Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 28
A melhor consultora de imóveis de todo o Alabama


Notas iniciais do capítulo

Por força do hábito: sinto muito pela demora.

Esse capítulo pode não ser tãããão engraçado assim, mas ele precede um simplesmente hilário. Então, eu espero que vocês gostem.

E outra coisa: MUITO obrigada por todos os reviews que vocês mandam. Idiota dizer isso? Talvez. Mas eu queria que vocês entendessem o quanto é emocionante (sem exagero) para mim ler as mensagens que vocês me mandam. Do fundo do coração, obrigada. Mesmo, mesmo, mesmo.

Então... Here we go.



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- A gente podia ver um filme. – Sugeriu Thomas olhando para mim.

Suspirei pesadamente. Estava sentada na varanda dos fundos, estrategicamente atrás de uma planta que me escondia de qualquer que estivesse andando pelo quintal, mas de algum modo Thomas conseguiu me encontrar.

- Agora não Thomas. – Respondi tentando não parecer muito irritada – Talvez mais tarde.

- O que houve? – Perguntou Thomas fazendo biquinho – Por que não quer ficar comigo?

- Thomas... – Passei a mão pela testa – Eu só quero respirar. Me deixa descansar só um pouquinho, sim?

- Isso tem a ver com aquele bobão que quer te roubar de mim? – Perguntou cruzando os braços com raiva. Fechei os olhos com força e os abri novamente.

- Não. – Menti, mas foi óbvio demais – Er... Sim. Mas não é nada para você se meter, ouviu?

- O que ele fez? – Quis saber.

- Ele não fez nada, Thomas. – Respondi.

Espero que não tenha feito, porque se fez, eu acerto a virilha dele com um belo chute de ódio.

- Ele te machucou? Porque se machucou, eu bato nele! Não vou deixar ninguém te deixar triste! – Exclamou Thomas mostrando os punhos de criança. Eu ri e revirei os olhos. Segurei o rosto dele e lhe dei um beijo na testa.

- Você podia ensinar muita coisa a ele. – Comentei piscando.

Thomas sorriu para mim. Um sorriso bobo, apaixonado e infantil. Sentia certa pena dele. De vez em quando imaginava como seria o dia que finalmente entenderia que não tinha como namorar uma prima de mais de 10 anos de diferença de idade.

- Thomas, você não gosta de outras garotas? – Perguntei puxando assunto.

- Não. Eu gosto de você, Alice. – Respondeu negando com a cabeça fortemente – Por quê?

- Eu só imaginei que talvez fosse legal você começar a conversar com garotas da sua idade. – Comentei encolhendo os ombros – Afinal, é covardia minha roubar você delas.

- Mas garotas são nojentas. Elas usam rosa! – Ele fez uma careta – E elas não gostam de brincar de bolo de lama comigo. Só você.

- Thomas, as garotas são diferentes. Mas você tem que entender que vocês podem se dar bem mesmo elas não brincando de bolo de lama. – Tentei.

- Quem não gosta de bolos de lama é idiota! – Ele fez careta – Elas todas são idiotas! Ficam brincando de casinha, mas nunca querem brincar de luta.

Balancei a cabeça rindo um pouco. Crianças eram engraçadas de serem observadas. Apoiei meu queixo sobre a minha mão.

- Mas você nem pensa em beijar elas? – Perguntei de brincadeira, pois já sabia qual seria a resposta.

- Não! Beijo é nojento! – Reclamou fazendo careta, mas depois franziu o cenho – Mas... Você quer um beijo?

- Eu? Não! Eca! – Imitei-o. Thomas suspirou aliviado.

- Que bom! – Seus olhos correram pelo quintal e depois voltaram para mim – Viu? Ele ficou com medo de mim e arrumou outra namorada!

- Quem ficou com medo de você? – Perguntei franzindo o cenho.

- O seu amigo! O feioso emburrado! – Exclamou apontando para longe. Cerrei meus punhos imaginando Ares junto da Heather, mas quando inclinei-me para frente para checar...

- Ahm... Thomas, que tal vermos aquele filme? Escolha um, enquanto eu falo com o meu amigo, certo? – Disse colocando-me de pé.

- Mas você não vem comigo escolher? – Perguntou triste.

- Não, escolhe você. Eu juro que vamos assistir juntos, ok? – Respondi empurrando-o devagar para a porta. Ele assentiu e saiu correndo escada acima. Eu fui em direção a Ares.

A medida que ia me aproximando, conseguia ouvir e ver melhor o que se passava. Ele segurava o braço de uma garota com firmeza. Ela tinha cabelos pretos picotados até a nuca, e seus olhos fitavam os de Ares semicerrados – quase como se estivesse hipnotizada.

- Você está me ouvindo? – Perguntou com raiva.

- Para falar a verdade, não. – Respondeu rindo. Sua outra mão tocou o rosto dele – Desculpe, gracinha, mas você é um pedaço de mal caminho.

Ares tentou arrancas a mão dela com uma mordida, mas ela a recuou ligeiramente. Quando começou a rir, eu me toquei de quem era.

- Éris? – Falei piscando os olhos. Ela me notou e abriu um sorriso mostrando seus dentes brancos.

- Alice Kelly. – Disse como se meu nome tivesse uma boa sonoridade em seus ouvidos – Quanto tempo, hein?

- Por que está sorrindo? Não achei que ficaria feliz em me ver. – Comentei lembrando-me de nossas divergências passadas. Éris encolheu os ombros.

- Você é problemática demais para eu odiar você, meu bem. – Riu do meu comentário – Ares, diga a ela que temos muito incomum.

- Duas pestes. – Rosnou desviando o rosto de sua mão e largando seu braço com força. Ares olhou para mim ainda com raiva, e depois para Éris – Mas por incrível que pareça, ela me causa um pouco menos de dor de cabeça do que você. Agora vai embora!

- Estou trabalhando, já disse. Não vou embora. – Reclamou Éris.

- O que está fazendo aqui? – Perguntei sem entender – Ninguém nunca aparece em Edgewater.

Éris sorriu mais uma vez, e eu senti que aquilo não era algo bom. Ela limpou a garganta e estendeu um cartão de visitas para mim.

- Éris, consultora de imóveis? – Li o cartão.

- Especulação imobiliária, meu bem. Não tem caos maior. – Explicou – É o que tem de mais desarmônico no momento. Tem ideia de quantos problemas isso pode trazer?

- Uma vaga ideia, mas não precisa explicar. – Devolvi o cartão, mas ela o recusou.

- Não, não. Fique com ele. Mostre ao seu querido vovô. – Sorriu insistindo – Em breve poderemos ter uma conversa sobre a casa.

- Ele não vende isso nem por todo o dinheiro do mundo. – Neguei com a cabeça – Vai expulsar você daqui com tiros de escopeta.

- Veremos. – Disse com um brilho perigoso no olhar. Éris olhou para Ares, que observava nossa conversa de mau humor – Você nem se deu ao trabalho de me contar que vinha aqui. Quanta falta de educação. Parece até que não me quer por perto.

- Ah, parece? – Fingiu-se de inocente – Dê o fora. Não quero ninguém perto de mim, entendeu o recado?

- Ninguém, menos ela? – Perguntou apontando o queixo para mim. Seus olhos fuzilaram Ares com ciúmes absurdos – Aposto que a quer bem perto.

- Eu a quero bem morta. Mas isso não é mais possível. – Olhou para mim com raiva. Éris ergueu uma sobrancelha e riu apontando para nós dois.

- Uh, parece que algum casal aqui está passando por problemas. – Comentou com malícia. Estreitei os olhos para Ares, com raiva por ele estar com raiva de mim.

- Nada que seja para o seu bico. – Respondeu-a, mas sem tirar os olhos de mim – Isso é entre eu e ela. Agora... Desejaria uma boa conversa para vocês, mas desejo que as duas vão para o Tártaro. Principalmente você, Kelly.

Ares se retirou, mas sem antes esbarrar de propósito em nós duas. Olhei-o se afastar com os punhos cerrados de ódio.

- O que aconteceu? – Quis saber Éris. Eu tinha plena noção que contar algo para ela era o pior erro que um ser humano poderia cometer. Ao menos, um dos piores. Por isso, contive minha raiva, e balancei a cabeça.

- Ele é temperamental. Vai saber o que tem de errado. – Menti.

- Você passou a conhecê-lo agora. – Comentou rindo – Era bem pior antes. Nos bons tempos.

- Imagino. – Murmurei. Olhei para Éris, e notei que ela sorria para mim com certa animação. Estranhei.

- Você é realmente muito interessante, Alice. Você e as pessoas ao seu redor. – Falou sinceramente - Como vai aquele seu amiguinho? O filho de Hefesto.

- Scott vai bem. – Assenti devagar. Ou será que não ia? Não falava com ele desde que tinha chegado ao Alabama – Muito bem.

Éris assentiu devagar, ainda sorrindo.

- Bom saber. – Falou.

Imaginei que Éris talvez estivesse tramando algo. Senti uma vontade de sair correndo e ligar para Scott, mas me contive. Não queria passar insegurança na frente dela. Tinha que parecer determinada.

Uma ideia, de repente, relampejou em minha mente.

Eu sabia que Éris estava atrás de algo que pudesse usar para se divertir. Algo que pudesse causar a discórdia. Talvez – só talvez – eu fosse mesmo uma fonte de discórdia, como ela insistia em dizer, pois não contive minha boca ao pronunciar as primeiras palavras de um pequeno plano de vingança.

- Olha... O Ares... Ele anda meio irritado, sabe? É muita coisa para a cabeça dele. – Comentei apontando o dedão para a direção que ele seguira. Éris ficou um pouco mais interessada – Tudo isso de guerras, e brigas, e Afrodite de um lado, eu do outro, e você... Tudo está meio que sobrecarregando ele.

- Sério? Conte-me mais. – Disse chegando mais perto de mim.

- Eu, na verdade, queria pedir a sua ajuda. Bem, não uma ajuda de fato. Só que compreenda uma coisa... – Aquele era um golpe baixo, porém a minha raiva era alta demais para controlar – Nós viemos para cá para ele poder se divertir um pouco. E foi tudo muito sigiloso, entendeu?

Éris assentiu, mas eu quis frisar a informação.

- Ninguém sabe que estamos aqui. – Falei devagar para que ela entendesse – E queríamos que continuasse assim. Então... Pode fazer o favor de... Não contar para todo mundo?

Eu escolhi minhas palavras com calma e sabedoria, pois sabia que Éris ia aproveitar cada brecha do meu discurso. A Deusa da discórdia abriu um largo sorriso.

- Ah, claro, querida! Pode deixar comigo. Eu juro que não vou contar para todo mundo. – Falou assentindo – Afinal, não quero que vocês tenham problemas.

- Que bom saber disso. – Sorri fingindo inocência – Você quer entrar para comer alguma coisa? Ou só ficar conosco?

- Não, obrigada. Eu já estava de saída. – Respondeu com simpatia.

- Mesmo? É que nós vamos para a cidade daqui a pouco! Vai ser divertido. Eu posso convencer o Ares de você vir conosco, se quiser. – Falei. Éris negou com a cabeça.

- Desculpe, mas é que eu tenho uma coisa muito importante para fazer. – Negou fingindo tristeza – Mas quem sabe outra hora?

- Claro. Por que não? – Sorri. Ela se despediu de mim e foi embora. Eu prendi o riso, sem deixar de achar graça do que provavelmente estava por vir. Se Ares queria tornar tudo um inferno para mim, estava na hora dele sentir como era estar em minha pele. Queria que ao menos uma vez ele se ferrasse tanto quanto eu me ferrava.

Caminhei lentamente em direção a casa. Ele estava na porta me esperando escondido atrás das plantas.

- Para onde ela foi? – Perguntou. Eu desviei o rosto, irritada – Eu te fiz uma pergunta, Filhinha de Hermes! O que foi que ela disse?

- Ela disse que adoraria te ver nu no meio de um corredor. E eu disse que da próxima vez que nos encontrarmos de noite, ela pode ter essa oportunidade. – Respondi.

- Sabe? – Ele se aproximou de mim e sua voz se transformou em um sussurro raivoso – Eu simplesmente odeio quando você dificulta as coisas para mim. Mas eu também me divirto muito vendo você tendo esses ataques de ciúmes idiotas.

- Não são ataques de ciúmes. – Falei também sussurrando irritada – Eu não tenho ciúmes de você.

- Ah, mesmo? Quem te ensinou a disfarçar assim? A minha mãe? – Perguntou rindo de mim. Eu ri negando com a cabeça.

- Qual é o seu problema? – Perguntei incomodada – Por que você não consegue ser um cara normal que age normal com a namorada?

- Porque eu não tenho uma namorada normal. – Respondeu – Namoradas normais não trancam os namorados nus para fora do quarto no meio da madrugada. Sua lesada.

- Como você é idiota, Ares. Você não entende nada, não é? – Neguei em um tom um tanto magoado. Ele piscou os olhos, confuso. Esperava uma reação raivosa vinda de mim.

Virei as costas e entrei em casa, subindo as escadas em um passo rápido. Ele chamou meu nome, mas não voltei.


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Notas finais do capítulo

E então? O que vocês acharam?

Vou tentar não demorar tanto para postar o próximo, certo? Tentar.

Espero pelos lindos reviews de vocês. Opiniões, críticas, sugestões, elogios, palavras aleatórias que vocês achem que tem um som engraçado... Qualquer coisa tá valendo.

Beijos beijos!