Fallen Angels escrita por Lívia Nunes


Capítulo 31
Um dia quase perfeito


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ♥



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O sol entrava em meu quarto, deixando uma linha fina e luminosa da janela até a minha cama, passando pelas costas de Trish ao meu lado, brilhando em sua pele perfeitamente clara.

Tiro o lençol enroscado de minhas pernas e ando, nua, até o banheiro, escovando os dentes rapidamente e ajeitando os cabelos. Ok, estava no mínimo apresentável agora.

Volto para a cama e deito, tentando fazer o mínimo de barulho. Mas é claro que não era o suficiente, Trish já me fitava com os olhos azuis gentis. Um sorriso ameaçava surgir no canto de seus lábios e meu coração bateu um pouco mais rápido.

Seus braços estavam enfiados debaixo do travesseiro branco, o lençol de linho bege enroscado em suas pernas. Suas costas estavam nuas como a maior parte de seu corpo, me permitindo uma visão maravilhosa de Trish. Deus, quando eu iria me acostumar com isso?

Os cabelos de Trish estavam em uma desordem maravilhosa, meus dedos formigavam e pediam para que eu enroscasse meus dedos nele.

É então que a realidade pesa em minha mente e lembro-me que estou completamente nua sentada de frente para Trish. Ele parece perceber isso e seus olhos voam pelo o meu corpo nu, parando por um tempo na parte de meus seios. Um sorriso se espalha pela minha face e eu dou um tapa leve em seu ombro exposto.

Ele começa a gargalhar e se vira, me puxando para seus braços, fazendo-me encostar em seu peito.

— Bom dia. — Ele diz, beijando meus cabelos arrepiados.

Levanto o rosto e dou um beijo suave em seus lábios.

— Bom dia. — Sussurro, não conseguindo tirar o sorriso do rosto. Nem queria, para ser sincera.

Ele me aperta mais contra seu peito e eu me sinto segura, confortável.

Ficamos naquela posição, presos em seus próprios pensamentos por minutos incontáveis, até que Trish ergue meu corpo, segurando em meus dois ombros.

Ele me olha com os olhos em chamas e um arrepio sobe pela minha espinha, arrepiando os pelos da minha nuca instantaneamente.

Ele enfia as mãos em meus cabelos e prende seus lábios nos meus, me beijando com uma paixão fervorosa. Minhas mãos voam para as suas costas e aperto-o de encontro com o meu corpo, querendo me misturar com sua pele e viver ali para sempre.

Trish se livra do lençol e não há nada mais que impeça de fazermos amor pela... Não me recordo a vez.

**************

— E ai, o que faremos hoje? — Trish pergunta, massageando meus dedos do pé enquanto nós estávamos na banheira.

— Hmmmmm... — Digo, os olhos fechados.

Ele rir e beija cada um dos dedos do meu pé.

— Não vou conseguir falar qualquer frase coerente enquanto você estiver com meus pés entre suas habilidosas mãos, Sr. Mansen. — Argumento, ainda de olhos fechados.

Ouço sua risada mais uma vez e ele solta meus pés. Abro os olhos e faço um biquinho para ele.

— Sem esse biquinho, Srta. Blanc, dessa vez não irei me deixar levar pelas suas artimanhas sensuais. — Ele responde, levantando-se um pouco da banheira e meio que engatinhando para cima de mim. Seu rosto fica a menos dez centímetros do meu rosto e meus músculos estavam em frangalhos.

— Artimanhas sensuais? — Questiono sussurrando, aproximando meu rosto do seu mais uns três centímetros. O ar entre nós fica mais denso e fico com dificuldade na fácil e simples tarefa de respirar.

— Sim, Srta. Blanc, você é muito sensual e sabe usar isso quando quer. — Ele agarra uma das minhas pernas com a mão enquanto uma pousava na beirada da banheira como apoio. Suas mãos trilham um caminho quente pela minha coxa e param em meu quadril.

Tento controlar o suspiro que se formava em meu peito.

Minha boca se entreabre quando ele passa o apoio para o joelho no fundo da banheira e a mão que segurava no canto da banheira sobe para a minha nuca e puxa minha cabeça para trás, beijando meu pescoço de uma maneira que deveria ser crime.

É então que meu corpo chega ao fogo máximo, inverto as posições com aquela coisa de anjo e velocidade sobrenatural e meus joelhos estão dos dois lados do quadril de Trish. Arranho levemente as suas costas enquanto beijava o canto de sua boca e descia para o pescoço.

— Se você não quiser que fiquemos o resto do dia trancafiados nesse banheiro é melhor você parar agora mesmo. — Trish diz, seu hálito quente fazendo cócegas em meu ouvido.

Um gemido de descontentação sai pelos meus lábios e Trish ri.

— Acho que isso terá que esperar. Mas pode deixar que a primeira oportunidade que tiver de ficar trancada em um banheiro com você não será em vão. — Respondo, saindo de cima de Trish e levantando para pegar uma toalha no suporte. — Mas então, o que faremos hoje? — Pergunto, enrolando a toalha em meu cabelo e vestindo um roupão felpudo branco.

Trish também se levanta da banheira e enrola uma toalha na cintura. Gotas de água escorriam de seu abdômen perfeito e iam em direção a algum lugar depois de onde a toalha pendia em sua cintura.

— Você gosta de comida francesa? — Ele pergunta, secando o cabelo com as mãos, jogando gotículas de água em todo o cômodo.

— É claro que sim. Às vezes tenho certeza que você se esquece de que sou filha de Catherine Blanc. — Respondo, sarcástica.

Ele ri antes de responder.

— Ótimo, já sei o que iremos fazer.

— E eu posso saber do que se trata?

— Semana passada abriu um Le Bilboquet aqui em Fell County, iremos jantar lá. — Ele responde, se enfiando dentro de uma calça Levi’s escura.

— Não brinca?! É aquele bistrô fofinho que tem na Madison? — Pergunto, retirando a toalha do cabelo e desembaraçando com uma escova.

— Esse mesmo. Você já foi em New York? — Ele pergunta, agora passando uma blusa caqui com gola V.

—Sim, fui com mamãe há algum tempo.

Entramos em um papo sobre viagens até eu terminar de me arrumar.

Quando estava passando o delineador nos olhos percebo que Trish parou de falar e está me encarando pelo espelho do meu quarto.

Ele tinha acrescentado à calça Levi’s escura e a blusa caqui uma botina preta e um casaco de couro da mesma cor que o meu que estava em cima da cama.

Seus olhos se arrastam sobre as minhas pernas e eu me sinto nua novamente.

— O que foi? O vestido está curto de mais? — Pergunto, um tanto intimidada pelo seu olhar.

— Não, não. Você está linda, Claire. Tudo. — Ele levanta da minha cama e atravessa o quarto em minha direção com apenas três passos e seus lábios estão nos meus. Esqueci tudo o que estava fazendo no momento em que sua língua investiu contra a minha.

Ele apoia a testa na minha, me olhando no fundo dos olhos.

— Eu te amo, Claire Blanc. Sempre amei e sempre vou amar.

*********************

Eu seria a maior das mentirosas se dissesse que a declaração de Trish em meu quarto não me afetou, eu estava totalmente atordoada.

Trish dirigia meu Jaguar em plena paz, uma mão descansada em minha perna e a outra segura no volante, fitava a estrada a sua frente com tanto descaso que eu lia como presunção. Pra que prestar atenção enquanto dirigia quando você era um ser imortal? Não totalmente imortal, claro. O que me lembra de algo em particular que eu havia ficado um tanto curiosa.

— Trish, o que é aquela adaga estranha e brilhosa que mata anjos?

Ele olha para mim e seus olhos avaliam minha expressão.

— É um tipo de prata celestial. Apesar de o nome ser irônico, pois é uma prata normal soldada com lava do inferno. Literalmente. — Ele responde minha pergunta inesperada com uma calma controlada, como se medisse todas as suas palavras e as minhas reações à elas.

Tento manter minha expressão o mais calma possível para não alarmá-lo.

— Por que o súbito interesse? — Ele pergunta em tom de brincadeira, mas sei que não é nada disso. Ele está preocupado, como se eu estivesse tramando algo.

— Nada em especial, na verdade. Só curiosidade mesmo. — Respondo, dando meu melhor sorriso.

Ele não parece cair totalmente, mas sua postura relaxa um pouco e embarca em uma conversa sobre comidas favoritas e deixo ele me levar pelo assunto, sabendo que é uma tática para fugir da tensão que se instalou há pouco tempo no carro. Eu aprovo.

*******************

Tenho que falar, Trish é uma das pessoas mais convincentes que conheço, se não é a mais. Talvez isso se aplique pelo fato de ele não ser bem humano, mas isso não diz nada, ele conseguiu me distrair perfeitamente com o assunto sobre comidas e eu mal lembrava o porquê da tensão anterior.

Adentramos de mãos dadas no bistrô, uma mulher em um blazer preto e requintado aparece em nossa frente com um sorriso convidativo e profissional no rosto.

— O casal vai querer uma mesa? — Ela se refere a nós dois, mas não tirava os olhos de Trish e seu ar totalmente bad boy sexy com aquela jaqueta de couro.

Pigarreio para chamar a atenção da profissional-porém-não-tão-profissional atendente e sorrio do jeito mais amistoso que a situação me permitia.

— Sim, nós queremos uma mesa. No lugar mais privado da varanda, se possível. — Dou ênfase ao “nós” e ela parece entender o recado.

Nos conduz por casais, homens ocupados e mulheres sozinhas degustando vinhos até chegar a varanda do bistrô, no extremo oposto a todas as pessoas.

Nos sentamos e a mulher ainda estava ao nosso lado.

— Mandarei um garçom. — Ela diz com um sorriso falso no rosto para mim, nos entregando um cardápio para cada um.

Quando a mulher sai, Trish olha para mim com cara de quem segurava uma risada.

— Você cora de um jeito maravilhoso quando fica com ciúmes, irei aproveitar isso mais vezes. — Ele diz, acariciando minha bochecha, o que não coopera para o rubor sair de meu rosto.

Qual é, em que mundo Claire Blanc corava por um garoto?

“Em um mundo onde Trish Mansen fazia parte” Minha consciência me alerta e eu bufo, fazendo Trish rir mais ainda.

O garçom chega rapidamente e eu solto um suspiro silencioso de alívio por me livrar da minha pequena frustração interna. Trish rindo da situação não ajudava de maneira nenhuma.

— O que a senhorita irá querer? — O garçom se refere a mim como se eu fosse a última mulher do mundo, um sorriso pequeno no rosto dele. Trish esquece a graça do meu ciúme rapidamente e parecia que ele iria saltar pela mesa a qualquer momento e agarrar o pescoço do garçom.

— Hmm... — Passo o olho rapidamente pelo cardápio e opto pelo o que mais gostava. — Eu vou querer um Blanquette de Veau, obrigada. — Digo, fitando Trish rapidamente que ainda parecia tenso.

O garçom escreve rapidamente no bloco e se vira para Trish.

— E o senhor?

— Um Filet Chateaubriand ao molho Béarnaise e uma garrafa do vinho rosé Château de Selle. — Trish diz mecanicamente, olhando diretamente para o homem que escrevia no bloco como uma desculpa para não encara-lo.

O garçom parecia engolir a seco antes de se afastar murmurando que o pedido não demoraria a ser entregue a mesa.

— Uau, não precisava assustá-lo desse jeito. — Digo sarcasticamente, apoiando o queixo nas duas mãos sobre a mesa.

Ele me lança um olhar rápido e sua expressão passa a ser divertida. Até hoje eu não conseguia acompanhar as mudanças de humor dele.

— Se ele se aproximasse mais um centímetro de você ele passaria a andar sobre uma perna. — E sorri. Isso mesmo, sorri depois de ameaçar tirar a perna de uma pessoa inocente.

— Depois eu é que sou a ciumenta.

— Oh, mas eu não sinto ciúme de você, Claire. — Ele diz, me fazendo arquear uma sobrancelha. — Eu tenho ódio de qualquer pessoa que olhe para você de uma maneira que eu não ache apropriada.

— Também conhecido como ciúme psicopata. — Argumento, me inclinando sobre a mesa de madeira.

— Chame como quiser. Argh, ainda não me acostumei com o corpo humano ele é tão... Volátil.

Outro garçom chega a nossa mesa e traz duas taças, enchendo-as rapidamente com vinho rosé que Trish havia pedido, logo colocando a garrafa em cima da mesa antes de sair.

Tomo um gole rapidamente e aprecio a sensação do vinho em minha língua antes de engolir e dar outro longo gole.

Conversamos sobre amenidades como as conversas da manhã e depois de alguns poucos minutos os pratos são servidos e apreciamos a refeição. Estava mortalmente delicioso.

Assim que terminamos, o garçom vem recolher os pratos e pergunta se desejamos uma sobremesa.

— Eu vou querer um Mille-feuille. — Trish diz depois de passar os olhos pelo cardápio novamente.

— Dois, por favor. — Completo.

O outro garçom acena com a cabeça e sai novamente.

Eu já estava em minha quarta taça de vinho e já estava vendo felicidade onde não tinha.

— Me diga uma coisa, Trish. — Digo, um sorriso mole no rosto.

— Manda.

Rio ao ver Trish Mansen usando o vocabulário informal americano, isso era algo raro de se ver.

— Anjos podem ficar bêbados? — Pergunto, pronunciando a primeira palavra mais baixo que as outras.

Ele dá um sorriso sexy que faz todos os meus músculos se contorcerem e dá mais um gole do vinho rosé antes de responder.

— Minha alma habita um corpo humano, no final das contas.

— Hmm, bom saber.

— Claire Blanc quer embebedar um Anjo? — Ele pronuncia a última palavra como se eu fosse a pior pessoa do mundo, me fazendo gargalhar.

— Veremos.

Comemos a sobremesa e quando terminamos, ambos estávamos satisfeitos. Encerramos a conta e levantamos de nossas respectivas cadeiras com as mãos entrelaçadas.

— Trish, acho que bebi de mais, preciso ir ao toalete.

— Tudo bem, vamos lá.

Seguimos para o toalete que ficava dentro do restaurante, uma porta de madeira simples.

Quando saio do banheiro meus olhos vagueiam pelo restaurante a procura de Trish e param em uma figurava alta que me lembrava de um dos piores dias da minha vida. Meu coração gela e eu começo a entrar em um colapso nervoso, a procura de Trish. Tínhamos que sair dali o mais rápido possível.

Sinto um par de mãos em minha cintura e um grito fica preso em minha garganta quando vejo que são de Trish. Ele parece perceber meu pavor e sua expressão se torna impassível.

— O que foi, Claire?

Limpo a garganta em busca de minha voz, tentando pronunciar as palavras com coerência, o que foi quase impossível:

— O homem que invadiu a casa de Jenna, ele está aqui.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim, xx ♥



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