Fallen Angels escrita por Lívia Nunes


Capítulo 5
Viagem


Notas iniciais do capítulo

Bora lá ler.



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"Quando a sorte resolve ficar ao seu lado, você simplesmente precisa agarra-la com a maior força que puder".


Assim que ele se vai, subo para o meu quarto, e ainda com lágrimas nos olhos procuro pelo meu diário.



Querido Diário, 11 de agosto.

Eu não sei mais o que faço.

Essa voz parece me perseguir. Parece que onde quer que eu vá, ela sempre estará comigo, mesmo que eu não possa vê-lo.

E o pior de tudo, é que eu gosto disso.

Não sei como eu posso estar... Apaixonada gostando dele, sendo que eu nem o conheço.

Ele diz para mim ter paciência, e o que mais me deixa irritada é por ele sempre estar tão sereno, sempre tão calmo.

Eu tenho que parar de busca-lo, eu fico imaginando mil coisas que podem fazer ele se manifestar.

Agora mesmo eu queria estar ouvindo-o.

Sua voz era como uma dose de algum tipo de droga; eu sempre iria querer mais, e mesmo que a parte mais racional de mim falasse que eu tinha que parar com isso, eu não conseguia. Eu sempre me via chamando-o, implorando para que ele voltasse.

Eu nem conseguia mais ficar menos de um dia sem ouvir sua voz, incondicionalmente sedutora.

Eu sempre tive uma coisa que muitos chamam de sexto sentido, mas comigo, era bem diferente. Eu sentia uma coisa, e logo, isso acontecia.

E nesse momento, sinto que algo bom – ou ruim, mas é uma coisa boa para mim, pelo menos – está por vir.

— Claire Blanc



Fecho o meu diário e limpo os olhos com a minha blusa branca com renda.

Levanto da cama e vou para o banheiro, disposta a tomar um longo banho.


Assim que termino, me enrolo em uma toalha e vou para a cozinha. Assim que vou para a geladeira, o telefone da sala toca.

Corro rapidamente e pego o telefone no segundo toque.

— Alô?

— Oi filha, sou eu mamãe. — Mamãe diz carinhosamente. Ela parecia magoada e ao mesmo tempo feliz.

— Oi mãe, você já está vindo para casa? Vou preparar algo porque já estou morrendo de fome. — Digo e dou uma gargalhada.

— Hmm, filha, é exatamente isso que eu quero falar com você — Diz ela parecendo ainda mais magoada.

— O que é? Você quer que eu prepare algo em especial?

— Não filha, não é isso. É que... Hm, Bem — Ela parecia temerosa em dizer — Eu iria tirar uma folga de uma semana para poder ficar mais perto de você, mas, bem, eu recebi uma ótima proposta para ir a New York receber umas aulas de um grande nome da culinária local. — Minha mãe diz.

Eu só não entendia o porquê dela estar com a voz meio magoada ainda. Isso era ótimo. Mamãe iria aprender ganhar bastante experiência por isso.

— Mãe mais isso é ótimo! Eu não me importaria de ficar um dia sem ver você sendo que você estaria ganhando experiência e profissionalismo. Isso é bom. — Digo animadamente, tentando entender o motivo dela ainda parecer magoada.

— Bem Claire, é que na verdade eu ficaria uma semana por lá. — Mamãe diz com a voz ainda mais baixa.

Aquilo me atingiu como uma bola de futebol americano em meu estômago.

Mamãe quase nunca ficava em casa, sempre estava no restaurante fazendo coisas que sub donas de grandes restaurantes locais fazem.

Não que eu não respeitasse isso. Claro que eu respeitava, porque sempre quando mamãe podia, ela estava comigo, sempre conversando e me fazendo feliz.

Mas mesmo assim... Eu não sei explicar, é algo estranho.

Desde quando meu pai morreu, por mais que eu amasse incondicionalmente a minha mãe, algo dentro de mim parecia... Estranhamente vazio.

Como se alguém tivesse tirado algum órgão de dentro de mim e tudo o que restou foi o isso, o vazio.

— Hmm — Sussurro, não conseguindo pensar em uma resposta melhor, ou talvez até mais coerente.

— Você está bem filha? Você ficará bem se eu ficar fora por uma semana? — Mamãe parecia estar sofrendo por ter que fazer isso.

Eu devia parar de ser tão egoísta, afinal, minha mãe não iria para New York á férias, ela iria para poder conseguir experiência, e até quem sabe, ser promovida a Dona do restaurante. Afinal, o atual dono já estava com mais de oitenta anos, e daqui a alguns meses não iria mais conseguir administrar o estabelecimento.

— Mãe, vá. Não se preocupe comigo, vou ficar bem. São apenas sete dias, vai passar rápido. — Digo com a voz mais convincente que pude fazer.

— Espero que sim filha. Se você quiser, pode chamar Jenna para ficar com você esses sete dias. Pode deixar que ligo para os pais dela. — Mamãe diz, ainda com uma pontada de preocupação na voz.

Pensando bem, não seria assim tão horrível se Jen ficasse comigo.

Na verdade, iria ser demais.

— Mãe, eu sei que você está preocupada comigo, mas não á motivos está bem? — Digo, pensando em tudo o que eu poderia fazer sozinha, apenas com Jen em minha casa...

— Então está marcado filha, vou ligar agora para os pais de Jenna e vou para casa fazer as malas. Um beijo, e até logo.

— Beijo mãe. — Digo e desligo a ligação.

Coloco o telefone no gancho e vou para a cozinha.

Ahh, nem vai ser tão ruim assim Claire. Penso para mim mesma. Afinal, você já tem dezessete anos e nunca ficou sozinha em casa com sua melhor amiga por uma semana, pense nas possibilidades.



Enquanto lavo a louça que havia sujado no almoço, o telefone toca mais uma vez.

Corro para a sala e tiro o telefone do gancho, apoiando-o contra o ombro esquerdo e a orelha, indo novamente para a cozinha. Foi bem útil mamãe ter comprado um telefone sem fio.

— Alô?

— Ahh, nem acredito que vou ficar uma semana inteira na sua casa sem absolutamente nenhum responsável por nós! Vai ser absolutamente demais Claire! — Jen grita animadamente contra o telefone.

— É, acho que vai ser bem legal mesmo. — Digo, tentando imitar o tom superanimador de Jen, não tendo muito sucesso.

— Nossa Claire, mais que animação hein?

— Ahh Jen, me desculpe por hoje na escola. Estou meio... Estranha ultimamente. — Digo, terminando de guardar a louça.

— Ok, te entendo mais do que você pode imaginar. Sou sua amiga lembra? Você pode falar tudo o que você quer para mim. — Jen diz carinhosamente.

Mas infelizmente ela não tinha tanta razão assim.

Como ela iria reagir se eu dissesse coisas do tipo: Ahh Jen, você não sabe o que está acontecendo comigo. Acho que estou me apaixonando por uma voz que conversa comigo em minha cabeça, e que sinceramente, acho que na verdade eu mesma inventei essa voz.

Mas... E se Jen realmente estivesse razão? Eu sempre pensava no pior, sempre pensava que ela iria me ridicularizar e me chamar de louca. Mas nunca tinha pensado no ‘e se ela acreditar em mim’.

E se ela acreditar em mim?

E se ela acreditar em toda essa maluquice?

Eu nunca tinha duvidado da amizade de Jen. Ela não era aquele tipo de amiga que se aproxima de você só porque você ficou popular na escola ou coisas do tipo. Eu conhecia Jen desde quando eu tinha oito anos.

Ela sempre foi a minha melhor amiga.

Mas também não é só por causa disso que eu vou sair falando tudo para ela.

E talvez eu estivesse pensando errado.

Afinal, o que eu iria perder contando tudo para Jen? Na verdade, mais cedo ou mais tarde eu iria acabar perdendo a amizade de Jen por não contar nada para ela.

E essa era a minha única chance de concertar tudo.

Eu precisava falar para Jen o que estava acontecendo comigo nesses sete dias que ela ficaria em minha casa.

Eu precisava dela, mais agora do que nunca.

— Claire? Você ainda está ai? — Jen pergunta me tirando de meus devaneios.

— Sim, sim. Você tem razão Jen. Até daqui a pouco.


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Notas finais do capítulo

E ai, deixem reviews gente! Sei como é chato ficar pedindo por isso, mas poxa, vejo que tem leitores, mas vocês não falam a sua opinião, não falam o que acharam legal e tal, fica chato para mim, fico meio sem inspiração. Dividi esse capítulo em duas partes e então já podem apertar o próximo que já tem mais capítulo.