Fallen Angels escrita por Lívia Nunes


Capítulo 7
Escuridão


Notas iniciais do capítulo

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"[...] Você pode sentir, mas não pode ver."


—Claire...

Ele diz em minha cabeça, parecendo profundamente magoado.

Era incrível como eu podia sentir realmente o que ele estava sentindo apenas pelo seu timbre de voz.

Apesar de já ser comprovado cientificamente que a voz mental da pessoa é muito diferente da voz verbalizada da pessoa. Ainda sim... Eu conseguia captar seus verdadeiros sentimentos apenas ouvindo sua voz, e era exatamente isso que mais me intrigava nele.

Limpo meus olhos rapidamente, e ouço sua voz ecoar dentro da minha mente.

— Por favor... Me a-ajude — Foi apenas o que eu consegui pronunciar antes de cair mais uma vez em lágrimas e soluços.

Eu cobria os olhos com as duas mãos quando senti novamente aquela brisa suave em meu rosto, que me acalmava subitamente e inconscientemente.

— Claire... Claire eu...

Eu fico paralisada abruptamente.

A voz não tinha soado dentro de minha cabeça, e sim ali, perto de mim. Parecia estar sussurrando em meu ouvido, eu até sentia o hálito quente que fazia cocegas em minha nuca. Eu podia sentir a energia fluindo pelo meu corpo, a adrenalina do momento.

Mas quando eu abro os olhos, todo o jardim está em completa escuridão. As luzes dos postes estavam apagadas agora e até mesmo a luz da lua parecia ter sido sugada pela escuridão.

Tateio a relva áspera á procura da lanterna, mas nada acho.

E uma frase simplesmente brota em minha mente no mesmo momento.

Você pode sentir, mas não pode ver.

Aquilo me toma de medo.

Mas porque isso?

— Eu... Eu estou com medo — Eu sussurro para o nada.

— Você não precisa ter medo Claire, tudo ficará bem. — A voz doce e macia sussurra, novamente parecendo estar ao meu lado, sussurrando em meu ouvido.

Viro-me na direção da voz e só o que encontro é uma silhueta.

Estico o braço, devagar na direção da silhueta e encontro um rosto a mais de 10 centímetros mais alto que o meu.

A mão dele parece tocar a minha, me aquecendo subitamente.

— Claire...

O sussurro parecia mais perto, agora tocando o alto de minha testa.

Aproximo-me mais dele e ele não parece recuar.

A mão quente e macia toca o meu rosto, e uma corrente de emoções passa por dentro de mim, bagunçando os meus pensamentos.

Eu não conseguia me concentrar em nada. Só o que consigo pensar é que ele está me tocando.

Eu não tinha duvidas de que era ele. Eu sentia isso.

Enrosco os meus dedos em seu pescoço e o puxo para mais perto, não conseguindo me controlar.

— Claire, você... Nós não podemos fazer isso, eu não consigo resistir ficar assim tão perto de você...

— Então não resista. — Eu sussurro de volta, seu hálito quente acariciando o meu lábio superior.

Um gemido de vontade, urgência e indecisão passa pelos seus lábios levemente separados.

Minha respiração aumenta a cada segundo que se passa, fazendo meu coração dar pulos de... Eu não conseguia encontrar uma palavra correta para o que eu sentia.

Era um misto de adrenalina, alegria, excitação e prazer.

No que só podia resultar em batimentos cardíacos não muito normais. Na verdade, nada normais.

Meus dedos tremiam na base do pescoço dele, e suas mãos continuavam pousadas sobre minhas bochechas, que provavelmente estariam ruborizadas.

Aproximo-me mais um pouco de seu rosto, e se eu resolvesse – o que aconteceria logo se continuasse nesse ritmo – me aproximar mais um pouco, nossos lábios se encontrariam com facilidade.

Ele acaricia meu rosto gentilmente, e por causa desse simples ato, meus músculos pareciam que iriam despencar a qualquer momento.

Uma força maior que a gravidade me puxava para ele. Era feroz e incontrolável.

Eu simplesmente não conseguia me conter. Quanto mais perto, mais eu queria; perto demais não era perto suficiente.

E essa força continuava me puxando para ele, arrastando-me lentamente para o abismo que era seus braços, suas mãos, seus lábios... Seus lábios.

Eu precisava dele mais do que ar, mais do que qualquer coisa.

Ele era o meu chão, a minha gravidade, era ele que me segurava ali.

Como eu podia já estar sentindo isso em tão pouco tempo? Eu não conseguia entender isso. E acho que jamais entenderia. Na verdade, jamais queria entender.

Um suspiro passa pelos lábios dele, me tirando de meus enleios.

— Mas eu preciso fazer Claire.

Ele sussurra não tão perto quanto eu queria. Mas não tive tempo de tentar entender os significados ocultos de suas palavras, pois um segundo depois, eu estava no meu jardim, às luzes dos postes iluminando a rua vazia, a luz da lua iluminando a relva que se movimentava preguiçosamente com a brisa suave que passava ali.

— V-você ainda está ai? — Eu sussurro, tremendo de frio.

Era estranho não poder falar seu nome. Eu nem se quer sabia o nome dele!

Como isso podia acontecer? Como isso podia ser real?

Eu não tinha ideia disso.

E quando só o que eu recebo como resposta é o silêncio gritante, meus olhos começam a arder.

Um escandaloso choro estava por vir, eu sentia isso.

— Por favor! Apareça de novo! — Eu grito para o nada, me levantando da relva áspera que machucava meus pés descalços. — Você não pode fazer isso! Simplesmente aparecer e acabar com a minha vida e depois sair dela! Olhe os estragos que você fez, eu estou chorando e nem sei por que direito!

A raiva começa a crescer dentro de mim, e junto dele, vinha à tristeza.

— Se for pra isso acontecer sempre, saia da minha vida! Saia e não volte nunca mais! Nunca! — Eu grito, não fazendo ideia ainda do que tinha acabado de falar.

Eu estava enlouquecendo, sentia isso.

Eu não conseguia entender, não conseguia crer como eu havia mudado tanto em poucos dias, se eu já estava assim agora, o que estava por vim ainda? O que mais eu teria que encarar?

Eu esperava sentir alguma coisa depois do que eu havia dito, mas nada aconteceu.

Nada.

Apenas a minha respiração acelerada ir e vir, mais nada.

O silêncio nunca era um bom sinal. Isso era fato.

E quanto mais o silêncio zumbia em meu ouvido, mais algo começava a me consumir por dentro.

Eu não consigo explicar o que eu sinto, nunca.

Mas isso era novo... E horrível.

Era como se um grande abismo tivesse se instalado dentro de mim, algo ruim e devastador.

Ele não iria responder a isso? Iria? Penso, começando a pensar direito no que havia acabado de dizer.

Mas ele não vai embora. Eu já falei isso antes e ele não foi. Continuo, tentando me convencer disso, não tendo muito sucesso.

Mas eu nunca tinha falado isso tão á sério, tão convencida disso.

Eu tenho certeza do que quero, e eu quero que isso acabe.

Eu posso ter certeza do que eu quero, mas isso não impede que as lágrimas rolem cada vez mais pelo meu rosto.

Enrolo-me mais no hobby e me viro para a direção da minha casa quando uma silhueta alta aparece por entre as sombras.

— Quem é que está ai? — Pergunto, dando passos hesitantes na direção da silhueta.

Ele se afasta das sombras e agora eu posso vê-lo com clareza.

Seus olhos azuis esverdeados brilhavam de preocupação e seus cachos castanhos caiam pelo seu rosto, ele sorria para mim fazendo o parecer um modelo de comercial de pasta de dente.

— Claire? Você está bem? — Matt me pergunta, vindo em minha direção.

Eu não conseguia formular uma resposta coerente e convincente naquele momento.

Corro em sua direção e me jogo em seus braços quentes e aconchegantes enquanto ele me aninha em seu peito e sussurra em meu ouvido, dizendo que tudo irá ficar bem.

Agarro-me em sua camisa e choro ainda mais por causa de suas palavras. Eu sabia que nada iria ficar bem.

Nada iria ficar bem desde o dia em que eu o conheci do jeito que sua voz penetrante, suave e irresistivelmente sedosa me abala, nada depois disso iria ficar bem.

Eu conhecia bem essa história; A menina inocente se apaixona pelo garoto misterioso e charmoso que sempre desaparece e faz sua vida virar de cabeça para baixo.

Mas eu não iria ser essa menininha inocente que se deixa abalar por um amor fora de contexto, eu iria seguir em frente, e mesmo que nada desse certo, iria sempre sorrir e mostrar para todos o quanto eu estava bem. Mas só precisava daquela noite para ajeitar as coisas dentro de mim, para limpar todas as mágoas e sofrimentos, para poder chorar uma última vez. E eu sabia que Matt sempre estaria ali para me ajudar, fosse o que fosse.

Talvez ele fosse uma boa opção.

E não uma voz idiota que me fazia sentir tudo o que não queria.

Talvez com Matt, as coisas fossem mais fáceis, nada de drama, nada de dor, apenas felicidade e paixão. Mas eu precisava entender isso primeiro. Só isso que eu precisava, tempo.


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Notas finais do capítulo

Gente, por favor, sério mesmo, é a última vez que falo isso, porque sinceramente acho chato e humilhante ficar pedindo reviews, VOCÊS NÃO TEM NOÇÃO DO INCENTIVO QUE É! Então por favor, VOCÊ NÃO VAI MORRER SE DEIXAR UMA REVIEW, vamos lá! Cada vez mais eu vejo o número de leitores crescendo e nenhuma review, não estou nenhum pouco feliz com isso. Minha inspiração está abaixo de 0, todos esses capítulos que estou postando é os que estão salvos em meu computador, ainda não escrevi nada. Mesmo assim obrigada por lerem ;)