Imagine ler essa capitulo com uma musica de fundo bem suave tipo (look what you've done) ou então infantil (why don't you like me).

Estávamos mais perto de Las Vegas. Mas perto do que imaginávamos. Mas eu estava tão cega por Gilbert Grissom que eu só queria segui-lo, só queria tê-lo pra mim. Isso, acho eu, que deve ser algum tipo de obsessão, mas vai saber.

Enquanto caminhávamos pela estrada deserta, eu e a pequena Lindsey comíamos chocolate derretido pelo calor que fazia.

– Agora esta bonita. - ri ao passar o dedo sujo de chocolate no nariz dela.

– Oh tia Sara. - ela bateu o pé vendo que já tinha lambido todos os dedos.

– Esta sem munição. - mostrei a língua pra ela.

– Dessa vez. - ela fez bico e saiu correndo pro meio da estrada.

Meu coração acelerou de forma que me fez gelar por dentro.

– Linds volte pra cá agora. - berrei.

Ela parou me olhando e olhando para os lados.

– Mas não tem nenhum carro. - ela me olhava - Vem é legal. Parece sei lá. Adrenalina. - ela sussurrou a ultima palavra.

– Isso é idiotice e só pessoas suicidas fazem isso. - franzi a testa.

– Se por algum acaso a gente morrer segure a minha mão. - a loirinha gargalhou.

– Se você morrer sua mãe me mata e ela vai pro além te matar de novo por me desobedecer. - fiz bico.

– Ela fazia isso comigo. - seus olhos viajaram para o passado.

– O que? Onde?

– Em qualquer rua. Desafiávamos a morte de qualquer jeito.

– Mas você só tem..

– Dez anos. - ela completou. Respirei fundo, eu não queria saber daquela historia. Se elas tentavam se matar por diversão e estavam vivas até hoje o que quê custava eu tentar?

Olhei pros dois lados pra ter certeza e então fui pro meio da estrada.

Lindsey sorriu mas se afastou de mim.

– Não vou te arrastar pro canto, vou te acompanhar. - sorri esticando o meu braço e balançando a minha mão pra que ela a pegasse.

**~~

O Sol ainda estava quente, mas eu podia ver que estava no fim da tarde e a qualquer momento a noite poderia atacar.

Eu olhava pra Lindsey que tinha a testa molhada de suor e os olhos pesados. Sorri.

– Aguenta só mais um pouco. - sussurrei balançando seu bracinho.

Ela somente balançou a cabeça.

Estávamos cansadas, passamos toda a tarde caminhando pela estrada quente.

Andávamos sob aquele sol escaldante. Minha boca que já estava ressecada e nada vista...

Bi-Bi-Bi-Bi.

Levei um susto. Estávamos nos meio da estrada, estávamos erradas. Foi engraçado, porque peguei Linds no colo e corri para o acostamento.

Mas o carro parou ao nosso lado, ainda buzinando. Como eu não reparei?

O carro reluzente e prateado, sem o teto, bancos de couro, um motorista barbudo... Ele não combinava nem um pouco com aquele lindo carro, mas foi a nossa salvação.

– Samuel? - franzi a testa colocando Lindsey no chão que despertou em um segundo.

– O que estão fazendo aqui? Entrem. - ela nos chamou sorrindo.

Olhei pra Linds que fez não com a cabeça.

– Não se preocupe. - apertei sua mão.

Coloquei ela no banco de trás e fiquei no banco da frente ao lado de Samuel que nos olhou de cima a baixo.

– Lindsay esta linda com esse macaquinho. - ele piscou e eu franzi a testa - Tenho uma sobrinha que tem uma blusa listrada que nem a sua.

– Obrigada. - ela bocejou.

– Ela esta com sono. - sorri pra loirinha que pediu socorro com os olhos - Pode dormir Linds.

– Deixe minha mochila com você. - ela deitou no banco.

Olhei pra Samuel que deu partida, na hora meu cabelo voou pra trás. Aquele carro era perfeito e lindo e muito confortável, mas passei a odia-lo quando o vento começou a ricochetear.

– Achei que só ficasse em caminhões...

– É o que todos acham. - ele riu - Estão indo pra Las Vegas?

– Sim. - respondi abraçando a mochila da loirinha que parecia dormir no banco de trás - O que faz por aqui e com esse carro? Achei que fosse um desses caminhoneiros malucos.

– Não. - sua gargalhada parecia um trovão - É só o meu emprego e eu tento que parecer durão - ele me olhou por alguns segundos - Estou indo pra Las Vegas buscar a minha mãe.

– Ah sim. - franzi a testa - E como você... Como... Se estava de caminhão... - eu tentava organizar a ordem de tudo. Então decidi não entender nada, era a melhor coisa que eu poderia fazer na minha vida.

– O que?

– Deixa... - quase sussurrei - Se não se importa... Posso...?

– Ah, claro. fique a vontade. As vezes a estrada é mesmo entediante.

– Obrigada.

Dei uma olhada pra trás e Lindsey dormia profundamente, então me virei pra frente pegando o pedaço do jornal em meu bolso e lendo-o novamente.

– Samuel?

– Sim?! - ele me olhou rapidamente.

– Você poderia me deixar nesse endereço? - perguntei entregando o pedaço do jornal pra ele.

Samuel analisou o pedaço e leu o endereço. Pensou por alguns segundos antes de responder.

– Claro que posso leva-la. - ele esticou o braço na minha direção me entregando o jornal.

– Nunca se perguntou o porque de um mulher estar na estrada com a sua afilhada indo pra uma cidade onde nunca foi na vida?

– Na verdade não. Mas agora fiquei curioso. - seu sorriso se abriu.

– Estou levando essa menininha de volta pra mãe dela...

Então contei toda historia pra Samuel que foi um bom ouvinte.

Ele prestava atenção em cada detalhe e eu por estar tanto tempo sem uma vida social "grande" precisava contar alguma coisa pra alguém...

O Sol estava poente e Lindsey acordou por conta de um solavanco, e ao ver as luzes da cidade que estava logo à frente, seus olhos brilharam e seu coraçãozinho pulsou tão forte que seu sono de dissipou.