Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 9
Bom dia, amor!


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora!
Aqui vai um novo capítulo.



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Pegamos todas as malas e levamos para o carro novamente. Estava muito cedo, tão cedo que ainda podia ver o sol começar a nascer, mas Will insistiu que a viagem seria mais curta se andássemos logo.

- Acorde eles dois, enquanto eu e seu pai colocamos as malas no carro. – Disse minha mãe. Achava estranho vê-la dizer “seu pai” se referindo ao Will (principalmente por já tê-la visto com Hermes), mas assenti.

- Estou indo. – Respondi limpando os olhos e trocando de roupa. Saí do quarto enquanto eles ainda pegavam as malas.

Andei até a porta cinza do quarto ao lado e bati para chamá-los. Ninguém veio.

- Gente... – Disse batendo de novo. Eles não responderam – Apolo, abre a porta. Ares, vamos!

Ninguém. Revirei os olhos imaginando que teria que entrar. Abri a porta e olhei para dentro. Estava escuro, mas podia ver a cena mesmo assim.

Ares estava deitado no chão, roncando pesadamente como sempre fazia. Apolo estava mais engraçado. Ele estava com o roso afundado no travesseiro, mas deitado não do jeito normal, e sim atravessando o meio da cama.

A cama era de casal, mas obviamente só Apolo ficou com ela. Ares deve ter preferido deitar no chão á dividir o espaço com ele.

- Gente... – Chamei, mas os roncos de Ares tampavam minha voz. Entrei e fechei a porta atrás de mim.

Fui até a cama e toquei o ombro de Apolo.

- Apolo, vamos. Está na hora de ir. – Disse calmamente perto de seu ouvido.

- Hummuhm hum. - Apolo murmurou algo que eu não entendi e não se moveu. Balancei-o novamente, mas nada. Fui para perto de Ares e tentei acordá-lo, mas tudo o que recebi como resposta, foi uma cotovelada na barriga.

- Se manda... – Queixou-se ainda sem acordar. Eu revirei os olhos ainda passando a mão pela barriga machucada, e pensando em como faria dois Deuses sonolentos me ouvirem e começarem a se levantar.

Tive uma ideia ao olhar para Apolo e suas mãos. Estavam jogadas, assim como suas pernas, para fora da cama, quase tocando o rosto de Ares. Fui para perto do Deus do Sol novamente e parei perto de seu ouvido.

Tentei ao máximo imitar a voz de Ares, e é claro... Não rir.

- Ei, acorda ensolarado. – Disse em seu ouvido.

Acho que o sono estava afetando tanto a mente de Apolo, que ele realmente achou que fosse o Ares. Ele tentou me afastar com um tapa, como se eu fosse uma mosca. Prendi o riso de novo.

- Já disse que você está muito sexy assim? Está me seduzindo, Apolo. – Falei em seu ouvido. Ele levantou a mão mostrando o dedo do meio, e eu resolvi dar-lhe um susto. Passei a mão pelas costas dele, e Apolo deu um pulo da cama.

Ele piscou várias vezes até enxergar que era eu. Coloquei a mão contra a boca para prender meus risos, mas o Deus do Sol parecia em choque.

- Mas que... Susto! Não faça isso, Alice! – Exclamou ele com a voz falhada. Apolo passou a mão pelo cabelo como se tivesse fugido da morte por segundos – Di immortales! Pensei mesmo que ele ia me assediar.

Eu continuei rindo abafada por minha própria mão, e Apolo prendeu o riso.

- Mas como é você, eu deixou. Pode continuar. – Disse ele me chamando com o dedo indicador.

- Saí dessa. – Disse rindo e revirando os olhos. Eu olhei para Ares no chão, e depois para Apolo – Vocês não acordam nunca?

- Somos Deuses... – Apolo bocejou – Acordamos quando queremos. Ninguém impõem horários para nós.

- Faz sentido. – Confirmei – Mas minha mãe está impondo, então... Acho que vamos ter que carregar ele para fora do quarto.

Apolo olhou para mim e negou com a cabeça. Ele colocou-se sentado na cama e estendeu seu pé até Ares. Começou a cutucá-lo com a ponta do pé.

- Acorda logo. Vamos! – Falou Apolo – Deixa de ser preguiçoso. Levanta logo daí, Ares.

Ares segurou o pé de Apolo e o entortou de um modo que achei que tivesse quebrado. Entretanto, o Deus do Sol só mexeu-o algumas vezes e voltou ao normal.

- Ai... – Resmungou ele com um pouco de dor. Apolo fez surgir na palma da mão uma gaita. Ele olhou para mim sorrindo, e olhou para Ares. Ele começou a tocar o mais alto que conseguia (e acredite, foi bem alto).

Era impossível dormir com essa barulho, até mesmo para Ares. Ele se colocou sentado com muita raiva e olhou para Apolo.

- Ah, é assim?! – Reclamou irritado. Ares segurou os pés da cama e a virou com facilidade, como se ela pesasse (comigo e Apolo em cima) menos que uma pluma. Nós dois caímos no chão um por cima do outro, enquanto Ares resmungava com raiva – Seus lesados... Perdedores, patetas, idiotas...

- Precisava fazer isso?! – Reclamei sentindo minhas costas quebradas.

- Ora, cala essa boca! – Exclamou ele com raiva. Apolo revirou os olhos saindo de cima de mim. Ele pegou a gaita e começou a tocar “Fuck you” do Cee Lo Green, e eu prendi o riso. Ares não entendeu a indireta, mas reclamou do mesmo jeito – Para com essa porcaria antes que eu passe ela pela sua garganta!

Ele estava indo pegar alguma coisa no armário, quando eu resolvi que poderia jogá-lo para fora da viagem de uma vez por todas.

- Por que não faz logo uma mala para você, e vamos? Faz uma daquelas que tem um espaço infinito. – Comentei com quem não quer nada. Ares levantou a mão para fazer a mágica, porém tocou-se de que algo não estava certo.

Seu minúsculo cérebro começou a funcionar e ele sorriu para mim.

- Farei. Assim que você perder a aposta e eu te vir andando por Nova Jersey de biquíni. – Respondeu ele, e eu revirei os olhos. Apolo olhou para mim um tanto interessado.

- Opa... Repete a parte do biquíni? – Pediu ele. Eu me levantei e Apolo fez o mesmo. Cruzei os braços e olhei para Ares.

- É que nós apostamos que se Ares não conseguir aguentar a viagem toda como um mortal faria, ele vai embora mais cedo. – Contei para Apolo.

- E se eu conseguir, escolho a roupa que quiser para ela usar por duas semanas. – Sorriu para mim. 

- Uma semana. – Corrigi.

- Eu disse duas. – Rebateu ele negando com a cabeça.

- Uma semana, eu lembro bem. Não tente me passar a perna. – Disse negando com a cabeça. Ele riu notando que eu não seria enganada.

- Certo, certo. Ah, querida, só para constar. Você gosta de fantasias de galinhas? – Perguntou ele inocente – Como de mascotes de times de futebol.

- Vai se ferrar, e pega logo a sua mala. – Respondi pensando em como seria ridículo. Ares riu de novo.

- Eu não tenho mala, Kelly. Vamos logo. – Disse ajeitando o cabelo com a mão na frente do espelho – Quanto mais cedo chegarmos, mas cedo vou poder te infernizar.

- Mais ainda? – Murmurei revirando os olhos e seguindo-o para fora do quarto.

Saímos do quarto e vimos que minha mãe já estava parada ao lado do carro. Will, entretanto, estava na recepção pagando pelos quartos. Jenny usava óculos escuros, e seu cabelo preto estava sendo bagunçado pelo vento.

Pude notar que ela estava torcendo internamente para que o resto da viagem fosse pacífico. Apolo aproximou-se do carro junto de mim e de Ares, e foi aí que a paz acabou.

- Ok, vamos trocar de lugares. Eu sento entre você e a Alice. – Disse Apolo. Ares olhou para ele e riu forçadamente.

- Ah, você perdeu a noção. – Negou ele com a cabeça – Você fica bem longe dela. Eu vou sentar entre os dois.

- Deixa de ser irritante. Não tem nada demais eu sentar do lado dela! – Protestou Apolo.

- E para que você quer sentar do lado dela, seu safado? – Perguntou Ares já imaginando.

- Safado? Ah, que isso. Estamos em uma viagem de família, e você vem pensando mal de mim? – Perguntou Apolo ofendido – Junte os detalhes. Viagem de família, garota de família, e Apolo de família.

- Aham. Apolo de família. – Resmungou Ares – Que tipo de família é essa...

- O que quer dizer com isso? – Perguntou Apolo cruzando o braço.

- Estou dizendo que você não presta, e aí? – Desafiou Ares. Apolo riu dele.

- E aí que você não pode fazer nada demais contra mim, a não ser que queira dar meia volta agora mesmo. – Sorriu Apolo – Eu realmente adorei essa aposta.

- Alice vai no meio. – Interveio minha mãe antes que Ares falasse alguma coisa. O Deus da guerra olhou para minha mãe com irritação e se aproximou dela com seu jeito de valentão.

- Escuta aqui, acho que você não entende com quem está lidando. Acha que pode ficar dando ordens quando sentir vontade? – Perguntou ele com sua pose de fortão, mas o engraçado era que... Minha mãe também tinha essa pose.

Ela estava parada, mas ao ouvir a pergunta, virou-se para ele colocando a coluna extremamente reta (como se estivesse em um exame militar).

- Acho sim. – Confirmou com normalidade, mas dureza na voz.

- Se você pensa que pode mandar em nós como manda na sua filhinha, então tem sérios problemas...! – Ela o interrompeu.

- Eu penso que do mesmo jeito que a minha filhinha, você está no meu carro. Está indo para a minha casa. Está sobre as minhas custas financeiras. – Disse ela. Já tinha escutado aquele sermão milhões de vezes, mas era hilário ver Ares ouvindo-o. Minha mãe abaixou os óculos escuros e olhou fixamente para ele – E por isso, está sobre as minhas ordens. E eu digo que Alice vai sentar entre os dois, e que vocês vão ficar quietos.

Ares olhou fixamente para ela como se quisesse matá-la, mas pude identificar um tanto de medo nos olhos dele. Minha mãe e ele já tinham brigado algumas vezes antes, mas ela sempre saía triunfante.

E dessa vez não foi diferente. O Deus da guerra respirou fundo, e estufou o peito. Minha mãe continuou fitando-o, até que ele apontou para ela e disse...

- Sorte sua... Que eu queria mesmo que ela sentasse no meio. – Disse ele. Eu e Apolo caímos na gargalhada, e pude notar que mesmo minha mãe continuando com sua expressão séria e ameaçadora, ela queria rir.

Ares virou-se para nós e trincou os dentes.

- Calem as bocas, seus desmiolados! – Exclamou ele com raiva. Ele passou com raiva e deu um tapa na nuca de nós dois. Aquilo doeu, por isso tivemos que parar de rir.

- Uh, acho que alguém acordou do lado errado do chão. – Comentou Apolo. O Deus do sol quis implicar um pouco mais com Ares – Poxa, você me bateu? Mesmo depois do relacionamento que criamos ontem?

- Eu te odeio. Cala essa boca. – Reclamou Ares ignorando-o em parte. Apolo atuou perfeitamente como um homem amorosamente magoado.

- Não foi isso que disse para mim ontem de noite! – Exclamou. Ares virou-se e estalou o punho.

- Eu vou quebrar os seus dentes, seu mariquinha! – Exclamou ele com raiva. Apolo riu de Ares e deu de ombros.

- Estou tirando uma com a sua cara. Só isso, seu estressado. – Apolo abraçou minha mãe, e ela franziu o cenho para ele – Gente, ela é divina. Se Hera fosse como ela quando você era pequeno, Ares, o mundo seria um lugar muito mais pacífico.

- Ah, é? – Perguntou Ares assentindo – E se a sua mãe fosse como ela, você acabaria que nem a artista contemporânea aí.

Ele apontou para mim com o dedão, e eu cruzei os braços. Detestava quando diziam que eu era uma artista contemporânea, pois eu sabia que era um eufemismo para “otária sem talentos artísticos”.

- Ora, volta a ser o Harry! Ao menos assim você é suportável! – Rebati.

Isso não demorou á acontecer. Assim que Will apareceu, Ares me abraçou, deu “bom dia” novamente, e abriu a porta do carro para mim. Era incrível com ele sabia fingir ser uma pessoa boa e gentil.

Nós seguimos a viagem de carro, e conversamos um pouco. Apolo pediu para jogar o jogo de letras novamente, mas minha mãe cortou sua ideia. Will começou a falar com Ares sobre o que fazia no escritório dele no banco.

Ou seja, blá-blá-blá contas, blá-blá-blá números, blá-blá-blá dinheiro.

Ares só assentia e fingia que estava extremamente interessado, enquanto Apolo conversava comigo sobre como uma orquestra funcionava. Mesmo não entendo muito de nenhum dos dois assuntos, eu sorria e ouvia.

Apolo era gentil, e Will só estava tentando ser simpático.

O Sol foi se pondo aos poucos, e nós acabamos dormindo novamente em uma formação de dominós caídos. Pouco antes de cair no sono, mas bem depois de Ares e Apolo estarem dormindo, ouvi minha mãe comentar algo com Will.

- Parece que ela ainda é uma criança. – Comentou Will – E eles dois também.

- Não seja tão crítico. – Disse ela devagar, e pude apostar que estava sorrindo de leve – Eles três são um ótimo trio apesar dos... Apesares.

Eu não lembro de mais nada. Caí no sono profundo, e acredito ter ficado nele por várias horas. Só fui ser acordada quando o céu já estava escuro ao extremo. Alguém sacudiu meu ombro de leve, e falou com uma voz baixinha em meu ouvido.

- Alice. Acorda. – Disse. Baixinha e gentil, mas contida. Como se não quisesse ser ao todo gentil.

Franzi o cenho e me ajeitei. Pude notar que a pessoa prendeu um riso.

- Você parece um gato. Vamos, acorda. – Disse novamente em meu ouvido. Soltei um murmuro, mas era incompreensível – O que?

- Hummm... – Fiz de novo. Isso significava “Já chegamos?”, mas acho que a mensagem não ficou clara o suficiente.

- Não entendi nada. Acorda. Abre o olho. – Eu abri devagar, e notei que era Ares. Ele segurou meu queixo, e eu olhei melhor para ele – Bem-vinda ao inferno, querida.

Espreguicei meu corpo, enquanto passava a mão pelos olhos. Soltei um bocejo, e acabei murmurando.

- Que droga... – Murmurei. Ares prendeu o riso, e encolheu os ombros.

- Vamos logo. Só falta você entrar. – Disse ele. Eu franzi o cenho e notei que era verdade. Estava sozinha no carro – Seu padrasto falou que era melhor deixar você dormir mais. Ah! E... Você fala dormindo.

- Uhm? – Murmurei confusa – O que...? Como você sabe?

- Você disse “Ares... Você é lindo”. – Contou ele. Meu rosto ficou vermelho, e neguei com a cabeça. Coloquei-me sentada rapidamente e abri os olhos um pouco mais.

- Mentira...! – Tentei protestar, e ele riu.

- Eu sei. Foi só para você acordar. Vamos logo, seu lerda. – Disse ele saindo do carro novamente. Eu revirei os olhos, e me preparei para sair, quando... – Mas se você ficou vermelha, benzinho, acho que eu entendi que você realmente pensa assim.

- Vai embora! – Exclamei e ele riu.

Bem... Lá estava eu.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Desculpem mesmo, é que eu estou completamente sem tempo para postar e responder reviews, mas agradeço a cada leitor dessa fic por acompanhá-la!
Beijos e até o próximo capítulo.