Soltei um audível suspiro para logo em seguida me levantar da cama onde eu havia me “enterrado”. Olhei para Sasuke com um pedido silencioso para que ele continuasse aqui enquanto eu ia ver quem era que a estava a porta e recebi dele apenas um dar de ombros e um leve sorriso de canto. Interpretei isso como um “sim” de sua parte e sai do quarto para atender a bendita porta e conseqüentemente a pessoa, nesse caso “as” pessoas, que veio tão cedo me visitar.

Foi impossível não suspirar ao ver aqueles três pares de olhos tão diferentes a me fitar.

- O que vocês estão fazendo aqui? – minha tentativa de parecer calma foi por água abaixo, já que minha voz subiu uns cinco tons se tornando esganiçada.

- Noite de garotas! – respondeu a portadora dos olhos mais escuros dentre os três que me fitavam. Temari me olhava de modo alegre, empolgado até, mas logo sua expressão se tornou de pura interrogação ao notar a frustração em meu rosto. Como estudante de jornalismo, a bela jovem que estava me encarando tinha uma facilidade inacreditável para ler sentimentos – Alguém morreu?

- Não – suspirei novamente me dando por vencida – É só que ainda não era a hora de vocês chegarem, não é Yamanaka Ino? – falei com demasiada força o seu nome que ela rapidamente levantou os olhos das suas unhas, que estavam impecáveis, para o meu rosto. Ao notar a minha expressão ela revirou os olhos e falou de forma preguiçosa.

- Que é? Essas duas individuas que me arrastaram para cá. Eu bem que disse “A Sakura não vai gostar”! – disse minha “querida” porquinha de forma entediada.

- E não gostei MESMO! Não tem nada pronto ainda! Não tem como vocês voltarem mais tarde? – perguntei, para a minha desgraça, já que a Yamanaka deu chilique e começou a rodar a baiana.

- Mais tarde uma pinóia! Sabe o quanto demoramos para chegarmos nessa joça, ou melhor, roça? Porque você mora tão longe da minha casa e nesse fim de mundo ainda? Eu ainda tive que buscar a dona Temari em casa e dona Hinata naquele hospital de mortos – Hinata corou de forma tão rápida que acho que até eu me constrangi.

- Pois é – afirmava a outra loira me encarando de forma desafiadora.

- De lá pra cá eu enfrentei MEIA HORA de engarrafamento, quase bati num poste e ainda lasquei o esmalte do dedo mindinho – ela esfregava os dedos na minha cara para mostrar-me uma micro falha na unhas vermelhas.

- Pois é! – Temari insistia em dar apoio moral àquela loira retardada. Só podiam fazer parte da mesma raça mesmo!

- E demorei uns quinhentos minutos para achar um lugar para estacionar sem correr o perigo de que algum moleque enxerido encoste na minha preciosa moto – foi quando percebi que ela contava nos dedos estendidos todas as reclamações.

- Pois é! – já estava a fim de esganar ma certa Sabaku.

- E quando chego aqui – continuou – Você ainda quer que eu vá embora e volte mais tarde? Já não basta ter que ouvir essa songamonga concordar com tudo o que eu falo?

- Pois é! – um silêncio se instalou entre nós até que... – Ei! Peraí! “songamonga”? Songamonga é a...

- Já chega! – gritei interrompendo os furações loiros que estavam a minha frente – Vocês acham também que é legal acordar cedo e ainda ter que aturar reclamações inacabáveis? Já estou ficando com dor de cabeça! – apertei os dedos nas têmporas para ver se impedia a enxaqueca que insistia em chegar – E Ino, eu não te obriguei em momento algum a vir pra cá, além de deixar bem claro que a festa seria de noite – ela me olhou de forma assustada – E não tenho culpa de você ser um barbeira em cima desse vaga-lume ambulante que você chama de moto! Uma unha lascada? Eu já passei por coisas bem piores por vocês e eu em algum momento reclamei? NUNCA! – berrei tentando me acalmar. Soltei um audível suspiro – Eu só acho um pouco injusto vocês chegarem com milhões de reclamações não querendo nem saber se eu também tenho problemas... – terminei com a voz em um fraco sussurro. Estava nervosa e estressada com tudo o que estava acontecendo. Os problemas sobre o assassinato de Sasuke, o meu trabalho em dobro amanhã, a faculdade e agora essas três!

Olhei para as garotas e as encontrei extremamente estáticas pelo meu surto repentino. Apenas Ino continuava com uma expressão birrenta que rapidamente foi se suavizando, mas quando ela abriu a sua boca para falar não teve como não saltar uma veia na minha testa. Quando agente pensa que ela não pode ser mais... Loira, ela se supera!

- Não foi uma unhas lascada, sakura sua burra, foi o ESMALTE! – terminou com um sorrisinho bobo, coisa que só serviu para fazer eu explodir novamente.

- Ah meu deus! Eu desisto de vocês, ta legal? Não tem jeito, vocês SEMPRE vão continuar do mesmo jeito, não importa o quanto eu grite, eu fale, não importa o quanto eu tente fazer isso entrar na mente de... – não consegui terminar de falar, pois ao olhar na direção de Hinata, que estava vermelha como um pimentão, eu percebi uma quarta pessoa olhando pra mim, um quarto par de olhos tão claros quanto os outros que estavam m fitando, um garoto, um garoto extremamente lindo, mas não um garoto lindo qualquer, pois ele tinha um brilho tão conhecido por mim o rodeando, pois ninguém, além de mim, conseguia vê-lo, pois ele era um fantasma. E Hinata estava correndo um grande, um grande perigo.

Acho que fiquei tanto tempo olhando em sua direção que ele acabou percebendo e em menos de um segundo depois sumiu, coisa que só serviu para me espantar mais ainda, finalmente voltando a fitar as garotas que agora me olhavam de forma confusa.

- Aconteceu alguma coisa, Sakura-san? –Hinata finalmente se manifestou, fazendo a pergunta de forma firme. Muitas pessoas a julgam erroneamente, achando que por conta de seu jeito meio ela é uma pessoa fraca...

Não sabem o quanto estão errados!

Ela, além de ser uma bela mulher com seus olhos leitosos e seus cabelos azulados e longos, é uma garota decidida, com uma força de vontade de assustar. Ao é a toa que é cantada por tantos garotos.

Eu tentei ao máximo esconder o nervosismo antes de falar:

- Não! – minha voz saiu esganiçada – Não aconteceu nada! Amos entrando? Tá calor e tem sorvete, vocês querem? – sei que soei desesperada, mas tinha que fazê-las sair dali, sabe lá o que queria aquele fantasma.

- É mesmo! Entrem e vão logo preparando a pipoca, esqueci de travar a moto – falou Ino afastando-se de meu empurrão e direcionando-se para a rua. Virei-me para as outras duas e anunciei que iria fazer a pipoca, mas logo fui interrompida.

- Não vai coisa nenhuma! – falou a garota de orbes claríssimas e cabelos azulados – Nós é que vamos fazer a pipoca para nos redimirmos com você – terminou decidida, puxando Temari e a levando para a cozinha.

Acho que fiquei alguns segundos parada com cara de boba, pois quando olhei para o lado e encontrei Sasuke no sofá, ele estava com um belíssimo sorriso torto em seu magnífico rosto.

- Eu também quero, mas com bastante sal e sem manteiga, por favor – exigiu o salafraio ainda ostentando aquele maldito sorriso.

- É incrível como uma pessoa consegue ser tão relaxada – falei indo me sentar ao seu lado no sofá. Ele apenas me olhou de esguelha e falou:

- Eu faço o meu melhor – dizia indiferente para depois me olhar de forma cafajeste – Mas as vezes você consegue me superar – terminou com um meio sorriso. Não vou nem dizer como fiquei porque vocês já devem saber, neah? Vermelha, Vermelha. E ele se limitou a continuar sorrindo.

- Você as vezes é insuportavelmente insuportável com esse seu sarcasmo – falei com o rosto virado para o outro lado, na tentativa de fazer com que ele não visse meu rubor repentino.