Fallen Angels escrita por Lívia Nunes


Capítulo 30
Eu vejo o pôr-do-sol nos seus olhos


Notas iniciais do capítulo

Não tenho muito o que falar apenas: O CAPÍTULO FICOU FUCKING AMAZING.
Ignorem a retardadice da autora aqui, estou morrendo de sono. Apenas curtam ♥



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Minhas mãos ainda estavam trêmulas quando sai de minha casa e deixei um Trish atônito para trás. Eu simplesmente não sabia para onde ir ou se deveria ir a algum lugar a não ser onde Trish estivesse. Deus, eu o amava tanto. Então porque eu tinha que continuar me martirizando com coisas que aconteceram, coisas que eu não poderia mudar? Porque eu tinha que complicar tanto as coisas?

Tudo em minha frente era um borrão, minhas mãos estavam suadas e eu simplesmente não via ou sentia nada ao meu redor, eu estava presa em minha própria bolha particular e agoniante, eu não conseguia me livrar disso.

Minha respiração estava acelerada de mais, meus pensamentos passavam com uma velocidade exagerada em minha mente e meus músculos estavam terrivelmente tensos. Eu precisava de um tempo, um tempo para refletir comigo mesma, pensar, pensar.

Jogo minha bolsa dentro do Jaguar e tranco o carro novamente, antes de correr em direção a floresta ao lado de minha casa, fazendo o percurso que meu pai costumava fazer comigo quando eu era criança. Aquilo me desperta uma onda nostálgica triste de mais para suportar. Caio de joelhos na terra assim que entro na trilha pouco marcada pelo tempo.

Flashbacks on

— Se você continuar andando nesse ritmo nunca iremos achar o lago, Claire. — Meu pai brinca comigo, me ajudando a passar por uma raiz de árvore grande.

Os olhos de um verde intenso e a barba ruiva por fazer de meu pai me passavam uma tranquilidade inabalável. Quanta saudade eu tinha disso...

Bufo.

— Papai, olha o tamanho de suas pernas. Você anda rápido de mais! — Digo, correndo para alcança-lo e segurar sua mão.

Ele sorri para mim e bagunça meu cabelo, ato o qual eu odiava com toda a minha força.

— Papai! — Digo em tom de repreensão e o vejo gargalhar, não aguento e faço o mesmo.

Flashbacks off

As lágrimas irrompiam por meus olhos como cascatas e tudo o que eu queria fazer agora era abraçar meu pai e pedir desculpas por todas as vezes em que briguei com ele quando eu poderia estar no conforto de seus braços.

Levanto do chão e limpo as lágrimas que escorriam pelas minhas bochechas inutilmente, continuando a andar pela trilha.

Eu sabia onde encontraria paz, onde realmente poderia descansar minha mente para poder pensar com clareza. O lago do papai.

A dor da memória me invade novamente, e me apoio em uma árvore para reconquistar o controle de mim mesma. Suspiro alto e abro os olhos.

Começo a correr pela trilha. A velocidade humanamente impossível a qual eu percorria fazia tudo a minha volta parecer um borrão verde onde o musgo e o marrom dos troncos se fundiam em uma cor única e nauseante. Foco os olhos em minha frente e continuo correndo. Eu poderia correr para sempre e nunca me cansaria, era uma coisa única sentir como se pudesse deixar tudo para trás, cada vez mais distante do alcance das mãos e, consequentemente, da memória. Era reconfortante.

Vejo o sol, que pelo o que pude perceber já estava se pondo, refletir algo brilhante e foco os olhos nesse ponto, achando o lago.

Corro mais rapidamente e logo sinto meus pés se afundarem na areia molhada. Olho para baixo e vejo meus tênis molharem um pouco. A água de um azul cristalino brilhava e me lembrava de algo em particular... Balanço a cabeça. Agora não.

Tiro os tênis e jogo-os em algum canto, tirando a blusa e o resto da roupa, ficando totalmente despida em frente ao lago azul, que, por algum motivo divino, continuava a brilhar mesmo com minha tristeza fosca.

Arranco o elástico que prendia meus cabelos e começo a entrar no lago, sentindo a água gelada tomar cada poro de meu corpo até que fico totalmente imersa, ainda com os olhos abertos, olhando para o fundo do lado.

Começo a nadar.

Meus cabelos molhados giravam em minha face acompanhando meus movimentos letárgicos na água.

Depois de muitos minutos nadando sem precisar de ar, minha cabeça emerge da água e viro-me na direção do sol que começava a se esconder atrás das árvores altas. Aquilo me fazia lembrar do meu pai mais que qualquer coisa.

Flashbacks on

— Olhe como o sol mergulha nas árvores, Claire. Não é bonito? — Papai diz, seu braço ao redor de meu corpo pequeno e frágil, o outro apontava na direção da bola de fogo alaranja que parecia mergulhar nas árvores.

Fico um minuto em silêncio, tentando buscar em palavras a grandeza do momento.

— Valeu muito a pena ter andado tanto, papai, obrigada. — Digo e o abraço, sem ter mais o que falar.

Ele me abraça de volta e fitamos, em silêncio, o sol se esconder definitivamente atrás das árvores e o céu escurecer.

Flashbacks off

Suspiro.

Eu te amo, papai, onde quer que esteja. Faço uma prece silenciosa para mim mesma, talvez.

Ouço um ruído diferente nas árvores ao meu redor e meus sentidos aguçados são colocados em estado de alerta.

Viro-me bruscamente tentando encontrar a origem do ruído e não acho nada. Isso nunca era um bom sinal.

Saio do lago vagarosamente e vejo uma silhueta grande aparecer por entre as árvores. Meu coração falha uma batida e, depois de um segundo, volta a bater freneticamente.

A mulher de cabelos negros que balançavam em sua cintura se aproxima vagarosamente de mim. Ela vestia calça social branca e uma blusa lisa da mesma cor. Em sua mão pendia um tipo de adaga que, de onde eu estava, parecia ser de prata. Brilhava e isso tirou minha concentração.

— Eu sabia que a encontraria aqui. — Ela diz vendo meu corpo molhado e nu sair da água. Isso não a parecia perturbar. — Você sabe quanto sua cabeça vale, Claire Blanc? O simples fato de ainda continuar respirando fez o Céu virar uma rebelião em altos níveis. Níveis os quais você não entende e não tem conhecimento.

Minha garganta trava. Serafins? Outros? Quantos estavam vindo atrás de mim e quantos ainda tentariam me matar?

Sinto a bile subir pela minha garganta de raiva.

— Eu não me importo com vocês, não me importo, merda! Eu não quero saber se o que eu fiz no passado foi errado ou se o que Haziel fez foi errado, eu não me importo com a merda toda que acontece no Céu, é difícil entender isso? — Explodo em um átimo, as palavras atropelando uma a outra.

 A risada estrondosa e suave da Serafim a minha frente ecoa pelo meu ouvido.

— Você é uma boa criatura, Shekinah. E o seu único problema é isso, essa será a causa de sua morte: bondade de mais.

Assim que a Serafim diz as palavras, sinto seus dedos apertarem meu pescoço, se eu tivesse piscado teria perdido tudo o que tinha acontecido.

Ela me empurra para a árvore e apoia meu corpo no tronco, levantando-o. Arranho suas mão em uma tentativa inútil de me soltar. Era ridículo tentar lutar: ela obviamente era mais experiente que eu nessa coisa de luta. Eu perderia, como em todas as outras vezes. Mas se eu fosse cair, ah, com certeza eu a levaria junto.

Agarro seu pescoço e sinto seus olhos saltarem ao perceber a força que aplico no local, aliviando um pouco o aperto em minha garganta e me colocando no chão novamente. Nesse pequeno momento de distração, chuto sua caixa torácica e vejo-a voar pelas árvores, apenas parando quando bate fortemente as costas em um tronco. No mesmo segundo ela já está de pé novamente, rugindo e falando algo em uma língua que desconheço.

Corro em sua direção e dou um soco em sua boca e urro de dor quando ela lança o joelho em meu estômago e bate o cotovelo em minhas costas, me fazendo cair no chão, o rosto pressionado contra a terra. Ela puxa meu cabelo para trás e bate meu rosto contra o chão, fazendo meu nariz estalar, provavelmente ele havia quebrado. A dor lancinante na região comprovava isso. Começo a dar socos no chão em um acesso de raiva e uso isso contra a Serafim. Quando ela tenta puxar meu cabelo para trás novamente jogo minha cabeça para trás acertando em cheio o seu nariz. Não o havia quebrado, mas provavelmente havia machucado o suficiente para poder ataca-la.

Jogo meu braço esquerdo para trás e acerto com o cotovelo em seu rosto, fazendo-a cair no chão e a adaga de prata rolar de sua mão. Com uma rapidez inumana, subo em cima dela e começo a desferir uma série de socos e seu rosto, errando alguns quando ela desviava com eficácia. Pego a adaga ao lado de seu corpo e em um momento impensado, enfio ela exato meio de seu peito e a ouço urrar de dor e seus olhos explodirem uma luz clara que me faz fechar os olhos para me proteger.

O urro de dor da Serafim se mistura com o barulho de seu corpo explodindo em luz e logo estou sozinha no chão de terra, encolhida e protegendo os olhos.

Depois de alguns segundos em silêncio, apenas com o barulho de minha respiração instável em meus ouvidos, abro os olhos e vejo tudo como estava antes da Serafim entrar em cena, minhas roupas jogadas no chão e a lagoa brilhando, agora, a luz da lua crescente no céu.

*                *                    *

Chego em casa com o cabelo emaranhado e o corpo sujo. Olho para o relógio que pendia na parede e lembro-me do meu encontro com Trish. Já eram sete e meia da noite.

Merda.

Corro escada acima sentindo a excitação de saber que o veria daqui a poucos minutos crescendo dentro de mim, me fazendo sentir contrações estranhas no estômago.

Tomo um banho rápido, lavando o cabelo o melhor que o tempo me permitia e saio do banheiro enrolada em uma toalha, abrindo o guarda-roupa e optando por uma roupa casual: vestido tomara que caia floral e sandálias com tiras de amarrar.

Passo um delineador rápido e não faço nada elaborado no cabelo e o deixo liso e normal de mais. Evito me olhar no espelho por muito tempo por não querer perder mais tempo. Corro para o andar de baixo e logo saio de casa.

Entro no Jaguar e sigo para Eighthree Avenue, ansiosa.

*                    *                            *

Logo que saio do Jaguar e entro no parque que, a essa hora, estava praticamente deserto e vejo Trish. Sua postura estava tensa e suas mãos estavam escondidas dentro dos bolsos. Ele estava em pé e fitava o céu silenciosamente.

Ele parece sentir minha presença e se vira em minha direção, seus olhos derretendo dentro dos meus.

Deus...

— Oi. — Digo, sem reação.

Ele sorri e todas as barreiras que vinha montando desabam e tudo o que sinto vontade de fazer é me jogar em seus braços.

— Claire. — Ele diz apenas e sinto meu corpo sacudir ao som de sua voz. — Acho que você precisa me explicar algumas coisas. — Digo, a voz saindo arranhando em minha garganta.

Ele assente, parecendo um tanto distante.

Ele aponta com o queixo para o banco em nossa frente e eu ando rapidamente, me sentando. Ele se senta ao meu lado a uma distância razoável. Eu odiava isso.

Ele espera alguns minutos antes de começar, limpa a garganta.

— Eu sei que nada que eu fale irá te fazer esquecer que eu te deixei sem motivos nenhum, aparentemente. E, Claire, eu sei, como sei que nenhum motivo no mundo explique o que eu fiz, simplesmente te deixar sem motivos nenhum, mas, Deus, como eu tentei pensar o contrário e não ter que fazer aquilo. — Ele diz e seus olhos queimavam os meus, eles imploravam, imploravam. — Claire, deixar você foi a coisa mais difícil que já fiz. Deixei você por medo de que meus problemas, as pessoas que me querem fosse de mais para você e que, como houve antes, isso acabasse acabando em sua... — Ele para de falar e limpa a garganta novamente, eu sabia a palavra que viria a seguir. — Resultando em sua morte.

A palavra paira entre nós, até que ele começa a falar novamente.

— Eu deixei você querendo despista-los, tentar ter tempo para aprender com o que estava lidando e tentar consertar o que eu tinha feito, consertar um erro meu que acabou sendo pago por você, pela sua vida. — Ele diz e lembro-me com dificuldade da época em que costumavam me chamar de Shekinah e eu tinha um romance secreto com Trish, Haziel. — Eu só queria mantê-la em segurança, mas pelo o resultado eu o fiz da forma errada e eu nunca irei me perdoar por isso. Mesmo que tudo fique bem entre nós... Eu sempre irei me culpar pelo o que aconteceu. Claire, eu te amo de mais, te amo de mais para conseguir vê-la ser pega de mim, ser pega de meus braços. Eu tinha que fazer alguma, tinha que impedir isso de alguma forma... — Seus olhos estavam arrasados, mergulhados no medo de se quer pensar que talvez eu poderia não estar mais respirando no dia seguinte e, pela primeira vez, pude ver verdadeiramente o quanto Trish me amava e tudo o que ele abriria a mão para ficar comigo. E é pensando nisso que eu apenas me aproximo dele e coloco um dedo em seus lábios, calando-os.

— Trish — Digo, seus olhos pareceram se acalmar ao meu toque. — Eu te amo, te amo tanto que simplesmente não consigo mais vê-lo sofrer desse jeito, quero apagar isso. Ou pelo menos tentar.

Ele suspira e seu hálito na ponta de meu dedo envia faíscas de calor por todo o meu corpo.

— Claire, a única coisa que me cura disso é você, apenas você. — Ele diz e eu não consigo mais conter o amor dentro de mim, tiro o dedo de seus lábios me jogo em seus braços, beijando cada parte de seu corpo que eu tinha acesso.

— Eu te amo tanto... — Digo, e olho dentro de seus olhos, dentro de seus profundos e sofridos olhos azuis.

Ele apenas suspira em alívio e coloca as mãos em minha cintura, me puxando para si.

Assim que seus lábios tocam os meus sinto arrepios por todo o meu corpo e não consigo controlar a vontade de tremer. Sua língua acaricia a minha, dançando uma música que nós dois conhecíamos. Só nós dois.

Minhas mãos voam para sua nuca e se entrelaçam nos fios escuros e sedosos, puxando-o para mim mais ainda.

Eu queria me afogar em seus braços, me perder em seus olhos até nada mais existir em minha mente a não ser ele, nós.

Afasto meus lábios dos dele, mas seus lábios não deixam minha pele se quer uma vez, beijando meus ombros e pescoço.

— Trish... Eu preciso de você. — Digo, com toda a força que junto no momento.

Ele olha para mim e tudo o que vejo é seu desejo e amor por mim. Ele assente e vamos em direção ao Jaguar sem deixar de nos tocar em momento nenhum.

Enquanto dirijo para a minha casa sua mão desenha na pele exposta de minha coxa, e fica cada vez mais difícil focar a atenção na estrada a minha frente.

Quando, finalmente, chegamos a entrada de minha casa, Trish sai do carro rapidamente e corre inumanamente para a minha porta, abrindo-a e me puxando para fora do carro e me aninhando em seu colo.

Jogo a cabeça para trás e gargalho.

Ele corre para dentro de minha casa e quando dou por mim nós estamos deitados em minha cama, seu corpo cobrindo cada centímetro do meu, me apertando contra o colchão.

Minha bolsa cai no chão e eu simplesmente não me importo. Não me importo com nada a não ser o momento que estávamos vivenciando.

Enrosco minhas pernas em seu quadril e Trish beija meu pescoço, trilhando um caminho até o canto da minha boca.

Chuto minhas sandálias e elas caem no chão. Sento-me na cama e arranco a camisa de Trish que se junta as minhas sandálias.

Ele sorri para mim e alcança o zíper do meu vestido na lateral de meu corpo. Ele desliza-o para baixo com leveza e cai no chão também. Ele distribui beijos por toda a minha pele exposta, fazendo minha pele queimar. Eu entraria em combustão espontânea a qualquer momento. Abro o zíper de sua calça e Trish me ajuda a passar o jeans por suas longas pernas e fito a imagem do meu Anjo a minha frente.

Seu corpo era escultural e, Deus, tão perfeito.

Puxo-o para meus braços novamente e ele afunda a cabeça no vão entre meu pescoço e meu ombro. Aperto suas costas e sussurro em seu ouvido:

— Me ame, mostre-me o que você é.

Um gemido de luxúria e paixão sobe por seu peito e ele me beija com extrema ferocidade e amor, apertando-me contra o colchão e me deixando sem fôlego.

E é então que uma dança entre nossos corpos começa e apenas nós conseguíamos ditar o ritmo, viramos apenas um ser e eu não sabia onde meu corpo começava e onde o corpo de Trish terminava. Nossas peles febris em contato contínuo fazia meu corpo levitar. Nosso amor estava presente em cada movimento e em cada suspiro que irrompia pelas paredes de meu quarto.

E a lua continuava a brilhar no céu.


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Notas finais do capítulo

E AI, QUEM SURTOU LEVANTA A MÃO O/O/O/O/O/O/O/O/O/O/O/O/O/O/ ok galera, acho que estou com muito sono mesmo, bora pras reviews? Bjs e até o próximo capítulo meus bbs ♥



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