Voltando A Viver escrita por DuhPaiva


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá,
Estou voltando com mais um capitulo, nem demorei. Agradeço a quem comentou - Rita_Portugal e Bianca__Natasha, quem leu e não comentou (espero que passem a comentar).
Agradeço também à Bianca__Natasha pelos conselhos e opiniões. Valeu ;D
Boa leitura.



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BELLA POV

O meu corpo suava frio e tremia um pouco, aos poucos minha mente tomava consciência que eu tinha-o seguido e que estava agora no banco do seu carro, vendo as imensas casas com luzes em uma ou outra janela aberta. A noite se fazia presente, as famílias deveriam estar a jantar ou em um convívio simbólico depois de mais um dia árduo de trabalho. A visão de tudo estava fosca, eu tentava segurar o tremor que me percorria e me concentrar em tudo que passava fora daquele carro.

O ambiente ali me perturbava demasiado, eu podia sentir o seu cheiro, o seu jeito, a sua respiração e, em alguns momentos, me parecia o bater do seu coração. A loucura começa a tomar-me, eu sei. O seu coração jamais bateria de forma a ouvi-lo, acho que eu desejava internamente que ele batesse ao mesmo ritmo que o meu neste momento. A única certeza que eu tinha ali era que eu estava indo para algum lugar com ele e a certeza que a conversa que teríamos jamais seria fácil.

A tensão era percebida pelo silêncio que preenchia aquele carro, eu não ousava formular em frases nenhum dos meus pensamentos, assim como Edward também não o fazia. Aquele era o momento que tudo poderia ser esclarecido e, com toda a certeza, ditaria o futuro de nós dois. Eu não sabia se ainda havia alguma hipótese de recomeçarmos, apesar de uma misera esperança me consumir, no entanto eu não sabia ao certo.

Então, em algum momento da minha batalha interna de pensamentos e suposições, eu percebi Edward ao meu lado com a porta aberta, chamando-me.

- Bella? Bella? Está tudo bem? – Perguntou com a expressão preocupada.

- Sim, eu acho que sim. – Murmurou confusa, tentando colocar alguma coerência no que dizia.

- Vamos Bella? – Perguntou com a testa franzia pela demora na resposta.

- Sim, sim vamos. – Disse ainda descrente.

Os segundos que Edward demorou a verificar algo no carro e a fechá-lo, permitiram-me apreciar o ambiente ao meu redor. O restaurante era uma pequena casa rustica feita em pedra, rodeada de um pequeno jardim de relva e algumas arvores iluminadas por pequenos cadeeiros colocados estrategicamente nos ramos mais resistentes das mesmas. Algumas mesas e cadeiras também adornavam o espaço, uma música suave e baixa suava nas pequenas colunas fixas na parede da casa. A beleza daquela simplicidade me fizeram suspirar para logo sentir a mão de Edward na base da minha coluna, incendiando o meu corpo e minha face. Aquele to         que era tão familiar e fazia-me sentir tão segura, tão desejada que eu esperava para sempre sentir.

Quando entramos no pequeno restaurante, Edward falou com o funcionário que nos indicou uma mesa em um canto reservado e discreto. Segui Edward até lá a passos lentos, se por fora aquele lugar me fascinava, a beleza interior me conquistou. As paredes eram de pedra com adereços antigos ornamentando tudo, o teto com alguns arcos e vigas de madeira, onde pendiam alguns adereços ou garrafas de ceifas antigas. Atrás do balcão, um tanto longe agora, de madeira maciça escura havia um móvel igualmente antigo repleto de garrafas de vinho antigas e doçarias em taças de barro. Um emaranhado de luzes pendiam do arco iluminando aquele lugar específico, no restante espaço as luzes eram subtis em pontos das paredes, criando um ambiente suave e elegante.

Enquanto estava perdida na análise daquele lugar tão belo e pelicular, Edward fazia o pedido para o funcionário que já aparecera por ali com a lista. Contudo, eu não tive tempo de opinar sobre qualquer assunto.

- Espero que não se importe, eu tomei a liberdade de escolher o nosso jantar e a bebida. – Disse Edward olhando-a intensamente.

- Tudo bem. – Pronunciou um pouco corada perante ao olhar que recebia.

- Eu acho que ainda conheço os seus gostos. – Sorriu.

O silêncio instalou-se entre eles, nenhum dos dois sabia como começar aquele assunto, apesar de muito angustiados.

- Sabe Edward, este momento foi projetado por mim durante estes dois anos. Eu desejava com todas as forças voltar a vê-lo e poder esclarecer muitas coisas, mas agora que estamos aqui… - Suspirou. – Eu não sei o que te dizer, eu… eu sinto tanto! – Disse com a voz embargada.

- Eu me perguntei durante muito tempo a razão pela qual aquilo aconteceu, porque tudo tinha que ter sido assim! No entanto, eu acabei desistindo de procurar explicações para o inexplicável. Quase todos os dias, eu me culpava por ter abandonado tudo e ido embora, eu… - Os seus olhos estavam presos em algum objeto do lado de fora, jamais encarando a mulher à sua frente.

- Eu não sei dar a resposta que você quer, eu simplesmente fui muito cega para perceber tudo o que estava a perder com aquela obsessão! Não posso dizer que eu tinha plena consciência daquilo que fazia e dizia naquela época, pois estaria mentindo. Daquela altura, eu somente tinha certeza que te amava e, pensava eu, conquistaria meu sonho de menina. – Fez uma pausa, ousando encara-lo. – A minha mente trabalhava tão diferente e estava tão influenciada pela Lucy que eu jamais vi a realidade.

O coração de Edward deu um aperto quando Bella mencionara que o “amava” e a simples conjugação desse verbo no passado, lhe doeu.

- Eu sei e talvez por isso e por tudo mais, eu lhe deva um pedido de desculpas. Por ter ido embora da forma que fui, por ter desaparecido durante todo este tempo, pela falta de noticias, mas… - Bella interrompeu seu pedido.

- Se existe alguém que deve pedir perdão aqui, sou exclusivamente eu, Edward. Tudo o que aconteceu foi consequência de todos os meus erros, de toda aquela irrealidade que eu criei, o mundo que imaginei existir onde tudo era belo e eu tinha tudo. Acredite, eu tinha… tinha você, tinha os nossos amigos, tinha a minha carreira, – Sorriu ironicamente. – mas ironicamente eu não tinha nada.

- Você tinha a todos nós, Bella. Quantas vezes, todos nós tentamos chamar você à razão? Quantas vezes, nós conversamos com você e lhe mostramos muitas situações para você ver a realidade? – Ele agora a encarava e, mesmo sem querer, sua expressão era de mágoa, rancor.

As lágrimas que Bella tentava com sucesso prender em seus olhos transbordaram quando Edward a encarou. O seu corpo se arrepiou e a voz falhava, o enorme bolo em sua garganta não lhe permitiam protestar. Ela sentia como se o mundo lhe estivesse a fugir dos pés novamente, aquela famosa sensação de inutilidade, de solidão… a mesma sensação que a preencheu quando o médico lhe confirmara que ela havia perdido e logo depois quando os pais de Edward lhe confirmaram a sua partida.

Felizmente, o funcionário do restaurante deu o seu ar de graça por aquela mesa, trazendo o pedido que Edward havia feito e desejando um bom jantar. Ele percebeu que havia algo errado ali e, os poucos minutos que permanecera ali, olhava Bella preocupado. Enquanto a mesma mantinha os olhos cravados no chão, a mão apertando o peito e sufocava os solutos que sairiam a qualquer momento. O estado emocional dela estava exausto de tudo aquilo, de todo aquele sofrimento, de todas aquelas lembranças.

Ainda entorpecida com tudo aquilo, serviu-se de um pouco da refeição e trémula tentou comer. A cada garfada que dava, parecia que representava uma tonelada. A comida embolava na boca. Sem êxito algum, deu por terminada a refeição.

- Vou ao toillet, volto já. – Disse saindo sem pestanejar ou dirigir algum olhar a ele.

- Ok. – Foi a resposta conseguida.

O suspiro que se fez presente naquele ambiente quando Bella saiu, fez prever uma série de emoções agora libertas por Edward. A expressão em seu rosto parecia neutra e fria perante o olhar de Bella, mas a verdade que transparecia agora demostrava que assim como ela, aquela conversa estava sendo muito difícil. Então, sem ele mesmo se aperceber, uma lágrima escorreu por seu rosto.

No banheiro, Bella libertava seu choro desesperado e aflitivo que tentava conter. A pouca comida que permanecia em seu corpo foi expulso e sua respiração estava incontrolável. Aquela conversa não ia acabar bem, as poucas palavras que tinham sido proferidas estavam a mata-la por dentro.

Alguns minutos depois Bella regressou à mesa, um pouco composta e contida, embora seus olhos denunciassem o quanto tinha chorado. Contudo, ainda que a medo, encarrou Edward e se surpreendeu com a desolação que lhe preenchia os olhos, outrora tão brilhantes.

- Sabe, eu entendia que ser modelo era o seu sonho de criança, eu juro que entendia. Eu não só entendia como sempre apoiei você, pois eu via a felicidade estampada no seu rosto. Somente passei a não concordar, quando a única coisa que você sabia fazer era fazer exercício e não comer, aí sim eu não apoiava. Então, tudo começou a virar uma discussão entre nós, você não aceitava o que eu dizia e eu não aceitava os seus argumentos. Aos poucos fomo-nos perdendo um do outro.

- A única culpada fui eu, Edward. Eu afastei todo mundo de mim, eu queria tanto fazer parte daquele mundo tão controverso que só quando perdi, eu entendi cada frase que vocês me diziam. Eu tive que bater no fundo do poço para poder enxergar aquilo que estava mesmo à minha frente. Confesso que a realidade doeu tanto que durante algum tempo, eu só queria desaparecer, não pertencer mais a este mundo. O mar de tristeza em que me afoguei permaneceu em pleno por duas semanas completas, eu não queria ver, saber ou falar com alguém que fosse. Eu estava desistindo de tudo, mas no sábado no final da tarde, batidas na porta do meu quarto se fizeram suar e, como sempre, não respondi. Eu queria que desistissem de mim, como eu havia feito, mas a porta foi aberta e a figura esplendida de Rose se fez presente. A surpresa me tomou, embora não conseguisse esboçar qualquer reação. Então, quando eu pensei que ouviria mais algum sermão, ela caminhou até mim e me abraçou. Um abraço que eclodiu em soluços e lágrimas sofridas, mas reconfortantes. Eu não estava mais sozinha!

Sinceramente, eu não sei quanto tempo nós permanecemos daquele jeito, não sei se adormeci durante esse mesmo tempo, mas ela continuou ali comigo até meu choro sessar e mesmo depois. O silêncio era perspicaz e sadio naquela altura, nenhuma palavra parecia fazer sentido, eu teria que me recompor. Assim, quando ela resolveu quebrar o silêncio, as suas palavras foram tão verdadeiras, aflitivas que quando seu olhar se penetrou no meu e ela me pediu para viver, eu não consegui negar. A verdade é que na segunda seguinte havia uma consulta marcada no psiquiatra. O choque desse simples nome me levou a negar, eu não era maluca… o pré-conceito que criamos na mente me levou a isso e, somente quando fui à consulta, entendi que não era assim. As consultas foram mais que muitas, a cada nova sessão, a minha vontade de viver crescia. O psiquiatra me ajudou muito e aos poucos fui voltando a ser aquilo que era ou melhor a ser uma pessoa normal, porque jamais voltei a ser o que era. Eu aprendi muito e convivi com a doença que tantos banalizam – anorexia. No fundo, conviver com esta realidade não é tão difícil se acreditarmos em nós mesmos e tivermos o apoio daqueles que nos amam. Não, eu não quero dizer que eles tenham que nos proteger de qualquer recaída ou privar-se de algo por nós, não. Quero dizer que deixarmos de ser os coitadinhos e de certa forma sermos rejeitados por aqueles que nos consideram e nós consideramos, é meio caminho para a nossa força. A rejeição no sentido de deixarmos de ser protegidos e sermos lançados ao mundo real do dia-a-dia. Aqui sim eu cresci, eu aprendi diariamente a conviver com meus erros e as minhas perdas. – A sua voz era embargada pelas lagrimas que rolavam por sua face libertas, dando assas às emoções e aos sentimentos que precisava libertar.

- Eu posso ter sido o maior cobarde do mundo ao deixar você naquela altura. Eu sabia o quanto você precisava de mim, mas quando o médico nos transmitiu que… - Bella o interrompeu.

- Por Deus, não mencione isso. Eu não aguentarei ouvir em voz alta, apesar de todos os dias a lembrança esteja presente. – Pediu desesperada.

- Eu não aguentei mais esse fardo, eu não tinha mais como lutar por você. Eu juro Bella, juro que lutei com todas as minhas forças por você, por nós. As poucas horas que você arranjava para nós nos domingos, eu tentava mostrar para você o quanto te amava, eu tentava mostrar a falta que sentia de você. A resposta era sempre fria, você não estava verdadeiramente comigo naquela altura, eu sentia. Eu podia ver a cada toque em seu corpo, a cada beijo e cada vez que fazíamos amor. Então, a oportunidade surgiu, nós tínhamos tido uma discussão feia, você acabou comigo e me mandou embora, eu agi por impulso e desapareci.

- Naquela semana, eu ainda permaneci com a minha vida estupida de sempre. Eu não fazia ideia que você tinha ido embora, eu não sabia nada dos nossos amigos ou melhor, eu não sabia nada de nada. Então, sexta-feira, Alice e Rose apareceram na agência ao final do dia com uma aparência desolada, mas determinada. Exigiram conversar comigo e eu não tive outra saída senão ir com elas, naquela altura eu ainda estava fraca pelo acorrido, abalada embora não parecesse, mas continuava obcecada. A conversa das duas me deixou extremamente irritada e, sem ao menos perceber, eu gritava com elas. Deus, eu disse horrores a elas! – Suspirou. – Então, Rose levantou-se furiosa e me disse com todas as letras que eu era uma idiota, que ninguém mais me aguentava, até você tinha desistido e desaparecido, acrescentando que a culpa era minha. – Disse agora olhando-o nos olhos.

- Elas estavam tão desesperadas quanto eu, a diferença é que elas não desistiram e eu desisti! – Disse em um lamento. – Eu não abandonei, somente você quando parti, eu abandonei todos eles, os meus irmãos.

- Eu sei, eu vi o sofrimento deles também. O irónico de toda a situação é que eu não acreditei em Rose, apesar de a verdade estar estampada na sua cara, eu não acreditei. Eu berrei, eu xinguei, eu esperneei e ainda assim não acreditei. Somente quando sua mãe me confirmou que era verdade é que a realidade me tomou, tudo desabou e eu perdi o rumo de tudo. Vaguei pelas ruas sem saber se fazia calor ou frio, eu estava inerte. Mais uma vez, eles estavam lá para mim, lutando comigo.

- Posso ter sido egoísta com todos, a minha atitude pode ser condenatória, mas eu soube como você e eles estavam. Eu não me afastei por inteiro, eu procurei saber como estavam e somente descansei quando soube que tudo se reerguia perante a vida, que você começava a viver novamente.

As verdades, os sentimentos, as magoas tinham sido expulsas pelas palavras de ambos nessa conversa, apesar de tensa e das emoções estarem um turbilhão, o alívio podia ser sentido. Agora os “is” tinham as suas devidas pintas, não que tudo tivesse sido contemplado ali, mas agora as suas vidas poderiam prosseguir com alguma normalidade.

O caminho para casa fora feito, mais uma vez, no mais pleno silêncio embora o ambiente estivesse mais leve. As únicas palavras proferidas foram as indicações para chegar no apartamento em que Bella vivia e então em poucos minutos o enorme prédio estava à sua frente. Ela não sabia como se despedir dele, mas destravou o cinto, virou ligeiramente o corpo em direção à porta.

- Obrigada pelo jantar Edward. Agora que tudo está esclarecido, nós poderemos conviver mais facilmente, sem sombras à nossa volta. Tenha uma boa noite. – Disse sendo segurada pelo braço por Edward.

- Bella, eu… - Ele não conseguiu terminar a frase, seus olhares estavam conectados.

O magnetismo que ainda vivia no coração e na alma deles se conectava através de simples olhares, um olhar da alma. Seus olhos pareciam conversar sobre os sentimentos que estavam ocultos naquele momento, naquele reencontro. Seus rostos se aproximavam devagar, não quebrando a magia presa no olhar. A respiração dos dois estava acelerada, os seus batimentos cardíacos desenfreados, enquanto devagar seus olhos se fechavam e seus lábios praticamente se tocavam. O momento era mágico se não fosse quebrado pelo som estridente de chamada suasse da bolsa de Bella, fazendo os dois se afastarem em sobressalto.

- Boa… Boa noite. – Disse Bella saindo rápido do carro e caminhando a paços rápidos para a entrado do prédio.

- Boa noite, Bella. – Murmurou frustado.

***

Uma semana havia passado desde a conversa entre Edward e Bella acontecera. A convivência no local de trabalho estava calma e, razoavelmente, normal. Os dois se falavam e trocavam informações como qualquer outro colaborador, mas nenhum dos dois deixava as lembranças de lado, elas somente ficaram guardadas na alma de cada um.

Sexta-feira final de mês era sempre uma complicação naquele departamento. Entre salários e pagamentos a fornecedores, tudo tinha que ser feito com profissionalismo e, se possível, sem qualquer erro. O tempo era escasso, o horário normal de trabalho se passava e aquele escritório continuava com as luzes acesas e com olhares compenetrados nos computadores. Raramente se ouvia a voz de alguém, a não ser pelo toque do telefone, senão a concentração era tanta que jamais haveria tempo para palavras. Lógico, as duvidas ou necessidade de apoio/informação de qualquer pessoa ali presente era solicitada e agradecida. Jamais uns não ajudavam os outros a completarem com rapidez e eficiência tal tarefa, afinal tratava-se de um trabalho de equipa.

Rose e Bella foram as últimas a saírem do prédio, o cansaço pelo dia estava estampado nos seus rostos, mas a alegria de ser sexta-feira compensava. Enquanto caminhavam pelo estacionamento avistaram Emmett encostado no seu carro, esperando pela namorada. A alegria de Rose em vê-lo ali à sua espera não passara despercebida aos olhos da amiga, pois ela quase correu, atirando-se em seus braços.

- Isso era tudo saudade, meu bem? – Perguntou Emmett tomando-a em um beijo cinematográfico e cheio de amor.

- Pior que sim, depois deste dia só você para me alegrar. – Ele riu e ela escondeu seu rosto em seu pescoço, inalando ali.

- Rum, rum… - Pigarreou Bella, chamando a atenção dos dois. – Eu ainda estou aqui, não sei vocês se lembram?! – Sorriu constrangida.

- Claro que não esquecemos você, Bellinha. – Disse Rose agora corada.

- Eu vou fingir que acredito, Rose. – Disse arrancando uma risada de Emmett.

- Bella, você sabe que jamais esquecemos você… mas também sabe que amo minha namorada.

- Como se eu já não soubesse disso Emmett, acho que já sei mesmo antes de vocês admitirem para vocês mesmos! – Disse em ironia.

- Você anda com muita graça ultimamente! – Zombou Emmett e Bella riu.

- Vou indo, até amanhã casalzinho.

- Espere, hoje nós vamos a um bar com o pessoal e você vem connosco, certo? – Perguntou.

- Ah Em, eu tive um dia tão cheio. Apetece-me somente uma caminha gostosa, sabe?! – Disse manhosa.

- Eu entendo Bella, eu tive o mesmo dia que você. Te pegamos às 21:30 em sua casa, esteja pronta. – Disse Rose decidida, sem dar espaço a Bella de protelar.

Os três amigos foram para casa nos seus respetivos carros, apenas teriam tempo de jantarem algo leve e se arranjarem para a saída com os amigos. Apesar de tudo, Bella se sentia feliz pelos amigos sempre a arrastarem com eles, assim como sabiam que Rose e Emmett só chegariam a sua casa pelas 22 horas, afinal antes tinham coisa mais importantes a resolverem.

O bar tinha um design sofisticado e bastante moderno, o seu estilo escuro e com luzes suaves davam um ar místico e acolhedor ao ambiente. Os sofás grandes e os cadeirões em volta às pequenas mesas postadas ao longo do local em volta do grande e iluminado bar no centro davam graciosidade. Ao fundo podia-se observar algumas escadas para o segundo andar do bar, onde ficavam meia dúzia de mais sofás e cadeirões. Surpreendentemente, o bar estava cheio e as conversas podiam ser percebidas em qualquer mesa, contando com a música alta que suava no lugar. Emmett falou com um dos funcionários que indicaram as mesas no andar de cima, aquele lugar parecia sossegado, se assim se pode dizer. Naquele andar, só havia um casal em um canto trocando caricias e as restantes mesas estavam livres, o som ainda era o mesmo, as conversas ainda eram ouvidas, mas o semblante diferente.

- Gostou, Bella? Este bar abriu há pouco tempo, mas o sucesso dele já é comentado. – Disse Rose.

- Gostei sim. O ambiente é bem agradável e confesso que bastante convidativo. – Comentou sorrindo.

- Nós só escolhemos lugares de alta, Bellinha. – Brincou Emmett.

Nesse instante, as figuras de Alice e Jasper se faziam presentes no cimo da escadaria em um sorriso ao nos ver naquele canto discreto.

- Boa noite, pessoal. Este bar faz “jus” aos comentários que tenho ouvido, boa escolha Emmett. – Disse Alice divertida.

- Realmente é verdade. O ambiente é agradável e sem exagero, podemos conversar, beber, rir… Nada é extravagante. – Comentou Jasper.

- Eu sabia que você iria adorar, mal coloquei os pés aqui, Jasper. – Comentou Bella. – Bem a sua cara, calmo e onde podemos conviver. Diferente de alguns que já fomos que além de quase sermos esmagados, não conseguimos ouvir-nos!

- Alice, o Mike não disse que viria? – Perguntou Rose.

- Sim, olha ele aí. Você não pode ser boa pessoa, Mike. – Riu.

- Boa noite. A falar mal de mim e eu ainda agora cheguei? – Perguntou se fazendo de ofendido e indo sentar ao lado de Bella.

- Olá Bella, tudo bem? – Perguntou sorrindo, perante o olhar dos demais.

- Tudo bem e com você? – Respondeu um pouco tímida e corada.

*

Aquele ambiente e bebendo a minha terceira caipirinha me deixavam com sorriso no rosto e com a alma leve. O imenso sofá em que me encontrava era confortável, a conversa que entretinha todos parecia murmúrios na minha cabeça e a música que passava chamava minha atenção, eu cantava baixinho. Estranhamente uma música como essa estava passando, mas os meus pensamentos foram a mil!

Bon Jovi - Always

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Apesar de aborta em pensamentos e na canção, percebi o olhar de Rose queimando em cima de mim e quando a olhei, os seus olhos transmitiam tanto que somente quando segui o olhar dela, entendi. Subindo as escadas daquele pequeno paraíso estava o meu maior sonho – Edward – com seu ar imponente, meu mundo parou.

- Boa noite pessoal. – Disse com um sorriso gracioso no rosto.

- Olá Edward. – Responderam as meninas.

- Mano, pensei que você não viesse mais! Esqueceu as horas? – Disse Emmett, brincalhão.

- Eu até pensei nisso, mas acabei desistindo. – Disse sério, recebendo um olhar indignado de Emmett.

- Você só pode estar brincando.

- Lógico, você acha que perderia isso. Esse bar está ficando muito famoso. – Sorriu.

Aquele momento estava leve e simples como há anos atrás, os amigos conversavam normalmente e em um ambiente sereno. Contudo, Rose percebeu que Edward não olhara Bella e ela estava confusa, a sua face mostrava isso mesmo. Nesse momento, quando Rose pensou em se aproximar da amiga, a voz de Mike soou e Edward olhou em sua direção, ficando tenso.

- Ninguém quer beber mais nada? Eu estou indo ao bar pedir uma bebida para mim e para Bella. – Perguntou Mike a todos.

- Pode trazer mais uma cerveja para mim? – Perguntou Jasper.

- Sim, mais alguém? – Todos negaram.

Então, Edward desviou o olhar e continuou a conversa com os amigos. Ele estava tenso, não podia negar, mas nada o faria desistir de voltar a normalidade com os amigos. A conversa fluía e quando Mike chegou, ele levantou e foi ao bar.

Alice e Rose seguindo a oportunidade, arrastaram Bella para o banheiro. Elas viam que a mesma estava tensa que tinha quase bebido de golada o seu novo copo de caipinha.

- Bella, eu sei que você está tensa, mas não pode beber desse jeito. – Disse Alice.

- Eu estou bem, Alice. Eu me sinto muito bem.

- Bella… - Começou Rose.

- Não começa Rose, eu tenho que conviver com isso. Eu já disse que estou bem, vocês que me arrastaram para aqui.

- Eu a conheço muito bem, eu sei que você não está bem e para agravar tudo bebeu aquilo que não é costume.

- Quatro copos de caipinha não é nada, Rose.- Disse tentando descartar as amigas.

- Não quando faz séculos que você não toca numa bebida desse jeito. Eu tenho certeza que você não comeu nada antes de sair de casa, o que piora tudo. – Disse séria.

- Rose, por favor, me deixa. Por favor. – Pediu suplicante quando Alice estava no banheiro.

Aquela súplica de Bella fizeram o efeito pretendido, Rose deixou a noite continuar solta, mas sempre atenta. Então as horas foram passando e o ambiente pareceu suavizar, agora todos conversavam entre si. Vez ou outra, Bella e Edward se olhavam, mas tão cedo desviavam o olhar intenso.

O cansaço e a bebida começaram a fazer efeito em Bella, ela encostou no sofá e deixou seu corpo amolecer. Em determinada altura, o seu rosto se apoiou no ombro de Mike que adorou o ato, sem perceber que foi involuntário. Lógico que aquele gesto não passou despercebido a ninguém, muito menos a Edward que ficou transtornado.

- Vou ao bar, volto já. – Disse apressado.

- Acho que ele entendeu tudo errado. – Disse Emmett a Rose em seu ouvido, vendo-a assentir. – Eu vou lá.

- Tudo bem, eu vou acordar Bella.

A vida tem tantas coincidências, desventuras e equívocos que ninguém percebe. O que os olhos vêm pode não ser o que na realidade é, então ali estava Edward pensando absurdos e Bella quase dormindo.

- Edward? – Chamou Emmett.

- Ei cara, eu já volto. Pode voltar para a mesa. – Disse Edward.

- Eu gostava de entender o que passa na cabeça de vocês, juro. Vocês se deixam levar por imagens e situações, ela está quase dormindo, Edward. – Disse olhando-o nos olhos.

- Não importa, eu só vim buscar uma bebida. – Edward tentou desviar o assunto.

- Muito bem, eu não falo mais nada.

Enquanto isso, Bella estava vermelha por ter quase dormido ali e queimando por se ter apoiado em Mike. Apesar disso, ela ria junto com as duas amigas pela situação. Agora estava desperta, embora ainda cansada.

- Do que vocês estão rindo? – Perguntou Emmett.

- Ah amor, a cara de Bella quando a gente jugou um pouco de água na sua cara foi hilária. Agora ela ri de ter adormecido aqui. 

- Ah Bellinha, você é muito fraca. Alguns copinhos de caipirinha e você desmaia aí!!! – Disse Jasper, brincando.

- Fraca Jasper? Vamos ver quem é a fraca aqui. – Disse pegando os copos de cerveja que Emmett e Edward traziam ainda intactos. – Em um gole. – Desafiou.

- Eu conto. – Disse Alice divertida. – Em 1, 2 e já.

Os dois beberam a cerveja de uma vez e quando terminaram gargalharam junto com os outros. Aquela atitude era tão criança, mas todos gostaram da espontaneidade com que Bella agiu, sem medos ou receios. Edward estava agora com um sorriso genuíno no rosto. A alegria reinava naquele grupo.

As horas realmente começaram a pesar para todos e resolveram ir embora. Quando saíram, na esperança que Edward levasse Bella a casa já que ela tinha vindo com eles, Emmett disse que tinha que ir a um lugar com Rose antes. Inventando uma desculpa qualquer, logo Bella aceitou e disse que chamaria um táxi. Tão logo ela disse isso e Mike já a puxava para si, dizendo que a levava.

- Não precisa, Mike. Eu vou de táxi, você mora do outro lado. – Bella tentou negar.

- Sem problema Bellinha, eu levo você.

- Eu… Não... Tudo bem, não tem outro jeito mesmo. – Desistiu.

A noite terminou assim para os sete amigos que desfrutaram de conversas e brincadeira como há anos atrás. Talvez a única coisa que faltava para fechar a noite agradavelmente como tudo o resto dela, seria Bella ter ido com Edward como Emmett pretendia. No entanto e para desespero dos amigos e do próprio Edward, ela acabou indo para casa com Mike.

Nesta sequência de acontecimentos, Emmett prometeu nunca mais fazer nada do género. Quando eles tentavam ajudar os amigos a ficarem juntos, acontecia o contrário.

O final de semana era uma altura que Bella adorava, ela podia se sentir livre de pressões e passear. Então, hoje quando abrira a janela do seu quarto com uma certa relutância devido à leve dor de cabeça que tinha, se viu sorrindo. Poderia ir andar à beira mar como tanto gostava numa manhã como essa. Tomou seu banho revigorador, vestiu o fato de treino, tomou o seu pequeno-almoço de cereais com leite e saiu.

Chegara à praia em pouco tempo, ainda era cedo e não haviam muitas pessoas na rua. Prostrou-se em frente ao mar, respirando o cheiro da maresia e ouvindo o cintilar das ondas na rebentação. O mar estava calmo nessa manhã e pela cor da areia, a maré esteve cheia durante a noite. Assim, Bella poderia andar ali mesmo, à beira mar, sentindo seus pés enterrarem na areia e a água banharem pés e pernas.

Sua maratona continuou por tempo indeterminado, pois quando começava não tinha noção das horas, aquela plenitude de paz a absorviam da realidade e do mundo. No entanto, os telemóveis ainda existiam e o seu começou a tocar incessantemente dentro do bolso.

- Bom dia Alice.

- Bom dia Bellinha. Você está intimidada para um almoço de amigos que acabamos de organizar e depois para um passeio, ainda não sabemos muito bem onde. – Disse Alice intimadora.

- Tudo bem e com você? Ainda não sei o que vou fazer de tarde, almoçar com os amigos não é mau de todo, acho a ideia interessante… - Disse sarcasticamente.

- Não seja irônica, Bella. Tudo bem, eu não perguntei se estava tudo bem, mas você já me conhece. Você vem, não vem? – Perguntou Alice agora cautelosa.

- Vou sim, Alice. Eu acabo sempre por ir a esses encontros. A que horas e onde?

- Estávamos pensando no “Resaturante Di Ju”. Aquele que fica mesmo no meio do jardim que costumamos ir passear, sabe?

- Sei sim, você depois me manda a hora?

- Claro. Até mais, Bellinha. – Disse Alice se despedindo.

- Até… Alice?! - Chamou.

- Sim.

- Você sabe se ele vai? – Perguntou receosa da resposta.

- Talvez, ele ainda não respondeu. Bella… - Alice ia protestar, mas Bella interrompeu.

- Tudo bem até logo. – Disse desligando.

Aquele restaurante tinha uma vista incrível, pois para além do imenso jardim, ainda se percebia entre as arvores, o mar. A simplicidade e elegância do lugar também primavam pela sua beleza. Alguém que passasse por aquele restaurante jamais diria que ali se serviam grelhados ou pizzas, por isso ele fazia a delícia dos mais jovens. No grupo, os pedidos foram os mais variados, desde picanha grelhada a pizza. Cada um degustou da sua refeição no maior divertimento. Naquela mesa, a alegria e companheirismo reinava, eles riam por piadas contadas, lembranças e peripécias de outros tempos ou simplesmente por estarem juntos. Depois de saírem do almoço, todos resolveram passear e continuar naquele convivo tão banal e, ao mesmo tempo, tão especial. O dia transcorreu num clima de amizade.

O domingo foi um dia calmo e tranquilizador, cada um ficou no seu mundo – sozinhos ou acompanhados, saindo ou ficando em casa. Todos desfrutavam do merecido descanso.

A segunda-feira chegou e com ela a correria de mais um dia de trabalho. Às 10:30, Edward entrou o escritório informando Bella e Rose que teriam uma reunião em meia hora. Necessitavam de discutir alguns assuntos da empresa, encontrar soluções para alguns imprevistos e opiniões sobre algumas mudanças. As duas assentiram em concordância, reunindo alguma documentação que pudessem necessitar e continuando o trabalho até à hora marcada.

Meia hora depois, as duas entravam no gabinete de Edward para o início da reunião. Edward ia expondo alguns pontos ou duvidas e as mesmas iam dizendo suas perspetivas. A reunião já decorria à mais de uma hora, os três estavam tão compenetrados no trabalho que quase nem perceberam Vitória bater na porta e entrar sem ser anunciada, Bella e Rose a olhavam estarrecidas.

- Chefinho, eu preciso da sua opinião na situação de uma funcionária da confeção… - Deixou a frase no ar, já que não percebera as duas ali.

- Vitória, eu estou em reunião com Bella e Rose. Você devia ter batido na porta e esperar uma resposta para saber se pode entrar. Bella é a responsável do departamento, quando ela terminar aqui, você falará com ela. – Disse Edward incomodado pela ousadia de Vitoria.

- Como se ela fizesse alguma coisa, mas tudo bem. – Disse sarcástica.

Os três se olharam incrédulos, ninguém esperava isso. No entanto, Bella e Rose perceberam que por parte de Vitoria havia muito mais do que um simples pedido de opinião, ali havia um interesse externo ao profissionalismo. Lógico que o ciúme corroeu Bella, mas ela controlou o mesmo.

As 12:30 soram quando a reunião terminou, os três estavam satisfeitos com os itens discutidos e todas as soluções.

- Eu estou com uma dor no estômago. Vamos almoçar, Bella? – Perguntou Rose enquanto arrumava os documentos.

- Vamos sim, eu estou sentindo o mesmo. – Sorriu.

- Eu posso ir com vocês? – Perguntou Edward, um pouco, encabulado.

A surpresa no olhar das duas era visível, mas nenhuma se negou.

- Tudo bem, em cinco minutos estaremos na entrada à sua espera.

Os três almoçaram juntos no mesmo restaurante que Bella e Rose iam diariamente. A conversa enveredou pelo final de semana e a saída deles, confessando cada um o quanto gostaram do momento. Nessa conversa, Bella confessou que com apenas alguns copos de caipirinha e a cerveja, a deixaram bastante animada e depois sonolenta. Então, a hora passou e eles tinham que regressar ao intimidante prédio. Os três entraram a rir no hall principal da receção, mas logo foram interrompidos.

- Edward? Finalmente, eu encontrei você!

Uma mulher loira e extremamente linda sorria verdadeiramente para Edward.

- Jane?


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Notas finais do capítulo

Estão com vontade de me matar?
Tentem entender o motivo dos dois, às vezes as situações são complicadas e agimos por impulso!
Comentem...
Ajudem-me a continuar a escrever e a saber o que pensam!