Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 2
Aspas


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capítulo. Eu achei um pouco parado, mas acredite... O próximo vai ficar cheio de cenas engraçadas.
Anyway... Boa leitura!



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Atena tinha um sorriso extremamente feliz no rosto, que contrastava perfeitamente com a careta de Ares.

- Posso contar, ou você quer ter as honras? – Perguntou Atena.

- Ah, eu quero ter as honras sim. – Confirmou Ares e depois olhou para mim e Scott – Eu apostei que com Atena que ela não conseguia ficar um dia sem dar uns amassos com o Poseidon.

- Não adianta. – Negou Atena ainda com um sorriso feliz, o que irritou Ares – Você perdeu. E agora eu vou jogar na sua cara isso.

A Deusa da sabedoria olhou para mim e Scott, e nós dois retribuímos o olhar um tanto confusos. Foi com uma enorme felicidade que ela contou a história.

- Apostei com Ares que ele não conseguiria passar um determinado tempo sem usar magia. – Contou Atena.

- Quanto tempo? – Perguntou Scott – Uma semana?

- Não. – Negou Atena com o sorriso aumentando. Ares trincou os dentes com raiva, e fuzilou a irmã.

- O tempo não interessa! – Rugiu ele.

- Ahm... 2 dias? – Quis saber.

- 2 horas. – Contou Atena, e eu e Scott começamos a rir desesperadamente. Ares deu gritos de ódio, mas Atena voltou a dançar de felicidade.

- Você não aguentou nem mesmo duas horas?! – Exclamei surpresa.

- Não é da sua conta, Kelly! – Exclamou ele com ódio, e depois voltou-se para Atena – Eu só perdi porque a TV quebrou! Foi uma emergência!

- Eram duas horas! Uma emergência podia esperar duas horas. – Negou Atena. A Deusa cruzou os braços e olhou para Ares fixamente – Você sabe o que você me deve.

- Não. – Disse ele firme e forte, morrendo de raiva. Mas logo seu tom de voz se tornou um pouco suplicante – Não! Ah, qual é?! Não mesmo! Não é justa!

- Claro que é justo. Pode ir passando. – Disse ela estendendo o braço. Ares trincou os dentes e praguejou em grego antigo, mas acabou cedendo. O Deus da guerra colocou a mão no bolso e tirou de lá um chaveiro.

Os meus olhos se arregalaram juntos com os de Scott.

- Não! Não acredito nisso... – Murmurou o filho de Hefesto. O rosto de Ares ficou vermelho de vergonha, e eu senti uma gigante vontade de implicar com ele (já que quando eu estava em seu lugar, ele não dava trégua).

- Você apostou a Quadriga da guerra?! – Falei impressionada – E perdeu?!

- É temporário, sua anta! Ou acha que eu seria idiota o suficiente de fazer uma besteira dessas?! – Rebateu ele com raiva, mas com vergonha também.

- Ahm... Sem comentários. – Murmurou Scott, e nós dois começamos a rir desesperadamente junto de Atena. Ares estendeu as mãos, e chocou a minha cabeça contra a de Scott. Nós paramos de rir, e soltamos uma pequena exclamação de dor.

- Lesados. – Resmungou Ares subindo as escadas com raiva. Eu e meu amigo prendemos o riso enquanto ele se afastava, mas assim que ouvimos a porta de seu quarto se fechar caímos na gargalhada novamente.

Atena estava saboreando a vitória, de modo que sorria para as chaves na mão.

- Vou contar isso para Phobos e Deimos, e depois... Uhm... Vou colar um adesivo enorme na lateral. “Atena arrasa”. Acho que o meu irmãozinho vai adorar!

Ela saiu completamente feliz, e nós dois resolvemos estar bem longe de Ares quando ele descesse as escadas. Saímos de sua casa, e fomos caminhar pelo quarteirão.

- Isso foi divertido. – Comentei rindo um pouco ao lembrar da cena.

- Eu sei. E eu ainda ganhei umas moedas chinesas. – Comentou Scott tirando-as do bolso e as analisando. Eu sorri para ele e para seu fascínio por coisas que poderiam ser desinteressantes para outras pessoas. Como para mim.

- Acha que Phobos e Deimos vão ficar por perto agora que perderam o trabalho por algum tempo? – Perguntei pensando no assunto.

- Eu espero não. Estou secretamente torcendo para eles arrumarem outro emprego nesse meio tempo. – Respondeu Scott.

- Scott, eles têm o mesmo emprego por vários milênios. – Disse negando com a cabeça.

- Ah, nunca é tarde para trabalhar em uma rede de Fast Food e juntar um dinheiro extra. Ares nem deve pagar para eles fazerem isso. – Comentou Scott.

- Não deve não. – Murmurei assentindo – Mas acho que é o único jeito deles se sentirem úteis. Senão... O que fariam?

- Infernizariam os outros. Iriam para clubes de strip. Tornariam o mundo um lugar pior. – Scott encolheu os ombros – As opções são variadas demais.

- Não precisava responder, seu chato. Você entendeu o que eu quis dizer. – Resmunguei para ele. Scott riu e olhou para mim.

- O Will vai fazer aniversário. – Comentou ele.

- É. Todo mundo faz aniversário um dia do ano. – Confirmei.

- Ele vai querer que você vá para o Alabama, não é? Foi para isso que sua mãe ligou. – Disse Scott. Eu parei de andar e olhei para ele. Estávamos bem longe da nossa casa, e consequentemente da casa de Ares, por isso não havia problema nenhum em ser sincera.

Sentei-me á um banco na calçada, e ele sentou do meu lado. Do mesmo jeito que fazíamos quando éramos crianças.

- É. – Confirmei – Minha mãe disse que dessa vez não tem escapatória. Que eu tenho que ir, senão o Will vai ficar triste e tudo mais.

- Entendo. Faz sentido, sabe? Você é a única “filha” dele. – Scott fez aspas no ar ao falar “filha”, e eu ri dele.

- Para que as aspas? – Perguntei rindo.

- Porque você não é “filha” mesmo dele. – Disse Scott fazendo as aspas novamente. Eu ri mais uma vez, mas tentei ficar séria.

- É. Eu sou a única “filha” dele. – Fiz as aspas no ar imitando-o de brincadeira – Viu? Eu usei “aspas” quando disse “filha”.

Fiz aquele movimento no ar todas às vezes, e Scott revirou os olhos. Eu ri do jeito que ele ficara sem graça, e ele também.

- Eu só queria enfatizar, ok? – Resmungou ele – Você que é a tradutora que ama gramática e linguagens em geral. Pensei que gostasse de aspas.

- Ah, sim. Já que eu sou “a tradutora” eu tenho que gostar de usar “aspas”, não é? – Ri imitando mais uma vez, e Scott riu de mim.

- Quer parar com isso? – Riu ele sem querer. No fundo estava achando engraçado.

- Desculpe. Estou rindo para não chorar. – Disse negando com a cabeça e rindo mais um pouco. Apoiei meu rosto em minhas mãos e Scott me observou – Ainda bem que eu fiz um bom negócio dessa vez.

- Qual negócio? – Perguntou Scott.

- Eu pedi para a minha mãe não falar para o Ares. – Contei lembrando – Em troca de ir sem reclamações.

- E sua mãe concordou em não contar para o “Ares” então? – Perguntou ele fazendo aspas novamente. Eu ri do que ele fez.

- Porque você usou aspas em “Ares”? – Perguntei sem entender.

- Para ficar engraçado. – Respondeu ele rindo um pouco. Eu ri novamente, mas de repente fiquei séria. Dei um tapa na minha própria testa, e notei que estava esquecendo de um detalhe importante.

- Dorga... – Murmurei – Eu esqueci o nome dele.

- Não lembra do nome do “Ares”? – Perguntou Scott brincando novamente com as aspas, mas eu neguei com a cabeça.

- Não! – Respondi, mas então notei que ele tinha razão – Sim! Isso. Eu esqueci o nome dele.

- Esqueceu o nome do Ares?! – Perguntou ele sem entender, pois nós tínhamos acabado de pronunciar.

- Não! Eu lembro o nome do Ares. Eu só não lembro o nome do “Ares”. – Disse fazendo as aspas, mas dessa vez realmente falando sério. Scott riu sem entender nada.

- Cara... Isso é confuso. – Disse ele.

- Não é não. – Neguei tentando esclarecer – É que o Ares inventou um nome para o meu pai não achar ele estranho. Só que eu não lembro do nome.

- Mas para que as aspas de novo? – Perguntou ele sem entender.

- Porque o Ares do qual eu esqueci o nome, seria uma figuração por possuir outro... Ah, esquece! Deixa isso para lá! – Exclamei sabendo que a mente de Scott só funcionava para números e não letras – Um dia eu lembro o nome dele.

-Smith? – Sugeriu.

- Não. Outro nome. – Neguei com a cabeça – Um nome próprio, e não o sobrenome.

- Juan? – Sugeriu ele, e eu ri.

- O que?! Juan? Não! – Exclamei rindo – Ele escolheu alguma coisa bem comum... Como se Smith não fosse o suficiente.

Tentei lembrar, mas logo vi que era inútil. Lembraria depois, ou não. De qualquer jeito eu teria que me virar para enganar meu pai. Nós dois no levantamos do banco e fomos andando para casa.

Scott falou um pouco sobre uns projetos que estava montando. Um novo emprego que conseguira em uma fábrica de carros. Estava fazendo alguns desenhos sobre novas peças que poderiam ser utilizadas, e eu só assentia já que não entendia nada dessa área de trabalho.

- E você? – Perguntou Scott – Terminou de traduzir aquele livro?

- Terminei. – Confirmei com a cabeça – Eu... Recebi uma proposta de emprego também, mas acho que não vou aceitar.

- Qual proposta? – Quis saber ele, mas me interrompeu antes de responder – Vai trabalhar em um fast food? Cara... Isso dá muita espinha, por causa da gordura usada para gritar as batatas fritas.

- O que? Não. Não vou trabalhar em um fast food. – Fiz uma careta – Ganhei um emprego de professora.

Scott parou de andar e me olhou chocado.

- Nossa... Como o mundo dá voltas. Eu lembro de você falando exatamente isso: “Professores são pessoas frustradas, que querem transformar alunos em máquinas”. – Comentou Scott – Ou: “Eu não gosto de professores, e eles não gostam de mim.”.

- Eu sei, eu sei! – Resmunguei revirando os olhos – É por isso que eu não quero aceitar, mas...

- Mas...?

- Mas a escola paga bem demais. – Comentei lembrando do bom salário no fim do mês – E eles ainda te dão uma vaga exclusiva. E... E te dão uma mochila da escola.

- Vale mesmo a pena? – Perguntou Scott sem saber. Eu dei de ombros.

- Não sei. Eles querem que eu vá para lá de tarde, e dê uma aula experimental de gramática básica. – Contei pensando no assunto – Fica á uns poucos quarteirões daqui.

- Alice Kelly, jure agora mesmo ser uma professora boazinha que deixa os alunos comerem e jogarem vídeo game no meio da aula. – Disse Scott parando na minha frente. Eu prendi o riso.

- Ah, claro. Juro. – Confirmei em sarcasmo.

- Cuidado. Ninguém gosta de professoras de gramática. – Comentou ele voltando a andar, e eu sabia que era verdade.

- Tsc. Será que as coisas podem dar tão erradas assim? – Perguntei acompanhando-o.

Sim. Elas podiam.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo?
Espero que tenha ficado bom. Será que Alice fica bem como professora? Veja nos próximos episódios.
Haha. Estava morrendo de vontade de falar isso.
Beijos e obrigada pelos reviews!



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