"Querida... Seja lá quem for,

Espero que dessa vez a coruja tenha mandado a carta para a pessoa correta. Acredito que sim, pois usei a mesma coruja que peguei emprestado no corujal e disse a ela para mandar para a que eu mandei minha ultima carta.

Sinto muito pelo incomodo. Mandei a coruja mandar minha mensagem para uma garota da Grifinória com cabelos longos e lisos e olhos castanhos.

Deveria ter sido mais especifico... De qualquer modo, se quiser me encontrar, estarei usando uma sacola na cabeça me escondendo de todos, pois parece que a estória do gato vai se espalhar.

Outra vez, perdoe-me pelo mal-entendido."

Ao ler isso, Lily sentou-se outra vez em sua cama.

Pegou suas coisas, molhou a pena na tinta e voltou a escrever:

"Querido Destinatário Desconhecido, (Tudo bem se eu te chamar de DD? Não estou com vontade de escrever sempre "Destinatário Desconhecido". É meio longo, não acha?).

Dessa vez fique feliz e tranquilo que a coruja mandou sua carta para a pessoa certa.

E estou totalmente a favor de você usar uma sacola na cabeça para se esconder dos outros (camuflagem perfeita), afinal assim, pelo menos saberei de cara quem você é *risos*

De qualquer modo você ainda não me contou a estória do gato.

Estou realmente querendo saber mais sobre isso.

De sua RD (Remetente Desconhecida)"

Sem demora, ela amarrou o pergaminho com uma fita vermelha e amarrou na perna da coruja de celeiro.

O pássaro se assustou por um momento, pois estava tomando um gole d'água do copo que a Lily lhe oferecera, mas assim que percebera que era a ruiva, a coruja lhe deu um pio carinhoso.

– Mande para o DD, ta? - perguntou a coruja, como se estivesse pedindo para um amigo - Ou seja - continuou como se achasse que o animal estivesse ficado confuso - Mande para a pessoa que te mandou até mim.

A coruja lhe bicou de leve, como se tivesse dito que havia compreendido.

Assim que o pássaro saiu voando pela janela, Lily se jogou na cama e pegou sua lição de casa.

Eram quase vinte horas da noite.

Na realidade, ela tinha somente visto a carta de DD quando voltara ao dormitório, onde a coruja já estava esperando.

Não estivera no dormitório até aquele momento. As colegas do dormitório de Lily estavam provavelmente saindo em um encontro escondido com seus namorados. Sentiu-se por um momento aborrecida, teria sido bom ter saído do quarto em vez de estar ali fazendo seu dever de poções.

"As características e utilidades da Ambrosia"

A garota escreveu em um pergaminho, a procura de se lembrar o que fora que aprendera nas aulas de poções, quando de repente, algo entrou voando para dentro de sua janela.

A garota levou por um instante um susto, mas então percebera que era somente a coruja.

– Nossa - disse impressionada - Essa foi rápida.

A garota abriu a gaveta de seu criado-mudo e tirou de lá um biscoito que ofereceu a coruja, enquanto retirava o pergaminho.

"RD,

Não tem nada demais na estória do gato.

Além do mais, por que deveria te contar se nem mesmo sei quem você é?

De DD

Lily fez um biquinho e olhou para a coruja pensativa.

Então sorriu consigo mesma e escreveu uma única frase.

"Odeio quartas-feiras"

A garota só esperou que a coruja terminasse o biscoito para ter a oportunidade de amarrar seu pergaminho em sua pata.

x-x-x

"O que tem demais nas quartas-feiras?" – dessa vez ele nem se incomodara de escrever o nome do destinatário.

"DD,

*risos*

Não foi você que disse que não me contaria por não me conhecer?

Bem, então, estou aqui dizendo algo sobre mim, para que você assim possa escrever sobre a estória.

Odeio quartas-feiras. As odeio, por que não há treino de Quadribol que eu possa espiar, tenho duas aulas de Transfiguração e três de História da Magia (não aguento nem mesmo uma, como suportar três?), tenho que aturar a cara de nosso amado professor de poções (*cof* amado nada *cof).

Simplesmente é o dia mais estressante da semana (o que significa muito, já que estou no ultimo ano e tenho que fazer os NIEMS)

Pronto, agora é sua vez, me conte sua estória do gato.

De RD"

x-x

"DD,

Ah sim, a estória do gato vomitando em meus sapatos é super interessante.

Preste muita atenção...

Um gato... vomitou... em meus sapatos.

Pronto. Essa é a estória. Dava para escrever um livro com essa informação”.

x-x-x

"Não estou satisfeita *fazendo biquinho*

Não vale!!!!!!!!!!!!!!!!! <- notou minha raiva? Descontei nas exclamações.

Acabei de te contar sobre mim e você não me fala o seu conto do vomito de gato... Se é assim quero no mínimo saber essas coisas:

Nome:

Idade:

Casa:

Aulas prediletas:

Professor predileto:

Que ano está:

Animal predileto:

Cor predileta:

Comida predileta:

Foto sua:

Por favor, preencha o formulário e mande para mim o mais rápido possível.

Obrigado por escolher o atendimento RD.

Assim que receber, irei mandar-te a resposta o mais rápido possível.

Volte sempre,

Da Firma dos Remetentes Desconhecidos."

x-x-x-x

"Nome: Destinatário Desconhecido

Idade: Muito mais jovem que meus pais

Casa: Aquela em que o brasão é um animal.

Aulas prediletas: Uma onde temos que aprender um monte de inutilidades.

Professor predileto: Tem um que nos ensina coisas, então é esse.

Que ano está: 7 ano (respondo essa aqui seriamente somente porque está aí algo que temos em comum)

Animal predileto: Ser vivo

Cor predileta: Nenhuma

Comida predileta: Todas aquelas que me alimentam"

No espaço de "Foto minha", o garoto havia realmente colado uma foto dele.

Lily tentou segurar o riso falhando terrivelmente. O garoto havia tirado uma foto de si mesmo, com uma sacola de papel na cabeça.

x-x-x

" DD,

Tenho que admitir, você é muito mais bonito do que imaginei.

Como é que nunca te vi na escola antes *risos*?

Bem... Acredito que é melhor eu parar de te escrever por hoje. A pobre da coruja está quase pegando no sono.

Acho que a mandamos voar muito por um dia (ou melhor, noite).

Deveríamos achar um nome pra ela, (ou seria ele?). Eu voto para chamarmos de Tyto.

Ok, eu sei... sou péssima com nomes.

Então, me manda uma carta a mesma hora que hoje?

E você ainda tem que me contar mais sobre você... Tudo que sei até agora é que você está no mesmo ano que eu e é da Lufa-Lufa.

Ah, uma dica para você... Da próxima vez que quiser ser misterioso, tente não tirar uma foto onde você esconde seu rosto, mas esquece de esconder a gravata amarela de seu uniforme."

x-x-x-x-x

– Você está bem? - perguntou Hugo ao perceber como sua prima estava parecendo cansada.

Lily bocejou.

– Estou ótima! Só um pouco cansada.

O garoto a olhou com cuidado. Nunca a vira tão sonolenta antes, ao contrário, ela sempre foi cheia de energia e entusiasmada.

– Anda dormindo bem? - perguntou ao notar que a sua prima tinha olheiras debaixo dos olhos.

– Estou. - mentiu.

Na realidade, não dormira quase nada.

A verdade é que ficara a noite inteira escrevendo com o tal menino do sétimo ano.

– Agora falando sério - disse Hugo olhando para ruiva com os olhos estreitos. Os dois sentaram-se na mesma mesa enquanto esperavam pelo professor de feitiços - Você tem certeza que anda dormindo bem?

Dessa vez, ela não respondera. Percebera algo, na aula de Feitiços a casa da Grifinória dividia a aula com os de Lufa-Lufa. Ela teria dado um tapa na própria testa. Como se esquecera disso? Afinal, seu primo a acompanhara até a sala e isso somente porque e Hugo assim como o destinatário desconhecido pertencia a Lufa-Lufa. Ou seja, provavelmente a pessoa com quem ela escrevera a noite passada estaria com ela.

Hugo a estranhava. De repente, parecia que havia notado algo e também olhava para os outros alunos com interesse, como um cachorro que acabara de ver um esquilo.

"Onde ele está?" - perguntou Lily consigo mesma - "Ele passou a noite inteira escrevendo comigo... Deve estar também cansado".

A garota olhava de garoto a garoto. Nenhum deles possuía olheiras, nenhum deles tinha cara de que passaram a noite em claro como ela.

De repente, sentiu o sangue subir a sua cabeça. Será que ele mentiu?

Quem sabe ele nem mesmo esteja no sétimo ano.

– Silêncio - disse de repente o professor com autoridade. A sala que antes estava cheia de cochichos e conversas ficou quieta - Como já devem estar cansados de saber, este é o ano que todos vocês irão presentar os NIEMS.

– Jura? Taí algo que não sabia - reclamou Hugo de voz baixa, cruzando os braços em cima da mesa e deitando sua cabeça neles.

– E hoje, quero que vocês pratiquem "Aresto Momentum", alguém poderia me explicar que feitiço é esse?

Nenhuma mão ergueu-se no ar, mas Lily pode ouvir Hugo murmurar a resposta.

Parece que o professor, assim como Lily, sabia que Hugo tinha a solução na ponta da língua.

– Ninguém? - perguntou com um sorriso brincalhão no rosto - Muito bem... senhor Weasley?

Hugo que antes estava descontraído deitado em seus braços, ergueu-se imediatamente ao escutar seu nome.

– Varinha em mão, Weasley - ordenou o professor dando de costas para turma e parecendo muito interessado em um vaso que estava posicionado em cima da mesa.

Hugo ergueu suas sobrancelhas parecendo surpreso, pegou sua varinha do bolso e esperou para que o educador dissesse algo mais. Em vez disso, o professor pegou o vaso e ainda o observava muito absorto.

– O senhor sabe a resposta, senhor Weasley. - disse sem tirar os olhos do vaso que tinha nas mãos.

– Não. - respondeu o ruivo sem demora. Estava se sentindo incomodado por todos os outros alunos estarem prestando atenção nele.

– Senhor Weasley, isso não foi uma pergunta. O senhor sabe.

Hugo não disse nada, mas ficara vermelho nas orelhas.

– Sejamos sinceros, o senhor tem a capacidade de tirar as maiores notas por aqui. Não negue! - adicionou ao ver o olhar incrédulo do garoto - Todos os professores sabem disso, senhor Weasley, você é o único que recusa a mostrar suas habilidades. Tenho deixado você se comportar dessa maneira por todos esses anos, mas este ano, eu quero que todos meus alunos deem o máximo de si mesmos. É o ano mais importante de todos! E... Está mais que na hora do senhor se apresentar mais nas aulas, principalmente as práticas. Então... irei repetir mais uma vez: Para que serve "Aresto Momentum?"

– Não sei, se -

Hugo nem mesmo teve oportunidade de continuar. O professor havia jogado o vaso em direção ao garoto como se fosse uma bola de beisebol.

"ARESTO MOMENTUM!" - ordenou o ruivo com os olhos arregalados, o coração acelerado e a varinha apontada para o vaso que estava a poucos centímetros de distância.

O vaso ficou parado no ar por um segundo... dois segundos... três... quatro...e... CRASH. Caíra no chão e se rompera em mil de pedaços de vidro. O professor parecia satisfeito enquanto o resto da sala estava de bocas abertas, parecendo não saber o que era mais surpreendente, o fato do professor ter jogado um objeto em direção a um aluno ou de que Hugo na realidade conseguir fazer um feitiço corretamente na primeira tentativa.

– Então, senhor Weasley? - perguntou o professor com um sorriso maroto - Para que serve o feitiço.

Hugo ofegava, ainda estava se recuperando do susto.

– Serve para paralisar objetos em movimento. Parar o tempo por um momento, por assim dizer.

– Correto! - respondeu o corvinal parecendo mais que alegre - Vinte pontos para Lufa-Lufa, dez pela resposta correta e dez por realizar o feitiço perfeitamente na primeira tentativa. Agora - disse levantando a varinha e abrindo um armário onde muitos objetos saíram voando de dentro e flutuavam rapidamente pela sala - Quero que pratiquem o feitiço. Abram os livros na página 56, onde podem ver como o feitiço se realiza corretamente. Enquanto isso, senhor Weasley, será que eu poderia conversar com você a sós?

Hugo na realidade, não parecia realmente querer conversar com o louco que lhe jogou um vaso, mesmo assim, confirmou com a cabeça.

Enquanto o resto dos alunos procuravam parar canetas, blocos de desenhos, penas, tinteiros e livros que voavam rapidamente, Hugo saiu da sala e se encontrou com o professor no corredor afora, onde estavam livres do tumulto da aula.

– Escute, senhor Weasley, eu sei que o senhor deve estar pensando o por que de eu reagir daquela forma...

– Que forma? - perguntou Hugo dando de ombros e encostando suas costas nas paredes - Quero dizer, é muito normal um professor jogar um vaso em um aluno. Taí algo que vemos todos os dias.

O professor suspirou cansado.

– Preste atenção, Hugo! - O garoto ficou surpreso ao escutar seu primeiro nome saindo da boca de seu professor - Você não é burro, nem idiota e nem nada do gênero. Muito pelo contrário, você é provavelmente o mais inteligente de todos! Preguiçoso, mas inteligente. E quero que leve mais a sério seu talento, principalmente agora que está prestes a apresentar seus NIEMS. Sua irmã teve notas excepcionais e o senhor também conseguirá!

Hugo sentiu suas orelhas ficarem vermelhas.

– Na realidade - continuou o professor - As vezes nem mesmo compreendo como o senhor não entrou na Corvinal como Rose.

As orelhas do garoto agora pareciam dois tomates.

– Através de suas provas e de seus deveres de casa, todos os professores estão conscientes do quanto você sabe, Hugo. Nunca vi uma tarefa sua que não merecesse nota máxima. O problema é sua atitude em aula. Sempre desinteressado, sempre se recusando a responder perguntas que o senhor sabe as respostas e nunca realmente tentando melhorar suas habilidades! Eu sabia que o senhor poderia fazer "Aresto Momentum" sem problema, porque é fácil de se aplicar quando você sabe a teoria muito bem. Só que você tem que entender que não é assim com muitos feitiços! Alguns deles é preciso de muito treino antes de dominá-los perfeitamente e se o senhor não começar a levar isso a sério, irá falhar esses feitiços na parte prática dos NIEMS! O senhor é esperto e o senhor tem a capacidade de ser grande! Rose conseguiu ser a melhor de seu ano e tenho certeza que o senhor pode ser do seu.

Hugo não sorria.

– Sabe qual é a diferença entre mim e Rose, além de nossas casas? - perguntou Hugo sério - Rose pode ser esperta, ela pode querer aprimorar sua inteligência o quanto quiser e mostrar com orgulho suas habilidade lógicas. Eu por outro lado... nunca pedi para ser inteligente.

– Hugo... - disse o professor com calma, mas surpreso - Não sei se o senhor realmente entendeu o quão importante os NIEMS...

– Ah por favor! - interrompeu Hugo zangado - Não quero ser mal-educado, mas todos nós já entendemos o quanto isso é importante! Não tem um professor que não nos relembrem disso! E o senhor pode repetir o quanto quiser, não me importo. O senhor mesmo disse que sou bom na teoria e se não me engano se eu tirar boas notas na teoria sou capaz de passar em todas as matérias, mesmo não sendo excepcionalmente bom na prática.

– Sim, mas...

– "Mas o senhor pode conseguir melhor, o senhor pode ser o melhor de seu ano"– terminou Hugo já imaginando o que o outro diria - Não quero ser o melhor do ano. Não vejo por que preciso ser!

– Hugo! Mas você...

– Por favor - interrompeu Hugo friamente - Não repita a palavra talento - disse lembrando das palavras anteriores do professor - Não preciso levar a sério minhas habilidades, por que posso ser sincero? Para que serve eu possuir um talento que eu nunca quis ter?

E assim, o ruivo deixou o professor de feitiço sozinho no corredor.

x-x-x-x

– Ok - disse a garota séria no Salão Principal olhando para o primo - O que foi aquilo?

Hugo sentiu seu rosto corar. Todos que estiveram na aula de feitiços estavam cochichando e conversando sobre o que acontecerá lá. O garoto estava odiando toda aquela atenção.

– O que foi o que? - perguntou indiferente.

– Hugo, sou eu. - argumentou a ruiva calmamente - Oi, Lily lembra? Sua melhor amiga?

– O que que tem? - questionou pegando um pedaço de peru aparentemente apetitoso.

– Eu quero saber... Como você fez aquilo?

– Ahauquilo fsque? - falou com a boca cheia

– Engole primeiro o que você tem na boca, seu porco.

– Aquilo o que?

– Você sabe! - exclamou a garota - Parar o vaso com tanta facilidade! Como você sabia que feitiço era aquele.

– Você também já sabia... - respondeu o garoto casado.

– Sabia?

– Rose não parava de falar sobre as coisas que tinha que aprender quando ela estava no sétimo ano, lembra?

– Hugo.... Isso foi há dois anos atrás.

– E daí? - perguntou colocando um pouco de suco em seu copo.

– E daí que como eu me lembraria disso?

– Ta você quer a verdade?

– Sim.

– Eu chutei - disse dando de ombros, torcendo para que a garota pelo menos acreditasse naquela mentira.

– Chutou? - estava incrédula.

– Sim. O cara jogou um vaso em mim! Simplesmente fiz exclamei o nome do primeiro feitiço que veio na minha mente, que naquele caso era "Aresto Momentum". Apontei a varinha, gritei o feitiço e tive a sorte de que funcionou.

– E como você sabia depois para que serviria?

Hugo fingiu um risada.

– Não está na cara? - perguntou - Lily! O maldito vaso parou no ar! Estava na cara para que servia o feitiço, não?

– É... acho que sim...

Hugo sabia que ela não estava convencida, mas não tinha vontade de discutir com Lily sobre aquilo. Era um assunto muito pessoal para o garoto. Ele sabia muito bem por que o chapéu seletor o colocou na Lufa-Lufa apesar de ter a inteligência de um Corvinal.

E tinha certeza de que se compartilhasse a informação com alguém, as pessoas iriam agir como seu professor.

– Sabe, perdi o apetite. - disse de repente levantando-se da mesa e indo embora.

x-x-x-x

"RD,

Você quer saber algo sobre mim? Bem, você odeia quartas-feiras... Eu odeio quem sou"