Fallen Angels escrita por Lívia Nunes


Capítulo 32
Afastar ou Morrer


Notas iniciais do capítulo

Capítulo curtinho, mas eu curti bastante. Ele da início a um efeito dominó imenso que vocês irão acompanhar no decorrer dos próximos capítulos. Foi feito ao som do novo álbum do 30 Seconds To Mars: Love, Lust, Faith + Dreams. Boa leitura ♥



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O que foi, Claire?

Limpo a garganta em busca de minha voz, tentando pronunciar as palavras com coerência, o que foi quase impossível:

— O homem que invadiu a casa de Jenna, ele está aqui.

Os olhos de Trish ficam duros e procuram, com um ódio nada contido, por todo o restaurante até parar na figura grande e musculosa que nos encarava, sentado no lado extremo onde estávamos. Degustou uma taça de vinho enquanto nos encarava.

— O que faremos agora? — Sussurro para Trish, tentando ao máximo não mexer meus lábios.

Ele parece engolir a seco antes de responder.

— Vamos ignorá-lo. Venha.

Ele me puxa gentilmente para a saída do restaurante. Nossos passos ecoando pelo piso de madeira. O vento frio batendo em meu cabelo ao sairmos do estabelecimento. Andamos calados, com passos mais apressados, por alguns minutos até Trish olhar para trás e soltar o ar. Parece que ele estava prendendo-o desde o momento em que falei que tinha visto o agressor no restaurante.

— Parece que ele só queria nos assustar.

Sorrio amarelo e solto um suspiro de alívio.

Trish segura meu rosto em suas mãos e cola seus lábios nos meus, apenas sentindo-o, sem nos mover. Meus músculos relaxam quase subitamente.

É então que, no mesmo instante em que pensava que estávamos a salvo, uma pancada forte atinge o meio de minhas costas e eu urro de dor, caindo no chão e ralando minhas duas mãos.

Rapidamente viro-me a tempo de ver Trish soltar um silvo baixo e amedrontador, fazendo todos os meus pelos se eriçarem.

Ele corre a uma velocidade sobre-humana de encontro ao agressor, atingindo-o em cheio com um soco no nariz. O agressor só passa as costas da mão no lugar atingindo, fazendo um borrão de sangue sair de seu nariz. E sorri.

Aquilo me enoja de uma maneira incompreensível, fazendo meu estômago girar um ângulo de 360º.

Levanto-me e corro em direção a Trish. Ele passa o braço pelo meu braço e me empurra para trás, ficando a minha frente.

— Olha, olha. Haziel e Shekinah... Vocês realmente não aprendem a lição, não é? — O agressor diz, andando vagarosamente em nossa direção.

— Quem mandou você? — Trish sibila, as palavras soando tão frias e furiosas que mais pareciam um grande silvo amedrontador.

Ele solta uma gargalhada curta antes de responder.

— Você realmente não sabe? Ordens maiores que vocês querem a morte de ambos.

O agressor me lança um olhar penetrante e o fito de volta, ele parecia querer mostrar algo que estava fora do meu entendimento. Isso me deixou mais frustrada ainda.

E dois segundos depois, o agressor já estava pegando Trish pelo pescoço e o jogando de encontro ao tronco de uma árvore próxima. Olho apavorada para onde o corpo inerte de Trish caia e um grito de desespero fica preso em minha garganta. Meus músculos não me obedeciam, eu estava em choque e não conseguia me mexer.

 Trish, levante, por favor, Trish.

O agressor corre até o corpo de Trish e o pega desprevenido, os olhos dele estavam confusos da queda ainda. O corpo musculoso e alto prende Trish na árvore e começa a desferir socos em seu rosto, um atrás do outro, sem parar. O sangue jorrava de suas narinas e seu corpo jazia mole e quase sem vida. Ele o solta e Trish cai no chão, tentando fazer força para seu corpo ficar em pé.

Nossos olhos se encontram e vejo que seus lábios estão tremendo, como se tentassem dizer algo pra mim. “Fuja”, entendo, segundos mais tarde. Seus olhos transpareciam todo o pavor que eu sentia, as lágrimas estavam presas em minha garganta e o frio cortante em minha pele não me incomodava, tamanho era meu pavor. Trish, meu Trish, levante, por favor, por favor...

O agressor desfere um chute na costela de Trish, fazendo-o cuspir sangue. Ele continuava a chutar e socar Trish, sem tirar os olhos de mim, como se esperasse por alguma reação. Um, dois, três, quatro, cinco... Já tinha perdido as contas de  quantas vezes ele havia desferido algum chute ou soco no corpo mole de Trish.

— Pare, por favor, pare! — Grito com a voz embasbacada por causa das lágrimas que começavam a transbordar de meus olhos, turvando minha visão já debilitada por causa do medo.

Corro na direção deles e o agressor corre em minha direção, desferindo um soco do lado esquerdo de minha face. Caio no chão segurando meu rosto, abrindo e fechando a boca para ver se ele havia quebrado meu maxilar. Felizmente não.

Ele puxa meu cabelo, fazendo-me olha-lo nos olhos.

É então que o tempo para. Literalmente.

Meus olhos vagam para onde o corpo de Trish estava caído e ele estava imóvel. Totalmente. Primeiramente minha mente é tomada inteiramente pela dor e o desespero por achar que Trish havia morrido, mas vejo que tudo havia se petrificado de alguma forma. O vento cortante e frio havia parado, as copas das árvores estavam paradas, como se o movimento houvesse sido interrompido na metade de seu trajeto. Olho para o agressor que ainda segurava meu cabelo e ele mostra um sorriso sem mostrar os dentes.

— Bem, minhas conclusões estavam corretas: você realmente é o lado mais fraco da corda.

Limpo a garganta e ele solta meu cabelo, me fazendo cair para trás. Tento aumentar a distância entre nós me arrastando para longe, mas ele me seguia. Desisto e fito seus olhos.

— Você precisa se afastar de Trish, desde agora. O céu está em guerra. Vocês devastaram tudo o que havia de puro naquele lugar, ninguém mais sabe no que acreditar. Na verdade, no que se tem para acreditar quando dois irmãos mantém relações mais que afetivas escondido de todos? Isso é merecedor de pena infernal. Fomos misericordiosos em conceder que o pedido de Haziel fosse permitido, a sua reencarnação em outro corpo, em outra vida humana. Mas parece que isso não foi o suficiente e vocês voltaram a se encontrar, deve ser algum tipo de Karma ou maldição. Haziel já chegou a te contar? Essa não foi a primeira vez que nós encarnamos sua alma. Tentamos separá-los de todas as maneiras possíveis. Japão, Alemanha, Inglaterra, Austrália, parece que a localização geográfica não é o suficiente. — Ele balança a cabeça, como se tivesse nojo disso e continua: — Você precisa se afastar dele. É outra atitude misericordiosa do Céu perante a duas almas pecadoras. Parece que Deus é bondoso mesmo.

— Nós não precisamos de sua misericórdia. — Sussurro, entredentes.

Ele solta uma gargalhada brusca.

— Acredite, se dependesse de mim, você e Trish já estariam queimando no inferno desde quando foram descobertos. Mas é isso querida Shekinah — Ele acaricia meu rosto, fazendo meu estômago pular de nojo. — você irá afastá-lo ou iremos matá-lo. Sua escolha.

Ele sorri diabolicamente, fazendo-me esquecer qualquer sorriso angelical que convinha com auréolas, arpas, olhos azuis e cabelos loiros que figuravam a imagem de anjos. E então ele desaparece no mesmo instante que as copas das árvores voltam a balançar, o frio cortante me abraça e Trish se mexe com dificuldade, fazendo-me voltar para a realidade.

Corro em sua direção com lágrimas nos olhos e soluços subindo pelo peito.

— T-Trish, v-você está bem? — Digo entre lágrimas, levantando seu rosto com cuidado e colando sua testa na minha.

Seus olhos estavam agitados, procurando por qualquer sinal de que o agressor ainda estivesse ali.

— Ele n-não está mais aqui, foi e-embora. Foi embora. — Digo, beijando seus lábios ensanguentados, sentindo o gosto de ferro em minha língua.

Ele levanta a mão direita com dificuldade e acaricia a minha bochecha, sorrindo com a boca ensanguentada.

— Nós estamos bem, ele já foi embora. — Ele diz, me fazendo lembrar do acordo que o agressor havia proposto. Meu coração gelou.

Engulo a seco.

— Sim, estamos bem. Vamos. — Levanto o corpo de Trish, colocando seu braço em meu ombro e andamos o caminho até o carro. As palavras do agressor insistiam em vir à tona, como uma torneira pingando incansavelmente: “você irá afastá-lo ou iremos matá-lo. Sua escolha.


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Notas finais do capítulo

E ai, curtiram?
Comecei o capítulo e terminei agorinha, vou ficar a semana toda longe da internet e não queria deixá-los mais uma semana sem capítulo novo, então me amem nas reviews u.u haha, beijos ♥



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