Fallen Angels escrita por Lívia Nunes


Capítulo 28
Invasão


Notas iniciais do capítulo

Ei, galera! Tudo bem com os meus leitores queridos? Espero que sim. Hoje não tenho muita coisa para falar nas notas iniciais, mas nas notas finais... Bem, ficaria feliz que vocês lessem, bora ler?



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A neve caía incansavelmente do outro lado de minha janela.

Enrolo-me mais ainda no edredom grosso quando uma fina rajada de vento passa pelo meu corpo. Meus dedos faziam rabiscos no vidro embaçado, congelando-os.

Meu diário descansava em minhas pernas sob a grossa camada do edredom. Eu ainda não havia escrito nada, as palavras me fugiam e eu me sentia sufocada por isso.

Beberico o chá quente e queimo um pouco a ponta da língua, sinto o líquido descer pela minha garganta, quente e vagaroso, isso me agrada.

Trish invadia constantemente meus pensamentos e isso era uma coisa a qual eu ainda não conseguia lidar. Eu não sabia se ele estava bem, o porquê dele ter ido embora sem me dar um bom motivo. Eu não sabia nem se quer ele estava vivo.

Eu havia falado com Caleb a minha real visão e que eu achava que Trish estava em perigo e tudo o que eu recebi de volta foi um semblante irritado e palavras duras que diziam: “Pare de procura-lo, se ele quisesse saber como você está ele viria atrás de você”. Passaram-se uma semana, uma longa semana em que eu tentava enfiar as palavras de Caleb em minha cabeça, não fora fácil. Ainda não estava sendo fácil.

Dentro de duas semanas as férias iriam começar, e com ela, vinha um futuro que ficava cada vez mais duvidoso.

Fito a capa preta e sinto sob meus dedos a textura revestida em camurça do diário que Trish havia me dado, as folhas estavam intocadas. O cordão que ele havia me dado pendia em meu pescoço.

Se eu olhasse ao meu redor, seja qual lugar fosse eu iria ver Trish. Objetos, músicas... Qualquer coisa, era frustrante. E nem ao menos eu tinha uma explicação!

Bufo com raiva e jogo o diário em cima da cama. Dou mais um gole do chá que agora estava gelado e sinto uma sensação boa em minha língua queimada.

A tela do meu celular se acende e eu o pego, uma mensagem não lida.

“Você vem? J.”

Eu tinha me esquecido completamente!

Eu havia prometido para Jenna que iria para a casa dela hoje, os pais dela tinham ido visitar alguns parentes e ela resolvera ficar em casa, seríamos só nós duas por toda a noite.

Digito uma mensagem rápida e aperto “Send”.

“Estou indo me arrumar agora, daqui a pouco chego ai. C.”

Levanto-me do sofá que ficava em frente a minha janela, tropeçando no edredom que havia se enrolado em minhas pernas. Chuto-o para longe e corro para o banheiro.

(N/A: Bay Window e um pedaço do quarto de Claire: http://data.whicdn.com/images/37689072/i-hbqLnSs_large.jpg).

Encho a banheira, checando a temperatura da água, estava boa. Dispo-me com lentidão e entro na banheira, fazendo um coque alto no cabelo.

Meus músculos parecem relaxar no mesmo instante em que minha pele entra em contato com a água quente, fecho os olhos e tento esvaziar minha mente.

Vários minutos se passam até que eu resolvo sair da banheira, a água já havia esfriado quase completamente. Com certeza eu estava bem atrasada.

Entro em meu roupão e volto para o quarto, abrindo o guarda-roupa e passando os olhos nas peças de roupa, optando rapidamente por calça jeans, uma blusa qualquer e um cardigã de tricô.

Coloco a roupa e solto o coque, passando os dedos nos fios, tentando desembaraça-los com mais rapidez. Hoje ele estava liso de mais e isso não me agradava, ele ficava reto e sem graça. Fico na frente do espelho tentando dar algum volume no cabelo, mas logo desisto, já estava atrasada de mais e Jenna provavelmente iria me matar.

Enfio o primeiro par de pijamas que vejo em minha frente dentro da minha mochila, colocando junto a carteira. Pego as chaves do Jaguar e jogo a mochila nas costas, indo a passos largos para a escada. Desço de dois em dois degraus. Mamãe lia um livro tranquilamente em frente a lareira que crepitava chamas.

— Mamãe, os pais de Jenna viajaram e ela quer que eu durma por lá, tudo bem? — Digo, calçando as botinas.

Ela assente e sorri.

— Acho que vai ser bom você sair com alguma outra pessoa a não ser aquele seu amigo Carl. — Ela faz uma expressão de desdém.

— Caleb, mãe, o nome dele é Caleb. — Digo, indo em sua direção e depositando um beijo em sua testa. Ela beija minha bochecha e acaricia meus fios ruivos rapidamente.

— Tudo bem, se divirta, querida.

— Obrigado, mãe. Se divirta também com o Sr. Livro. Tchau.

Vejo mamãe sorrindo quando me viro para a porta e abro-a, fitando a grama do jardim tingida de branco.

Fecho a porta atrás de mim e corro para o Jaguar, desligando o alarme e entrando dentro dele em seguida.

Ligo o aquecedor e suspiro.

Enquanto afundava o pé no acelerador meus pensamentos circulavam em volta das explicações que teria que dar para Jenna, o porquê de não estar indo as aulas direito, o sumiço de Trish, as não explicações que havia dado para ela...

Meus pensamentos continuam vagueando por esses assuntos e quando dou por mim percebo que estou pensando no livro que estava há quase um mês debaixo da minha cama. Argh.

Minha mente não funcionava como a mente da maioria das pessoas. Meus pensamentos faziam um tipo de ponte com outros assuntos e sempre acabavam em coisas que não faziam sentido algum comparado ao que eu estava pensando no princípio.

Viro o volante e entro na entrada da garagem da casa de Jen. Estava vazia. Buzino no ritmo de I Knew You Were Trouble da Taylor Swift, música que eu sabia que Jenna amava, apesar de ela falar que odiava Taylor Swift.

Permaneço dentro do carro até que vejo Jenna correndo na direção da porta da garagem, abrindo-a logo em seguida.

Passo a marcha e acelero para dentro da garagem, logo desligando o motor e saindo do carro.

— Taylor Swift, sério? — Ela diz, fingindo desdém.

Solto uma gargalhada.

— Eu sei que você gosta Jen, para mim você não consegue mentir.

Ela revira os olhos e vem me abraçar.

— É, acho que é realmente você para conseguir saber isso, porque ultimamente eu venho achando que algum alien tomou o seu corpo.

— Você está vendo muitos filmes de ficção científica ultimamente. — Afirmo, enganchando meu braço esquerdo no braço direito de Jen.

Ela suspira.

— É, acho que sim.

Caímos na gargalhada.

***************

— Calabresa ou Atum? — Jenna sussurra, tampando o microfone do telefone embutido na parede.

— Atum, sério? — Digo, arqueando uma sobrancelha.

Ela ri.

— Uma pizza de calabresa e uma coca, obrigado, querido. — Ela faz o pedido e passa o endereço de sua casa.

Fico rodando na cadeira em frente ao balcão da cozinha de Jen enquanto ela terminava o pedido. Ouço o telefone sendo colocado no lugar e paro de rodar.

— “Querido”? — Digo, fazendo aspas com os dedos.

Ela pende a cabeça para trás e ri diabolicamente.

— Você precisa vê-lo, Clai, ele é lindo! — Ela diz, colocando as duas mãos ao peito dramaticamente.

—Agora você sai com atendentes de pizzaria? — Pergunto em tom duvidoso.

Ela vai em direção ao lavador de pratos e no caminho me dá um tapinha no braço.

— Idiota. Mas ele é bonito de maaaaaais.

Jenna abre o lavador de pratos e coloca o copo lá dentro.

—Aposto que ele tem um nome esquisito. — Digo, pegando a lixa de unhas de cima da bancada e começando a lixar a unha do indicador.

— Rá, ai é que você se engana, o nome dele é Philip Adams. —Ela responde, parecendo satisfeita.

— Adams? Tipo a família Adams? — Tampo a boca para abafar uma risada.

Ela revira os olhos e vem em minha direção, me fazendo correr para a sala. Ela corre atrás de mim e nós duas ficamos assim, correndo pela casa como duas crianças.

Jenna se joga no sofá e coloca a mão ao peito, tentando controlar a respiração acelerada.

— Ok, ok, você ganhou. — Ela diz num suspiro, rendida.

— Mas você já está cansada? Você é uma líder de torcida, Jen! — Digo, me jogando ao seu lado no sofá. Ela dá uma risadinha entre suspiros.

— Sou líder de torcida, não perfeita.

Rio e Jenna me acompanha.

— Você tem razão.

No mesmo instante em que pronuncio as palavras as luzes da casa inteira começam a piscar. Jenna se petrifica ao meu lado, sinto seus membros tensos.

Engulo a seco e então a casa entra na escuridão total.

— Jenna, onde tem velas? — Digo e ela agarra meu braço.

— Na cozinha, eu te levo lá.

Jenna parecia assustada de mais para ir a qualquer lugar sozinha.

Levanto-me do sofá e procuro por Jenna.

— Claire? — Ouço Jenna perguntar.

— Estou aqui, vem. — Digo, estendendo o braço na direção do sofá.

Ela segura minha mão e levanta, agarrando em meu braço. Guio-a até a cozinha, andando vagarosamente pela casa como se do nada algo fosse sair da escuridão e nos atacar. Eu não duvidava.

Quando adentramos no arco da cozinha Jenna solta de minha mão e caminha com rapidez para os armários, começando a abrir várias gavetas e procurar pelas velas. Sinto dedos frios em meus ombros, me forçando a virar naquela direção.

— Jenna? — Pergunto, o medo fechando minha garganta, meu estômago se contorcendo como uma mosca presa em uma teia de aranha.

— Estou aqui.

Meus músculos travam quando percebo que a voz de Jenna estava longe de mais para ser ela que me puxava.

— Jenna! — O grito fica preso em minha garganta e sai como um sussurro desesperado.

Os dedos frios subiam para a minha garganta enquanto eu me debatia debilmente em seus braços de aço. Os dedos começam a apertar minha garganta.

— Claire? Claire?! — Jenna começa a gritar e tateia no escuro as velas que não conseguia encontrar.

— Jenna, por favor...! — A frase fica incompleta, os dedos frios apertavam minha garganta com demasiada força, impedindo que minha voz prosseguisse. Os braços fortes que me seguravam agora levantam meu corpo do chão com facilidade, estrangulando-me.

Minhas mãos arranhavam inutilmente as mãos geladas, tentando de alguma forma me livrar daquilo.

Jenna acha uma lanterna e a liga com as mãos trêmulas e fita com olhos arregalados a cena de sua amiga estar sendo estrangulada por um desconhecido de roupas pretas.

Ela grita e corre em nossa direção, desferindo socos no invasor.

Ele me solta por um momento e se volta para Jenna, que agora parecia pequena e indefesa contra os quase dois metros de altura do homem desconhecido.

Jenna deixa a lanterna cair de suas mãos, lançando fachos de luz por toda a cozinha. Ela corre em direção da escada e o invasor corre atrás dela.

Jogo o conteúdo de uma gaveta no piso claro da cozinha e pego uma faca de cozinha que havia caído no chão.

Corro na direção dos gritos de Jenna e vejo o invasor puxar a perna de Jenna que estava caída no meio da escada.

— Não! — Grito, a raiva me fazendo enxergar tudo em chamas.

Tudo o que Caleb me explicava sobre telepatia e parapsicologia invadia minha mente e eu tentava usar algum deles.

Forço um campo mental para cima do invasor, que continuava a puxar Jenna da escada. Sinto uma forte pontada em minha cabeça e sei que está funcionando.

A dor se intensificava a medida que o invasor ia se afastando de Jenna, ele olhou para mim em duvida e logo depois vejo uma faísca de entendimento em sua expressão dura.

— Vejo que você não é totalmente indefesa, mas não tem conhecimento de tudo o que pode fazer. — Ele diz antes de partir para cima de mim novamente.

Estendo uma mão em sua direção e fecho os olhos, forçando a minha mente obedecer aos meus comandos.

Ouço um grito de dor partir do invasor, abro os olhos e ele está de joelhos no chão, as duas mãos dos dois lados de sua cabeça.

Chego mais perto dele e quando vou quebrar o seu pescoço – tirando a força de algum lugar nunca habitado dentro de mim – ele se levanta e me lança contra a parede, fazendo meu corpo cair no chão. Cada célula do meu corpo doía horrivelmente, mas consigo me levantar.

— Você sabe quem eu sou e também sabe que não pode me matar, Claire. — Ele diz, se aproximando de mim.

— Mas eu posso tentar. — Minha voz soa mais forte do que como eu me sentia.

Ele desfere um soco em meu rosto e meu maxilar estala com a força do soco. Urro de dor.

Ele segura meus ombros e joga o joelho em minha barriga, me tirando o ar. Cuspo sangue no carpete da sala e sinto o cotovelo do invasor bater em minhas costas, me jogando no chão. Meus braços tentam me levantar do chão, mas caio. Tento de novo e ouço a risada do homem.

— Você é fraca de mais. — Ele destaca a última palavra e agarra o meu cabelo, puxando-o para trás.

Agarro sua mão que puxava meu cabelo para trás e, com a última força que me restava, viro-a, ele faz uma careta de dor, mas logo se recupera.

— Isso doeu um pouco. — Ele diz, como se tivesse acabo de ser picado por uma abelha.

Ele agarra meu cabelo por trás novamente e quando vai bater meu rosto de encontro com o chão, é atingido por um vaso de porcelana. Os cacos do objeto penetram sua pele facial e ele solta meu cabelo, urrando de raiva.

Olho para trás e vejo Jenna mancando, um fio de sangue descia de sua testa e seu cabelo estava desgrenhado.

— Seu filho da puta. — Ela diz e se não tivéssemos em uma situação tão horrenda eu riria.

— Eu vou quebrar cada osso do seu corpo e você vai desejar estar morta, sua vagabunda! — Ele diz, indo em direção a Jenna.

Jenna começa a recuar quando o agressor para subitamente no meio do caminho. Ele trinca o maxilar e sussurra algo incompreensível.

Ele nos olha em fúria e corre a uma velocidade sobre-humana para a janela, desaparecendo na escuridão.

Jenna corre em minha direção e me ajuda a levantar.

— Ai meu deus, Claire você está bem?! — Ela diz, desesperada e começa a chorar convulsivamente.

Eu sentia uma ou duas costelas quebradas e o lábio está inchado. Não era um resultado tão ruim quando se é espancada por um Anjo. Sempre pode ser pior.

— Eu estou bem, Jenna, não se preocupe. — Digo, tentando levantar. — Ligue para a polícia.

Ela assente ainda chorando e corre para o telefone.

— N-nós fomos atacadas, um agressor invadiu minha casa. — Jenna falava, agarrando o telefone nas mãos, soluçando.

Coloco uma mão no local onde eu sentia as costelas quebradas e fecho os olhos, sentindo os ossos quebrados e os músculos danificados, procurando restaurá-los. Depois de alguns minutos já me sentia melhor.

Jenna passa o endereço para a polícia e logo desliga o telefone. Ela vem em minha direção.

Ela se senta no chão ao meu lado e começa a chorar em meu ombro. Ela deveria estar em choque.

Acaricio seus cabelos loiros e depois de alguns minutos ela para de soluçar.

— Claire, o que aconteceu aqui? — Ela pergunta com lágrimas nos olhos.

Suspiro, ela deveria saber da verdade.

Engulo a seco enquanto olhava para a imagem da minha melhor amiga machucada, desesperada e apavorada, tudo por culpa minha.


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Notas finais do capítulo

Bem galera, tenho que falar para vocês que eu estava com muuuuita vontade de escrever esse capítulo para vocês, mas também estava desanimada pelo motivo de que no capítulo passado só 4 leitores comentaram, 4 leitores de 55. Chato não? Pois é, acho falta de consideração com as autoras, porque nós fazemos o capítulo com toda a vontade para vocês e bem, alguns simplesmente não compartilham o que acharam do capítulo, é difícil galera. E sobre o link da Bay Window (que pra quem não sabe é aquele sofazinho fofo que fica pertinho da janela, sabem?) e o pedacinho do quarto da Claire, sério, eu meio que me espantei quando achei essa imagem porque eu SEMPREEEE imaginei o quarto da Claire muito igual a esse, a cômoda na parede, a cama de casal e a Bay Window... Sério, gostei bastante. Enfim, gostaram? Odiaram? Amaram? Comentem! Até o próximo capítulo, guysssss ♥