Fallen Angels escrita por Lívia Nunes


Capítulo 3
Confusão


Notas iniciais do capítulo

E ai vai mais um capítulo para vocês, e sem mais delongas vamos ao que interessa, nos vemos lá embaixo! Curtam a leitura ;)



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“E quando isso acontece você simplesmente não pode fugir. Ou negar”.


–—Vai Fellcats, vai!
A quadra inteira gritava enquanto os Fellcats se apresentavam no campo da escola nos intervalos do jogo de futebol americano da County High School, os CHS.
Dois dias haviam se passado desde a última – e primeira – vez que eu havia ouvido a voz... Podia até parecer idiotice, mas eu queria ouvir aquela voz de novo. Para ser sincera eu precisava daquela voz.
Espanto esse pensamento idiota de minha cabeça. Como se eu estivesse me apaixonando por uma voz, que ainda por cima, foi criada pela minha própria cabeça!
Eu via o que tinha acontecido comigo no corredor da escola como uma alucinação criada por mim mesma. Era mais fácil de se pensar.
Como se eu já não estivesse cheia de alucinações.
Afinal, eu já tinha visto – ou achado que havia visto – o fantasma do meu pai depois de uma semana que ele havia morrido.
Nesse momento estou sendo arremessada para o alto e dou um mortal caindo nos braços de Austin e Steven, outros integrantes da Fellcats.
Jen dava sua melhor pirueta, em seguida, subindo na pirâmide de pessoas que se formavam no centro da quadra.
Saltitei até o meio da quadra e começo a subir na pirâmide, logo ficando ao topo e dando um de meus sorrisos mais convincentes.
A música para e a arquibancada aplaude e grita FELLCATS!
Enquanto eu olhava para a arquibancada sorrindo, no topo da pirâmide, pela visão periférica vejo Steven debaixo olhar para a minha minissaia vermelha e branca, das animadoras de torcida Fellcats de nossa escola.
Sentia pena dele.
Desde a oitava série, ele vem me rodeando. Na verdade, ele só entrou para os Fellcats depois que me tornei líder de torcida no primeiro ano do ensino médio. Como uma das juradas que estavam selecionando os novos integrantes dos Fellcats, só o deixei entrar porque não podia ignorar o potencial que ele tinha.
Apenas por isso. Nunca iria querer algo com ele. Era tudo extremamente profissional.
Procurei por Matt, mas não o encontrei por perto da arquibancada.
Ele deveria estar no vestiário masculino.
Desço da pirâmide e grito para a arquibancada com entusiasmo, a adrenalina correndo em minhas veias:
— Fellcats!
Sou respondida com mais aplausos e mais gritos enlouquecidos.
Mas tinha coisas mais importantes para resolver.
Corro para o vestiário masculino do outro lado da quadra.
Pela visão periférica, vejo os outros Fellcats indo para os vestiários.
Quando entro no vestiário masculino, um dos jogadores começa a gritar.
— Nooossa, olha quem está aqui gente.
— Ela veio acertar as coisas com Matt galera — Outro jogador cujo nome não lembro grita, saindo do chuveiro com uma toalha enrolada na cintura.
Procuro Matt e o vejo com uma toalha nos ombros e a calça que eles usavam nas partidas dos jogos. Gotas de água desciam pelas costas perfeitas de Matt.
Ando decididamente até ele, a adrenalina ainda presente em minhas veias, e quando chego bem perto dele ele se vira.
— O que você está fazen...
O jogo de encontro com o armário atrás dele enrolando os dedos em seu cabelo ondulado.
— Você sabe que eu sempre consigo o que quero.
E o beijo intensamente.
Suas mãos hesitam antes de segurarem a minha cintura e me puxar para si.
Todos os meninos que estavam no vestiário começam a gritar.
— Uhuu! Até que em fim em Matt?
— Se você não fizesse alguma coisa logo, eu passava você para trás amigo — Outro garoto diz, dando uma gargalhada logo em seguida.
Empurro Matt um pouco para poder falar.
— Viu? Simples e fácil — Digo e dou um sorrisinho de satisfação.
Matt joga a cabeça para trás e ri ruidosamente.
Me solto de seus braços e me viro para a saída do vestiário.
Antes de sair, viro e vejo a todos os garotos rindo e abraçando Matt dizendo:
— Caaaara, isso vai ficar para a história da County High School.
— Quase senti inveja de você amigo.
E Matt continuava a sorrir.
Viro novamente e vou para o vestiário dos Fellcats.



Querido Diário, 10 de Agosto.
Eu acho que estou enlouquecendo com isso.
Antes eu achava que havia visto o fantasma do meu pai, logo depois que ele morreu há seis anos atrás.
E agora isso, de achar que tem alguém falando em minha cabeça.
Na verdade tem dois dias que não ouço mais nada de anormal em minha cabeça, a não ser eu mesma.
Mas... É estranho isso, mas eu quero ouvir a voz de novo.
Eu preciso saber o que é isso.
Minha reputação parece ter aumentado depois do beijo que dei em Matt no vestiário masculino.
Não sei o que deu em mim, eu apenas fiz sem pensar. E agora estou tremendamente arrependida por isso. Um; porque Becca agora vai ter mais motivos ainda para encher a minha paciência. Dois; eu não sei se eu fiz isso porque eu ainda gosto do Matt ou apenas fiz para provocar Becca. E sinceramente, eu acho que eu fiz aquilo mais para provocar a idiota do que por eu gostar de Matt.
E isso não é bom.
Na verdade, não é nada bom.
E a voz...
Eu tenho que esquecer isso, eu tenho que esquecer essa voz. Mas isso está ficando cada vez mais difícil.
— Claire Blanc


Fecho o diário e o coloco em minha cabeceira.
Levanto da cama e estico os braços, indo para o banheiro do meu quarto.
Quando dou o segundo passo para o banheiro, o mesmo vulto aparece em minha visão periférica.
Viro na direção do vulto decidida a ouvir a linda voz novamente.
Precisava ouvi-la.
Claire.
A voz aparece em minha mente.
Um sorriso aparece em meu rosto involuntariamente.
O que você quer? Falo em minha mente, me achando uma própria idiota.
Mas se a voz conseguia falar comigo por pensamentos, ela podia muito bem ouvir o que eu falava em minha própria mente.
Claire.
Ou talvez ele apenas conseguisse falar comigo em pensamentos. Isso queria dizer que eu teria que me expressar verbalmente com ele? Isso seria patético.
— O que você quer? — Digo com a voz firme buscando ele pelo meu quarto.
Você irá saber em breve Claire, tudo ao seu tempo.
— Como assim tudo ao seu tempo? Você vem e aparece do nada, e também do nada começa a conversar comigo mentalmente? O que você quer dizer com isso? — Grito com raiva.
Se ele pensasse direito, ele saberia que eu tinha razão.
A voz parecia ter suspirado.
Não é algo que eu possa explicar agora Claire, mas você saberá em breve.
Foi quando algo me veio á cabeça: o que ele era? Humanos não podiam fazer isso, a não ser que...
— Você é um fantasma? — Pergunto um pouco baixo de mais, mas ele parecia ter ouvido, afinal, ele pode estar ao meu lado agora e eu não podia ver.
Esse pensamento faz os pelos do meu braço se eriçararem.
Não. Eu não sou um fantasma.
O que? Como assim ele não era um fantasma? Como ele podia estar falando comigo agora mesmo se ele não era um fantasma? O que ele era?
— O que? Então como você consegue fazer isso? O que você é?
Como eu disse, há coisas que eu não posso te falar agora, mas prometo que você terá suas respostas em breve, agora tenho que ir. Adeus Claire, foi um prazer conversar com você.
O que ele estava fazendo? Como ele podia fazer isso comigo? Ele aparecia do nada, me dava algumas explicações – que na verdade não pareciam nada com explicações, pois deixaram mais perguntas ainda em minha cabeça – e sair?
— Ei! Não vá agora, por favor, volte! — Grito para o vento estendendo o braço inutilmente.
Eu não imaginava que isso fosse acontecer. Não imaginava mesmo.
Assim que estendo o braço, sinto uma mão fria acariciar levemente a minha por apenas alguns segundos.
Um arfar passa pelos meus lábios. Mas não sabia o porquê disso.
Adeus Claire.
Assim que vejo que a voz desaparece da minha cabeça, um vento invernal entra pela minha janela aberta, fazendo um pedaço de papel flutuar pelo quarto.
Espero o vento passar e pego o papel, que tem o meu nome escrito em uma caligrafia perfeita.

Querida Claire,
Como eu disse você terá que esperar um pouco. Tenha paciência.
Teremos todo o tempo do mundo para podermos nos conhecer.

Eu não acreditava nisso. Eu só podia estar tendo alucinações sérias.
Eu iria acabar em um quarto branco e acolchoado, ou até em uma camisa de força.
Eu precisava de ajuda. Eu estava enlouquecendo.
Qualquer uma dessas alternativas me parecia mais provável do que isso tudo ser verdade.
Era impossível.
— Claire, as almôndegas estão prontas! — Mamãe grita da cozinha.
— Estou indo mãe!
Enfio o bilhete no bolso, tentando esquecer isso tudo. O que me parecia uma coisa extremamente impossível. Você não passa por alguma coisa como isso e depois finge que absolutamente nada aconteceu. É uma coisa quase impossível. Se não é.
Quando chego à porta de meu quarto, o cheiro das almôndegas paira no ar.
Meu estômago revira de fome.
Vou para a cozinha, sabendo que quando chegar lá irei ver minha mãe, receber seu amor e carinho, e era apenas isso o que me importava agora.




Acordo de manhã cedo no mesmo ritmo de sempre, me arrumo e vou para a escola.
Desta vez, prendo meu cabelo em um rabo de cavalo quando chego á escola, parecia que o sol já estava a pino, o que era impossível por ainda ser oito horas da manhã.
Abro meu armário para poder pegar o meu livro de álgebra e quando o fecho dou de cara com Matt encostado no armário ao lado do meu, me fazendo pular de susto.
— Ei Claire. — Matt diz com um sorriso no rosto.
Agora sim eu sabia que eu tinha feito errado em ter o beijado.
Eu era idiota, e só agora estava percebendo isso.
— O-oi Matt — Digo com um sorriso meio sem sal no rosto.
Eu não podia fazer isso novamente com Matt.
Eu gostava dele da maneira errada e só agora percebia isso.
Eu só havia começado a namorar ele no ano passado por causa de Becca, eu queria provoca-la, eu era idiota e só pensava em mim mesma.
Olhando para seus olhos agora, pude perceber tudo.
Eu o estava magoando e eu não queria isso.
— Matt eu...
Fui interrompida pelo dedo indicador de Matt em meus lábios.
— Não Claire, você não precisa falar nada. Você irá pedir desculpas pelo beijo no vestiário, irá dizer que sente muito e que a culpa é sua. Mas não fique triste. Eu já deveria ter feito isso há muito tempo. Eu sempre gostei de você e sempre irei gostar. Clai... Eu acho que te amo. — Matt diz e no final da última frase, cora.
É. Realmente eu estava certa.
Eu estou muito ferrada.
Isso era a única coisa que eu tinha certeza absoluta.


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Notas finais do capítulo

Bem, essa Claire é bem 'pavio curto' em? kkkkkk
Nos vemos no próximo capítulo ;)