Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 7
Animando a viagem


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o novo capítulo. Espero que vocês gostem...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/214827/chapter/7

Quando a décima música country começou a tocar, eu já não aguentava mais. Estava me encolhendo ao máximo entre Apolo e Ares fingindo não existir. Aquilo não estava dando certo, pois Will e Apolo cantavam animados. Animados até demais...

- Oh, essa agora é ótima! – Exclamou Will aumentando o volume. Estávamos andando com a janela aberta, e algumas pessoas na calçada olhavam para nosso carro.

- Ah, fala sério. Você tem mesmo que aumentar o som? – Perguntei irritada. Will riu um pouco, mas começou a cantar junto de Apolo – Pai, eu estou falando sério! Quer diminuir isso?!

- Mas é minha favorita! – Protestou ele feliz.

- Todas são suas favoritas! – Retruquei cruzando os braços – Já não basta ter que ir para o Alabama, você ainda tem que insistir em ouvir música caipira?!

- Nossa. Que humor terrível, hein? – Comentou Ares para me incomodar – Parece que alguém acordou do lado errado da cama.

- Se meu humor está te incomodando, a gente para o carro e você vai embora. – Rebati. Will franziu o cenho.

- Alice, deixa de ser grossa. – Reclamou ele. Will abaixou o som do carro e olhou para mim e para Ares pelo retrovisor – Harry é cheio de paciência, e você fala assim com ele?

Aquilo não podia estar acontecendo. De repente, eu era a pessoa chata e o Ares era a vítima. Apostava que seria daquele jeito pelo resto da viagem, e só essa ideia já foi suficiente para me fazer afundar novamente no banco.

Ares prendeu o riso, e fingiu-se de inocente como sempre.

- Ah, deixa para lá. É o jeito especial dela de mostrar que me ama. – Brincou ele apertando minha bochecha. Will riu um pouco e voltou seus olhos para a estrada.

Para implicar comigo novamente, Ares alisou minha perna com maldade. Eu dei um tapa em sua mão e ele recuou resmungando. Ele fingiu estar se ajeitando no banco, só para ter a oportunidade de me dar uma cotovelada. Olhei para ele e forcei um sorriso falso. Ele retribuiu e olhou para a janela ao seu lado.

- Mas então... Você estuda com ela, Tyler? – Perguntou Will para puxar assunto.

- Ty...? Ah. – Apolo se tocou que era seu nome falso – Ah, estudo sim.

- E está fazendo qual curso? – Perguntou ele. Apolo coçou a cabeça, e respondeu uma das coisas que ele sabia.

- Música. – Respondeu calmamente. Se ele tivesse dito “medicina”, meu pai iria ficar extremamente fascinado, mas como ele disse “música”...

- Ah. Que interessante... – Confirmou Will – E você já conseguiu algum trabalho?

- Ahm... Eu... – Apolo tentou inventar alguma coisa, mas acabou encolhendo os ombros – Sabe... Eu toco por aí.

- Que... Legal. – Confirmou Will.

Um silêncio mortal se estabeleceu no carro. Apolo olhou para mim e ergueu as sobrancelhas, sem saber se falava mais alguma coisa, ou ficava mudo.

- Não é que o Will não goste de música. É que ele acha que só pessoas que mexem com números é que são gênios. – Comentei. Will revirou os olhos.

- Eu não disse nada disso. – Protestou ele – Só não sou conhecedor dessa área de trabalho. Não sei nada sobre uma faculdade de música. O que se estuda lá? Como afinar violões?

- Teoria musical, pai. – Respondi – Só porque ele não trabalha de terno e gravata, não quer dizer que não seja uma profissão legal.

- Não disse que não era! – Reclamou ele – Você acha que eu odeio todos os artistas, desde que você disse que queria trabalhar como tradutora, mas eu não tenho nada contra eles!

- Ninguém tem. – Interveio a minha mãe – Agora já chega, não é?

Nós dois reviramos os olhos e voltamos a ficar quietos. Minha mãe provavelmente notou que a viagem seria extremamente incômoda se tudo continuasse daquele jeito, por isso resolveu... “Animar” as coisas.

Ela virou-se para trás e sorriu para mim de modo suspeito. De começo, achei que estivesse sorrindo para eu sorrir de volta, e foi isso o que fiz. Mas na verdade, ela tinha outros planos.

Jenny virou para frente, e mexeu em sua bolsa. Levou alguns minutinhos até que ela virasse para trás sorrindo novamente. Eu franzi o cenho sem entender de onde vinha tanta alegria, e comecei a suspeitar de que algo estava errado.

- O que foi? – Perguntei para ela. Ela prendeu o riso e olhou para Ares e Apolo. Eles franziram o cenho para ela, sem entender também.

- Querem ver algo bem fofo? – Perguntou ela. Antes que eles pudessem responder, ela estendeu a mão passando um pedaço de papel para Ares. Bem... Eu achava que era um pedaço de papel, mas quando olhei melhor...

- Não! – Gritei tentando bloquear a passagem, mas Ares pegara o papel e começara a rir.

- Oooooown, mas que gracinha! – Exclamou ele implicando comigo. Ele apertou minha bochecha, e eu tentei tomar a foto das mãos dele. Claro que não deu certo – Olha só para isso! Nossa, que bochechas gigantes!

- Me dá essa foto! – Exclamei tentando tirar das mãos dele.

- Ei! Eu quero ver! – Pediu Apolo. Ares passou para ele, de modo que eu não consegui pegar, e o Deus do Sol prendeu o riso – Ah, olha só você chupando o dedo!

- Tinha três aninhos. – Comentou minha mãe sorrindo. Ares apertou minha bochecha novamente e eu retribui com uma cotovelada.

- Para que você foi mostrar isso?! – Protestei incrédula.

- É o que toda mãe faz quando a filha arruma um namorado. – Minha mãe deu de ombros sorrindo.

- É, para de reclamar com ela! Tem mais? – Disse Ares focando para não rir.

- Ah, eu tenho uma da época em que Alice dançava balé! – Exclamou minha mãe pegando outra foto. Meu rosto ficou vermelho quando ela a entregou para Ares, e ele começou a rir.

- Você dançava balé?! – Exclamou Apolo.

- Eu era criança! – Exclamei para ele – Criança! Não sei mais nada disso!

- Oooown, mas não é a bailarina mais bonitinha que você já viu? Olha só! – Ares mostrou a foto para Apolo, mas eu arranquei de sua mão.

- Ei! Eu queria ver! – Protestou ele.

- Problema seu! – Exclamei envergonhada.

- Ah, ela ficou sem graça, coitandinha. – Zombou Ares. Minha mãe mexeu na bolsa novamente.

- Vejamos... Oh, eu tenho outras! – Anunciou ela sorrindo – Alice jogando baseball, Alice no Natal, Alice tomando banho...

- Essa não! – Gritei para ela com o rosto mais vermelho que o carro do Will.

- Essa sim! – Exclamaram os dois. Eu dei uma cotovelada nos dois.

- Tarados! – Exclamei irritada. Minha mãe deu mais uma foto, e eu quase morri de vergonha novamente. Era uma das típicas fotos que as mães tiram de bebês pelados. Ares riu histericamente, e Will e Apolo também.

Tampei o rosto com as mãos, extremamente envergonhada.

- Mãe, eu vou matar você... – Murmurei timidamente.

- Ah, você era um bebê muito bonito. – Comentou Will tentando me fazer sentir melhor. Apolo e Ares tentaram parar de rir, mas não conseguiram direito. Eu continuei com o rosto tampado, e o Deus do sol tocou no meu ombro.

- Vamos, olha para a gente. – Pediu Apolo tentando não rir – Nós não vamos mais te zoar, pode tirar as mãos do rosto.

- Não... – Murmurei com vergonha – Vocês são uns idiotas...

- Não vamos rir. – Confirmou Ares – Vai mesmo ficar assim para sempre?

- Vou, e daí? – Respondi irritada.

- Deixa de frescura! – Ele deixou escapar um riso – Só porque você era um bebê com bochechas grandes, e nós vimos uma foto de você tomando banho com shampoo na cabeça, você vai ficar com vergonha?

Destampei o rosto e olhei fixamente para ele.

- Ao menos quando eu era bebê existia shampoo, seu besta. – Rebati em um tom baixo. Ares fez cara de chocado.

- Oh, Deuses. Eu estou tão ofendido! Fui um bebê que não usou shampoo. Parabéns, senhorita século 21. Meus parabéns. – Disse ele assentindo. Apolo prendeu o riso, e eu revirei os olhos.

- Quando vamos chegar ao aeroporto? – Perguntei para Will. Ele riu e olhou para mim rapidamente, antes que voltar com os olhos para a estrada.

- Aeroporto? – Riu ele – Alice, nós vamos de carro.

- O que?!- Exclamei incrédula. Eu respirei fundo, e neguei com a cabeça – Você vai de Jersey até ao Alabama de carro?!

- Esse é o plano. – Confirmou Will. Passei a mão pelo rosto.

- E quanto tempo isso vai demorar, que mal me pergunte? – Quis saber. Ele parou para fazer uma breve conta, mas eu já tinha uma ideia aproximada em minha mente. Para minha infelicidade... Meus cálculos estavam certos.

- Um dia e meio. – Respondeu ele.

A primeira coisa que fiz foi virar o rosto lentamente em direção á Ares, que estava esperando pelo meu olhar com um sorriso malicioso no rosto. Voltei meu olhar para Apolo, que ergueu as sobrancelhas umas três vezes rápido. Olhei para frente e deixei-me afundar ainda mais no banco do carro.

- Como eu sei que você deve estar em um momento de extrema irritação... – Murmurou Ares em meu ouvido – Eu vou ser bonzinho. Quando ficar escuro, eu deixo você passar a mão em mim, e finjo que estou dormindo. Posso até retribuir, é claro.

- Fica quietinho como um bom menino, Harry. – Sorri para ele, que me retribuiu com um dar de ombros.

- Não sabe o que está perdendo, pirralha. – Respondeu ele de modo que Will não ouvisse. Apolo começou a mexer os dedos no ar, como se tocasse piano, e fitou a janela.

- Certo... Alguém conhece alguma brincadeira de carro? – Perguntou ele.

- Brincadeira de carro? – Repetiu minha mãe.

- É. Os mort... Er... As pessoas fazem isso, não é? – Perguntou ele. Olhei para Apolo, e tentei entender.

- Você diz... Tipo aquilo de “Estou espiando algo que começa com a letra A.”? – Perguntei. Estalou o dedo, e sorriu.

- Isso! É isso mesmo! – Exclamou ele – Eu posso começar? Vou começar, viu?

- Certo... Você pode começar... – Murmurei franzindo o cenho. Apolo olhou para a janela, e sorriu animado – Ares! Estou espiando uma coisa com a letra A!

- E daí? – Rebateu Ares sem interesse. Dei uma cotovelada em Apolo por ele ter dito “Ares” e não “Harry”. Ele se tocou depois de alguns minutos, e riu.

- Harry, é sua vez. Diz o que eu estou espiando. – Explicou Apolo. Ares franziu o cenho para ele, e deu de ombros.

- Um coisa que começa com A. – Respondeu como se fosse óbvio.

- Mas que coisa? – Perguntou minha mãe para ajudar.

- Como é que eu vou saber?! – Respondeu ele.

- A graça da brincadeira é você adivinhar. – Falei.

- Se essa é a graça da brincadeira, então ela é bem sem graça. – Resmungou Ares. Eu lhe dei outra cotovelada, e ele revirou os olhos – Ah, tanto faz... Atum?

- Atum?! – Repeti olhando para ele – De onde você tirou atum?!

- Não é para chutar? Eu chutei atum. – Respondeu ele como se estivesse nas regras do jogo, mas eu continuei encarando-o incrédula – Que?! Atum começa com A, não é?!

- E daí que começa com A? – Rebati.

- Você acabou de falar que eu tinha que chutar uma coisa com A! Como assim “E daí que tem A?”?! – Retrucou ele confuso e irritado.

- Uma coisa com A que ele esteja vendo! Como é que ele vai ver atum pela janela?! – Exclamei olhando para Ares. Ares bateu nas duas mãos como um sinal de “não estou nem aí”.

- Dane-se. Eu só chutei alguma coisa! Não é assim que essa porcaria de...! – Ele parou antes que paresse irritado na frente do Will, e destruísse a imagem de “bom partido” – Er... Não é assim que o jogo funciona?

Eu ia responder que não, mas Apolo me interrompeu.

- Como você sabia que eu estava olhando atum? – Perguntou ele surpreso. Eu e minha mãe nos viramos para Apolo ao mesmo tempo, e lançamos um olhar de “Oi?”. O Deus do sol deu de ombros – Passou um caminhão de atum agora há pouco.

Ares sorriu para mim.

- Você ia chutar atum? Não, eu acho que não. – Disse ele confiante – Eu sou o melhor nesse jogo, querida. Um ponto para mim.

- Melhor nesse jogo. Aham, sei. – Confirmei em sarcasmo – Você nem sabia como isso funcionava! Acertou por muita sorte.

- Mas acertei. Nem sorte você teve. – Rebateu ele.

- Ora, ele também não perguntou para mim! – Protestei como criança. Nós dois estávamos brigando para ver quem era o melhor em um simples jogo de carro. Minha mãe riu e olhou para nós do banco da frente.

- Vou marcar o placar. Quer jogar agora Alice? – Perguntou ela rindo.

- Lógico que eu quero jogar. Virou pessoal. – Confirmei inquieta. Ares riu de mim.

- Ah, vem com tudo, benzinho. – Disse ele cruzando os braços.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sinto muito não ter tido tempo de responder os reviews antigos. Eu ainda vou fazer isso, mas é que tenho milhares de provas agora.
O que acharam? Espero por reviews e/ou recomendações.
Até o próximo capítulo.