Já estávamos a um bom tempo naquele lugar, eu por minha vez não sabia o que fazer, ali era o fim do mundo, não tinha ônibus ou até mesmo carros de viagens... Apenas caminhoneiros... Apenas...

- Lindsey, por que não compra uma água pra nós dua... – ao ergue a cabeça me calei por ver que a menina não estava ali. Revirei os olhos e secando o suor da testa olhei a minha volta vendo à loira conversando com um grupo de homens. Ela tinha mesmo o gene da mãe e isso eu não poderia nunca descordar.

Eu poderia até deixar à chata, irritante e chata – de novo – da Linds ali enquanto eu pensava em algo ela não me perturbaria. Mas não, aqueles caras poderiam se irritar com ela. É claro que eu deveria pensar no pior, como alguns daqueles caras ser um tarado ou até mesmo um maníaco, mas a única coisa que passava pela minha cabeça maravilhosa era que aqueles homem robustos e com a barba pra fazer se irritariam com ela.

Fui até o grupo que gargalhava e o que mais me irritou naquela gente foi quando cheguei eles ficaram me olhando com cara de bunda como se nada tivesse acontecendo por ali. Parei quase no centro da rodinha mal formada. Olhei pro homem rosa, com uma roupa que só de olhar o suar piorava em mim. sua barba branca, eu diria que ele era velho se não fosse a falta de rugas em seu rosto. Ele me encarava de modo como se eu fosse a errada dali, como se meu lugar não fosse ali.

O encarei. Ele fez o mesmo.

- Então essa é a honey? – Ele perguntou  e mesmo olhando pra mim eu sabia que ele perguntava a Linds.

- Sim! – ela quase sussurrou.

- Você é debochada. – olhei a loirinha que sorria pra mim – Acha mesmo que sou honey pra ela? – me virei pro barbudo.

- Você estava certa. – o homem se virou totalmente pra loirinha que fez um sim com a cabeça, confirmando o que foi dito.

- Ah, isso esta ficando meio bizarro. – fiz uma careta olhando pro velho ao meu lado que estava com a boca meio aberta – Não quero saber o que falavam de mim. E o que ela falou. – apontei pra espirro de gente – Ela mente.

- Nossa. – o homem a olhou franzindo o cenho.- Não ligue Samuel. Eu te disse. – ela dizia aquilo erguendo o braço. Ao vê-los tratando um ao outro pelo nome me irritei.

- Lindsey, o que eu já disse sobre não falar com estranhos? – a encarei furiosa, com os olhos pegando fogo.

- Você fala com o Grissom e eu nem digo nada. – ela fez um bico olhando pro lado.

- Como sabe do nome dele? – franzi a testa curiosa.

- Sabendo. – foi a única coisa que ela respondeu.

- Você. – dei de ombros, sobre aquilo poderíamos conversar outra hora. Me virei pra Samuel que me olhou – Não sabe que não se deve confiar em criancinha? 

- Ele vai nos levar até a próxima cidade. – a loirinha quase gritou. Minha raiva amenizou e ao poucos meu rosto foi voltando a forma normal.

- você é tarado? Pevertido? Maluco? – se ele não erguesse a mão mandando eu parar, talvez eu tivesse feito muito mais perguntas ao seu respeito.

- Não sou nada disso. - ele riu junto com os outros que estavam ali. Grunhi baixo e peguei Lindsey no colo, saindo daquele lugar.

- Ei espere. - Samuel gritou.

Levantei o braço esticando a mão e lhe mostrando o dedo do meio sem olhar pra trás pra ver sua reação.

Linds se debatia no meu colo.

- Para! - apertei ela.

- Me solte então. - ela tentava me empurrar.

Quando saimos do restaurante a coloquei no chão, onde ela ficou me encarando. Me abaxei na frente dela.

- Na proxima vez que eu ver você falando com estranhos, vai se ver comigo mocinha. - murmurei, cheia de autoridade.

- Você. Não. Manda. Em. Mim. - ela também murmurou ao franzir a testa -  E além do mais ele só nos levaria até a proxima cidade. - ela cruzou os braços, se afastando um pouco de mim pra se sentar na sombra.

A primeira parte ela estava certa e errada, eu mandava um pouco nela, porque além de ser mais velha sou eu que estou cuidando dela... Enfim, ela me irrita. Mas a segunda parte talvez ela estivesse, complamente certa, o que custa aquele homem nos levar até uma outra cidade?

- A nossa vida! - gritei me virando pra loirinha que me olhou sem entender.

- Demente! - ela balançou a cabela.

- O que? - fiquei de pé e ela arregalou os olhos apertando a mochila e correndo.

Corri atrás dela que já entrava no banheiro. Segurei sua mochila fazendo ela tombar pra trás, caindo de bunda no chão. é claro que depois dessa meu mal humor se foi. Mas mesmo assim eu ainda estava irritada. Rodopiei ela, pra olhar dentro daqueles olhinhos claros e do mal.

- Você as vezes não sabe o que fala né?- balancei a cabeça enquanto via aqueles olhos marejando - Acho que você não tem amor a vida. - a soltei olhando pra trás. Tentando pensar em algo que não me levasse até Lindsey e não ter a ideia ou o pensamento de esmaga-la em qualquer lugar ou por qualquer coisa.

Cocei a cabeça e estreitei os olhos. Samuel.

Olhei pra Linds a puxando do chão. Nada ela disse, claro que não ia dizer, sabia que estava completamente errada. Só deixou que eu a pegasse no colo e corresse pra uma direção que nem ela quis olhar, porque mesmo meu corpo estando em movimento eu podia sentir o dela se movendo de forma diferenciada do meu. Mais uma vez a peste chorava.

Corri até o caminhão que já estava sendo ligado pra dar partida. Era dificil correr e carregar Lindsey ao mesmo tempo, mas eu conseguia. Tinha que conseguir...