POV Emily

Foi meio difícil fazer o acampamento inteiro aceitar a idéia de que o Nico não era o culpado, de que Jake estava realmente vivo e que André era o verdadeiro culpado. Mas Quiron explicou tudo para os campistas no refeitório e, eu acho, que todos aceitaram a verdade. Alguns vieram cumprimentar Jake e outros foram pedir desculpas para Nico.

Eu estava muito cansada, tanto que nem fui para a fogueira depois da janta. Nico me acompanhou até o meu chalé.

–Parece que tudo está se resolvendo – Nico disse entrelaçando nossas mãos enquanto andávamos até o meu chalé. Sorri com isso.

–Sim – eu disse – Agora é só descobrir o porquê de tudo isso.

–Eu achei estranho terem colocado fogo justamente no seu chalé, bem na hora que eu pedi para que você fosse lá.

–Parece que alem de querer colocar você como culpado, queriam separar a gente. – eu disse. – Mas por que o André faria uma coisa dessas?

–Eu já tenho minhas suspeitas – Nico disse parando na frente do meu chalé.

–Espero que você esteja errado – eu disse e nós rimos. – Boa noite.

–Boa noite – ele disse me beijando e indo para o chalé dele.

–Nico! – eu gritei quando ele estava quase sumindo de minha visão. Ele se virou e veio para mais perto de mim. – Dorme comigo?

Ele me olhou com uma cara bem assustada e eu percebi o que ele tinha pensado.

–É só dormir – eu garanti – Não quero ficar sozinha.

Ele veio para mais perto de mim.

–É contra as regras – ele sussurrou de um modo sedutor.

–Ninguém vai reparar. – eu disse fazendo a carinha mais fofa que eu podia fazer.

Ele suspirou.

–Sabe que eu não resisto a essa carinha, né? – ele disse – E que eu prometi que iria ficar 24 horas ao seu lado, te protegendo. Então...

Dei um abraço apertado nele.

–Obrigada – eu disse – Agora vá pegar suas coisas no seu chalé, antes que alguém repare.

–Tudo bem – ele disse sorrindo e foi andando, não sei o porquê, até seu chalé. Ele podia usar viagem nas sombras.

Entrei em meu chalé. Eles tinham reconstruído ele do fogo, mas ele estava meio bagunçado, então tentei colocar ele em ordem até que eu sinto uma mão em meu ombro, e não era a do Nico.

–Mãe? – eu perguntei me virando e olhando a bela deusa que estava na minha frente.

–Olá querida – ela disse de forma amigável – Como você está?

–Não podia estar melhor. Por que veio até aqui.

–Eu preciso te contar uma coisa – ela disse – Provavelmente você vai brigar comigo, mas eu preciso contar a verdade para você.

–Olha – eu a interrompi – Agatha já está uma fera com a mãe dela, não quero sentir o mesmo por você.

–Desculpa – ela disse – Só quero explicar o porquê de ter acontecido tudo aquilo com o seu chalé, sobre o fogo.

Recuei um passo.

–Filha – ela continuou – Eu e Hades aproveitamos à situação, que André queria culpar o Nico, e colocamos o fogo em seu chalé.

–Foi você? – eu gritei. – Por quê?

–Você não pode ter um relacionamento com Nico! Ele é filho de Hades, meu marido! É o ser que mais abomino no mundo! E ele é seu meio irmão!

–Mas como você deve saber – eu disse – Deuses não tem DNA, isso não faria mal nenhum a nós!

–Eu sei – ela disse – Mas é estranho a situação. Hades me traiu, tendo um filho com outra mulher. Eu traí Hades, tendo você com outro homem. E esses filhos de apaixonam? Não da para suportar essa idéia! Hades te odeia ainda mais por estar com o filho dele, tem noção do quanto é difícil segurá-lo?

–Mas como você deve ter percebido – eu disse muito brava – Eu e Nico nos amamos e nada pode nos separar.

–Eu e Hades somos contra isso – ela disse brava – E vamos dar um jeito. E diga a Agatha que a mãe dela estará esperando por ela.

–Claro! Aposto que você e Quione vivem se ajudando! – Resmunguei.

–Sinceramente, não sei de onde você e Agatha puxaram tanta teimosia. Principalmente você!

–Ah, você não sabe? – Ironizei.

Ela semicerrou os olhos e me encarou de forma assustadora.

– Eu e Hades não concordamos com esse namoro idiota! Como disse, nós vamos dar um jeito.

E com isso ela sumiu em uma fumaça preta, deixando um leve aroma de flores no ar. Mas que raiva!

–Aconteceu alguma coisa aqui? – Nico disse aparecendo em meu chalé.

–Ah! Nada de mais – eu disse irônica – Só minha mãe apareceu dizendo que ela e seu pai colocaram fogo no meu chalé, para separar a gente.

Nico não pareceu tão surpreso assim.

–Por quê? – Ele perguntou.

–Porque Hades traiu Perséfone e vice e versa. E esses filhos não podem namorar, porque são meio irmãos! Fora que Hades me odeia e minha mãe odeia você!

Ele veio até mim e me abraçou.

–Minhas suspeitas estavam certas! – ele disse – Mas nada vai separar a gente, ok? Eu prometo.

–Isso não pode acontecer de novo – eu disse com lágrimas nos olhos.

–Não vai – ele disse – Não vão conseguir.

Fui até o banheiro e coloquei um pijama, quando saí Nico já estava deitado em minha cama. Deitei ao seu lado e ele me abraçou.

–Eu estava pensando – ele disse – Nós vivemos um amor proibido.

Eu ri.

–Um amor proibido – eu repeti.

Mas aquilo ainda fez meu estomago se revirar. Quer dizer, amores proibidos não dão certo! Ainda mais com dois deuses ctônicos atrás de você.

Mas eu e Nico não vamos nos separar. Não de novo. Não vou cair nessa de sofrer pelo que os outros estão fazendo comigo. Eu estava junto com Nico e sabia que ele não ia deixar isso acontecer de novo…

Não ia mesmo.

Acordei com suas mãos brincando com meu cabelo. Antes mesmo de abrir os olhos eu já tinha um sorriso bobo estampado no rosto.

–Bom dia. – Murmurei.

–Desculpa, não queria te acordar. – Ele falou.

–Que nada. Eu poderia ficar o dia inteiro aqui, sabia?

–Somos dois, mas aposto que daqui a pouco a Agatha vem te infernizar.

–Ah, com certeza…

–E não quero estar aqui quando ela chegar.

Eu sorri e me sentei.

–Que horas são?

–Quase dez. – Ele respondeu olhando no relógio.

Me deitei de novo.

–Quando for dez horas eu levanto.

Ele sorriu e me abraçou de novo. Ficamos ali conversando até que não tivemos desculpas a não ser levantar. Nico me deu um rápido beijo e foi para seu Chalé. Novamente, ele optou por sair andando. Isso ainda iria causar problemas…

Me troquei e saí do Chalé indo para o Refeitório. Mas no meio do caminho Agatha apareceu na minha frente com uma cara nada legal.

–Diz que o que eu vi a dez minutos foi ilusão.

Corei e segurei o riso.

–O que você viu?

Agatha começou a ficar agitada.

–Nico di Angelo saindo do seu Chalé! Que história é essa? Eu não vou ter aquela conversa com você, Emily…

–Agatha, não aconteceu nada! - Corei ainda mais.

–Ah, não? – Ela sorriu irônica.

Ah, meu deus! Não acredito que vou passar por isso.

–Não, não aconteceu nada!

–Emily, eu não vou cair nessa…

Felizmente, Jake estava caminhando em nossa direção com um baita sorriso no rosto.

–Como vão, mulheres? –Ele nos cumprimentou.

Agatha arregalou os olhos.

–Ele te chamou de mulher? – Perguntou para mim. - Ah, não acredito…

–Agatha! Não aconteceu nada! – Gritei.

– Ixi, to vazando. – Jake se virou e quando começou a andar eu o segurei.

–Convence a Agatha de que não aconteceu nada entre eu e Nico?

Ele me olhou daquele jeito “porque me meteu nessa”, e fez que não com a cabeça. Quando ele vai parar de ter medo da Agatha?

– Agatha, - eu a chamei devagar. – Eu te contaria se acontecesse alguma coisa. E não aconteceu. Juro.

–Pelo Estige. – Ela mandou.

–Qual seu problema? – Indaguei. Mas ela continuou me encarando até eu jurar. – Satisfeita?

–Sim. – Ela puxou Jake pela mão e eu fiquei vendo ela sumir com o namorado.

Finalmente minhas bochechas pararam de queimar e eu consegui andar novamente. Fui para o Refeitório, tomei meu café e caminhei até a Arena para treinar. Claro, tive que passar por uma quase 'sessão de autógrafos'. Todos vinham atras de mim perguntando como foi a missão e eu repondia tudo de novo.

Seria um longo dia...