Fallen Angels escrita por Lívia Nunes


Capítulo 17
E o inesperado acontece


Notas iniciais do capítulo

Bem, acho que nem demorei tanto assim para postar esse capítulo né? HDUHDUASHDUASHDUA por favor, só não me matem. Mas acredito que o capítulo ficou a altura do esperado e eu curti muito enquanto revisava.
Bem, veremos aqui uma Claire muito mais má que o normal, e bem mais ousada hehehehe se você tem algum tipo de preconceito com bissexualismo, pare de ler agora! E para vocês não ficarem perdidos ou algo do tipo, esse capítulo acontece na festa do capítulo anterior. Sem mais delongas, aproveitem a leitura!



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(Música do capítulo: Strangeness and Charm - Florence + the machine https://www.youtube.com/watch?v=mbgUousWTKE | tradução: http://letras.mus.br/florence-and-the-machine/1710980/traducao.html)


And our particles they're burning up

Because they yearn for each other

And although we stick together

It seems that we are estranging one another


Strangeness and charm



—Você já quer voltar para a festa? — Trish diz com um meio sorriso no rosto.

Dou uma risadinha.

— Eu realmente não quero voltar para lá, mas — Faço uma pausa e procuro meu celular em um bolso estratégico do vestido que estava, olhos as horas. — hm, já é quase meia-noite, temos que voltar para a festa. Agora é a hora das mascaras caírem.

Ele pende a cabeça para trás e solta uma gargalhada gutural que ecoa por todo o espaço vazio ao nosso redor.

— E será que algo muda quando as máscaras caem? — Ele pergunta, abruptamente sério e nervoso.

Tento entender seu estado de espírito lendo seus olhos, mas tudo o que vejo é o nada gritante em seus olhos incrivelmente azuis.

— Espero que não. — Digo de modo categórico.

Ele parece engolir a seco e mostra um sorriso perfeitamente montado, e se eu não o conhecesse do fundo de minha alma, não perceberia que o sorriso não chegou a seus olhos.

Levanto-me do banco e fito-o sem saber o que fazer.

Trish percebe meu dilema e levanta-se do banco, coloca as mãos casualmente nos bolsos da frente da calça sob medida e olha-me de uma forma que eu me sentia nua em sua frente, crua.

— Vá à frente, esperarei um tempo e irei logo em seguida. Não precisamos de mais ladainhas sobre, hm, nós.

Suspirei em alívio que Trish me entendesse e achei graça por ele ter falado uma gíria tão informalmente, era estranho, como se isso não se encaixasse com sua personalidade elegante e um tanto culta.

Assenti com a cabeça e quando ameaço voltar para o ginásio, a mão de Trish aperta meu pulso, fazendo-me girar para olha-lo diretamente nos olhos.

— Antes de você ir...

E então ele cola seus lábios nos meus pela segunda vez na noite.

O beijo é calmo, no começo fico apreensiva, mas depois de alguns instantes de entendimento passo os braços pelos seus ombros e retribuo o beijo.

Suas mãos sempre firmes em minha cintura, eu me sentia tão segura em seus braços, todas as duvidas se esvaiam e todo o resto era reduzido a pó.

O beijo vai ficando mais lento e eu me distancio dele, voltando para o ginásio com os braços cruzados ao peito, como se já estivesse faltando alguma coisa em mim.

Ando com passos apressados para o ginásio e logo quando entro, vejo que o clima da festa só fez ficar mais quente e mais agitado, sinto uma gota de suor se instalar em minha testa repentinamente.

— Daqui a exatos cinco minutos nós iremos deixar nossas máscaras para trás e curtir a festa como realmente somos! Começaremos a contagem regressiva daqui a poucos instantes, enquanto isso fiquem ao som de Rihanna com o novo hit Cockiness! — Ouço o DJ anunciar nos auto falantes.

( Rihanna - Cockiness: https://www.youtube.com/watch?v=zaCbOFg3OeI)

A música começa a tocar e eu vou para as bebidas pegar um ponche.

Fico avaliando o ambiente e as pessoas que estavam nele, quando vejo Trish entrando discretamente no ginásio.

Apesar de ele nunca conseguir ser discreto em nada por chamar tanta atenção para si, mesmo não querendo isso.

Ele acena com a cabeça e vem em minha direção.

Serve-se de ponche e encosta-se à mesa das bebidas como eu.

Ficar tão perto dele assim era quase impossível sem tocá-lo. Dou um passo para o lado inconscientemente, distanciando-me dele e de sua força que exercia sobre mim.

Ele me olha de cima a baixo com um sorriso torto no rosto até chegar em meus lábios, era como um convite que eu não poderia, mas queria aceitar. Como um convite só de ida para o céu, ou até mesmo para o inferno, dependendo do seu ponto de vista.

O canto da minha boca se projeta para cima suavemente em um meio sorriso provocativo.

— Vamos para a contagem regressiva, galera! 10...

Trish parecia ter chegado um centímetro mais perto e isso só dificultava meu autocontrole para não toca-lo.

— 9...

Seus lábios ainda estavam presos em um meio sorriso convidativo, mas seus olhos brilhavam em desejo reprimido.

— 8...

Eu o queria. Agora.

— 7...

Ele me queria.

— 6...

Nós transformamos uma conta matemática simples em uma equação complicada e pagamos o preço disso.

— 5...

Hesitante, dou um pequeno passo em sua direção, meu corpo pedindo, clamando para tê-lo mais perto.

— 4...

O sorriso de Trish desapareceu de um segundo para outro, seus lábios estavam entreabertos e tudo o que sentia era seu hálito quente batendo em meu rosto.

— 3...

Eu estava perdendo os sentidos e ele tinha consciência disso.

— 2...

Ele gostava de me ver fora do controle.

— 1...

Minhas mãos estavam em minha máscara, queria me livrar delas o mais rápido possível.

— 0! Que tirem as máscaras, que aproveitem a noite sendo o que realmente são, sem duvidas ou dilemas internos, apenas aproveitem e se livrem de suas maldições. Vamos viver!

Máscaras voaram para todos os lados e todos estavam gritando feito loucos.

Minha máscara já estava no chão e a de Trish também.

— Sem dilemas...

— Sem duvidas... — Trish completa, mas eu o interrompo.

— Apenas nós.

Em um segundo, Trish me toma nos braços e me beija alucinadamente, suas mãos passeando pelo caminho de minhas costas. Meus dedos procuravam todas as partes possivelmente tocáveis de seu corpo, nuca, costas, braços, ombros.

Foi um beijo intenso e cheio de significados e segredos de ambos os lados.

O mundo pareceu parar por um instante e eu e Trish parecíamos estar em uma bolha só nossa, onde tudo o que acontecia era guiado apenas pelas nossas emoções, o que era uma coisa que eu não gostava muito de admitir, mas eu não tinha como ignorar isso.

Tinha acontecido e eu não esperava.

Diminuo a velocidade do beijo e fito com olhos impassíveis Trish que me olhava como se estivesse travando uma batalha interna.

Ele suspira, eu suspiro.

Nós rimos.

— Hm, eu tenho que procurar Jenna. — Digo ainda nos braços de Trish.

Ele balança a cabeça positivamente e, relutante, me solta de seus braços.

— Não suma de minha vista. — Ele diz com um sorriso engraçadinho nos lábios.

Reviro os olhos e solto suas mãos, ele se vira na direção da pista de dança e olha por sobre o ombro, piscando um dos olhos antes de desaparecer por entre os corpos que se moviam freneticamente.

Vejo Jen dançando animadamente com algumas meninas dos Fellcats, ela olha em minha direção e acena, dando passagem pelos corpos dançantes e vindo em minha direção.

Coloco o ponche no copo de plástico vermelho e viro-me para a direção em que Jen vinha.

— Ei! — Ela grita obviamente alcoolizada. — Onde você estava? Perdeu o Vai Vai. — Ela faz um biquinho.

Dou uma risada antes de responder.

— Desculpe, mas acredito que você bebeu o dobro em meu lugar. — Digo sarcasticamente.

— E dá para perceber? — Ela pende a cabeça para trás e ri ruidosamente. — Fico extremamente chateada com isso.

No final da frase sinto a ironia escorrer pelas palavras o que me faz rir.

Jen me lança um olhar intenso e um meio sorriso brota em seu rosto.

— E o que você andou fazendo esse tempo todo?

A pergunta de Jen me pega desprevenida e eu quase engasgo com o ponche que estava tomando.

— Hm, é, nada. — Digo meio apreensiva, tamborilando os dedos no copo e olhando para os lados. Não conseguia mentir para Jen olhando-a nos olhos.

Ela pega meu rosto entre suas mãos e o vira em sua direção.

— Tem certeza? — Ela diz cruzando os braços ao peito. Ela não iria sair dali enquanto eu não falasse sinceramente, isso era certo.

Com um suspiro resolvo abrir o jogo para Jen.

— Eu estava com, hm, Trish. — Digo, fitar minhas mãos parecendo uma alternativa muito boa.

Ela solta um gritinho e pula, jogando as mãos para cima como se estivesse a espera de um milagre.

— Eu. Não. Acredito! — Ela diz pausadamente, tampando a boca com as duas mãos.

Começava a me sentir entorpecida e como se pudesse fazer qualquer coisa, o que provavelmente era por causa dos vários ponches que eu já havia bebido.

Dou uma risadinha não sabendo se era por causa do efeito do álcool ou se era por que eu queria rir mesmo. Fico com a primeira opção.

— Pois acredite. — E dou outra risadinha sem sentido.

Ela ri comigo e ficamos assim por alguns longos segundos.

— Venha, nós estamos querendo fazer uma brincadeirinha para esquentar a noite. — Ela diz e arqueia a sobrancelha, me rebocando para algum lugar que desconhecia.

— Ok, mas você já pode ir adiantando alguma coisa. — Digo enquanto esbarrávamos em algumas pessoas, atravessamos o ginásio e saindo pela porta contrária a que eu entrei, a que dava para os fundos da escola.

O que nós iriamos fazer ali?

Os fundos da escola era conhecido por ser sempre o local de brincadeiras “politicamente incorretas”.

Isso estava ficando cada vez mais estranho e excitante.

— Jen, para onde nós estamos ind...

Não termino de falar, minha pergunta já tinha sido respondida pelo o que eu via agora, a minha frente.

Um grupo de pessoas que eu conhecia - a maioria do grêmio estudantil, Fellcats ou do futebol americano da escola - estavam sentados no chão formando uma roda, uma garrafa vazia de cerveja estava no meio deles.

Verdade ou consequência, agora eu entendia o real significado do “uma brincadeira para esquentar a noite”.

Em todas as vezes que eu havia jogado verdade ou consequência eu sempre acabava me dando mal.

Na sétima série eu tive que ir para a escola de pijama, no primeiro ano eu tive que jogar cola no cabelo da professora de latim. Um histórico nada amigável.

Mas quem se importava não é?

Becca estava sentada entre Brittany e Jonh, conversando animadamente com as pessoas da roda.

Quando eu e Jen nos aproximamos ela me lança um olhar odioso, coloca as mãos atrás do corpo para se apoiar e ter uma visão melhor de mim. Seus olhos me desafiavam.

— Chegou quem estava faltando. — Jonh diz, passando os olhos pelo meu corpo.

Outras pessoas concordam em murmúrios.

Sento-me ao lado de Tyson e Jen senta ao meu lado, não querendo encarar Tyson.

Senti pelo clima que estava entre eles que algo tinha acontecido e eu já queria saber, mas agora era agora de brincar.

— Alguém viu Trish? — A voz fina e irritável de Becca me sobressalta.

Olho-a de soslaio e quando ela se vira na minha direção para saber se o que ela tinha falado havia me atingido de alguma forma viro o rosto para Jen em um ato inconsciente que logo me arrependi, Becca viu isso como uma vitória.

— Ele disse que já estava vindo. — Lindsay diz, indiferente.

Jennifer segura a garrafa vazia de cerveja e começa a falar.

— Bem, todos sabem as regras e eu também não estou em um bom estado para repeti-las, só digo uma coisa: quem não fizer o que é pedido quando é escolhido consequência, por favor, não peguem leve. — Ela termina a frase e todos começam a rir e logo param quando ela roda a garrafa.

Sinto alguém se aproximar da roda incomum e logo vejo quem era quando ele senta-se graciosamente ao lado de Jen.

— Pronto, agora podemos começar. — Jennifer diz, parecendo ansiosa.

Olho para Trish rapidamente com o canto do olho e vejo-o mostrando um sorriso discreto que só eu poderia entender.

Fixo o olhar na garrafa e todos fazem o mesmo, ela gira quatro vezes antes de começar a parar.

A garrafa aponta para Molly, a vice-presidente do grêmio estudantil e para Jonh, que estava a sua frente.

Ela ri.

— Verdade ou consequência, Jonh? — Ela diz tentando ser sedutora mesmo estando bêbada.

Todos riem antes de Jonh responder.

Ele pensa um pouco antes de responder.

— Verdade. — Ele diz um pouco hesitante.

— Qual é, John! Sua bichinha! — Tyson grita.

Molly o ignora e fala, certeira:

— É verdade que você tirou a virgindade da Jennifer aqui? — Ela diz segurando o riso.

Todos olham para Jennifer que tinha virado um tomate humano.

Jonh parecia presunçoso.

— Sim, e posso dizer que para uma primeira vez, ela foi perfeita. — Ele diz com tanta presunção que fico enjoada.

Jennifer parecia estar querendo cavar um buraco no chão e se enfiar dentro, mas quando John termina de falar a sua cor normal parece voltar a sua face.

Todos se entreolham e começam a gargalhar.

John ainda com expressão orgulhosa gira a garrafa.

Jen parecia inquieta ao meu lado.

A garrafa para apontando para Becca e para Jen.

Jen sorri abertamente antes de falar.

— Verdade ou consequência, Becca? — Ela diz com um tom de desafio.

— Verdade. — Becca diz, fingindo tirar uma sujeira inexistente de sua unha.

Jennifer e Tyson bufam.

— Ah, por favor, cadê a ação aqui? — Lindsay diz, todos concordando silenciosamente.

— É verdade que você e Trish se pegaram depois que terminamos de arrumar o ginásio para a festa? — Jen diz, ainda alcoolizada.

Engulo a seco.

Olho para Trish rapidamente e ele também não parecia nada feliz com a pergunta indiscreta de Jenna.

Becca parecia tão presunçosa com a pergunta que ela transpirava arrogância.

— É claro que sim.

Suspiro pesadamente e Jen olha para mim como se não tivesse entendendo nada.

Eu não a culpava, sua mente bêbada trabalhava com mais lentidão que as outras.

Ela passa os olhos de mim para Trish, de Trish para mim e a compreensão finalmente aparece em seus olhos, que logo pedem desculpas silenciosamente.

Balanço a cabeça e forço um sorriso no rosto.

A culpa não era dela se Trish tinha se pegado com Becca enquanto eu não caia na dele.

Bufo de frustração.

Ninguém parecia ter percebido a batalha silenciosa que foi travada entre nós e eu agradeci mentalmente por todos estarem tão bêbados. Inclusive eu mesma.

Tyson pega a garrafa e a roda.

Depois de alguns segundos ela para, e dessa vez apontando para mim e para Lindsay que faz uma expressão prazerosa ao ver que ela faria a pergunta.

— Verdade ou consequência, Claire? — Ela pergunta em tom desafiador que bate diretamente em meu ego já ferido.

Eu não iria pedir consequência, até aquele momento.

— Consequência. — Digo, me inclinando em sua direção.

Todos da roda gritam em excitação.

— Essa é minha garota. — Lindsay diz.

— Vamos lá, estamos perdendo tempo. — Digo, incitando-a a me escolher algo muito, muito ruim.

No momento eu não estava me importando com nada. Definitivamente nada.

Só queria curtir a noite e ficar um pouco bêbada, o que já estava acontecendo.

Sem remorsos, apenas diversão.

— Eu te desafio a me beijar. — Lindsay diz, inclinando-se em minha direção.

Aquilo me pega desprevenida.

Eu nunca havia tido uma experiência lésbica e não queria ter tão cedo.

— Ahhhh, mas essa eu não perco. — John diz, os olhos brilhando em expectativa.

— Não mesmo cara. — Tyson o acompanha.

Trish me olhava pelo canto do olho com uma expressão desafiadora.

E foi exatamente isso o que me incentivou a seguir em frente.

— Isso? Ah, por favor, Lindsay. — Digo e em um movimento, seguro sua nuca e puxo seus lábios para o meu.

Foi surpreendente e estranho sentir os lábios de uma garota nos meus.

No começo me senti totalmente exposta e tímida, como se realmente estivesse fazendo alguma coisa errada, mas logo me solto e vejo que não tem nada de anormal nisso.

Lindsay segura meu rosto no seu, prendendo-me ali.

Seus lábios tinham gosto de gloss de melancia.

Separo nossos lábios e volto ao meu lugar de origem, olho de canto para Trish e ele estava boquiaberto.

— Caraaaaaaaaaaaaaaaaaaaalho, estou precisando de sexo. Agora. — John diz com a voz rouca.

Tyson não conseguia dizer nada, aliás, nenhum dos meninos conseguia. Todos ainda estavam processando o que acabara de acontecer.

Eu e Lindsay nos entreolhamos e começamos a rir, todos nos seguiu.

— Isso foi legal. — Lindsay diz, fazendo todos rirem mais histericamente ainda.

Trish ainda me olhava boquiaberto, mas acabou por começar a rir também. Provavelmente de incredulidade.

Eu estava satisfeita comigo mesma, ultrapassei uma barreira que jamais pensei em ultrapassar.

Depois da sessão de risos histéricos e xingamentos, Jenna rodou a garrafa novamente.

Ela parou com Tyson perguntando e ninguém menos que Trish Mansen respondendo.

— Verdade ou consequência, Trish? — Ele diz ainda repreendendo um riso.

— Consequência, claro.

— Ahhhh, esse é dos meus! — Tyson oferece a mão aberta e Trish bate com a mão em punho na dele.

— Bem, fiquei sabendo que você está tendo um, digamos, “casinho” com a nossa queridinha aqui. — Tyson aponta com o queixo para mim. — Desafio você aos sete minutos da felicidade. Vão para trás daquela árvore grande ali e façam o que quiserem. Qualquer coisa que seja em sete minutos, claro.

Fico estática.

Todos começaram a fazer gracinha do tipo: “caaaaaara, se deu bem” ou “uma rapidinha acontece em sete minutos”.

Matt que até então eu não tinha notado a presença se pronuncia pela primeira vez.

— Isso é ridículo.

— Calma cara, todos nós teremos nossa vez. — John diz, dando tapinhas nas costas de Matt.

Matt dá um soco fraco – acredito eu – no estômago de John, que começa a rir.

Trish levanta de seu lugar e vem em minha direção, estendendo uma mão.

Ignoro e levanto por mim mesma.

Reviro os olhos para ele e sigo sozinha para a “grande árvore” como os alunos do CHS costumavam chamar.

Aproximo-me da árvore e vejo Trish se aproxima de mim, imprensando-me contra o tronco gelado. Seu rosto a menos de vinte centímetros de distância do meu.

— Porque você está tão na defensiva? — Ele pergunta, beijando meu pescoço de um jeito que quase me fez fechar os olhos e me entregar para ele. Quase.

Hora de brincar, Trish.

Dou um sorrisinho provocativo e enrosco meus dedos no corte do paletó que ele usava, puxando o para mais perto. A minha testa quase colada a dele.

— Trish...

Ele suspira, fecha os olhos.

— Ah, Claire...

Dou um sorrisinho e o empurro um pouco, ainda segurando o corte do paletó.

— Antes de qualquer coisa, eu preciso saber por que Becca estava se esfregando em você no dia em que estávamos arrumando o ginásio para a festa.

Ele abre os olhos e eu quase perco os sentidos olhando naquelas duas piscinas gêmeas azuis.

Volto ao meu estado normal. Ou quase normal.

— Isso que vejo pairando ao seu redor é ciúmes, Claire? — Ele pergunta com um sorriso sarcástico nos lábios.

Tento engolir a raiva para não cuspi-la na cara de Trish, mas ela fica presa em minha garganta.

— Não, não é, Trish. Eu só não gosto de ser feita de idiota. Só isso. — Digo com um sorriso igualmente sarcástico nos lábios.

— Becca me agarrou quando eu estava indo embora, só isso. — Ele diz como se quisesse revirar os olhos.

— Mesmo? — Digo, fazendo um biquinho.

— Mesmo. A única pessoa que eu realmente quero está bem a minha frente fazendo um biquinho irresistível. — Ele diz, se aproximando sorrateiramente.

Empurro-o mais um pouco para poder vê-lo melhor.

— Ótimo, por que se você quer saber, eu amo quando um menino fica correndo atrás de mim. — Digo com um sorriso malicioso nos lábios.

Termino de empurrar Trish o suficiente para eu poder sair dali e ando de volta para a roda de amigos que me aguardava ansiosamente, deixando um Trish raivoso e boquiaberto para trás.


* * * * *

Quando paramos de brincar já eram quase três horas da manhã e todos já estavam quase sóbrios.

John havia trago, com suas palavras, “uma coisinha para relaxar depois da festa” o que era, na verdade, maconha.

Alguns meninos e outras meninas ficaram para fumarem ali mesmo, outros foram embora e alguns outros continuaram na festa.

Eu e Jen decidimos ir embora logo, eu pelo menos precisava dormir urgentemente antes que eu acabasse desmaiando ali mesmo.

Quando estava indo para o estacionamento com Jenna vejo Trish sentado com uma garrafa de cerveja na mão conversando com outro menino. Passo em sua frente e finjo que não o havia visto. Sinto seus olhos perfurando minhas costas por todo o caminho até o Jaguar.

Nem vejo o tempo passar até Jenna dizer boa noite e fazendo-me prometer contar todos os detalhes sórdidos amanhã, balanço a cabeça mecanicamente.

Dirijo silenciosamente até em casa e quando chego, estaciono na garagem atrás do carro de minha mãe.

Saio do carro com movimentos impensados, estava prestes a desmaiar a qualquer instante.

A festa tinha sido mais que agitada e eu só queria minha cama para poder pensar no dia seguinte com clareza.

Tomo um banho quente e relaxante, coloco meu pijama mais confortável e deito em minha cama, já totalmente desperta.

Tento processar tudo o que havia acontecido naquele dia.

Eu havia beijado Trish, finalmente. E só de lembrar do acontecido eu só queria voltar no tempo e reviver tudo novamente.

Eu havia beijado uma menina, o que foi uma experiência estranha e diferente. Com certeza isso iria para o meu diário se eu não tivesse tão cansada a ponto de estar com preguiça de pega-lo.

E depois dos dois beijos incríveis que eu havia vivenciado com Trish eu o havia esnobado. Não que eu me arrependesse do que eu tinha feito, não mesmo.

Mas agora, tudo o que eu queria era abraça-lo até poder me fundir completamente a ele.

Fico lembrando e lembrando dos lábios de Trish em minha pele e não percebo quando embalo em um estado de quase inconsciência, quando de repente, ouço o que eu menos esperava.

Eu estarei aqui, sempre.

A voz ecoa em minha mente vazia, mas não consigo processar se isso era parte do sono ou tinha realmente acontecido por causa do meu estado de quase inconsciência.

Durmo tranquilamente esperando poder entender tudo isso no dia que virá.


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Notas finais do capítulo

Bem, acho que adotarei a ideia de sempre colocar uma música para cada capítulo, o que vocês acham? Eu pelo menos acho que a estória vai ficar mais dinâmica e divertida. E ai, mereço reviews? Espero que sim e até o próximo capítulo, que espero não demorar tanto para sair. XX