E eu o via. Via que ele não ligava. Ele conversava normalmente e era como se nada tivesse acontecido. Ria e chamava-me como se não tivesse me amado. E provavelmente não teria o feito.

Estou com alguém novo. Não o esqueço. E eu sinto demais. Besta demais. “Sozinha enquanto acompanhada”, como dizem.

A realidade me atingia no rosto com um baque surdo. É. A verdade era essa. Ele realmente não me amara. Eu sentia, e sentia, e sentia. Sentia mais um pouco. Ele não me amara. Não gostara de mim. Eu não fazia falta.

Com olhos marejados eu me tocava. Depois de tanto tempo se o ter, me tocava. Ele não gostara de mim.

Dei um sorriso fraco.

Do que ele gostaria em mim afinal?

Eu adorava me iludir. Pensava que tudo que eu sentia era correspondido. Mas não.

Adorava ouvir sua voz rouca e respiração pausada. Sentir seu sorriso me fazia sorrir também. Passávamos horas e horas só ouvindo a respiração, um do outro. Ocasionalmente soltávamos algumas palavras. Eu achava que ele gostava de mim. Mas não.

Ouvia seus poucos gracejos com alegrias imensas. Explodia de felicidade num mínimo cumprimento. Achava que ele ousara um dia a me amar.

Mas não.

Não.

Não.

Sempre não.

Passassem anos meses e pessoas, eu nunca deixaria de amá-lo.

E ele nunca deixaria de não me amar.