Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 53
Fofona


Notas iniciais do capítulo

Oh! O Nyah ficou louco? Meus olhos estão mentindo para mim? Isso é um sonho?
Não!
Isso sou eu recompensando vocês pelo atraso enorme, e postando dois capítulos seguidos!
Não é um capítulo super marcante, mas tem umas cenas bem legais. Eu espero que vocês se divirtam lendo.
Boa leitura!



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POV Ares

Alice veio no carro comigo só para não precisar ficar perto do garoto. Ela ficou sentada, olhando para a janela a maior parte do tempo. Aquele silêncio estava me incomodando, mas toda vez que eu pensava em quebra-lo, preferi por não o fazer. Se abrisse a boca, seria para reclamar de Apolo, e nossa discussão dentro de casa já tinha bastado.

Estava pensando em como eu passaria a noite. Provavelmente segurando Apolo ou tentando trancá-lo em um armário.

Meus pensamentos foram cortados por Alice.

– Ahm... – Ela se ajeitou no banco – Aquela não é a Atena?

– Claro que não. – Achei a ideia absurda. Estávamos ainda na estrada indo em direção ao centro.

– Mas eu acho que é sim. – Insistiu ela.

– Deve ser alguém parecido. – Revirei os olhos.

– Mas... Ares, é a sua moto. – Ela falou franzindo o cenho para a janela. Eu virei o rosto imediatamente e vi que ela estava certa. Atena olhou para nós. Estava usando óculos escuros, um capacete branco, e um lenço no pescoço que balançava ao vento. Seus lábios formaram um sorriso (o mesmo que ela sempre mostrava quando ganhava de mim) e acenou para nós com uma mão.

– Filha de uma... – Ela roncou a moto e avançou por nós. Como Joe já estava mais para a frente, não teria problema nos falarmos. Ela foi para o meu lado do carro, e fez sinal para eu abaixar o vidro. Eu abaixei de mau humor.

– Gostou da mudança? – Perguntou falando alto, por cima do barulho do vento.

– Que mudança?! – Perguntei de volta, sem entender. Ela apontou para a moto e eu olhei com atenção. Um enorme adesivo acompanhava a lateral da moto. Era um galho enorme, com várias pequenas folhas, e uma série de corujas repousadas, sorrindo. Soquei o volante a buzina do carro tocou – Você ficou louca?!

– Ficou um charme! Você tem que admitir! – Riu ao ver minha reação – Tinha que ver a cara de Deimos e Phobos!

– Isso não fazia parte da aposta! – Gritei para ela – Não disse que podia colar adesivos de mulherzinha na minha moto!

– Corujas são unissex! – Respondeu rindo novamente.

– Corujas são animais estúpidos! – Respondi com raiva.

– Tem razão! Da próxima vez eu colo joaninhas! – Respondeu rindo ainda mais.

Não ouse! – Rugi com raiva. Atena colocou dois dedos sobre a testa e depois jogou-os para frente, batendo continência. Ela passou por nós ainda mais rápido – Onde você vai?! Essa conversa não acabou! Não vai ficar assim, ouviu?!

Ela acenou já passando por nosso carro, e eu pude ver um adesivo extra bem na parte de traz da moto. “Eu coração livros”.

Bufei com raiva.

– Dá para acreditar nessa...?! – Notei que Alice estava prendendo o riso, e isso me irritou – Uma risada. Só uma risada, e eu te jogo pela janela.

– Não vou rir. – Disse com dificuldade. Ela respirou fundo e eu esperei – Fico feliz que esteja gostando da viagem ao Alabama. Espero que esteja sendo tão agradável para você, quanto é para mim.

– Cala a boca. – Resmunguei.

– E particularmente, achei a ideia das joaninhas absurda. – Comentou e eu bufei novamente – Eu colaria borboletas.

– Eu colaria fita adesiva, mas na sua boca. – Rebati.

Alice desviou o olhar para a janela, prendendo ainda mais o riso. Quando finalmente estacionamos perto do restaurante, Atena estava lá. Ela, encostada na minha moto, segurava o capacete debaixo do braço esperando por mim.

Desci do carro já irritado, e bati a porta com força.

– Para que você veio aqui? – Perguntei sem paciência.

– Eu queria só te deixar atualizado das notícias, caro irmão. – Disse calmamente – Desde que você decidiu parar de usar sua influência de Deus sobre os mortais...

– É uma aposta. Toda a estadia aqui sem usar poderes. – Falou Alice. Fuzilei-a com um olhar de raiva.

– Ninguém pediu para você falar nada. – Rosnei. Ela ergueu as mãos em rendição.

– Que interessante. – Os olhos de Atena se iluminaram. Ela sorriu para mim – Saiba que as coisas estão indo muito bem, mesmo sem você. Por exemplo, aquela tribo africana parou de disputar o território com a rival, e agora eles estão dividindo pacificamente.

– Você está falando dos Borana?! – Arregalei os olhos.

– Sim. – Assentiu.

– Não! – Exclamei com raiva – Não! Eles ainda tinham muita guerra pela frente!

– E digo ainda mais. – Ela mostrou um pequeno espaço entre seu dedo indicador e o polegar – Estou assim de conseguir a paz do Oriente Médio.

Não! – Rugi com raiva – Você está estragando tudo!

– Ahm... Eu não acho que ela esteja fazendo alguma coisa ruim... – Eu olhei para Alice com raiva novamente e ela se interrompeu – Mas ninguém pediu a minha opinião e eu vou entrar agora mesmo para ver o Will e a minha mãe.

– Eu não acredito que você está acabando com tudo que eu estava construindo.

– Eu estou ajudando os mortais a atingirem o objetivo principal da guerra.

– O objetivo principal da guerra é matar todos os inimigos. – Retruquei irritado.

– O objetivo principal da guerra é a paz. – Corrigiu Atena – E eu realmente ficaria preocupada com o que você pode pensar, mas eu lembrei que você não pode usar poderes, não é mesmo?

Rangi os dentes.

– Foi o que eu pensei. – Ela foi andando em direção ao restaurante.

– Ei! Para onde você pensa que está indo?! – Corri até ela.

– Para o almoço de família.

– Família da filha de Hermes, não você. – Atena riu ao ouvir isso.

– Todos nós estamos lá dentro.

E ela entrou me deixando ainda mais desnorteado. Quando eu entrei, vi uma longa mesa com todos os parentes mortais da Kelly, e os olimpianos.

– Aí eu disse para ela “Uva? Eu pensei que fosse amora!” – E todos riram da piada de Deméter. Ela abriu um sorriso feliz e satisfeito. Hades revirou os olhos.

– Como se as suas tortas fossem gostosas. – Comentou ele. Deméter fez uma careta de mau humor.

– São, porque eu faço com amor. – Respondeu.

– As que eu comi são péssimas. – Retrucou.

– Exatamente. – E todos riram novamente. Alice estava sentada mais para o canto, perto de Hermes e de Jenny. Ela olhou para mim com os olhos arregalados e inclinou a cabeça na direção deles. Arregalei os olhos de volta e assenti.

– Eu sei. – Disse mudo, só movendo os lábios e olhei novamente para eles. Andei diretamente até Zeus, que estava na outra ponta da mesa conversando com Hera e os velhinhos.

– É realmente adorável. – Assentiu minha mãe concordando com algum assunto levantado pela Kat – Ah! Olá filho!

– Eu posso falar com vocês dois por um segundo? – Perguntei sorrindo forçadamente. Hera sorriu de volta para mim.

– Estamos conversando agora. Não vê que isso seria grosseria? Tente se lembrar da educação que eu te dei. – Respondeu sorrindo também forçadamente.

– Com você então. – Disse olhando para Zeus sem sorrir. Ele assentiu e levantou da mesa. Andou comigo até uma parte afastada – Qual é o problema de vocês?

– Sua mãe quis conhecer esses mortais. – Respondeu simplesmente – E controle seu tom de voz.

– E desde quando vocês se importam com mortais? – Rebati irritado – Você mesmo nos censurava por queremos nos envolver com os mortais. Deveriam manter distância.

– Nós nos envolvemos com mortais de vez em quando e você sabe muito bem disso. – Ele apontou para Alice – Ou eu devo te lembrar de todos os problemas que você criou por causa de uma.

Semideusa. Não mortal. É diferente. – Rebati.

– Não foi diferente com as mães dos seus filhos. – Retrucou.

– Nem com as mães dos seus, mas não vejo você reclamando disso. – E engoli em seco ao ver o olhar de severo que recebi de Zeus.

– Eu devia ter cortado a sua mania de grandeza desde o momento em que você se considerou bom o suficiente para ir contra minhas ordens. – Rosnou para mim – Eu estou acima de todos vocês. Se eu disser que vamos passar um ano acompanhando esses mortais, nós vamos. E não há ninguém que vai nos fazer mudar de ideia.

– Pai...

– Não tente, Ares. – Cortou-me – Hera se sentiu ofendida por você nem mesmo anunciar que conheceria a família dessa garota.

– Para que ela quer conhecer a família dela?! – Perguntei confuso.

– Não é óbvio? – Perguntou, mas eu não achei – Sua mãe pensa no futuro.

– No futu... – Eu me interrompi e olhei para ela na mesa. Hera conversava tranquilamente, mas o tempo todo lançava olhares para Alice. Olhei para Zeus com os olhos estreitados – Você está falando em casamento?

– E sua mãe fala de coisa diferente?

– Não. Não, isso não tem... Isso é completamente louco. – Neguei com a cabeça – Isso aqui é o aniversário do padrasto dela. Eu vim aqui para irritá-la. Foi para isso. Sério! Eu faço coisa diferente? Eu sempre irrito os outros.

– Ela quer aproveitar a oportunidade para conhecer melhor o lado mortal da filha de Hermes. A sua aprovação... – Eu o interrompi.

– Ela não tem que aprovar nada. – Neguei – Sou eu que tenho que escolher isso.

– Ela não vê assim. – Dei um tapa na minha própria testa.

– Vocês têm que ir embora. – Falei incomodado – É informação demais para esses mortais, não vê?

– E você se importa agora? – Perguntou Zeus surpreso.

– Sim, eu me importo. – Assenti, mesmo sabendo que no fundo era mentira. Eu só queria eles longe para não causarem nenhum constrangimento.

– Então prove. Abriria mão de algo importante para você em nome deles?

– O que? – Quis saber.

– 10 anos das suas férias. – Respondeu e meu queixo caiu.

– Claro que...! – Eu queria responder que não, mas aí pensei em quantos outros problemas eles não poderiam causar. Minha mãe falando demais, Atena se metendo nos meus assuntos, Hades com suas ideias idiotas... – Sim. Claro que sim. Então eu tenho 50 anos de férias agora.

– Você tem 39, Ares. 10 menos 50, ainda tirando um que você já aproveitou. Acha que eu não sei fazer contas? – Revirei os olhos, achando que ele cairia naquilo.

– Tá bom! 39 anos! Mas vocês vão embora logo depois desse almoço. – Falei impaciente – E não quero que sequer toquem no assunto de casamento, ouviu?

– Uhm... Acho que isso é pedir demais. – Respondeu olhando para a mesa. Deu para ouvir Hera falando perfeitamente.

– E seria maravilhoso se eles passassem a lua de mel na Grécia. Vocês já visitaram a nossa terra Natal? – O tio Edgar coçou o queixo.

– Vocês são gregos?

– Somos sim. – Sorriu ela – Se vocês não conheceram as ilhas gregas, vocês não podem morrer em paz. Falo sério.

Passei a mão pelo rosto.

– E qual a religião de vocês? Porque somos muito ecléticos. Podemos fazer uma cerimônia em qualquer templo religioso. Isso realmente não seria problema. – Suspirei pesadamente e olhei para Zeus.

– Faz ela parar. – Pedi gemendo – Por favor.

– Acho que ela está se empolgando um pouco demais. – E foi para tentar contê-la.

xXx

Alice estava no quarto com Hermes.

– Fica quieta. – Reclamou Hermes.

– Pai, eu quero dormir! – Reclamou Alice de volta.

– Dá para você parar de se mexer? – Pediu ele levantando a cabeça e olhando para ela. Eu me aproximei para entender melhor o que estava vendo.

Alice estava deitada na cama completamente torta, enquanto Hermes usava sua barriga como travesseiro. Ele estava de olhos fechados, por isso não me viu aproximar. Alice olhou para mim e apontou para ele.

– Eu estou sendo explorada. – Falou.

– Eu percebi.

– Eu já falei que o travesseiro é horrível. Será que é tão ruim assim ajudar o seu velho pai a não ter torcicolo? – Falou Hermes como se ele fosse um pobre coitado.

– Sim. – Respondeu revirando os olhos.

– Deixa eu te contar uma coisa, Alice. Há muitos e muitos anos, as filhas costumavam ser mais educadas com os pais. Em uma época de ouro chamada Grécia Antiga. – Contou ainda relaxado.

– Na mesma época de ouro onde as pessoas não tinham banheiro em casa? – Replicou em um resmungo.

– Isso não vem ao caso. Isso... Nossa, isso é ótimo. – Disse aninhando-se a barriga dela. Alice negou com a cabeça.

– Tá bom, é impossível que a minha barriga seja melhor que o travesseiro. – Respondeu incrédula – Você só pode estar brincando.

– Claro que é melhor do que o travesseiro. Você é gordinha aqui. – Disse cutucando a barriga dela. Alice ficou boquiaberta.

– Não sou não! – Exclamou.

– É sim. Olha só quanta dobrinha de gordura. – Disse rindo apertando-a.

– Tá bom, já chega! – Ela colocou-se sentada e Hermes acabou tendo que se sentar também – Eu não sou gordinha!

– Querida, não tem nada errado com isso. – Falou e eu percebi que ele estava só implicando com ela. Alice, no entanto, não percebia – Cada parte de você é perfeita, da cabeça aos pés. Eu ouvi isso em uma música.

– Eu não tenho tanta barriga assim, tá bom? – Ela ofendida.

– Você já se olhou no espelho? – Replicou. Eu prendi o riso.

– Você me acha gordinha, porque você é magrelo. – Rebateu e Hermes sentiu-se ofendido.

– Eu não sou magrelo! Isso tudo aqui é músculo. – Bateu na sua própria barriga – Eu sou é muito esbelto. Mais esbelto e musculoso do que os seus ex-namoradinhos de escola.

– Quem te falou isso? A sua mãe? – Alice implicou com ele. Hermes negou com a cabeça.

– Gor-di-nha. Bem feito, puxou sua mãe. – Implicou de volta.

– Antes puxar a gordura dela, do que o seu nariz! – Rebateu se levantando da cama. Hermes é que ficou boquiaberto dessa vez.

– Como é que é?! – Falou ele – Não tem nada de errado com o meu nariz! Você só não consegue aceitar que é gordinha!

– Eu...! – Alice bufou – Eu vou contar para a mamãe que me chamou de gordinha...!

– Oh, Deuses! Você vai contar para a mamãe! – Fingiu assustar-se.

– E vou contar que você disse que eu puxei a gordura dela! – Completou. Hermes arregalou os olhos.

– Não vai não! – Alice começou a correr para a porta, mas ele a alcançou abraçando-a por trás – Eu estava brincando! Era brincadeira, brincadeirinha! Não envolve sua mãe nisso!

– Seu implicante! – Exclamou Alice de volta – Me solta, pai!

– Não! Não confio em você! – Respondeu erguendo Alice no ar – E também, você é fofa de abraçar.

– Se você não parar de dizer que eu sou gordinha...! – Exclamou Alice irritada.

– Eu disse fofa! – Exclamou ele de volta, enquanto levava Alice de volta para a cama – Pergunta ao Ares se você é gorda.

Eu estava rindo só observando a situação. Alice olhou para mim quando Hermes a soltou e cruzou os braços.

– Eu não sou gorda, não é? – Perguntou. Eu resolvi implicar um pouco também.

– Não. Você só é um pouco fofa. – Alice bufou.

– Vocês são tão implicantes! – Reclamou, e Hermes riu.

– Ah, vem cá, filha. – Disse Hermes rindo. Alice desviou dele.

– Não! Me deixa em paz! – Respondeu indo para longe. Foi nesse exato momento que Jenny chegou no quarto. Ela estava segurando uma pilha de toalhas para guardar no armário. Alice parou na frente dela – Papai disse que nós duas somos gordas por causa da sua genética.

– Como é que é? – Disse ele irritada olhando para Hermes – Falar dos outros é fácil, mas você já olhou seu nariz no espelho?

– Por que todo mundo está falando disso?! – Perguntou surpreso. Alice saiu do quarto e eu fui logo atrás dela.

– Divirtam-se. – Disse fechando a porta.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Por favor, deixem seus reviews! Espero que estejam gostando dessa fic tanto quanto eu estou gostando de escrever.
Beijos, seus lindos, e até o próximo capítulo!



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