Fallen Angels escrita por Lívia Nunes


Capítulo 4
Sentimento


Notas iniciais do capítulo

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"E quando tudo der errado?..."

— Matt, eu...

E novamente sou interrompida por Matt, mas dessa vez foi pior. Foi muito pior.

Eu não fui interrompida pelo dedo indicador de Matt, e sim pelos seus lábios.

Tento protestar, mas apenas o que sai de meus lábios cerrados é um gemido abafado.

Que Matt interpretou mal.

Ele interpretou o meu gemido como algo bom, como se eu quisesse o que ele estava fazendo.

Mas não era bem isso que estava passando pela minha cabeça.

O empurro e tento falar aos arquejos.

— Matt... Agora não, por favor. Um monte de gente está olhando para gente agora. Isso vai virar um escândalo. — Digo tentando formular algo melhor em minha cabeça, algo mais convincente.

Os olhos de Matt brilhavam de alegria. E eu não queria ver isso, não mesmo.

— Eu não me importo com o que eles pensam só me importo com você. — Matt diz e sorri.

Engoli a seco e o empurro mais.

A confusão aparece em seus olhos e ele me solta de seu abraço desajeitado.

Não.

Eu não iria fazer isso com ele, afinal o que eu perderia ficando com ele? Isso mesmo, nada.

Perderia em não ficar com ele. Isso sim.

Dou o meu sorriso mais convincente e o puxo para mim, ficando a alguns poucos centímetros de seus lábios.

— Ok, eu também não me i-importo — Digo a voz falhando no momento mais impróprio.

Ele sorri ainda confuso, mas me puxa para mais perto novamente e me beija delicadamente.

                              *****************************

— O que foi aquela ceninha ridícula no corredor hoje? — Becca grita para mim, na hora do intervalo, no refeitório.

Suspiro, tentando me acalmar. Não iria querer acabar com ela aqui, não agora.

Ela precisava de mais, muito mais.

Matt que atualmente sentava do outro lado no refeitório, junto com os jogadores da CHS, lança um olhar para mim, e logo depois, caminha em minha direção.

Levanto da minha cadeira para ficar do mesmo nível que Becca.

— E o que você tem a ver com isso? — Digo arqueando uma das sobrancelhas.

Becca avança e eu também.

— Ei, ei, o que é isso? — Matt diz, passando o braço pela minha cintura e me puxando para o seu peito para me deter.

— Essa... Essa idiota do nada veio aqui sua desg...

Começo a me debater nos braços de Matt quando vejo Becca avançar mais, se soltando dos braços de John, que veio para segura-la e Matt me interrompe, puxando-me para longe de Becca.

Começo a balbuciar coisas sem sentido sobre Becca e sua grande capacidade de me tirar á paciência quando lembro que Matt estava me rebocando para o corredor.

— Me solta Matt! — Grito batendo no peito dele.

— O que vocês iam fazer se eu não estivesse lá? — Matt grita de volta, segurando os meus braços.

— Adivinha! — Eu grito de raiva.

Eu estava prestes a me soltar de Matt, aplicando-lhe um chute na virilha quando a voz me encontra novamente.

Claire pare.

A voz me atinge como um raio.

Arregalo os olhos e espero por mais. Eu precisava de mais.

Eu não consigo descrever o que sinto quando ouço essa voz estranhamente sedutora.

Bem, primeiro vem á costumeira sensação de que uma mão gelada pousa em minha nuca. E depois... Bem, e depois vem uma sensação estranha que eu não reconhecia.

A sensação de que eu precisava daquela voz. A sensação de que precisava conhecê-lo.

E a sensação de que ele estava comigo, sempre. Por qualquer circunstância, eu sabia que ele estaria comigo.

— Claire? Você está bem? Até parece que viu um fantasma. — Matt diz com um sorriso na voz, colocando meu rosto em suas mãos e me beijando de leve.

A voz parecia ter rugido. Parecia ter ficado furiosa.

O que provou isso foi que assim que Matt encostou os lábios nos meus, um estrondo ecoou no final do corredor.

Matt se vira rapidamente para o barulho e xinga.

— Eu não queria isso — Sussurro para a voz, mas Matt escuta e interpreta mal novamente minhas palavras.

— Eu sei que você não queria arranjar confusão com a Becca, Claire. — Diz Matt, se virando para mim. — Becca já está passando dos limites.

Assim que Matt termina de falar, o sinal toca, sinalizando o fim do horário de almoço.

— Qual a sua próxima aula? — Matt pergunta, tirando a minha atenção da voz, que pelo que parecia, agora fazia parte da minha cabeça.

— Hmm, é Filosofia.

— Então eu te levo para casa na saída. E vê se não arranja mais confusões — Ele diz sorrindo e vai para a sua próxima aula.

Suspiro e vou para a aula de Filosofia.

Eu não podia continuar fazendo isso com Matt. E eu não podia continuar fazendo isso comigo mesma, ficar... Gostando de uma voz. Uma simples voz!

Entro na sala de Filosofia, que já estava cheia, me sentando em minha cadeira habitual; A primeira mesa da fileira ao lado da janela, e espero a Sra. Silvester começar a aula de Filosofia.

                           ************************************

— Pare ai amiga — Jen estendia os braços em minha direção, impedindo a minha passagem. — Você vai me contar exatamente o que aconteceu hoje no refeitório.

Suspiro e por nervosismo, passo os dedos em meu cabelo ruivo.

— A Becca como sempre, me tira a paciência e quase dou um soco de esquerda nela se não fosse por Matt. Satisfeita? — Dou um sorrisinho do tipo Ok, já falei o que você queria ouvir agora me deixe ir. E foi exatamente isso que pensei.

Quando ameaço ir embora, Jen me impede novamente.

— O que foi Jen? Já falei o que você queria, e agora quero ir para casa. Que a propósito, Matt irá me dar uma carona e ele deve estar me esperando — Digo séria.

— Não é só isso Claire. Tem mais coisa. Eu sou sua melhor amiga lembra? Eu conheço você há dez anos. Desembucha vai. — Jen cruza os braços ao peito e espera eu falar o que quer que seja.

E mesmo que eu conhecesse Jen há dez anos, e mesmo que Jen fosse minha melhor amiga, eu não podia contar o que estava acontecendo.

Eu não podia simplesmente falar: Ah Jen, eu estou perturbada. Há quatro dias estou ouvindo uma voz em minha cabeça, e eu não me sinto uma louca por isso. Muito pelo contrário, eu gosto de ouvi-la, gosto de conversar com ela. E sinto que a cada vez que a ouço, estou me apaixonando por uma voz. E ah, eu não sou louca ok?

Não era algo que eu podia simplesmente contar a Jen agora, na frente da escola, como se estivéssemos discutindo coisas normais e fúteis como; Sua unha está linda hoje.

Eu simplesmente não podia contar isso para ela agora.

Talvez outro dia, ou talvez nunca.

— Jen, não está acontecendo nada ok? Agora preciso ir, tchau. — Digo rapidamente e me viro para onde estaria o carro de Matt, sem esperar uma resposta.

Eu podia sentir o olhar de Jenna em minhas costas, mas nem por isso me virei para explica-la o que realmente estava acontecendo.

Assim que me aproximo do estacionamento da escola, vejo Matt em frente ao seu Ford preto.

Quando chego à frente do carro de Matt, ele vai para o lado do motorista e eu entro no lado do carona.

Assim que me sento no banco do Ford de Matt, ele gira a chave na ignição e dá a ré, saindo do estacionamento da escola em poucos segundos.

Matt fica em silêncio todo a caminho para a minha casa, com o olhar fixo na estrada, que estava molhada com a chuva repentina que começa a cair.

Quando ele estaciona ao lado da calçada, na frente de minha casa, ele me beija rapidamente, avaliando a minha reação.

— Você está estranha. — Matt diz me olhando.

Apenas com essas simples palavras, a raiva estourou dentro de mim.

Livro-me de seus braços em minha volta e o olho com ódio.

— Eu estou cansada de todos me falando que eu estou estranha! Eu não estou estranha, o que á de errado com vocês? — Grito para Matt com raiva.

Matt me olha como se eu tivesse enlouquecido. O que não estava muito longe de acontecer, imagino.

— É por esse e outros motivos que todos estão falando que você está estranha; nesses dois dias você está diferente, nem parece á mesma Claire que todos conheciam, e você precisa me dizer o que está acontecendo. Agora. — Matt diz calmamente, o que me deixava ainda mais irritada.

— Mais que droga Matt! Não está acontecendo absolutamente nada comigo, e mesmo que estivesse não iria ser você a pessoa que eu iria contar os meus problemas! — Digo com ainda mais raiva.

Minhas palavras pareciam ter afetado Matt, porque na mesma hora, ele virou o rosto para a janela.

Mas eu estava com muita raiva para fazer algo a respeito.

Abro a porta do carro, e ao sair, a fecho com violência.

Corro para a varanda e assim que passo pela porta ouço o Ford de Matt acelerar pela rua.

Assim que passo o trinco na porta da frente, sabendo que minha mãe não estaria em casa, jogo a minha mochila no chão e grito para o vento.

— O que você quer? Porque você é covarde o suficiente para não se mostrar para mim? Você é um idiota! — Grito para a sala vazia, mas sabendo que, onde quer que ele esteja ela saberia que eu estava falando com ele.

O meu cabelo molhado grudava em minha nuca, enquanto eu esperava por uma resposta.

— Não vai me responder? — Grito, a raiva diminuindo a cada minuto que se passava, enquanto eu esperava por uma resposta. Eu precisava de uma resposta.

Acalme-se.

A voz me sobressalta, ecoando em minha cabeça confusa.

Respiro fundo tentando fazer o que a voz me pedia mas não conseguia me acalmar.

Eu não podia continuar com isso.

Eu precisava conhecê-lo.

— Eu não consigo me acalmar — Falo entredentes.

Tente.

Um ruído de raiva sai por entre os meus lábios cerrados.

— Eu já falei que não consigo.

A voz parece suspirar.

Já percebi que você tem um gênio e tanto. Diz a voz em minha cabeça e parece rir.


— É o que dizem — Digo sorrindo um pouco.

Era impossível não sorrir com o som da voz que tanto parecia me acalmar.

É assim que eu gosto de te ver, sorrindo.

Assim que ele diz as palavras, sinto uma suave brisa passar pelo meu rosto, parecendo me acariciar levemente.

Na verdade podia jurar que ele tinha acariciado o meu rosto.

Por causa desse pensamento, algo se revirou em minha barriga. Parecia que algo vivo se remexia em minha barriga, um ser vivos do tipo... Borboletas.

Não, não. Isso simplesmente não podia estar acontecendo. Eu... Eu estava me apaixonando por uma voz.

Uma voz que eu nem sabia se existia de verdade.

Eu já devia ter percebido isso antes. Por que sempre que ouvia a voz dele, eu sentia algo diferente dentro de mim, algo que eu nunca havia sentido na vida. E algo que muitas pessoas procuram a vida toda para sentir.

E eu estava muito ciente do que estava sentindo, só não queria acreditar nisso.

Não podia acreditar.

Só percebi que estava chorando quando a voz me desperta de meus pensamentos sombrios.

Claire? O que está acontecendo?...

A voz parecia profundamente machucada, como se ele estivesse sofrendo comigo.

— Saia daqui! Eu não quero mais ouvir você, não quero mais sentir isso, você me faz mal! — Grito com os olhos cheios de lágrimas.

Claire, por favor, não faça isso.

— Fazer o que? Eu estou fazendo o que acho que é certo. Não é certo ouvir você, na verdade eu não deveria ouvir você — Grito para o vento e continuo — Ou você ainda não percebeu que isso está me fazendo mal? Ninguém mais me reconhece, eu acho que nem sou mais a mesma pessoa. Eu só queria saber como eu sou capaz de te ouvir, ou como você é capaz de se comunicar comigo. Eu preciso saber da verdade, pelo menos agora. Você sempre vem com essas explicações vagas, que me complicam ainda mais.

Levanto o olhar para a sala escura, todas as cortinas estavam fechadas. Nenhuma brecha de luz passava pelas cortinas.

Quando viro o rosto para a cozinha subitamente escura, vejo uma silhueta se movendo pela cozinha.

Meu corpo inesperadamente se trava de medo. Porém, com a mesma rapidez que a silhueta aparece, ela some.

— V-você ainda está ai? — Sussurro com a voz trêmula de medo.

Eu sempre estarei.

E assim que a voz some, a casa entra inteiramente na escuridão.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?
Gente, por favor, comentem, falem o que acham da estória, é muito gratificante para uma autora ler e responder as reviews, é muito prazeroso saber que vocês comentam e deixam sua opinião, não importa se é para criticar, elogiar, fazer uma menção á algum erro, não importa. Participem e deixem reviews! Bjs