Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 54
Confiança


Notas iniciais do capítulo

E aqui vai mais um capítulo em um curto período de tempo!
Espero que estejam gostando da produtividade. Estou sentindo falta de alguns reviews, hein! Por favor, não virem fantasmas.
Boa leitura!



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POV Ares

– Então, e agora? – Perguntei enquanto a seguia pelo corredor. Alice olhou para trás rapidamente e encolheu os ombros.

– Eu vou fazer do meu jeito. – E eu apostava que aquilo não era nada bom.

– Não quero que você faça de jeito nenhum, se é que me entende. – Disse parando na frente dela e cruzando os braços – Mas tudo bem, ainda temos tempo antes de Apolo aparecer. E como eu aposto que seus pais vão ficar ocupados a noite inteira...

– Aposto que vão. – Disse ela rindo. Inocente. Eu não estava me referindo a Hermes ouvir bronca a noite inteira, mas preferi não comentar nada com Alice. Eu assenti.

– Eu vou ficar do lado do Apolo. Vou passar a noite toda segurando ele. – Disse enquanto voltava a andar. E aqui eu tenho que fazer uma pequena observação.

Eu nunca entendi e nem vou entender como a mente daquela garota funciona com maldade. As vezes ela desliga o sensor de maldade e pensa que nem uma criança inocente, mas em outros casos completamente inesperados, ela ativa.

Alice prendeu o riso, e eu a olhei estranhando.

– O que? – Perguntei, e ela balançou a cabeça.

– Nada. – Respondeu rindo um pouco – Continua.

– Tá... – Estreitei os olhos para ela e prossegui – Eu vou ficar segurando ele e...

– Como? – Perguntou prendendo o riso novamente.

– Ora, como se segura alguém? Por trás, fazendo assim. – Eu fiz o gesto no ar, como se estivesse segurando alguém na minha frente – E vou fazer força, para ele não escapar e...

– Eu aposto que você vai. – Alice assentiu rindo novamente - Com força. E cuidado, ele é ágil.

Eu parei e olhei-a finalmente entendendo. Alice percebeu isso e começou a rir ainda mais e mais alto. Ela encostou-se contra a parede para continuar sem perder o equilíbrio.

– É sério? Mesmo? Eu estou aqui tentando pensar em uma forma de te ajudar e você está me sacaneando, sua pervertida? – Falei irritado.

– Eu...! – Ela continuou a rir – Eu não falei nada!

– Não precisa também, não é?! O que você faz na porcaria do seu tempo livre? Vê pornô gay? – Alice tentou parar de rir com dificuldade.

– Eu não falei nada! Para de ser tão sensível. – Disse enxugando lágrimas de riso. Ela respirou fundo e parou de rir finalmente. Eu cruzei os braços e estreitei os olhos para ela – Parei, tá bom? Não precisa ficar irritado.

Esperei por alguns instantes, duvidando da palavra dela.

– Eu já disse que parei! Acredite em mim. Pode continuar a falar. – Pediu.

– Certo... – Resmunguei – A não ser que você queira que ele abuse de você, esse é o melhor plano que nós temos. E seria muito bom se vo-, quer tirar esse sorriso bobo da cara?!

– Eu não estou sorrindo! – Protestou sorrindo ainda mais.

– Claro que está sorrindo! Parece uma garotinha tarada que acabou de ver besteira na TV! Vê se cresce! – Reclamei sem paciência. Alice ergueu as mãos em rendição - Argh. Dane-se. O que eu quero saber é: você entendeu o plano?

– Eu entendi. – Falou finalmente séria – E...

– Se você comentar alguma besteira...! – Eu ameacei.

– E obrigada. – Respondeu ela sorrindo para mim, dessa vez sem maldade – Por me ajudar. É bom saber que eu posso contar com você para me proteger.

– Com prazer. – Assenti de volta. Alice estava sorrindo com normalidade, mas logo voltou a rir. Eu bufei – Ah, eu não acredito! O que você anda vendo na televisão?!

– Você que disse! Você fez de propósito! – Exclamou ela rindo de novo.

– Quando era para você entender que seus pais iam fazer sexo, você não entende, mas, presumir que eu e Apolo vamos, para a sua mente é fácil, não é?! – Reclamei e ela fez uma cara de nojo para mim.

– Que horror! Eles não vão! – Exclamou ela chocada.

– Claro que vão! – Exclamei de volta como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

– Eles não fariam isso na minha cama! – Corrigiu ela – Claro que não vão fazer nada! Argh! – Ela fez uma careta para mim – Que mente suja você tem.

EU?! – Falei surpreso, e Alice me ignorou indo em direção ao quarto. Ela entrou e bateu a porta no meu rosto – Kelly! O que você está fazendo?!

Eu vou colocar o meu plano em prática. O seu é péssimo. – Respondeu do lado de dentro do quarto. Eu fiquei com raiva daquilo.

– E qual é o seu plano?! Cair na dele?! – Reclamei socando a porta – Ah, vamos! Abre isso logo!

Não entre! – Exclamou ela de volta. Eu ouvia toda hora as pessoas dela pelo quarto, o que me deixou ainda mais curioso. O que ela estaria fazendo?

– Ok! Eu tenho outro plano! Não estava com muitas esperanças nisso, mas nós podemos tentar dopar o Apolo. É só colocar um sonífero na bebida dele e...!

– O que está acontecendo? – Perguntou Apolo aparecendo do meu lado, franzindo o cenho.

– Ah, ótimo! Está vendo?! Ele chegou! – Exclamei para a porta.

– Está falando com a porta? – Perguntou ele franzindo o cenho.

– Alice está lá dentro. – Respondi revirando os olhos.

– Alice está lá dentro? – Repetiu ele olhando para a porta com um sorrisinho – Ei, está pronta, minha musa?

– Não chame ela de minha musa, seu infeliz. – Rosnei para ele – E é melhor você me ouvir agora mesmo. Se você encostar um dedo nela, eu arrebento a sua cara. Você vai passar a ser o Deus mais feio do Olimpo, entendeu?

– Você nunca foi muito original. Acho que essa deve ser a terceira ou quarta vez que você me ameaça com a mesma frase. – Comentou ele rindo um pouco.

– Ah, eu esqueci que você é o garoto do drama. Se quiser um pouco mais de emoção nas ameaças, eu faço você chorar aqui e agora. – Disse estalando os punhos. Apolo virou-se de frente para mim.

– Uh! – Fez em sarcasmo – Eu estou tremendo de medo.

– Eu não vou permitir que faça nada com ela, seu imbecil, por isso controle o que tem nas calças. – Rosnei com raiva. Apolo assentiu.

– E como você não vai permitir? – Perguntou cruzando os braços.

– Eu vou fazer qualquer coisa. Nem que tenha que te segurar a noite inteira. – Respondi com determinação, e vi Apolo começar a rir.

– Ares, isso foi tão gay. – Respondeu rindo – Vai me segurar como? Por trás?

– Qual é o problema com vocês?! – Exclamei irritado.

O que foi? – Perguntou Alice.

– Ares quer o meu corpo nu. – Respondeu Apolo rindo – Ele quer me abraçar a noite inteira. Controle o seu homem! Eu sou um Deus de família.

Do outro lado da porta dava para ouvir a risada de Alice.

Eu sei! – Exclamou rindo – Viu?! Eu não fui a única a pensar nisso!

– Ora, calem a boca! – Rugi com raiva – Vocês dois são uns retardados! E se eu ouvir mais do seu riso, você vai se arrepender, Kelly!

Tá bom... – Murmurou com pequenos risinhos. Revirei os olhos.

– O que você está fazendo aí dentro? – Perguntou Apolo franzindo o cenho com curiosidade – Arrumando a cama para nós dois?

– Claro que não, idiota! – Respondi para ele.

Sim! Só mais um minuto. – Respondeu Alice, para a minha surpresa.

– Sim?! Como é que é?! – Exclamei de volta, e Apolo encolheu os ombros.

– Eu causo esse efeito nas mulheres. – Sorriu bobo para a porta.

Ok! Pronto. Pode entrar. – Disse e eu fui o primeiro a abrir a porta. Eu e Apolo entramos no quarto e nos deparamos com uma cama perfeitamente feita. Metade dela tinha um cobertor amarelo e do outro lado um cobertor branco.

Alice sorriu para Apolo, e retribuiu o sorriso.

– Pelo visto, você quer falar alguma coisa. – Notou ele e assentiu – Vai fundo.

– Esse. – Alice apontou para o lado mais perto da janela – É o seu lado da cama. O com o cobertor amarelo é meu. A não ser que queira trocar, o que para mim não faz muita diferença, desde que respeite o limite. – Ela estava em pé perto da ponta da cama, e tocou a divisão exata dos cobertores – Aqui é o meio, o limite.

– E você está dizendo isso porque...? – Apolo estava quase rindo.

– Porque essas vão ser as regras para dormimos juntos. E tente não roncar nem babar perto de mim. – Completou ela. Eu ergui uma sobrancelha, surpreso.

– Então vocês dois não vão...

– Não. – Alice me interrompeu, e depois olhou para Apolo com um sorriso triunfante – Vamos só dormir na mesma cama, mas nada além disso.

– Claro. Eu... Eu sabia disso. – Assenti um tanto sem jeito. Apolo cruzou os braços. Eu achava que ele ficaria frustrado, mas me surpreendi mais uma vez ao vê-lo sorrir ainda mais triunfante que Alice. Ela percebeu isso também, e tentou não se abalar.

– Pode explicar esse sorriso? – Perguntou ela.

– Você, Alice Kelly, costumava ser mais imprevisível. – Comentou rindo um pouco e depois andou para perto da cama – Eu já esperava que você fizesse isso. Quando eu pedi para dormir comigo, eu escolhi muito bem as palavras.

– Para quê? – Perguntou ela franzindo o cenho.

– Para você ter que dormir comigo. Caso, no meio da noite, você não resistisse e quisesse algo a mais, eu estarei aquilo do seu ladinho. – Sorriu torto. Alice corou um pouco. Ela olhou para mim, e depois para ele novamente, negando com a cabeça tentando passar firmeza.

– Eu não vou. – Afirmou.

– Claro. – Falou sem acreditar e riu um pouco. Ele apontou para ela – Como eu já disse, eu esperava que você fizesse isso. Mas você quer ver que carta eu tenho na manga?

Alice cruzou os braços e ergueu um pouco o rosto. Apolo tirou a camisa e jogou-a no chão. Soltou o cinto e depois abriu o botão da calça jeans. Desceu o zíper logo em seguida e deixou ela cair no chão. Alice continuou olhando-o com o queixo um pouco caído e os olhos arregalados.

– O que você está fazendo?! – Reclamei ao vê-lo piscar para ela.

Apolo deu a volta por Alice e levantou um pouco o coberto do seu lado da cama. Entrou ali acomodando-se e jogou a sua última peça de roupa, uma cueca preta da Calvin Klein, no chão e sorriu torto para a filha de Hermes.

– Eu durmo pelado. – Respondeu. O rosto de Alice ficou completamente vermelho.

– Não dorme não. – Rebateu ela, chocada.

– Durmo sim. – Assentiu.

– Desde quando?! – Perguntou com a voz desafinando.

– Desde hoje. – Respondeu – Eu não sei te dizer porque, mas eu passei a achar que as roupas são superestimadas pela sociedade moderna.

– E você chegou a essa conclusão 5 minutos atrás? – Respondeu inquieta. Apolo assentiu com grande naturalidade, e se ajeitou na cama – Ah, você é tão imaturo! Coloca suas roupas de novo!

– Uhm... Não. Desculpe. – Respondeu depois de fingir pensar um pouco. Ele riu e resolveu implicar com Alice – A minha nudez te ofende ou incomoda?

– S-Sim! – Respondeu com dificuldade. Ela gaguejou?!

– Ah, sim. É que pelo jeito que você está olhando para o meu peitoral, não parece. – Comentou encolhendo os ombros. Alice ficou ainda mais vermelha.

– Para de olhar! – Exclamei para ela. Alice virou o rosto para mim com uma dificuldade que me incomodou. Eu comecei a reclamar com Apolo, usando milhões de adjetivos pesados, praguejando em grego antigo, enquanto Alice permanecia parada ouvindo toda minha indignação – Já chega, eu vou dormir aqui também! Não tem jeito de eu te deixar sozinha com esse atirado! Se ele pensa que...!

– Ares! – Ela colocou a mão sobre o meu peito, e eu olhei-a com irritação e impaciência – Eu tenho que falar com você. Vamos lá fora.

– O que você...?!

– Só vamos! – Falou me puxando pelo braço. Saímos do quarto e Alice fechou a porta atrás de si. Ela olhou para mim, respirou fundo e falou – Você não vai dormir aqui.

– Você enlouqueceu?! – Exclamei com raiva – Você me quer longe para poder se divertir com ele, não é?! Por que não admite logo isso, Kelly?! Você nunca consegue resistir a...!

– Você não confia em mim! – Exclamou para mim.

– Eu tenho meus motivos, e acho que você os conhece muito bem! – Respondi.

– Deixa eu te fazer entender. – Alice respirou fundo – Toda vez que você aparece na minha casa tarde da noite, ou quando você simplesmente não aparece, eu acho que você vai para aquela casa de strip.

– O que?! Eu não...!

– Eu sei que você não vai, porque você me disse que não vai! – Ela me cortou – E eu aceito isso, e resolvo confiar em você. Eu não pego meu carro e te sigo para ver se você está falando a verdade ou não. Eu só confio. Mas você não consegue fazer isso.

– Você beijou ele alguns dias atrás! – Protestei com irritação.

– E eu te contei e pedi desculpas. – Completou ela – Eu não vou pular e cima dele só porque ele vai dormir sem roupas! Não vai acontecer nada e eu preciso que você me dê esse voto de confiança.

– Mas...! – Bufei não conseguindo completar a frase de tanta irritação – Como eu vou ter certeza que não aconteceu nada?!

– Não vai. – Respondeu ela simplesmente – Você vai acreditar em mim, assim como eu faço com você. Senão, de que adianta ser um casal?

Respirei fundo e pensei naquilo. Parte de mim sabia que ela tinha razão, mas outra parte bem significativa queria sentar no chão daquele quarto e ficar a noite inteira observando os dois, pronto para separá-los a qualquer momento.

Entretanto, a parte racional ganhou. Eu revirei os olhos e depois parei-os nos de Alice.

– Eu vou confiar em você. – Disse apontando para ela. E foi quando a minha parte insegura falou – Não caía naquilo, tá bom? Aquilo não é nada. Quando eu tento, eu posso ser muito mais gostoso que ele. – Alice riu e desviou o rosto – Eu estou falando sério! Aquele peitoral não é nada comparado a esse aqui. Eu posso dormir sem roupas também. E o meu cabelo, tudo bem, não é bonito como o dele, mas é só porque eu prefiro um corte mais baixo...!

– Você não precisa ser ele. – Alice disse rindo e olhando para mim. Eu revirei os olhos não acreditando naquilo – Eu estou falando sério! Eu gosto de você assim mesmo. E sabe uma coisa que eu gosto em você que ele não tem?

Alice esticou as mãos e passou pelo meu queixo e pela lateral do meu rosto.

– Você tem essa barba mal feita, e quando você me beija ela pinica. E eu adoro isso mesmo. – Disse sorrindo para mim.

– Sério? Essa é a única coisa? – Alice revirou os olhos, mas eu acabei aceitando o elogio – Sabe, tem um nome para pessoas que não conseguem crescer uma barba. Mulheres.

– Vai dormir na sala. E caso ele tente alguma coisa eu te chamo – Disse sorrindo, e eu assenti. Alice acabou prendendo o riso – Aí você corre e abraça ele por trás. Bem forte.

– É. É. Abraço sim. Desse jeito? – Perguntei girando-a e abraçando-a por trás apertado. Alice riu um pouco disso, e se debateu – É assim que ele gosta? – Perguntei escorregando uma de minhas mãos para sua bunda. Alice deu um tapa no meu braço e eu soltei-a rindo.

– Estamos no meio do corredor! Não faz isso. – Ela estava com o rosto corado, mas tinha um sorriso bobo no rosto.

– Ah, olha para isso. – Disse olhando para seu pijama – Você está quase nua que nem ele! Tinha que ter escolhido logo esse maldito pijama de zebra? Suas pernas estão todas de fora! E essa camisa de alcinha...!

– Con-fi-an-ça. – Disse separando as sílabas. Ela entrou no quarto e me deu um boa noite antes de fechar a porta.


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Notas finais do capítulo

Apolo e sua carta na manga. O que vocês acharam?
Espero pelos comentários de vocês. Muito obrigada por lerem a minha fic, e até o próximo capítulo!