- Você as vezes é insuportavelmente insuportável com esse seu sarcasmo – falei com o rosto virado para o outro lado, na tentativa de fazer com que ele não visse meu rubor repentino.

Ele me olhou de forma estranha, parecia um pouco assustado com as minhas palavras, por isso se apressou em se desculpar.

- Nossa, me desculpe então! Achei que você gostasse já que você também é bastante sarcástica – disse com uma voz estranha, parecia até um pouco decepcionada. Voltei-me novamente para ele tentando encontrar seus olhos para poder falar.

- Não precisa se desculpar... Você... – me atrapalhei toda para poder fazer UM elogio à ele. A verdade é que eu sou orgulhosa ao extremo – Você é aturável do jeito que é – afundei-me no sofá e logo em seguida o vi fazer o mesmo.

- Aturável? – firmou seu olhar no meu - Quem, nesse mundo, ainda usa essa palavra? – perguntou com uma das sobrancelhas levemente arqueadas. Bufei e retribui o seu olhar.

- EU uso! – revirei os olhos. Ele é inacreditável! – Ta vendo como você é? Eu engulo o meu orgulho para tentar te elogiar e você nem sequer liga pra... – fui interrompida por uma voz tão conhecida.

- Sakura? – gelei. Era Temari, era a Temari! E ela estava olhando para todos os lados procurando alguém (ou alguma coisa).

- Sim? – endireitei-me no sofá e olhei para ela com uma expressão de desespero contido.

- Você estava conversando com alguém? – put’s, agora lascou-se! Temari, como já disse anteriormente, é estudante de jornalismo, ou seja, é desconfiada de tudo, nasceu para fazer perguntas e perguntas das quais você se vê completamente encurralada. Somando um mais um é igual a: Problema... Problemão!

- Eu? – apontei para mim mesma e ela assentiu - Claro que não! – mostrei-lhe o meu melhor sorriso forçado e olhei para Sasuke pedindo a sua ajuda. Já que eu estou tendo que aturá-lo, é o mínimo que ele pode fazer por mim. Ele riu um pouco (de mim, aposto) e logo após apontou para o telefone.

Sasuke, você é um gênio!

Dei uma leve piscadela para ele (sem deixar a Temari ver, é claro) e me voltei para ela com a faca e o queijo na mão (?).

- Sério mesmo? – arqueou levemente as sobrancelhas – Eu posso jurar que ouvi você falando com alguém – me encurralou. Mas eu já tinha a solução para o meu problema.

- Ta bem! Eu tava atendendo um telefonema, mas acho que era trote pois ninguém respondia – terminei fingindo indignação e Sasuke se pôs a me aplaudir por conta da minha encenação barata. Apenas lancei-lhe um olhar zangado e voltei a olhar para Temari que ainda parecia um pouco desconfiada pelo o que eu pude ver em sua expressão.

- Hn... então eu vou terminar de fazer a pipoca e daqui a pouco eu volto – falou dando uma última olhada em volta para depois ir para a cozinha.

Soltei a respiração, que eu havia prendido desde o momento que Temari chegara, e lancei um olhar zangado a Sasuke.

- Você gosta de ser assim ou é idiota de nascença? – perguntei seriamente, mas logo depois soltando um leve sorriso, coisa que o fez saber que era brincadeira de minha parte.

- Talvez seja, mas se eu sou idiota isso faz de você o que? – Toma Sakura! Na cara! Esse é o preço que você paga por mexer com o “rei” do sarcasmo. Ele sorriu cafajestemente logo depois de ver minha carranca.

- Ah, quer saber? Esquece! – falei com um bico. Sei que com isso eu aceitei a derrota, mas não queria prolongar uma discussão à qual eu já tinha perdido, e perdido FEIO!

- Você começa e depois não agüenta – lançou-me um sorriso de escárnio e afundou-se ainda mais no sofá. Olhei para ele com certa curiosidade. Tinha uma pergunta me incomodando desde cedo.

- Eu sei – enrolei um pouco antes de falar o que estava me inquietando – Ei... Sasuke? – ele me fitou com curiosidade – Eu tava pensando sobre o que você falou sobre o seu irmão hoje mais cedo e... Bem... – suspirei. Ele acenou com a cabeça sinalizando para que eu prosseguisse – Você realmente acha que foi ele? Quero dizer... Que foi ele que matou você? – terminei fugindo de seu olhar. Sempre que vou mediar alguém eu me sinto uma intrusa, uma invasora de privacidade por ter que invadir uma coisa tão pessoal: a vida de uma pessoa; e com Sasuke não estava sendo diferente... Ter que ajudá-lo já não era mais uma obrigação e sim um desafio, um desafio que, segundo o que eu sinto, vai me trazer muitas surpresas.

Ele pensou um bom tempo antes de me responder.

- Eu não tenho certeza, Sakura, tudo é muito confuso ainda – o jeito com que ele falou o meu nome me fez estremecer, mas eu ignorei isso e prestei atenção no que ele estava falando – Nós sempre brigávamos, por tudo, mas ele me protegia o tempo todo, de tudo e de todos. Era um típico irmão mais velho – deu um leve sorriso de canto antes de prosseguir – Ele era irritante, até mais que você, mas era o meu irmão no fim das contas – direcionei-lhe o meu pior olhar mas ele nem ligou, pelo contrário, apenas suavizou a sua expressão e me perguntou: - Mas por que a pergunta? – o semblante neutro deu lugar a uma ruga de confusão. Eu olhei para as minhas mãos antes de falar:

- Eu tava pensando em procurar ele, você sabe, para fazer perguntas e essas coisas... – interrompi-me quando notei que ele me fitava intensamente. Seus olhos negros me analisavam minuciosamente, acho que procurando algum indício de brincadeira na minha voz, mas como viu que eu estava falando sério, disse:

- Você falaria mesmo com ele? – perguntou ainda me olhando de forma fixa.

- Sim... Mas só se você deixar, claro – terminei fugindo de seus olhos. A maneira intensa com que ele me olhava estava me deixando envergonhada.

- Eu... – suspirou - Tudo bem. – ele desviou o olhar ao notar meu constrangimento – Mas você já sabe como vai falar com ele? – arqueou de leve as sobrancelhas.

- Sim. É só eu usar os benefícios de ser legista e agendar um jantar com ele, coisa simples, não? – falei sorrindo, já ele não pareceu muito satisfeito, pois emburrou a cara no momento em que eu falei “jantar”. O fitei com certa curiosidade – Por que a carranca? – ele virou a cara.

- Tem que ser um jantar? Por que não pode ser um telefonema? Algo sem contato físico?

- Porque por um telefonema eu não vou poder sequer saber se ele está sendo sincero ou não! – falei aquilo de forma normal – Além de não ser a forma mais indicada para esse tipo de conversação. – ele continuou me olhando com a cara emburrada.

- Eu acho que não é uma boa idéia, afinal Itachi não é muito confiável com garotas – falou com um bico quase imperceptível. Soltei um sorriso de canto e arqueei as sobrancelhas antes de falar.

- É impressão minha ou você está preocupado comigo, Uchiha Sasuke? Nossa, eu estou tocada! – falei com sarcasmo, coisa que fez ele bufar.

- É impressão sua. – terminou olhando para além de mim. Quando ia perguntar o motivo, eis que escuto a voz!

- Chegamos com a pipoca! – gritava Temari aos quatro ventos enquanto Sasuke fechava os olhos e soltava um meio sorriso, já sabendo que a nossa conversa só seria concluída mais tarde.