Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 27
Tire as mãos das minhas calças


Notas iniciais do capítulo

LEIAM ISSO:

Eu sei que não posto há muito tempo, sinto muito mesmo por isso. Nunca tive tão pouco tempo livre na minha vida. Faculdade mais cursinho é suicídio, sério.
Sendo muito sincera com vocês, não vou dizer que agora vou postar mais rápido. Não vou. Vou demorar, provavelmente, MAS vou postar. Pensei em reduzir um pouco os caps para escrevê-los mais rápido, e de um jeito que não perca o humor habitual.

Bem, a espera foi longa, e eu agradeço muito a vocês por me perguntarem se eu ia postar, se eu tinha abandonado e tudo mais. Sério, gostei de saber que vocês sentiram saudade mesmo e que esperaram pelo próximo cap.
Então aqui está ele! Espero de coração que gostem.



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POV Ares

Abri meus olhos devagar e me espreguicei.

O vento soprou pela porta entreaberta e fez com que eu me encolhesse de frio. Franzi o cenho, confuso, enquanto abraçava meu próprio corpo. Demorou alguns instantes para eu entender que estava sem roupas.

Depois disso, todas as lembranças da noite passada vieram para a minha mente. Alice me enganando e me trancado do lado de fora do quarto sem nenhuma roupa.

- Eu devia ter matado ela. – Murmurei com raiva – Eu devia ter matado aquela peste desde o dia em que ela pisou na minha casa.

Nunca pensei que me arrependeria tanto por não ter matado a filhinha de Hermes antes. Sendo sincero comigo mesmo, em alguns momentos era até que agradável tê-la por perto. Mas esses momentos agradáveis não me dariam nem de longe tanta satisfação do que poder desmembrá-la, esmagá-la, e espancá-la com as minhas próprias mãos.

Ah, isso sim seria um sonho.

Por que não foi a prima dela que foi parar na casa ao lado da minha? Será que era pedir demais?

Estava sozinho no chão do celeiro, sem roupas e sem saber o que fazer. Embora estivesse em uma situação extremamente difícil, não daria a Kelly o prazer de ganhar aquela aposta imbecil. Não usaria magia.

Tinha que pensar em um jeito de sair dali e pegar minhas roupas dentro de casa. Isso sem ser visto por nenhum daqueles parentes malucos.

- O que está fazendo? – Perguntou uma voz feminina. Ergui-me um pouco para olhar quem era, mas de um modo que o monte de feno tampasse minha nudez.

Três garotinhas com roupas verdes olhavam em volta do celeiro. Para a minha tristeza, eu conhecia todas elas.

- Saiam daqui. – Resmunguei sem paciência – Não estou no humor de ficar aturando criança.

- Não somos crianças. – Respondeu Ray balançando a cabeça.

- Somos escoteiras. – Falou Flávia.

- É por isso que se vestem que nem retardadas? – Ergui uma sobrancelha.

- Não somos retardadas. – Respondeu Flávia magoada – São uniformes de escoteiras. Olha! Nós temos até medalhas.

- É, é. Legal. – Resmunguei sem ligar.

- Olha direito. – Pediu Flávia com um sorriso.

- Eu já vi. – Respondi friamente.

- Não viu não. Você nem olhou direito! – Reclamou se aproximando – Olhe mais de perto...!

- Não se aproxime! – Rugi.

Ela parou de andar imediatamente, e piscou os olhos com medo. Eu bufei com raiva e tentei me acalmar. A última coisa que eu queria eram garotinhas histéricas gritando por aí porque viram o meu...

- Quer comprar biscoitos? – Perguntou Amanda.

- Não, eu não quero comprar biscoitos, sua idiota. – Respondi com raiva – Quero que vocês sumam da minha frente.

- Mas é só um biscoitinho, tio Ares! – Pediu Ray tentando me convencer – Se nós conseguirmos vender vários, vamos ganhar uma viagem para a Califórnia.

- Se fosse para o Alasca, eu pagava só para ver vocês três longe de mim. – Rebati – E como vieram parar aqui, para começo de história?!

- Passeio de escoteiras. Vamos acampar e vender biscoitos. – Respondeu Flávia.

- Nesse fim de mundo? – Estreitei os olhos.

- Temos que ter contato com a natureza. – Ray encolheu os ombros – Mas e quanto aos biscoitos? Vai querer comprar algum?

- Diz que sim, por favor! – Pediu Flávia.

- Eu já disse que não! – Exclamei com raiva.

- Não seja pão duro. Você deve ter um trocado na sua calça! – Insistiu Amanda. Eu queria responder que nem calças eu tinha, mas era óbvio que o resultado não seria muito bom.

Estava pronto para responder que não pela última vez e mandá-las embora, mas uma ideia atingiu a minha cabeça. Sorri torto para as meninas e assenti.

- Não nessa calça, mas na outra sim. – Respondi. Fingi estar pensando um pouco e depois continuei – Eu estou um pouco ocupado aqui, mas se vocês fizerem um favor para mim... Quem sabe eu não levo 10 caixas de biscoito?

- Isso tudo? – Os olhos de Amanda brilharam – Foi mais do que todo mundo quis comprar.

- Eu sou um Deus muito gentil. Achei que já devia saber disso. – Sorri mostrando os dentes.

- Só soube agora. – Murmurou Amanda.

- Cala a boca e me escute, lesada. – Reclamei – Vão até o meu quarto no segundo andar e peguem um monte de calças, certo?

- Por que um monte? – Quis saber Ray.

- Porque eu não lembro em qual calça está a carteira. – Respondi.

- Quer que a gente procure...? – Cortei Amanda.

- Não toque nos meus bolsos, sua ladra! – Exclamei apontando para ela – Não quero filhas de Hermes mexendo nas minhas calças nunca mais!

- Lilice mexeu nas suas calças? – Perguntou Flávia. Ray começou a rir, enquanto Amanda chutava pedrinhas no chão.

- Ares e Alice fazendo bebês! – Cantarolou. Procurei algum objeto pontiagudo que eu pudesse usar para abrir a cabeça da filha de Apolo, mas infelizmente não achei nenhum.

- Por causa desse sua brincadeirinha são duas caixas de biscoito a menos, fedelha. – Rosnei. Flávia e Amanda protestaram – Calem a boca senão são menos três! Agora saiam daqui e peguem uma calça para mim!

- Você está sem calças? – Perguntou Ray franzindo o cenho.

- O que? Não. – Menti.

- Pelo que eu entendi...

- Você entendeu errado, porque tem uma mentezinha maliciosa, agora suma da minha frente e só volte com uma calça jeans nas mãos! – Respondi apontando para a porta.

As três saíram correndo pela porta e eu suspirei pesadamente. Cocei a cabeça pensando se aquilo realmente daria certo. Se desse errado, qual seria o pior que podia acontecer?

Eu ter que explicar para o pai da Kelly e para Hermes porque eu estava nu? Ter que enfrentar o olhar demoníaco da mãe/militar? Ouvir criancinhas gritando surpresas com o...?

- Voltamos! – Exclamaram tirando-me de meus pensamentos. Antes que as três pudessem correr em minha direção...

- Parem! – Exclamei. Estava prestes a ordenar que jogassem para mim as calças, quando mais uma pessoa entrou pela porta do celeiro. Alice caminhou lentamente, como se não quisesse atrapalhar o desenrolar das ações.

Meus olhos encontraram os dela. Enquanto eu passava raiva, ela parecia neutra. Como se nada ali a afetasse, como se estivesse só observando mesmo.

- A Alice nos ajudou a encontrar. – Comentou Ray quebrando o silêncio.

Mantivemos o silêncio por mais alguns longos segundos.

- Bom. – Foi tudo o que eu disse, ainda com o olhar fixo em Alice – Joguem para cá agora.

Elas jogaram. Podiam ser irritantes, mas não eram idiotas. O clima que se instaurou no ambiente era tão intenso que preferiram ficar quietas ao invés de fazer perguntas ou comentários.

Tentei vestir as calças, mas nenhuma delas cabia em mim. Alice me observava, encostada contra a parede de braços cruzados.

- Não está achando, titio Ares? – Perguntou Flávia – Pegamos as calças erradas?

- Ah, eu acho que sim. – Falou Alice pela primeira vez desde que entrara ali. Olhei para ela estreitando meus olhos – Nossa, acho que eu acabei pegando as calças do Apolo. Desculpe, eu me enganei.

Joguei a calça que segurava no chão com força. As três começaram a protestar tristes por não terem suas caixas compradas.

- Eu tive uma ideia. Por que não procuram Hermes? Ele com toda certeza vai comprar os doces de vocês. – Falou Alice sorrindo para elas – Vai querer pechinchar, mas fazer o quê? É da natureza dele. Vão lá. Acho que ele está no quintal da frente caçando comunistas.

Elas saíram correndo. Menos Ray.

- Alice, vocês vão ter um bebê? – Perguntou prendendo uma risada maliciosa. Alice ergueu seu rosto para mim, seu sorriso sumira.

- Não. Vai procurar Hermes. – Falou passando mais frieza do que queria.

Ray saiu um tanto sem graça de ter feito a pergunta, e fechou a porta atrás de si. Alice foi para um canto e pegou algo que tinha deixado no chão sem que eu notasse: uma calça jeans.

- Você... – Rosnou com raiva – Você é uma...!

- Vadia? – Completou o que eu ia dizer. Ela ponderou consigo mesma – É. A ponto de te trancar do lado de fora do quarto completamente nu em uma noite fria, sim. Um pouco. Mas não mais do que isso.

Ela mostrou a calça jeans em sua mão.

- Ah, realmente. Depois dessa boa ação, você com certeza saiu da minha listinha negra. – Falei com sarcasmo.

- Por que estamos juntos? – Perguntou balançando a cabeça. Franzi o cenho.

- O que? – Deixei escapar.

- Perguntei por que estamos juntos. – Repetiu. Bufei com impaciência.

- Eu estou nu atrás de um monte de feno e você quer mesmo discutir sobre a nossa relação agora? – Perguntei incrédulo.

Alice desviou o olhar, irritada por alguns instantes.

- Se algum dia, alguma hora você quiser terminar tudo, por mim tudo bem. Eu supero. – Falou encolhendo os ombros. Parecia calma, mas quando olhou para mim tinha sido consumida pelo ódio repentino – Mas se você se achar no direito de me trair com uma certa bailarina esquelética...!

Ela jogou a calça jeans contra mim com bastante força.

- Nunca mais apareça na minha frente. Ouviu? – Falou aproximando-se de mim.

- Chega mais perto, gracinha, e eu não vou me responsabilizar pelos danos que eu causar. – Rosnei olhando-a com a mesma raiva que ela estava sentindo. Talvez mais.

Alice deu as costas e marchou em direção a porta do celeiro. Pensei por alguns instantes.

- E eu não te traí com a sua prima. – Completei antes que ela saísse. Alice bufou e foi embora – Estou falando sério!

Ela não tinha me ouvido.

Coloquei as calças finalmente, e saí daquele maldito celeiro. Só que, se eu soubesse o que ia encontrar do lado de fora, continuaria lá dentro.


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Notas finais do capítulo

Espero pelo review de vocês (mesmo que sejam cheios de palavrões dirigidos as minha pessoa por demorar tanto a postar).

Beijos e, de novo, obrigada pela paciência! Seus lindos.