Uma Louca No Rangers escrita por milacristhine


Capítulo 14
John


Notas iniciais do capítulo

desculpe pela demora! quantos leitores eu perdi?



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Eu juro que ia seguir o conselho do Will. Mas não deu tempo.

Quatro segundos após a porta se fechar atrás de mim, surgiu o furacão Alyss me dando uma bronca por estar tão tarde na rua sem ao menos lhe dar uma explicação.

Onde eu estava? Eu estava com fome? Eu estava bem? Eu tinha algum dever de casa?

Como pude fazer aquilo? Eu tinha certeza que estava bem? Como eu havia sido irresponsável! Por que eu não a avisara de que ficaria na casa da Ashley? Eu já havia jantado?

Bem, eu não havia jantado, mas a mãe da Ashley me deu tanto biscoito e suco que a impressão que eu tinha era que estava cheia até o esôfago. Nojento, eu sei.

— Eu adiei a minha missão, mas preciso viajar amanhã. E você vai ficar no castelo porque Will é muito condescendente. Vá arrumar suas coisas.

Eu estava estarrecida, então só murmurei um “ok” baixinho e fiz o que ela mandou.

Ok, vamos avaliar minha situação: eu talvez tenha ajudado o casamento do Sr. e da Sr.ª Morgan. Mas vai saber, essas coisas são muito problemáticas. Momento Shikamaru!

Pentear o cabelo é tão problemático. Trocar de roupa é tão problemático. Desdobrar todos os lençóis é tão problemático, pensar é tão problemático, respirar é tão problemático. Ufa, dormir não é problemático.

Sonhei que Alyss e Will eram dois cientistas que estavam combinando o DNA de um porco com uma cobra para o porco trocar de pele para assim eles terem bacon infinito. Mas eles precisavam tirar a pele dos bichos pra poderem pegar o DNA enquanto ainda estavam vivos, senão não daria certo. Só que eu era a cobra, e o porco era alguma outra pessoa que reclamava que já havia passado por aquilo três vezes.

—Então você sobreviveu?—perguntei.

—Sim, mas cobras sempre morrem.

Então quando Alyss chegou perto de mim mordi sua mão, e quando caí no chão, mordi seu calcanhar para ela não me seguir, mas enquanto eu fugia Will e Alyss gritavam que iriam se vingar por eu ter acabado com o sonho deles de ter bacon infinito, e então surgia o irmão ruivo da Ashley que arrancava minha cabeça com os dentes.

Acordei e me belisquei para ter certeza que estava acordada, e depois me lembrei de que eu sinto dor, desconforto e medo nos meus sonhos. . Então me levantei para verificar se eu era uma menina ou uma cobra e saber se minha cabeça estava no lugar.

É, minha cabeça esta no lugar, eu sou uma menina, e eu estou muito assustada com o meu sonho louco.

E tenho a incrível revelação de que dormir é sim problemático.

Ashley me acorda discretamente pela décima vez, porque depois que eu me olhei no espelho, voltei pra cama para tentar dormir. Só que Alyss chegou dizendo que eu deveria arrumar-me, pegar minhas coisas e irmos para o castelo para preparar minha estadia lá. E eu, como uma boa CSDF, fiz o que ela mandou, porque entendia completamente.

Só que na aula eu estava muito sonolenta.

Então para me manter acordada resolvi tirar as possíveis interpretações da frase “João não vai à escola hoje”.

A maioria das pessoas acredita que tirou tudo o que podia dessa frase no quesito interpretação, que é o fato de o sujeito não ir à aula. Mas a partir dessa frase sabemos que João é um aluno que não costuma faltar à aula, que é uma pessoa saudável, que o que ele tem não é algo grave, que o sujeito pertence ao gênero masculino, que ele tem outra pessoa que é responsável por ele, ou um amigo prestando um favor, que ele tem aula hoje, e provavelmente tem outras, mas agora eu estou com vontade dormir.

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—Sobrevivi!

—Por minha causa né, fofa?

Ela me chamou de fofa?

—Foi mal, eu acordei muito cedo hoje.

—Certo, você já viu se o John deixou algum recado?

Bati a mão na testa.

—Não. Mas verei agora.

Corremos feito duas doidas que éramos até o Localzinho Secreto onde nós (eu e Jonh) nos correspondíamos.

O Barão vai providenciar tudo? Legal! Mas que dia vai ser o projeto?

Não sei. O mais breve possível. Vou falar com o Barão.

—Pelo visto os dois estão levando isso a sério demais.

O objetivo desse comentário era ser palhaço, mas veio com um entusiasmo e uma leveza que eu nunca tinha visto nela. E agora eu não era a única que sorria o tempo todo.

Conversamos sobre coisas banais e sem sentido tipo: um cachorro araluense entende o que cachorros galeses falam? É claro que sim, o cachorrês é o mesmo, a única coisa que muda, é o sotaque.

Sentido mandou lembranças. Pelo menos tirou todo o meu sono.

E então aconteceu algo memorável, que mudará para sempre o futuro de todos aqui em Araluen... Quer dizer, vai saber, eu prefiro acreditar que isso vai acontecer, mas enfim, o que eu estava falando mesmo?

Ah, sim, algo memorável, claro.

O John veio falar com a gente.

Mas deixe-me explicar onde estávamos. Tinha escada meio que escondida que ficava numa parte que quase ninguém ia que dava numa torre com varanda longa e coberta e umas esculturas empoeiradas num canto, que decidimos não chegar perto nem mesmo para limpa-las. E se subíssemos no parapeito da varanda, nos apoiássemos no pilar que segura o teto, e ficássemos na ponta dos pés, teríamos toda a escola no nosso campo de visão.

 Eu me perguntei se deveria segurar vela ou se iria embora. Decidi ficar, por que ele parecia muito nervoso. Quando cegou ao pé da escada, ele parecia meio que surpreso por ter chegado até lá.

—Suba John.

Ele fez o que mandei. Sim, eu sou muito mandona.

—Ahn... eu, ahn...err— ele parecia perdido e coçava a cabeça.

—Desembucha!

Ele pareceu assustado, o que foi estranho já que eu não pareço muito assustadora. Numa das vezes que Lady Pauline me viu, disse que eu era muito fofa. Logo “assustadora” não era algo que eu associasse a mim nem quando me olhava no espelho e tentava fazer caras assustadoras. Sorrisos cruéis eram possíveis, mas nunca ficavam assustadores de verdade, estavam mais para “assustador-fofo” que faria as pessoas apertarem minhas bochechas, o que eu detestava.

—Eu ahn queria falar com você.

Queria? Não quer mais? Porque ele não quer mais falar comigo?

Mas em vez disso falei outra coisa:

—Certo. —

Subi no parapeito, fiquei na ponta dos pés apoiando-me no pilar e observei a escola.

—Mas tem que ser rápido, porque o pessoal já está entrando nas suas salas.

Descemos e então eu fiquei esperando ele falar alguma coisa, mas ele só mexia as mãos e olhava por cima do meu ombro.

—Certo, você não foi lá pra falar comigo, né?

Ele assentiu quase em transe. Depois se deu conta que tinha se entregado e seu rosto e pescoço tomaram uma coloração tão vermelha que me assustou.

—Ei, calma, eu não posso ver sangue.

—O-ok.—

—Agora me diga por que foi lá pra cima.

—B-bem, a gente se vê depois.

E saiu correndo! Feito um retardado!

Primeiro fiquei paralisada, depois levantei as mãos pra cima e me perguntei qual era o problema dele, depois voltei lá pra cima.

Relatei pra Ashley a conversa que tive com o John e declarei que ele tinha problemas. Ela riu da minha cara.

Quando eles estiverem namorando vai ser quase insuportável.

Mas fazer o quê?

Descemos e fomos pra sala, porque a aula já ia começar.

A professora tentava explicar que nossa urina era sangue que havia apodrecido e que nosso corpo expelia.

Ashley pôs a mão na boca pra evitar uma risada depois de olhar pra minha cara.

Admito que não estava lá essas coisas. Eu havia virado a cabeça até a testa quase tocar no ombro e estava completamente perplexa.

Primeiro por que tenho fobia de sangue, segundo porque estava completamente errado.

É o cúmulo. Vou me agarrar com unhas e dentes aos meus livros didáticos que eu trouxe de casa.

Pus a mão na boca e tentei acalmar meu estomago. Eu definitivamente odeio essa aula.

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Eu estava me apoiando na parede depois de expulsar todo o lanche.

Sentei-me em um banco e respirei fundo.

Depois de sair correndo da sala Ashley me seguiu e eu disse que só voltaria quando aquela aula acabasse e que não era justo ela perder matéria por minha causa, e que ela tinha estômago fraco, que se continuasse lá comigo iríamos vomitar juntas.

Então ela voltou pra aula e eu consegui acalmar meu estômago.

A professora terá que me passar uma matéria especial! Recuso-me a estudar sobre sangue apodrecido!

Tirando isso o resto dia foi normal, e quando cheguei ao castelo não comi nada, já que não sabia se meu estômago iria aguentar.

 Depois me lembrei de que John me perguntara que dia ia ser o projeto e eu não sabia.

Eu estava na antessala esperando ser anunciada. A sorte? Alyss me dera um livro antes da nossa... ahn... Discussão. Enfim, eu estava tão concentrada, tentando decifrar a escrita antiga, que o Cara Que Anunciava As Pessoas teve que me chamar duas vezes.

—Ah, desculpe-me eu estava concentrada.

—O Barão lhe espera.—disse o CQAAP.

Entrei e encontrei o Barão numa cena familiar. Sentado escrevendo algo nos papéis à sua frente.

—Meu senhor.— falei.

—Ah, é você.

Senti-me muito pequena.

—Sim, sou eu.

—O que quer?

—Bem, não quero apressar-lhe nem nada, mas, bem, eu gostaria de saber mais ou menos quando os materiais chegarão para marcarem a data e... Bem é isso!

—Os materiais chegam ao fim da semana que vem.

—Certo. obrigada meu senhor. Era apenas isso. Obrigada por me ouvir.

—Camila?

—Sim?

—Não se esqueça do jantar que teremos semana que vem.

—Sim meu senhor.

Saí de lá e me sentei pra me acalmar. Eu penso muito no que vai acontecer, então fico apavorada muito antes de ao menos estar perto do acontecimento.

Fui para o meu quarto e me deitei na cama e pisquei.

Quando abri os olhos de novo o sol estava quase se pondo. Por não ter comido nada quando cheguei estava completamente faminta.

Desci rapidamente e fui até a cozinha ver se tinha algo para eu comer.

Depois de devorar todo o conteúdo do prato a minha frente (bem mais que o normal) recostei-me e tentei manter meus olhos abertos.

Levantei-me e fui para o meu quarto. Precisava resolver aquela questão de matemática. Se ao menos tivesse minhas adoradas aulas de português, mas nããão.

Depois de guardar meu material deitei na cama e dormi até a manhã seguinte.


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Notas finais do capítulo

feliz ano novo!
(e feliz natal atrasado)