Desencontro de Transeuntes escrita por BiaHoTomato
Notas iniciais do capítulo
Depois de tanto tempo, me bateu uma inspiração, assim, de repente.
Boa Leitura!
Sentada num banco da praça, me comovia. Via vários casais se beijando, passeando, velhinhos alimentando pássaros e moleques andando de skate. Meu vestido voava com a leve brisa, exibindo, parcialmente, minhas pernas imóveis. O sol brilhava alto no céu, iluminando a morna tarde de primavera.
O vi. Tão majestoso em seus jeans e casaco, com seus óculos tortos e má postura. Ele sorria. Um sorriso infantil e lindo que tanto me fizera devanear no passado. Olhava para mim, acenando, com seu braço cheio de braceletes e anéis. O piercing brilhava em sua sobrancelha, que se curvava à medida que ele franzia a testa somente por costume.
Lembrava-me de nossos dias no quintal, nossas tardes na varanda, nossas noites no sofá.
Acenei de volta, ansiosa para que viesse junto a mim. Ele riu debochado. Encarou-me com um semblante de nojo, tal qual fosse um dos pombos que ali se encontravam. Encolhi-me. Assustei-me com seus gestos e trejeitos e assombrou-me o medo. Ele chegou perto, com olhos de malícia, olhos de travessura. Segurou meus braços e me puxou. Puxou bem pouco, somente me colocando na ponta do banco. Pedi que não o fizesse, mas ele não me ouviu. Só ouvia a própria risada, enquanto sustentava meu peso.
Soltou.
Lágrimas.
Meu corpo frágil, semi-incapaz, caiu. Com um baque, sinto dores nos braços, os quais utilizo para proteger a cabeça. Mordo minha língua. Não entendo.
“Por quê?”
Foi minha indagação, minha pergunta, a única expressa meio a tantas outras.
Com sádica expressão, no rosto vil, tão belo, responde-me agachando-se, com um beijo.
Lágrimas.
“Por quê?”
Ele levanta. Tento me arrastar para longe, levando o peso inútil e fardo da metade inferior do meu corpo.
Diverte-se com minhas tentativas inúteis. Nenhum pedestre parece notar meu desespero na praça.
Ele levanta uma perna, joelho dobrado, como se começasse uma marcha.
Lágrimas.
Olhos fechados.
A tarde era morna e era primavera. Casais, idosos, pombos e moleques. Eu me comovia. Ele pisava em mim, até que se esvaísse o resto de movimento de meus membros.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Me digam o que acharam, por favor. Estou meio enferrujada com a escrita D: