sim, algum problema?

– Hummm… - observou o mapa - sem qualquer problema, vou marcar já no mapa.

– Faça isso, eu vou adiantar tudo aqui e depois passar para você os assuntos inadiáveis. – Disse olhando alguns papéis sobre a secretária.

– Tudo bem. – Disse Vitoria um pouco chateada por ficar com o trabalho todo para si, ela detestava ficar sozinha.

Rose observou toda a conversa intrigada, a amiga estava com uma postura e um olhar diferente. Alguma coisa tinha acontecido, aquela decisão repentina tinha nome e sobrenome, mas aquela frieza, aquela autoconfiança adquirira da noite para o dia significavam alguma decisão. Ela fugiria dali, ela queria ficar longe dele sem dúvida, mas também queria reconstruir os muros de betão que se elevavam à sua volta.

As horas daquela manhã passaram normalmente, todos naquele escritório permaneciam concentrados nos seus afazeres. Bella ausentou-se por quase meia hora tendo sido chamada à confeção devido a um problema entre duas funcionárias. As duas nunca haviam tido uma relação muito amistosa, mas naquele dia as duas se enfrentaram quando tiveram que trabalhar em parceria. O confronto só terminou quando a presença de Bella se fez presente diante das duas, nenhuma sabia exatamente o que dizer. Naquela situação, ambas tiveram receio que fossem despedidas e com um processo disciplinar, contudo esse não era a política de Bella. Ela sempre presou que o diálogo era melhor, embora soubesse que na maioria dos casos, resolveria no momento e depois tudo se repetiria e o processo era inevitável. Chamou as duas em separado a um pequeno escritório do responsável de produção e advertiu as duas, avisando que independentemente das rixas que poderia haver entre as duas, ali era um local de trabalho e não um campo de batalha. Então, se aquela mesma situação se voltasse a repetir, as duas estariam com problemas.

Quando regressava ao seu posto de trabalho, no hall cruzou-se com Edward. O mesmo tinha ido à sua procura e soube por Vitoria que a mesma tinha sido chamada à fábrica, sendo o motivo mencionado, mas de forma distorcida.

– Bella, o que aconteceu? Fui à sua procura e Vitoria me disse que houve problemas… – Perguntou.

– Duas funcionárias desentenderam-se, mas já está tudo resolvido. – Explicou.

– Tem certeza? – Perguntou confuso.

– Sim, mas porque está a perguntar isso? – Observava o rosto confuso de seu chefe.

– A Vitoria me disse que as duas eram muito problemáticas e que com certeza iriam ser despedidas, sempre havia problemas com elas e você passava a vida na fábrica por causa delas, que era benevolente com elas! – Disse.

– O quê? – Perguntou confusa. – Realmente, as duas funcionárias não convivem muito bem uma com a outra, mas nunca fui chamada por causa disso. Tenho conhecimento desta controvertia pelo responsável de produção que sempre nos deixa a par da situação dos funcionários. Hoje, pela primeira vez, tive que intervir… não entendo porque Vitoria disse isso!

– Iremos entender… Venha ao meu escritório e chame Vitoria, por favor.

– Certo. – Disse, dirigindo-se ao escritório para chamar a colega de trabalho.

A conversa que os três tiveram deixou Vitoria furiosa e com sede de vingança, ela detestava ser chamada a atenção por qualquer pessoa, mas as coisas pioravam quando se tratava de Bella. Não que ela tivesse algo concreto contra Bella, ela somente não a suportava desde que soube que ela namorara Edward no passado e a simples possibilidade de os dois reatarem a deixavam preocupada. Ela não via em Edward o seu grande amor, mas o seu porto seguro na questão de conforto económico. Por sua vez, a sua frustração aumentava a cada dia que percebia que em algum momento Edward a olhou como mulher.

A hora de almoço chegou e Rose tratou de arrastar a amiga com ela, ela estava ansiosa para lhe perguntar o porque de antecipar as suas férias. Então, nem sequer esperou entrar no restaurante e fazerem o pedido, ela foi logo direta ao ponto.

– Qual o motivo para você antecipar as férias? – Perguntou séria analisando a expressão da amiga e, perante isso, completou. – E nem tente mentir!

– Eu preciso me afastar e colocar a minha mente, o meu coração em ordem. Desde a chegada de Edward, as coisas tem acontecido muito rápido, muita coisa para digerir, muitos sentimentos para entender. Preciso assimilar tudo e voltar a ter controlo da minha vida, não posso continuar sobrevivendo. O passado deve ficar onde pertence e eu quero viver o presente, o futuro. Quero voltar a ser feliz, a ser completa… entende? – Disse em desabafo, mas com sinceridade.

– Aleluia! Meu Deus, Bella… eu esperei tanto tempo para ver essa decisão em você. Embora eu reconheça o que a fez perceber isso, eu fico feliz que tenha tomado essa decisão. Finalmente, os seus olhos transmitem segurança, esperança. – Disse sorrindo, verdadeiramente feliz pela amiga.

– Eu sei amiga, você sempre esteve lá.

– Olá, olá, olá… - Disse Alice, com a sua alegria de sempre.

– Bons olhos te vejam Alice, o que a traz a estes lados? – Perguntou Rose admirada.

– Decidi vir almoçar com as minhas amiguinhas do coração, posso?

– Claro que pode, mas essa carinha não engana ninguém. Você não veio só por isso, conta logo… - Disse Bella curiosa.

– Eu não acredito! Ahhhhhhhhhhh… - Disse Rose, olhando fixamente para as mãos de Alice.

– O que foi? – Perguntou Bella, fazendo Alice mostrar a mão que adornava um belo anel de noivado. – Jura?

– Sim, sim… O Jasper ontem me pediu em casamento. Foi tão lindo! – As três sorriam felizes.

– Surpreendente, como foi? Conta-nos!

– Ele me convidou para jantar no apartamento dele, eu estranhei porque ele quase o usa, mas aceitei, lógico. Na hora combinava, eu tocava à campainha e fui recebida pela figura de Jasper trajando um smoking e um ar sério. Na hora não entendi o motivo de tanta pujança se assim se pode chamar, o jantar correu espetacularmente, tudo estava minuciosamente preparado. Quando terminamos, ele me chamou para dançar e colocou para tocar a música que passava quando nos conhecemos, confesso que tudo aquilo estava muito romântico e apertei meu corpo no dele com a sensação que me consumia. Ali, eu comprovei mais uma vez o quanto amava aquele homem que estava comigo, mas ele afastou-se e olhou-me nos olhos enquanto se ponha de joelhos e tirava do bolso aquela caixinha preta. Naquela hora, acho que meu coração parou. Eu só via aquele homem com o anel estendido à minha frente e proferindo as palavras que eu sempre sonhei um dia ouvir, não consegui segurar as lágrimas!

– Que lindo, Alice. Jasper ama você. – Disse Bella com lágrimas de felicidade pela amiga.

– Eu sempre soube da capacidade desse homem, mas confesso que ele se superou. Esse pedido foi lindo demais, Alice. – Disse sorrindo aberto.

– Ah meninas, eu jamais esquecerei aquele momento. Tudo foi perfeito, eu amei cada pedacinho daqueles momentos. Eu amo aquele ser! – Sorriu abobalhada. – Bem, agora deixando isso um pouco de lado, o que vocês conversavam quando eu cheguei? O clima parecia bem sério.

– Eu vou de férias para a semana, eu preciso me afastar e reencontrar-me…

Bella disse a Alice o que tinha dito a Rose e as duas a apoiaram na sua decisão, felizes pela determinação que percebiam nela. Tudo o que queria era que as coisas se resolvessem em bem, já que o passado nunca deixaria de ser passado.

A hora de almoço terminou e as três foram para os seus afazeres. Tudo transcorria com normalidade naquele dia, tirando o episódio da manhã. A hora de saída logo soou no relógio pendurado na parede branca do gabinete, o suspiro de alívio era sentido, embora raramente isso significasse o término do trabalho.

– Bella, amanhã me passará o que tem que ser feito na sua ausência ou quer que fique agora? – Perguntou Jessica.

– Amanhã eu passo para você e para Vitoria. – Disse olhando para a mesma que a observava com desdém.

– Até amanhã, então. – Disse Jessica mais aliviada por o trabalho ser passado às duas, embora com a certeza que a maioria recaída sobre si.

As duas se retiraram ficando somente as duas, já que Mike estava de férias e os comerciais na rua.

– Bellinha, o que aconteceu? Vitória passou a tarde toda olhando para você com uma raiva. – Perguntou intrigada.

– Esqueci de te contar. Hoje pela manhã fui chamada à fábrica, acho que Edward me procurou aqui, certo?

– Sim e ela disse onde tinha ido e o motivo. Embora, eu ache que ela exagerou nas explicações, não que eu estivesse muito atenta à conversa, pois estava ao telefone com um cliente.

– O problema é mesmo esse, Rose. O que ela disse ao Edward não era totalmente verdade, basicamente disse que o que aconteceu era frequente e eu nunca fazia nada para resolver a questão. – Explicou deixando Rose boquiaberta.

– O que ela pretendia com isso? – Perguntou.

– Eu não sei muito bem, mas o Edward perguntou-me o que se tinha passado e eu contei. Não fazia ideia do que se tinha passado, quando ele fica surpreso e me diz isso. Lógico que eu justifiquei, ele chamou as duas e acabou dando uma repreensão nela.

– Agora eu entendo. Ela nem pode ver você por isso, embora a culpa tenha sido dela.

– Ela está interessada nela, Rose. – Disse.

– O quê? Acha mesmo?

– Eu tenho a certeza absoluta disso, eu vi como ela falou com ela e pelos olhares dela. No entanto, ele parece nem a perceber e ela resolveu apontar-me como “saco de boxer” da fúria dela.

– Você sabe o porque disso, não é novidade para ninguém que vocês foram namorados no passado, ela vê em você uma rival.

– Essa é muito boa. Nós somos profissionais, não existe mais nada entre nós. Eu não sou, nem serei rival de ninguém.

– Não vamos discutir por causa desse assunto, mas se eu fosse você não me enganaria tão facilmente.

– O que você quer dizer?

– Ainda existe sentimento entre vocês…

– Acho que você anda a ver coisas, vamos embora antes que o cansaço te faça pior.

– Pode fugir, mas não se pode esconder.

No dia seguinte, Bella organizou todo o seu trabalho e ordenou os tópicos que tinham que ser executados durante a sua ausência. Após isso chamou as duas colegas e passou tudo, Jessica foi bem recetiva, já Vitoria se mostrou indiferente. Quando terminou, as suas palavras foram claras e concisas para as duas.

– Ambas não podem descorar desses tópicos e dos que surgiram, saliento bem que as duas e não só uma.

Jessica sorriu compreensiva e Vitoria bufou de raiva. Ela ia protestar, mas nesse momento a porta foi aberta e Edward entrou pela mesma. Então, sua atitude mudou drasticamente, surpreendendo todos.

– Tudo correrá bem, Bella. Pode ir de férias descansada, eu e a Jessica cuidaremos de tudo. – Disse em um sorriso sarcástico.

– Férias? Você irá de férias, Bella? – Perguntou surpreso, encarando a mulher à sua frente e analisando-a.

– Sim, Edward. Ia agora mesmo a sua sala falar com você. – Disse encabulada.

– Bem, eu preciso falar com Rose um momento e depois pode-me acompanhar. – Disse bastante sério.

– Com certeza. – Assentiu.

A conversa com Rose durou uns dez minutos, logo chamou Bella que o acompanhou um pouco apreensiva. O que ele queria conversar com ela, nada havia a acrescentar.

– Bella, você alterou as suas férias quando? Na última vez que vi o mapa, você não tinha férias este mês. – Afirmou.

– Tem toda a razão, contudo surgiu uma situação e eu preciso delas agora. – Disse tentando camuflar a verdadeira razão.

– Aconteceu alguma coisa? Precisa de algo? – Perguntou preocupado.

– Não, obrigada. Eu já passei o que está pendente para Jessica e Vitoria, aliás quando você entrou eu estava concluindo isso mesmo. Tenho a certeza que nada ficará sem ser feito, eu confio plenamente em Jessica. Não precisa se preocupar.

– Você sabe muito bem que a minha preocupação não é essa. Eu sei que você não deixaria de passar o seu trabalho e acredito que as outras o farão. Eu me preocupo é com a sua decisão de ir de férias tão repentinamente.

– Não se preocupe. Eu só preciso de férias. – Disse sem mais argumentos que a denunciassem.

– Eu não acredito nisso. – Suspirou com um sorriso desacreditado. – Aconteceu alguma coisa com os seus pais? – Ela balançou a cabeça negando. – Me diga, seja verdadeira. Diga a verdadeira razão.

– Não aconteceu nada, eu só preciso descansar. O trabalho aqui é de responsabilidade e eu me sinto cansada, nada mais que isso. – Disse frustrada.

– Tudo bem, Bella. Desejo-lhe umas ótimas férias e que descanse muito. – Desejou, não convencido.

– Obrigada. Até depois. – Despediu-se saindo da sala de Edward.

Aquela conversa tinha sido estranha, ali estavam presentes, tantos sentimentos omitidos através de subjugações e perguntas indiretas. Edward sabia que aquelas férias de Bella tinham um motivo, ela não anteciparia as férias por nada, tinha que haver uma razão lógica. Bella sabia que ele não tinha acreditado, mas sabia também que ele pensou ser algum problema pessoa e acredita que ele jamais imaginou ou imaginaria que o problema fosse ele próprio.

***

Uma semana havia passado, Bella estava de férias em casa dos pais e tentava encontra-se interiormente, organizar a sua mente e o seu coração. Cada dia era uma batalha que ela travava contra si mesma, acrescendo ao fato da mãe não a deixar esquecer e muito menos ter alguma paz. Renné era uma mulher elegante e decidida, via na filha uma pessoa grandiosa, mas sempre criticava as suas atitudes. Contrariamente, Charlie era pacato e colocava o bem-estar da filha em primeiro lugar. Nesta diferença de atitudes e personalidades, eles cometeram um erro com Bella no passado no qual se arrependiam. Na verdade, Charlie era o que mais se recriminava por ter sido influenciado por Renné, já Renné não falava no assunto, esperando esquecer.

Neste sentido, Bella desistiu de concluir as suas férias em casa deles e sem nem acreditar viajou para o Brasil. Recife foi o seu local de eleição e ali ela aproveitaria as suas duas últimas semanas de férias. A cada novo dia, ela via a sua decisão como a mais acertada possível. Recife era um município belíssimo, culturalmente repleto de espaços, galerias e museus que se enchem de turistas que assim como Bella se deslumbravam. A alimentação era outra especialidade de deixar qualquer turista “de água na boca”, tudo era uma delícia e, com certeza, Bella sairia de lá com uns quilos a mais. A praia era o lugar mais apreciado por todos, desde residentes a turistas. O hotel em que se hospedou era de frente à praia, então todas as manhãs Bella caminhava pelo calçadão e depois fazia praia, enquanto de tarde conhecia mais daquele país maravilhoso.

– Rose?

– Bella? Amiga, como você está? Eu estava preocupada com você.

– Estou bem, não fique preocupada. Liguei só para perguntar como está tudo por aí.

– Não me preocupo? Eu a Alice surtamos quando ligamos para sua casa, já que o seu telemóvel estava desligado, e sua mão nos diz que você viajou. Você não ia ficar lá?

– Sim, mas minha mãe não me deixava em paz. O tempo que estive lá, eu não conseguia pensar, não conseguia respirar. Quando eu saia, ela ia comigo, quando estava no quarto descansada, ela ia lá para estar comigo. Ah e lógico, sempre falava que eu devia reconquistar o Edward, que é bom moço… enfim!

– Assim fica difícil, mas você escolheu um país e tanto amiga. Brasil? Deve estar um tempo de dar inveja e agora sim você descansa.

– Bellinha…. – Bella ouviu Alice ao fundo.

– Acabou de chegar Alice e Jasper, vou colocar no altifalante.

– Finalmente, você dá notícias, nós estávamos preocupados. – Disse Emmett.

– Desculpem, mas precisava de estar sozinha. Hoje liguei para saber de todos e fiquem sabendo que a ligação tem um custo gigantesco.

– Connosco está tudo em ordem, como sempre. E você? – Respondeu Jasper.

– Estou ótima e bastante relaxada. Agora tenho que ir, eu volto a ligar.

– Quando você volta? – Perguntou Alice.

– No próximo sábado, dia 1. Eu depois confirmo as horas do voo.

– Acho bem, nós vamos busca-la. – Disse Emmett.

– Obrigada Emmett, obrigada a todos. Beijos.

– Fica bem, beijos. – Disseram todos em conjunto.

Quando desligou Bella tinha lágrimas nos olhos, sentou-se repostada na varanda do seu quarto de hotel e deixou mais uma vez que as lágrimas banhassem seu rosto, enquanto contemplava a paisagem à sua frente. Ela estava a adorar aquelas férias, aquele país era fascinante, mas sentia-se só. Enquanto mantinha sua mente ocupada, os sorrisos que dava com as pessoas que conhecia eram agradáveis e simples, mas quando voltava para o hotel e se via sozinha, tudo voltava a dobrar.

Enquanto isso, na Tracy’s Style o trabalho transcorria normalmente. Tudo na perfeita ordem, embora Edward andasse completamente ausente e meio perdido. Todos notaram a mudança repentina de comportamento deste, ele deixou de falar com as pessoas, mal saía do escritório, almoçava alguma coisa ligeira por ali mesmo e voltava a afundar a sua mente no trabalho. Os quatro amigos convidavam-no para sair, tomar um café, almoçar, até mesmo Jane o impelia a sair, mas o mesmo arranjava sempre desculpas. Somente na sexta-feira da segunda semana de férias de Bella é que ele saiu com Jane e os amigos, nesse dia eles ficaram a conhecer melhor a bela mulher que apareceu do nada e tinha, indiretamente, desestabilizado Bella.

Quarta-feira e o escritório estava uma correria, um processo tinha que ter resolução e ninguém sabia o que fazer. O cliente precisava de uma resposta urgente e todos se esquivavam de tal responsabilidade, talvez com medo da reação de Edward. Quando a rececionista informou Rose que Edward havia chegado, a mesma se dirigiu à sua sala.

– Edward posso? – Disse entrando e se assustando com as olheiras que o chefe e seu amigo tinha.

– Entra Rose. Algum problema? – Perguntou.

– Na verdade, sim. Confesso que agora que o observo são dois problemas. – Disse visivelmente preocupada.

– O que se passa?

– Primeiro como sua amiga, me diga o que se passa? Você anda completamente perdido, ausente, agora mesmo está com umas olheiras de dar medo, não quer sair connosco, nem mesmo com Jane… - Deixou a frase suspensa, ouvindo o suspiro dele.

– Não se passa nada, Rose. – Disse fazendo-a rir em derrota.

– Nada? Você acha que me engana com essa mentira tão nítida? Talvez se eu mencionar o nome de Bella, você me diga a verdade? – Ao ouvir o nome dela, ele fez uma careta em tristeza.

– Talvez você possa me disser a razão pela qual ela antecipou suas férias?

– Ela precisava, nenhum motivo em específico.

– Agora quem mente é você. Eu conheço-a, ela tem que ter um motivo.

– Você! – Disse num suspiro.

– Eu o quê? – Perguntou confuso.

– O motivo é você Edward! Será que não entende que ela te ama? Será que não percebe que ela sofre até hoje a sua ausência e o vosso passado? Ela fugiu de você, Edward. Ela fugiu de ver você e Jane. Ela fugiu para se reerguer e, com certeza, ela voltará com “muros altos” à sua volta, tentando não se magoar.

– Fugiu de mim… - Disse sibilando. – Eu amo aquela mulher.

– Eu não devia ter dito a você, Edward. – Ele encarou-a. – Eu prometi a ela que jamais diria a alguém os seus sentimentos, embora os nossos amigos o saibam sem nunca precisarem de a ouvir. Se ela souber, ela me mata! Contudo, eu estou cansada de vos ver assim, eu sei que existem várias pendencias entre vocês, mas se ainda há hipótese de se entenderem, entendam-se. Se não existe nada mais, esqueçam e sigam em frente.

– Eu não sei, eu estou confuso. Eu sabia que a minha volta, significaria voltar a vê-la, mas jamais imaginei que trabalharíamos juntos. Ela está muito diferentes, mas ao mesmo tempo igual. – Confessou.

– Eu não recrimino um ou o outro, mas entenda o que lhe disse, pense e aja de acordo com a sua decisão. Bem, mudando de assunto e não menos importante.

– Ah sim, o que aconteceu?

– Um cliente ligou bastante chateado por causa de uma mercadoria e de um problema no pagamento….

Aquela conversa continuou e o problema foi resolvido, no entanto as palavras de Rose martelaram incessantemente na mente de Edward.

***

O despertador tocava incessante, enquanto Bella tentava a custo encontra-lo e desliga-lo. Seus olhos custavam a abrir, no dia anterior tinha-se deitado tarde por causa da visita dos seus amigos. Ainda sonolenta fez a sua higiene íntima, vestiu-se, maquiou-se e degustou do seu pequeno-almoço.

Enquanto estacionava no seu lugar habitual, encarou a realidade - estava de volta à sua rotina diária. Saiu do carro e percebeu Rose à sua espera. As duas se cumprimentaram e entraram juntas. No escritório, Bella saudou todos que comentavam o quanto invejavam o seu bronze, arrancando uma série de risos.

O primeiro dia depois das férias era sempre complicado, uma série de coisas pendentes e a reunião com as colegas para repassarem novidades e trabalho para resolver. Nestas pequenas coisas, o tempo foi passando e logo era fim do dia. Os colegas começaram a despedir-se, terminando seus trabalhos e ela continuava a analisar um dos mapas solicitados. As oito horas da noite soaram e o estômago de Bella protestou, fazendo-a ir buscar uma sande e um café. Contudo, quando saiu da sua sala esbarrou em Edward que caminhava apressado, olhando uns papéis em suas mãos.

– Bella?

O magnetismo transmitia-se na intensidade do olhar que os dois trocavam, na necessidade de estarem um com o outro. Nas palavras mudas que os olhos queriam transparecer.



O medo de amar será para sempre a incerteza do viver. A existência de um Ser se contempla pela imponência do sentir e poder sorrir, bastando o brilho no olhar e a simplicidade da alma para o demonstrar. Talvez vezes sem conta, os erros virem mundo e os acertos pequenos significados, mas o acreditar e a perceção da real beleza do coração, nos faz de tudo entender e de tudo perceber. Assim, não vivas no medo e na incerteza do amanhecer. “ (Autora: DuhPaiva)




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Notas finais do capítulo

Me contem o que acharam? A opinião é importante, por isso a quem lê e não comenta, façam-no. É gratificante saber a opinião das leitoras.
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Agradeço à Bianca__Natasha e à rita_portugal pelos reviews no capitulo anterior, conto convosco neste. ;)



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