Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 8
Um casal pacífico


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai mais um capítulo.
Espero que gostem, e boa leitura.



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- Começa com G. – Disse Ares olhando para mim com um sorriso desafiador.

- Uhm... – Parei para pensar olhando pela janela ao seu lado – Grama?

- Errou! – Comemorou ele. Ares riu negando com a cabeça – É gaivota.

- Gaivota?! – Repeti incrédula – Onde no meio da estrada você está vendo uma gaivota?!

- Está voando ali, amor! – Respondeu ele apontando para a janela.

- Ah, me poupe. Você nem sabe se aquilo é mesmo uma gaivota! – Exclamei em protesto.

- Eu digo que é e pronto. Ponto para mim. – Disse ele cruzando os braços.

- Não! Ponto nada! – Protestei.

- Ok... É a minha vez. – Sorriu Apolo animado.

- Não! – Exclamou Ares – Quero ver ela tentar me superar. Quantos pontos fizemos mesmo?

- Está 31 á 29. – Respondeu minha mãe em um murmuro cansado – Não tem outro jogo para vocês se distraírem, não?

- Não. – Respondi junto de Ares – Eu vou arrumar algo que você nunca vai adivinhar. Acredite.

Olhei pela janela ao lado de Apolo. Era muito difícil olhar para um objeto em si, pois já estava no fim da tarde. O Sol estava se pondo no horizonte, e as poucas coisas que passavam por nós na estrada era grama, carros, caminhões, bichos do mato, e... Notei algo que poderia ser útil.

- Pronto. – Sorri para Ares – Começa com C.

Ares franziu o cenho. Ele estava se esforçando para imaginar opções com C que ainda não tinham sido ditas. Muito poucas, na verdade, mas era isso que tornava o jogo mais interessante.

- Corda. – Respondeu ele.

- Onde você viu uma corda? – Perguntei sem entender.

- O carro da frente passou com uma corda amarrando um sofá. – Respondeu ele – E então? Acertei?

- Não. – Comemorei, e ele praguejou em grego. Cobriu a boca logo depois, pois lembrou-se que Will não sabia nada de Deuses ou monstros. E também... Ele não sabia do verdadeiro humor de Ares.

- O que mais tinha com C?! – Perguntou ele tentando manter-se calmo – Você sabe muito bem que não valem nomes repetidos!

- Chão. – Disse simplesmente. Ares olhou para mim como se eu fosse idiota.

- Chão? Nossa! Chão. – Confirmou ele – Realmente, você é um gênio. Não pensou em nada melhor do que isso?

- Você não pode falar nada tá?! Você que escolheu “camisa polo”, não eu. – Protestei – Chão ainda é válido.

- Camisa polo também! Era o que o cara estava vestindo! – Reclamou ele.

- Que cara? – Perguntei ainda sem entender, mesmo ele tendo falado umas cinco vezes.

- O cara do carro cinza! – Exclamou Ares – Eu tenho que ficar repetindo mais quantas vezes?!

- Eu nem vi ele! – Protestei.

- Ele tinha acabado de passar correndo. – Respondeu ele.

- Ah, claro! – Confirmei irritada – Correndo! Como você acha que eu ia vê-lo?!

- Desculpa, mas esse jogo não é para fracos. Se a sua visão é lerda, então o problema não é meu, perdedora. – Respondeu ele em um tom bem baixo, mas depois falou normalmente – Eu ainda estou ganhando de qualquer jeito.

- Por enquanto. – Rebati.

- Tá. Agora é a minha vez... – Apolo foi interrompido.

- Não! Agora sou eu de novo! – Protestou Ares – Fica quieto no seu canto.

Antes que Ares pudesse dizer alguma coisa, Apolo lhe deu um chute. Tive que me encolher, senão me machucaria também por estar no meio deles.

- Quer parar de me excluir do jogo?! Eu também quero participar! – Reclamou Apolo. Ares olhou para ele com raiva.

- Quer parar de me chutar?! – Reclamou ele lhe dando um chute. Eu me encolhi novamente, e Apolo retribuiu o chute dele.

- Só se me deixa jogar! – Protestou.

- Não quero jogar com você! – Exclamou Ares retribuindo os chutes. Eu acabei sendo atingida várias vezes, por isso eu os chutei também.

- Parem com isso! – Reclamei, mas não surgiu efeito.

- Manda ele parar de me deixar de fora! – Falou Apolo.

- Manda ele parar de me incomodar! – Reclamou Ares.

- Chega! – Exclamou minha mãe virando para trás. Ela segurou as pernas de nós três e foi empurrando para o lado – Para! Terminou o jogo.

- Há! Eu ganhei! – Exclamou Ares olhando para mim.

- Isso não é justo! – Protestei – Nós não terminamos ainda...!

- Terminaram sim. – Confirmou minha mãe.

- Mas eu nem joguei direito...! – Apolo tentou, mas ela o impediu.

- Que pena. – Disse minha mãe. Apolo cruzou os braços inconformado, e eu também. Ares tinha um sorriso grande no rosto, enquanto olhava para a janela. Minha mãe passou a mão pelo rosto e soltou um suspiro – Fiquem quietos pelo menos por meia hora. Eu preciso de um calmante...

Ela virou-se novamente e sentou-se. Will prendia o riso no banco da frente.

- Parece que o jogo acabou. – Comentou ele rindo um pouco.

- Nem começa. – Disse minha mãe.

- Puxa, Jenny! Mas eu queria tanto jogar! – Brincou ele.

- Will! Nem começa. – Disse ela revirando os olhos. Ela abriu a bolsa e engoliu um comprimido. Minha bebeu um pouco de água que tinha em uma garrafinha, e encostou-se contra a janela.

- Certo. – Murmurou ele prendendo o riso. Apolo ainda estava incomodado, por isso pegou seu Ipod e ouviu música no último volume. Eu me mantive parada, tentando dormir como minha mãe, mas fui surpreendida por uma pergunta... – Se vocês se casassem, onde passariam a lua de mel?

- O que? – Perguntei abrindo os olhos. Ares olhou para frente também.

- Onde passariam a lua de mel? – Pergutou Will – É só para puxar assunto.

- Minha mãe faz muito isso. – Comentou Ares. Eu revirei os olhos, mas prendi o riso. Não precisei parar para pensar, pois sempre soube onde eu queria ir na Lua de mel.

Eu e Ares respondemos juntos, mas não combinamos tanto assim...

- Santiago. – Respondi.

- Las Vegas. – Respondeu ele.

Ares olhou para mim incrédulo, e eu olhei para ele do mesmo jeito.

- Santiago?! De onde você tirou Santiago?! – Perguntou ele sem entender.

- Eu sempre quis passar a Lua de mel em Santiago. – Respondi.

- E onde fica Santiago?! – Exclamou ele desentendido.

- No Chile! Santiago tem aquelas montanhas cobertas de neve. Estações de esqui, lareiras quentinhas... É um bom lugar. – Expliquei.

- Fala sério. Sério mesmo. – Pediu Ares – Quando você era pequena você acordou e pensou “Oh, onde será que vai ser minha lua de mel?”, aí resolveu girar o globo e colocar o dedo em qualquer lugar. Aí deu Santiago, não é?

- Claro que não! – Exclamei – Para de zoar a minha escolha. Você quer ir para Las Vegas. Não tem nada em Las Vegas!

- É claro que tem coisas em Las Vegas! – Rebateu ele como se eu fosse louca – Cassino, bebidas, jogos, super carros, suítes com hidromassagem...!

- Tem suítes com hidromassagem no Chile também! – Rebati.

- Ah, como você sabe?! Por acaso já foi lá? – Perguntou ele cruzando os braços.

- Não, mas tem sim. – Confirmei.

- Mesmo? Prove que tem. – Desafiou ele.

- Prove que não tem. – Rebati.

- Os dois vão para o Havaí! – Exclamou minha mãe acabando com outra discussão. Will, eu e Ares franzimos o cenhos fitando-a. Ela virou-se para nós mais uma vez – Fica bem afastado do resto do país, e é uma ilha. Vão ter toda a privacidade do mundo para se matarem sem me dar dor de cabeça, não é romântico?

- Não chega á tanto, Jenny. – Comentou Will – Eles não parecem ser um casal que briga o tempo todo.

Minha olhou para ele e ficou muda por alguns minutos.

- Tem razão. Eu estou errada. – Confirmou minha mãe e voltou a tentar dormir. Ares e eu nos entreolhamos, sabendo que ela tinha dito a verdade.

Entretanto, ele sorriu para mim e abraçou meu pescoço me dando uma chave de braço discreta e sufocante.

- Não brigamos tanto assim. Só somos um pouco competitivo, e estamos cansados por causa da viagem de carro. – Sorriu ele amigável para meu padrasto – Só isso. Mas Alice sabe que nós nos damos muito bem, não é querida?

Eu estava sem ar nenhum no pulmão, por isso respondi assentindo com a cabeça. Will olhou isso pelo espelho, e sorriu para nós.

- Jovens... – Murmurou ele rindo um pouco – Se apaixonam tão facilmente.

Ares soltou meu pescoço e eu puxei o máximo de ar que pude para meu pulmão novamente. Sorri para ele, e ele sorriu para mim. Eu lhe dei uma cotovelada, e ele retribuiu com uma discreta pisada no pé.

Aos poucos, com o passar das horas, nós acabamos caindo no sono. Eu tombei a cabeça para o lado de Apolo e ele a ajeitou contra seu braço. Ares jogou a cabeça dele contra meu ombro e se acomodou dormindo. O Deus do Sol também caiu no sono, e foi como uma pilha de dominós caídos para o lado direito do carro. Um contra o outro.

Depois de algum tempo dormindo daquele jeito, trocamos de lado ainda dormindo. Ares foi contra a janela. Eu coloquei a cabeça contra seu braço, e Apolo veio contra o meu ombro.

Will deve ter rido disso, mas sua risada não me acordou.

Ele só me acordou com um toque no joelho.

- Alice. – Sussurrou ele – Alice, vamos... Acorda.

- Uhm... – Gemi de sono – O que...?

- Chegamos. – Disse ele.

- Chegamos...? – Franzi o cenho com os olhos fechados. Eu os abri e notei algo estranho. Ainda estava escuro do lado de fora – Mas...?

- Vamos dormir nesse hotel. Estou morto de sono. – Explicou ele – Sua mãe já pegou dois quartos. Vamos.

Eu me espreguicei, e acabei acordando Apolo. Ele esfregou os olhos, e olhou para mim.

- Paramos? – Perguntou ele com voz falhada de sono.

- Chegamos á um hotel. – Confirmei – Vamos parar para dormir.

Ele assentiu. Olhei para Ares pronto para acordá-lo, mas Apolo me impediu. Ele levou o dedo indicador aos lábios para que eu fizesse silêncio, segurou minha mão, abriu a porta e me puxou para fora.

O Deus do Sol fechou a porta dele devagar, e foi para o lado de Ares.

- Apolo, o que você vai...? – Ele não deixou eu terminar. Abriu a porta de Ares, e o Deus da guerra caiu de cara no chão. Ele não gostou nada disso, é claro...

- Filho da pu...! – Apolo começou a rir, por isso o xingamento de Ares foi encoberto. Will estava na porta de um quarto um tanto mais longe do carro, mas observava a cena. Duvido que pudesse enxergar por causa do escuro, mas ouvir, com certeza.

- Sh! Que isso?! Não xinga na frente do seu sogro. – Riu Apolo. Ares trincou os dentes, e segurou a gola da camisa de Apolo com raiva.

- Eu devia quebrar a sua cara, seu...! – Toquei em seu ombro e ele parou.

- Para com isso. – Disse para ele em um sussurro – Will vai ver.

Ares rosnou para Apolo, mas acabou soltando-o. Os dois andaram para onde meu pai estava, e Apolo explicou que não tínhamos chegado ainda.

- Alice, você fica aqui comigo e com a sua mãe. Eles podem dormir no outro quarto. – Disse Will apontando para o quarto do lado. Ele entrou e fechou a porta. Olhei para eles dois e prendi o riso.

- Por que você não fica com a gente? – Perguntou Ares inocentemente – Na verdade, Apolo pode dormir com seus pais, e eu e você...

- Não. – Neguei. Olhei para Apolo e resolvi implicar com Ares – E eu estou de olho em você. Tenta não se aproveitar dele, Apolo.

Apolo estava morrendo de sono, mas acabou rindo e resolvendo mexer com Ares.

- Droga. Acabou com a minha noite. – Disse Apolo fingindo estar frustrado. Ele deu um tapa na perna de Ares, e o Deus da guerra virou furioso e retribuiu o tapa, só que braço de Apolo – Ah! Que droga!

- Se manda logo da minha frente! – Rugiu ele irritado. Apolo abriu a porta do quarto resmungando, e Ares revirou os olhos. Ele olhou para mim e prendeu o riso – O Alabama está cada vez mais próximo, benzinho. Está preparada para uma semana comigo no meio do mato?

- Você fala como se fosse forte, mas aposto que vai se cansar no Alabama.

- Vou nada. – Riu ele como se a ideia fosse ridícula.

- Por causa da sua mágica de Deus. – Rebati. Estava pronta para entrar no quarto, quando em toquei de uma coisa. Um plano bom – Aposto que não consegue sobreviver lá sem a sua mágica.

- O que? – Perguntou ele. Ares riu disso, mas acabou cruzando os braços. Sempre aceitava uma aposta comigo – Aposta o que?

- Se você não conseguir ficar lá sem usar mágica por uma semana como um mortal faria... Vai ter que voltar para casa no mesmo instante. – Disse. Ares assentiu com um sorriso maldoso.

- Certo. – Confirmou ele rindo – E se eu conseguir, eu vou escolher as roupas que você vai usar durante uma semana.

- Fei... – Ia dizer “feito”, mas ele completou.

- E isso inclui roupa nenhuma também. – Disse ele – E vai ficar perto de mim, é claro. Senão não teria tanta graça.

Olhei para e tive vontade de pular em seu pescoço, morrendo de raiva. Mas concordei. Mais do que isso, aliás.

Cheguei perto de Ares, e segurei a gola de sua camisa. Ele sorriu malicioso para mim, e eu fui andando para trás. Ele me acompanhou, chegando cada vez mais perto. No último instante, eu entrei em meu quarto e fechei a porta em sua cara, fazendo-o beijá-la.

Ares deu um soco na porta, e disse “Aguarde o Alabama, filhinha de Hermes”.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Tinha que ter uma aposta, não é mesmo? Senão não seriam o Ares e a Alice. Hahahaha!
Espero por reviews, e quem quiser recomendar... Fique á vontade!
Até o próximo!