Fallen Angels escrita por Lívia Nunes


Capítulo 15
Momentos que antecedem a festa


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu poderia ficar aqui me desculpando por muito tempo e não mudaria nada. Então, Desculpa pela demora galera! rsrsrs
Bem, sei que demorei muuuuuito para postar, mas NADA, ABSOLUTAMENTE NADA me vinha a cabeça. Dai eu estava vendo minhas fics, respondendo as reviews e quando vejo a última vez que atualizei Fallen Angels quase cai da cadeira do computador: Tinha quase um mês! Ai eu pensei, não espera ai, eu vou escrever um capítulo é agora. Abri o Word e saiu isso ai, gostei e espero que vocês também gostem. Vou tentar não demorar muito para postar o próximo capítulo, pois eu queria mesmo é fazer o capítulo da festa nesse mesmo capítulo, mas ele já está meio grandinho e não queria que ele ficasse maior para vocês não se assustarem, assim dividi ele em dois capítulos.
Bem, vamos ao que interessa não é?



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— Bem, parece que está tudo pronto por aqui. — Digo para todos os alunos presentes do ginásio, me jogando na cadeira mais próxima.

Nós tivemos muito trabalho, mas finalmente tínhamos conseguido terminar a arrumação e amanhã a festa iria acontecer.

As enormes janelas do ginásio tinham sido revestidas por uma cortina vinho em detalhes em dourado, que pendiam elegantemente nas duas extremidades em franjas bem desenhadas.

Os lustres no teto alto do ginásio pareciam brilhar com a luz do poento do sol e balançavam levemente, as mesas tinham sido cobertas por panos finos e sedosos de um vermelho-sangue intenso.

O palco tinha ganhado um toque especial e requintado de um verdadeiro baile de máscaras, a pista de dança logo a frente do palco tinha um globo parecido cravejado com diamantes que brilhava e rodava, disparando luzes para todos os quatro lados do ginásio.

O balcão de bebidas e coquetéis estava mais elegante que nunca, todo revestido em vidro, com garrafas de vários tipos de bebidas não alcoólicas possíveis.

Mas todos os alunos sabiam que bebidas com álcool não era o problema, o diretor Holtzman também sabia disso só preferia fingir que não sabia.

Estava tudo mais perfeito do que eu imaginava.

Todos os alunos gritam de excitação e alguns sentam no chão, outros conversam animadamente entre si e não era preciso ter super audição para saber que eles estavam falando da festa que iria acontecer no dia seguinte.

— Nós somos simplesmente... Perfeitas. Além de ter nos beneficiado, claramente, beneficiamos o diretor Holtzman e o professor Hathaway, pois como nós acabamos de arrumar o ginásio, amanhã ele não poderá dar aulas de educação física sendo assim, ficará obviamente de folga o dia todo. Me sinto como se tivesse feito uma grande doação, me sinto como uma benfeitora. — Jen cochicha em meu ouvido, sentando-se ao meu lado.

Eu rio.

— Estou falando sério Clai, me sinto de alma lavada.

Sua afirmação me faz rir mais ainda.

Desvio os olhos de Jen ainda rindo e olho para frente, apenas para ficar em choque e sentir o ódio correndo rápido e feroz em minhas veias.

Becca sorria de um jeito nojento - mas que parecia que a maioria dos garotos gostavam desse sorriso asqueroso - e puxava Trish para a porta do ginásio, que seguia atrás dela como um cachorrinho querendo coçar o corpo em um poste.

E eu é que não queria saber aonde ele iria... Coçar seu corpo.

Argh.

Percebo que meu sorriso ainda estava congelado em minha face e viro-me bruscamente para Jen e gargalho altamente e bruscamente.

— Você é tão engraçada, Jen.

Jen me olha com cara de interrogação, tentando entender o porquê da minha súbita mudança de humor.

Infelizmente era isso que Trish fazia comigo.

— Claire, acho que acabamos por aqui, pode deixar que amanhã quando eu chegar à escola aviso para o Sr. Hathaway para não utilizar o ginásio. — Jannet diz com um brilho estranho nos olhos, como se fosse um cachorrinho esperando o dono jogar o ossinho para ele ir correndo traze-lo de volta.

Estremeço internamente e coloco um sorriso falso nos lábios.

— Claro querida, obrigado. — Levanto-me da cadeira de plástico e a empilho com as outras cadeiras junto a parede enquanto vejo os alunos se despedindo de mim e indo embora.

Vejo de relance Trish e Becca saindo do ginásio próximos demais, conversando alegremente demais...

Balanço a cabeça e tento entender o porquê do ciúmes, afinal, Trish não significava nada para mim, nada.

Não era só porque ele era o cara mais bonito, inteligente, legal e gostoso que eu já tinha conhecido iria mudar alguma coisa e...

— Claire chamando para terra, alô-ou? — Jen diz, balançando a mão na frente de meus olhos e olhando para trás, onde meus olhos estavam fixos no lugar que eu tinha visto Becca e Trish saírem.

Pisco algumas vezes e meus olhos entram em foco novamente.

— Vamos pegar nossas coisas logo e dar o fora daqui, por favor. — Digo querendo parecer forte e obstinada, mas parecendo mais fraca e suplicante.

Ela assente, pega a sua bolsa e recolhe tesouras, fitas adesivas e tudo mais que estava espalhado pelas mesas.

Começo a ajudar Jen, mas aquele... Instinto, sentimento, sexto sentido ou seja lá o que seja me diz para ir para fora do ginásio e procurar por Trish.

Ou talvez seja apenas minha obsessão ridícula por ele.

E antes que eu perceba, as palavras que me libertariam saem por entre meus lábios.

— Hmm Jen, eu... Eu vou ali fora tomar um ar. — Jogo as chaves do Jaguar para ela, que as pega por reflexo. — Vá colocando as coisas no carro, te encontro no estacionamento.

Corro para a porta do ginásio sem esperar por uma resposta.

Quando as portas pesadas de metal se fecham atrás de mim, respiro fundo um bilhão de vezes, tentando nulamente me acalmar.

O que eu penso que vou fazer? Não é da minha conta o que Trish Mansen faz ou não com Becca. Não mesmo.

Balanço a cabeça disposta a me esquecer dessa ideia idiota e voltar para ao ginásio, chego até a me virar para a porta quando algo me para.

Meu coração para.

Eu paro de respirar.

Tudo para quando ouço a voz, tão clara, tão distante em minha cabeça.

Meu coração volta a bater freneticamente.

Eu sei que você sabe sobre mim, Claire.

Pois é, apenas isso.

Meu peito subia e descia em um ritmo mais que acelerado e tudo o que eu queria agora era estar em meu carro, indo para a minha casa, indo para a minha cama.

você sabe sobre mim, Claire?

Isso tudo era tão frustrante!

Achar que já sabe de tudo, mas na verdade não sabe nada.

Achar que chegou a algum lugar, mas não chegou nem perto do esperado.

Achar que sabe todas as respostas, mas não sabe nem interpretar direito as perguntas.

Era mais que frustrante, era... Aterrorizante.

Olho pelo círculo de vidro da porta do ginásio e vejo Jen terminando de pegar todas as coisas que restavam.

Eu tinha no máximo dez minutos até ela perceber que eu tinha mais que ido tomar um ar.

Viro-me novamente na direção do corredor e ando decididamente para a saída do colégio, irrompendo porta a fora e me deparando com um tempo frio de gelar os ossos e céu mais escuro do que eu pensava.

Tínhamos ficado mais que o esperado arrumando o ginásio, mas valeria a pena.

Abraço-me tentando inutilmente me proteger do frio e olho para os dois lados do estacionamento, vendo apenas três carros estacionados ali: O meu Jaguar, o Mercedes de Trish e o Camaro novo de Becca.

Engulo a seco.

Então quer dizer que Trish e Becca ainda estavam por aqui. Eu não sabia se isso era um bom ou mau sinal.

Tanto faz eu só quero checar as coisas e...

—... Becca nós... Não deveríamos estar aqui... Chegar a qualquer momento... Saia. — Capto sussurros separados, obviamente de Trish vindo do lado esquerdo do estacionamento, junto às árvores.

Quanto menos a distância entre eu e as palavras de Trish ficavam, mais meu coração parecia mais desesperado, batendo tão fortemente em meu peito que minhas costelas doíam.

Me esgueiro pela parede do colégio e coloco a metade do rosto na direção deles e quase desmaio ali mesmo quando vejo aquela cena nojenta se desenrolando diante de meus olhos.

Trish estava espremido entre a árvore e Becca, e ela por sua vez pressionava todo o seu corpo de encontro com o dele, beijando seu pescoço e... Tudo mais.

E quando digo tudo mais quero dizer sua boca.

As mãos de Trish seguravam com força os braços de Becca como se tentasse empurra-la, mas de um jeito a não feri-la.

Mas se fosse isso mesmo ele já teria o feito, já teria se afastado dela.

Eu esperei ele fazer, esperei pelos mais longos segundos da minha vida, mas ele não o fez. Não a afastou. Ele a queria.

Minha garganta trava como se eu tentasse gritar e tivesse perdido a voz ou a força. Meus joelhos tremem como se não aguentassem o peso de meu corpo ou a cena em minha frente. Minha cabeça girava embaçando minha visão, as lágrimas corriam ardendo em minhas bochechas coradas, combinando com o meu cabelo que grudava em minha face molhada e chorosa.

Eu não aguentava mais olhar aquela cena repugnante que se desenvolvia a minha frente.

Apenas corro o mais rápido que posso pelo caminho que tinha feito e enquanto minhas pernas lutavam para continuarem correndo, juro ter ouvido Trish gritar meu nome e mesmo provavelmente ter sido apenas o vento zunindo em meu ouvido, não olho para trás para me certificar por mim mesma.


Minhas pernas não pareciam correr o suficiente, meus músculos não pareciam rápidos o bastante para me livrar daquela cena que havia grudado, infectado toda a minha mente.

Quanto mais eu corria, mais a cena parecia se passar e repassar em minha cabeça, mais as lágrimas corriam em minhas bochechas e mais meu coração doía.

Paro.

Soluços começavam a irromper pelo meu peito e era questão de segundos até eu começar a chorar mais do que eu já estava chorando.

Apoio-me com as costas na parede gelada da County High School e fecho os olhos, minhas pernas tremendo como se eu estivesse a beira de um penhasco e uma rajada de vento passasse ali, como se o peso em meus ombros fosse demais, como se o mundo tivesse desmoronando em cima de mim.

Porque aquela cena me chocou tanto?

Porque eu tinha quase certeza de que eu não estava sozinha nessa? De que Trish Mansen gostava de mim? Porque eu achava que tudo isso fazia algum sentido?

Minha cabeça estava queimando em perguntas sem respostas, queimando em raiva, queimando em confusão, queimando em indecisão.

As lágrimas continuavam correndo pela minha face, mas eu não as sentia mais, como se já fossem parte de mim, parte do que eu era, parte do que eu havia me transformado. Elas queimavam o caminho por minha bochecha com todos os sentimentos guardados dentro de mim.

Foi uma explosão de tudo.

Uma brisa leve levanta os meus cabelos, abraço meu corpo em uma tentativa nula de me proteger.

Meu peito subia e descia rapidamente com os soluços misturados com as lágrimas enquanto eu tentava clarear minha mente, tentava enxergar algo além da cena que se repetia e se repetia em minha cabeça.

Jen estava esperando por mim no estacionamento. Eu tinha que sair dali, secar o rosto e fingir entusiasmo para amanhã. A festa não me parecia mais tão atraente assim, tudo o que eu queria era me enfiar debaixo das cobertas e nunca mais sair de lá.

Seco os olhos com as mãos trêmulas e aliso a blusa nervosamente, passo os dedos por entre os fios embaraçados, logo desistindo e ir andando para o estacionamento novamente.

Enquanto passava pelas vagas vazias, percebo que a Mercedes e o Camaro não estavam mais lá. Ótimo sinal.

Trinco os dentes e logo vejo Jen guardando as coisas que restaram da arrumação no porta malas, fechando o rapidamente e virando-se com uma expressão preocupada. E quando ela me avista, sua expressão se suaviza.

— Graças a deus, Claire! Não sabia que “tomar um ar” demoraria tanto tempo. — Ela faz aspas com os dedos.

Tento forçar uma risada para fora, mas a única coisa que consigo é um silvo baixo e trêmulo.

Ela me olha rapidamente com uma expressão de: “O que está acontecendo?”, mas balança a cabeça negativamente e muda de assunto, percebendo que não iria tirar muita coisa de mim no momento.

— Então vamos?

Afirmo com a cabeça e Jen joga a chave para mim por cima do carro enquanto entra pela porta do carona.

Entro no carro e o cheiro de couro dos bancos me acalma o bastante para fazer a tremedeira recuar e eu ter condições de dirigir sem temores de bater em um poste ou barreira.

O caminho para casa é silencioso, Jen faz algumas perguntas sobre a arrumação e minhas respostas são monossilábicas. Jen percebe meu estado de espírito e acaba com o interrogatório, agradeço internamente por ter Jen como melhor amiga.

No meio do caminho Jen liga o sistema de som e dá um gritinho animado.

— Ah! Eu amo essa música! — Ela diz, começando a cantar junto com o cantor.

Presto mais atenção na música e percebo que é a banda The xx, com a música vcr.

(música: http://www.youtube.com/watch?v=aXYGapX3_m0)

A letra da música era inofensiva e me acalmou de imediato.

Jen parecia ter esquecido a minha existência por alguns minutos por causa da música, o que me deu mais tempo para pensar sem aquele silêncio desconfortável, como se eu tivesse que falar alguma coisa.

Meus olhos estavam fixos na estrada molhada a minha frente, mas minha mente estava a mil quilômetros por hora, muito distante dali.

Minha mente estava se perguntando o porquê da minha reação a... Aquilo, e o porquê de eu me importar tanto.

Ele não se importava!

E porque eu deveria me importar?

Isso tudo era tão idiota e clichê que me dava náuseas.

Mas... Aqueles olhos... Eu poderia jurar que eu os reconheceria a cem metros de distância, que eu reconheceria e reagiria a aquele sorriso nem que se passassem cinquenta anos, minha alma concordava com isso, eu... Sentia que o meu âmago, que o meu verdadeiro eu o reconhecia. O que era uma sensação, um sentimento muito estranho.

Muito estranho.

Mas não deixava de ser sedutor e irresistível.

Sedutor e irresistível...

— Claire, cuidado! — Jen grita esquecendo a música e dando um grito agudo que ecoa por todo o carro, tirando-me de meus enleios.

Foco os olhos na estrada e percebo que meu Jaguar estava indo na direção da contramão, e que um caminhão a toda velocidade vinha nessa direção e se eu não desviasse o carro agora, meu Jaguar novo iria virar pedaço de ferragem.

Um grito fica preso em minha garganta enquanto eu viro o volante bruscamente para o lado oposto a faixa da contramão e onde o caminhão vinha buzinando, jogando-nos para o lado direito da pista de dois sentidos, o Jaguar ficando a beira de uma ribanceira.

Meu estômago deveria ter ficado a trinta metros atrás, pois um gelo havia se instalado em seu lugar.

Paro o carro e encosto a cabeça no volante, fechando os olhos com força e tentando acalmar a respiração.

— Mais que por... O que acabou de acontecer aqui, Claire?! — Jen grita para mim, destravando seu cinto de segurança e virando-se em minha direção.

Não levanto o olhar para ela, o que lhe dá mais combustível para continuar.

— Que merda Claire! Nós quase morremos por sua culpa, você tem certeza de que não quer que eu dirija? Você não me parece muito bem, na verdade você me parece meio... Verde. — Ela diz a última palavra como se tivesse segurando uma gargalhada.

Olho para ela, olho para o retrovisor.

Eu estava horrível.

Eu parecia uma versão Fiona magra e alta. O resto muito igual: cabelo ruivo, olhos verdes, pele verde. Na verdade eu estava bem parecida com ela, com a parte de ser feia e tudo mais.

Suspiro.

Giro a chave do carro e olho para Jen como quem pede desculpas.

— Me desculpe, Jen. Eu... Eu só estou cansada, só isso. — Sorrio e Jen parecia relaxar. Um pouco. O bastante.

Ela sorri e recoloca o cinto de segurança.

— Ok, minha mão vai me matar de qualquer jeito, só acho que você poderia me recompensar me levando até a porta de casa, minha mãe não me mataria com uma testemunha.

Isso me tira uma gargalhada.

Sinto-me como se não tivesse rido há anos, a sensação era boa, só esperava que a sensação durasse o bastante para afugentar as lembranças que eu sei que viriam quando eu encostasse a cabeça no travesseiro.

**********************************************

— Isso é tãããão legal, sabe. Você com o seu novo Jaguar e a nossa festa daqui a — Jen olha as horas no painel do carro. — 12 horas!

Jen dá pulinhos de alegria no banco do carona do Jaguar.

Reviro os olhos.

A noite tinha sido longa em todos os aspectos imagináveis, não tinha conseguido dormir muito essa noite. Na verdade não tinha conseguido dormir o necessário essa noite.

Imagens de duas pessoas que eu odiava intensamente – uma nem tanto, infelizmente – haviam se instalado em minha mente, como chiclete no asfalto.

Ok, analogia idiota.

— Sim, isso tudo é tãããão legal. — Digo em tom de ironia, mas Jen não parece perceber e entende isso como entusiasmo.

Suspiro.

Depois de alguns poucos minutos estaciono na vaga que ficava de frente para as imensas copas de árvores, que em minha opinião, era a melhor do campus.

Ligo o alarme do Jaguar quando saio do carro e ouço a porta do carona bater ao meu lado.

Jen dá um gemidinho gutural.

— Ah, merda. — Ela pestaneja.

— O que? — Pergunto.

Vou para o seu lado e Jen estava com olhos arregalados e com expressão derrotada.

Meu pulso acelera.

O que tinha acontecido?

— Eu não acredito que esqueci o trabalho de literatura! — Jen grita, colocando uma mão na têmpora e fechando os olhos com força.

Suspiro, aliviada.

Coloco uma mão em seu ombro.

— Calma Jen, o trabalho nem era para hoje. Eu acho. — Murmuro em uma tentativa nula de acalma-la.

Ela me olha em duvida e depois endireito os ombros e começa a andar. Ando ao seu lado.

— Tanto faz. Um trabalho a mais ou um trabalho a menos não faz diferença.

Dou uma risadinha nervosa.

Jenna conseguia me fazer rir por coisas idiotas e conseguia me assustar por coisas mínimas.

Ou eu que estava ficando paranoica mesmo e achava que em tudo tinha um significado obscuro. Provavelmente era a segunda opção.

— Ok, agora vamos que nós já estamos atrasadas.

*************************************

— Eu estava pensando em um vestido bem... Jenna sabe. Branco com detalhes em dourado e vermelho e uma mascara preta com pedrinhas brilhantes, sabe? — Jenna fala mexendo as mãos sem parar. — Ei, Claire para terra, você está me escutando?

Tiro os olhos da estrada e olho para Jenna em duvida.

— Hm, claro, continue.

Ela bufa e continua a falar.

A escola parecia ter passado voando e quando eu tinha dado por mim, nós já estávamos voltando para casa para podermos ir comprar os vestidos para a festa que aconteceria dali a cinco horas.

Eu não conseguia entender o motivo de eu estar tão ansiosa para a festa. Talvez fosse só a antiga Claire vindo à tona.

Eu esperava que fosse só isso.

Paro na frente da casa de Jen e ela abre a porta do carro.

— Só vou guardar a mochila e pegar o dinheiro, já volto. — Ela diz sobre o ombro.

Balanço a cabeça positivamente e ela bate a porta do carro, correndo para dentro de casa.

Ligo o sistema de som e coloco o primeiro CD que vejo, logo ele começa a reproduzir e eu me arrependo de não ter olhado o cantor antes.

Cut da cantora Plumb começa a tocar no meu sistema de som e eu me arrependo de não ter tirado esse CD do meu carro.

(música: http://www.youtube.com/watch?v=diaHnF-zfEg)

Suspiro e começo a cantar a música, ordenando a mim mesma para não chorar.

Felizmente Jen chega antes do berreiro começar, ela começa a tagarelas sobre qual vestido ficaria melhor em mim distraindo-me da música que ainda reproduzia no sistema de som do Jaguar.

Depois de alguns minutos paro o Jaguar em frente a minha casa, desligo o motor e abro a porta.

— Já volto.

Saio do Jaguar e ando apressadamente pelo jardim de minha casa, sendo assolada por lembranças não muito agradáveis.

Você pode sentir, mas não pode ver”.

Balanço a cabeça jogando essa lembrança no fundo de minha mente, enterrando-a a sete palmos abaixo da minha consciência que continuava a querer me perturbar.

Suspiro e destranco a porta da frente, entrando em um rompante.

Subo a escada de dois em dois degraus e coloco minha mochila na cadeira da mesa de estudos. Pego minha bolsa transversal e a coloco no ombro esquerdo, pego minha carteira e dinheiro no criado mudo e já estava saindo do quarto quando um livro familiar com capa em couro preto me chama a atenção.

Meu diário.

Tinha tanto tempo que eu não escrevia nele, por motivos que eu mesma desconhecia, por motivos que mesmo irrelevantes eu não deixava de lado.

Pego o meu diário de cima da mesa do computador e guardo-o embaixo do colchão da cama, onde sempre fora seu esconderijo.

Era ali seu lugar, era ali que ele deveria ficar.

Suspiro e saio do quarto, descendo a escada rapidamente e logo saindo de casa, trancando a porta ao passar.

Corro pelo jardim e logo chego ao Jaguar novamente onde Jen estava cantando mais alto que a própria música que não tive paciência para reconhecer.

No caminho, enquanto Jen ainda cantava a música alucinadamente percebo a música que ela estava cantando: Lady Antebellum, Need you Now.

(música: http://www.youtube.com/watch?v=eM213aMKTHg)

Eu gostava dessa música e não pude me conter por muito tempo e quando percebo estou cantando junto com Jen.

Quando a música acaba eu e Jen começamos a gargalhar e após alguns minutos nós tínhamos chegado à loja de vestidos.

Estávamos na loja J Crew, uma loja muito famosa em Miami que tinha filiais por toda a América do Norte. Os vestidos eram bem bonitos.

Logo quando adentramos na loja, uma atendente de longos cabelos castanhos e olhos simpáticos veio nos atender.

— Olá garotas, no que posso ajudar? — Ela pergunta de modo gentil e profissional.

Jen logo começa a explicar o vestido que estava querendo. A atendente a leva para uma parte da loja onde havia vários vestidos de gala e eu as sigo.

Olho alguns vestidos pendurados nas araras e logo bato os olhos em um vestido... Nada menos que perfeito.

(N/A: vestido da Claire: http://www.dicaseideias.com/wp-content/uploads/2011/06/Gugu-Mbatha-Raw-203x300.jpg)

Não havia duvidas de que eu o levaria.

O vestido era de uma cor neutra, entre o coral e o bege, tomara que caia. Na parte do busto ele era meio plissadinha com vários detalhes, tinha a cintura bem marcada e era longo.

Perfeito para mim.

Jen estava carregando um vestido azul escuro para o provador. Peguei meu vestido e a segui para prova-lo.

Entro em um dos provadores e começo a me despir, quando começo a ter a sensação de que estou sendo observada.

Olho para trás e tento enxergar pela pequena brecha da cortina do provador e não vejo nada a não ser uma vendedora atendendo uma mulher na faixa de seus vinte e poucos anos com olhar esnobe.

Suspiro.

Eu realmente estava ficando paranoica.

Passo o vestido pelo corpo, faço um coque alto no cabelo e observo o vestido em meu corpo pelo espelho a minha frente quando sou surpreendida por Jen abrindo minha cortina para mostrar o seu vestido no qual ela já estava vestida.

— Não é perfeito?! — Ela diz empolgada dando uma volta inteira para eu poder vê-la de todos os ângulos possíveis.

Coloco as duas mãos dos dois lados da cintura e faço um biquinho, analisando-a.

O vestido azul escuro fazia um contraste perfeito com a pele clara de Jenna. O seu vestido também tinha a cintura marcada com paetês pretos e era de um obro só.

(N/A: vestido da Jenna: http://www.dicaseideias.com/wp-content/uploads/2011/06/vestido-azul-festa-300x237.jpg)

Era muito bonito, afinal, o que não ficava bonito em Jen?

— Jen, eu não gostei muito. — Digo, mentindo.

A expressão de Jenna despenca na hora.

— O que? Como assim não ficou bonito? Eu achei perfeito! Mas sua opinião é muito importante então vou ver outro e...

Interrompo a tagarelice de Jenna.

— Ei, Jenna para terra, você está perfeita! Eu estava brincando com você sua boba. — Digo rindo e virando-me para tirar o vestido.

Jenna sorri aliviada e quando vê que eu estava dando meia volta de volta para o provador ela me agarra pelo punho, fazendo-me vira-la para ela me ver.

— Claire... Você está muito, muito bonita com esse vestido. Sinto pena de Trish Mansen. — Ela diz me olhando e balançando a cabeça.

Jogo a cabeça para trás e rio alto.

— Ok Jen, vou acreditar em você.

Jenna volta para seu provador e eu volto para o meu. Tiro o vestido rapidamente jogando-o por cima de meu ombro ao sair do provador.

— Vocês vendem máscaras aqui? — Ouço Jen perguntar para a vendedora que nos atendeu.

A vendedora a olha pensativa.

— Máscaras...? — A vendedora pergunta, parecendo pensar ainda.

— Sim, máscaras tipo “Baile de Máscaras”. — Ela faz aspas com os dedos.

A vendedora faz um “Ah” de reconhecimento e fala para Jen esperar um minuto.

Vou para a seção de sapatos e passo os olhos por vários pares bonitos, mas nada que combine bem com o meu vestido.

Jen também me seguia, seus olhos batem em um sapato, ela olha para mim e para o vestido em meu ombro, para o sapato de novo e dá um gritinho.

— Clai, esse sapato é perfeito! É da linha nova sabe, Christian Louboutin. É perfeita e está em um preço nada menos que maravilhoso. — Ela pega o par de sapatos e trás para mim e eu o pego, avaliando e me imaginando com ele e o vestido.

O sapato era de camurça e todo preto. Tinha um salto enorme, mas nada que eu não pudesse aguentar. Jen tinha razão, era perfeito.

(N/A: sapato da Claire: http://lh5.ggpht.com/_utsE49wWf7Q/S87mLWWpz3I/AAAAAAAABvs/VAzqNc4UWQU/s1600-h/Sapato%20Preto%5B5%5D.jpg)

Sento-me em um sofá perto e o coloco no pé, coube perfeitamente como se tivesse sido feito por uma encomenda minha.

— Ok, vou levar. — Digo, tirando os sapatos.

Quando levanto os olhos, Jen estava com um par de peep toes nude na mão.

(N/A: sapato da Jenna: http://ousadiadospes.com.br/blog/wp-content/uploads/2011/08/Ref.19-Peep-Toe-Glamour-Nude-3.jpg)

— Jenna aimeudeus, essas peep toes são perfeitas! — Digo, correndo para o seu lado.

— Também acho, vou leva-las com certeza.

Depois de alguns minutos Jen já tinha tirado os sapatos e a vendedora vinha em nossa direção com várias caixinhas pequenas na mão.

— Nós temos algumas máscaras aqui, ultimamente muitos clientes vem comprando e como vocês já vão levar um vestido e um sapato cada, a máscara vai ser por conta da casa. Podem escolher a vontade. — Ela diz e coloca as caixinhas no sofá para que nós pudéssemos vê-las melhor.

Meus olhos escorregam para uma máscara que estava por baixo de muitas outras e eu sabia que era a que eu iria levar.

(N/A: máscara da Claire: http://2.bp.blogspot.com/_UyaNCrz7IKM/TCKeCMrNlMI/AAAAAAAAAFw/nA-OdSOfE5I/s1600/baile+de+mascara.jpg)

Combinava perfeitamente com os meus sapatos e o meu vestido.

Ele era em um tom metálico entre o prata e o bege, linhas pretas subiam e contornavam a área dos olhos.

— Vou levar este.

Jen estava com duas caixinhas na mão, provavelmente indecisa.

— Se eu fosse você eu levaria este. — Digo, apontando para uma caixinha que continha uma máscara toda preta, pedrinhas brilhantes contornavam a área dos olhos. — Combina mais com o seu vestido e é muito bonito.

(N/A: máscara da Jenna: http://images.bymk.com.br/Sets/Set-1219085-500.jpg?v=634307761200000000)

— Ahh, obrigado Claire, você salvou a minha vida. — Ela diz com um olhar de alivio e agradecimento.

Ela se vira para a vendedora a nossa frente e devolve as outras caixinhas com as máscaras rejeitadas.

A vendedora sorri.

— Vocês irão pagar no cartão ou a dinheiro? — Ela pergunta enquanto nós íamos para a bancada pagar os vestidos e sapatos.

— Dinheiro. — Digo e olho para Jen.

— Eu vou pagar no cartão. — Jen diz por sua vez.

— Ok, sigam-me.

A vendedora nos levou para um dos caixas com enormes balcões e depois de poucos minutos nós já estávamos saindo da loja, satisfeitas.

— Tenham uma boa tarde. — A vendedora simpática despede-se de nós.

— Obrigada. — Eu e Jen dizemos em uniforme.

Andamos pela calçada da loja e atravessamos a rua, indo tomar um café na Starbucks.

Sentamos em uma das mesas que ficava fora da Starbucks, logo um dos atendentes veio anotar nossos pedidos.

Felizmente a Starbucks estava vazia hoje, o que podia se dizer que era um milagre.

— O que as senhoritas irão querer? — Um homem de aparência normal nos pergunta com um bloquinho na mão.

— Eu vou querer um Mocha e um brownie de chocolate. — Digo.

Jen pensa um pouco antes de responder e o atendente parece ter ficado um pouco irritado.

— E eu vou querer um Caramel Macchiato e um Cupcake de chocolate com amendoim, obrigado. — Ela diz e abre um sorriso para o atendente como se pedisse desculpas pela demora.

Quando o atendente sai Jen pega minhas duas mãos por cima da mesa e olha em meus olhos como se isso dependesse de sua vida.

— Agora você vai me falar exatamente o que anda acontecendo com você. — Ela diz arqueando uma sobrancelha.

Fico boquiaberta.

— C-como assim? — Pergunto, hesitante.

Ela revira os olhos.

— Porque você anda tão “eu não me importo com nada”? — Ela faz aspas com as mãos. — Eu sinto falta da antiga Claire.

Arqueio uma sobrancelha.

— Ok, ok. Nem tanto, mas você está muito... Diferente. Vai levar um tempo para eu me acostumar. — Ela termina.

Suspiro e solto suas mãos, colocando-as debaixo da mesa. Fico olhando para elas.

— Tem mais não é? — Ela pergunta como se isso fosse retórico.

Eu estava cansada demais para mentir.

Cansada demais de esconder coisas de Jen, qual é, ela era minha melhor amiga!

— E Trish tem a ver com isso? — Ela continua.

Suspiro e levanto os olhos para Jen, que me fitava de um modo compreensivo. Ela estava querendo me ajudar, somente isso.

— Ah Jen, eu não sei... Está tudo muito confuso aqui dentro sabe, não sei me expressar direito com relação aos meus sentimentos no momento. Mas quando eu souber o que está se passando você vai ser a primeira pessoa a saber, pode ter certeza. — Digo e sorrio.

Ela ainda me olhava em duvida, mas ela me pareceu mais aliviada.

O atendente chega com uma bandeja na mão com os nossos pedidos.

Comemos e conversamos sobre coisas superficiais, Jen parecia estar interessada em um menino no terceiro ano, um tal de John Under alguma coisa.

— É John Underwood, Claire. — Jen explica, rindo alto.

Rio junto com ela.

— É sério, parece que você nunca consegue arranjar um garoto com nome normal. Ben Stringer, Josh Bennet... Está faltando mais algum? — Digo ironicamente, ainda rindo.

Ela ri mais ainda.

— Está faltando o George Bradbury, aquele da quinta série. — Ela diz entre risos.

Saímos da Starbucks ainda rindo quando encontramos com a última – e primeira – pessoa que eu queria ver no momento.

Ele estava com os habituais jeans escuros, uma blusa lisa cinza e uma jaqueta de couro marrom escura.

Aqueles olhos...

Trish Mansen vinha em nossa direção com duas sacolas da Calvin Klein, atravessando a rua casualmente.

Jen me olha de relance com os olhos um pouco arregalados.

— Olá, meninas. — Ele nos cumprimenta como se fossemos velhos amigos.

Engulo a seco e empino o queixo.

— Oi, Trish. — Digo com um sorriso no rosto.

— Ei. — Jen diz, apenas.

Trish olha rapidamente as sacolas da J Crew em nossas mãos e volta a olhar para mim.

Porque ele tinha que olhar logo para mim?

— Estavam comprando os vestidos para a festa? — Ele pergunta casualmente, colocando as mãos dentro dos bolsos da calça jeans.

— Sim, agora se não se importa nós temos que ir. — Olho para o céu que já estava parcialmente escuro. — Já está ficando tarde e nós temos que nos arrumar.

Dou um sorrisinho de desculpa no final e puxo Jen pelo braço, indo para onde o Jaguar estava estacionado.

— Tchau, Trish. Até... Daqui a pouco. — Grito por sobre o ombro, não me permitindo olhar para trás e encontrar aqueles abismos azuis, sabendo que ali, seria meu fim.


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Notas finais do capítulo

E ai galera, mereço reviews? Espero que sim! Bjs Bjs



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