Uma Nova Chance escrita por Aislyn


Capítulo 2
Ledo engano?




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Conforme o prometido, continuei sem fazer qualquer tipo de ato impensado. Como deveria ser, eu me tornei uma nobre dama sem voz e sem vontade. Minha família decidia, eu acatava. Meu pai continuava me tratando com amor e dias depois, ele resolveu deixar o bantai nas mãos de seu Fukutaichou para tentar me trazer alegria com a sua companhia. Eu só tinha um consolo, pensar em meu salvador... Lembrar daquele sorriso me trazia um pouco de paz.

– Filha... Eu preciso falar com você.

Estranhei o timbre sério do meu pai e queria que ele chegasse logo ao ponto. Estavamos acomodados sobre almofadas confortáveis, ele serviu-se de uma xícara de chá do bule que um criado trouxera há instantes atrás e me olhou com tristeza.

– Fiz uma promessa a um bom homem... Em seu leito de morte, pediu-me para adotar o seu filho.

– Otou-sama, isto é admirável - comentei sorrindo. – E quando vou conhecê-lo?

– Hoje à noite... – Papai parou alguns instantes e respirou profundamente. – Ele será meu enteado através do casamento com você.

– O quê? – Eu joguei a xícarara contra uma parede, não sabia o que dizer. Meu pai, que tanto julgou o pai de Mika, estava cometendo o mesmo ato. Eu não podia deixá-lo me ver chorar, sem fraquejar, o encarei com fúria. – Que assim seja! Então só vou conhecer meu futuro marido no dia do nosso casamento. Espero que respeite a minha vontade, assim como respeitarei a sua.

– Mas, Yuki – tentou calmamente meu pai. – Você precisa conhecer o rapaz. Sei que gostará dele... É um jovem homem, valoroso guerreiro e...

– Basta, otou-sama!

Sai correndo dali, tudo o que precisava era deitar-me em minha cama e ter o consolo de meu travesseiro. Chorei até o amanhecer, eu queria fugir, procurar pelo meu salvador e pedir para que ele me livrasse daquele destino horrível. Não conseguia me imaginar ao lado de um homem autoritário como o enteado dos Kimura. Meu pai poderia ter adotado um filho, entretanto, preferiu me condenar com um marido que eu nunca vi e jamais amaria.
Eu havia planejado tudo, foram dias provando os trajes de noiva perfeitos e escolhendo um penteado tradicional. As jóias raras da família foram reservadas para a ocasião, eu estava deslumbrante diante do espelho, coberta pelo ouro reluzente e acalentada pela seda branca mais fina, com detalhes bordados a fios de ouro. Faltava apenas uma hora para o ínicio dos festejos, contemplei o meu reflexo pela última vez. Aquele traje que eu envergava seria a minha mortalha. Com cuidado, me ajoelhei no chão, então desenrolei um pano dourado, pegando o punhal que estava guardado junto a ele.
Finalmente eu entendia o motivo pelo qual Mika não conseguia chorar em seu casamento, eu também não consegui. Não restavam mais lágrimas, haviam secado. Eu admirava a minha amiga, ela era mais corajosa do que eu, que encontraria no seppuku naquele momento a única saída.

– Eu o teria amado como irmão, seja lá quem for... Mas jamais seria capaz de amá-lo como esposo. Bem vindo à família - disse para mim mesma com ironia.

– Obrigado!

Eu ouvi uma voz familiar, isto me forçou a parar quando estava com a lâmina do punhal pronta para rasgar meu ventre. Senti que o coração saltaria pela boca, minha mão fraquejou fazendo com que a arma caísse sobre o tapete. Ao virar o rosto eu o vi parado na porta, escultural. Estava vestindo um traje vermelho, usava preso à mecha de cabelo vermelho no lado esquerdo o kenseikan, presilha que os nobres da nossa família costumavam usar. Reconheci o colar em seu pescoço, pertencia ao meu pai. No início não uni os fatos, ele se aproximou de mim, estava com uma expressão de tristeza em seu belo rosto.

– Será que você veio me salvar novamente? - Perguntei incrédula.

– Acho que na verdade, pelo que eu presenciei agora, sou o causador da sua dor. Será que sou tão indigno? Se eu soubesse o quanto você desaprovaria a nossa união, eu teria negado a proposta do Ginrei-Dono.

Eu notei uma lágrima cristalina rolando em sua face, aos poucos as peças se encaixavam. Ele não era um convidado ou um invasor... Era tudo minha culpa, fiz com que meu pai respeitasse a minha vontade de não conhecer o meu noivo!

– Por causa do meu orgulho... Quantos momentos de felicidade eu devo ter perdido ao seu lado? Você é mais do que digno, meu shinigami herói... Você é o dono do meu coração.

– Como posso eu ser dono de um tesouro tão inestimável e não saber disto?

Ele ofereceu a sua mão e ajudou-me a levantar. Pude perceber sinceridade em seu doce olhar, o sentimento era recíproco. Minha vontade era cair nos braços dele, todavia, já era chegado o momento do casamento. Não sei como ele conseguiu chegar até o meu quarto, contudo, acho que meu pai tinha algo com aquela história.
Eu errei... Gostaria de ter sido condenada para sempre a ficar ao lado dele, já não via como aquilo poderia ser a condenação ruim que eu pensava ser. Não conseguia parar de pensar no ato que tentei cometer e se ele não tivesse aparecido na minha porta como que num milagre, eu estaria agonizando ou morta naquele momento.
A cerimônia de casamento foi linda, todos estranharam a minha felicidade, eu sorri o tempo todo. Quando meu pai o apresentou a todos, parecia que meu coração transbordaria de alegria.

– É com a maior satisfação que eu vos apresento Kuchiki Kouga, meu enteado. Sinto um grande prazer em ter unido a minha filha Yuki a um jovem tão valoroso.

Kouga estava nitidamente assustado, eu consegui salvá-lo de uma pequena reunião que se fez entre líderes de famílias e Taichous, inclusive o Soutaichou do Gotei Juusan, Yamamoto Genryuusai.

– Obrigado por me convidar para dançar, Yuki-Sama.

– Sou sua esposa, acho que mereço um tratamento menos formal, Kouga.

– Minha esposa - sussurrou ele com a cabeça junto a minha. – Nunca pensei que eu pudesse voltar a ser feliz após a morte do meu pai. Eu jamais poderei agradecê-la por ter me aceitado.

– Você sente algo por mim? – Perguntei timidamente.

– Estou apaixonado por você, desde o momento em que a vi. Durante meses eu me esforcei para que o seu pai me enxergasse no Rokubantai. Eu quis tanto ficar com você, assim, confiei em meu pai que prometeu tentar fazer com que a família Kuchiki me aceitasse.

– Você sabe que... Mesmo se não tivessem o aceitado, bastaria você vir aqui e eu iria aonde você fosse. Fiquei meses arquitetando um plano para fugir rumo ao Mundo Real, sonhando em ter você ao meu lado. Parece que minhas preces foram atendidas, no último momento... Quando não havia mais qualquer esperança.

– Minha esposa – repetiu Kouga. – Adorada, bela, repleta de encantos... Eu sou o homem mais feliz do universo, esteja certa disto. Vamos esquecer o passado, o que importa é que eu consegui ficar ao seu lado e trarei todas as honras para a nossa família.

Eu estremeci quando ele me chamou de "sua esposa", já estávamos a sós num quarto reservado para as nossas núpcias. Ele trancou a porta e sentou-se ao meu lado na beira da cama. Gentilmente, pegou a minha mão e a beijou. Sei que eu não deveria ter pensado naquilo no momento, mas foi inevitável... Pensei por algum tempo em Mika, ela não teve a mesma chance que eu de casar-se com o homem amado. E também, a minha consciência pesou um pouco pelo que tentei fazer... Como Kouga e meu pai sentiriam-se ao encontrar-me morta daquele jeito covarde que eu havia escolhido para tal?
O destino foi generoso comigo, eu tinha ao meu lado o príncipe dos meus sonhos, então, tentei pensar somente nisso.
Por vontade própria, levantei e comecei a me despir lentamente, queria ser dele. Kouga me trouxe para o seu colo, eu já estava seminua, apenas com as roupas íntimas. Pela primeira vez nossos lábios se tocaram, logo, senti a língua dele invadir a minha boca e o encontro de nossas línguas. Seu beijo era doce, cálido... Tão envolvente, ele tocava o meu rosto, me beijava com calma. Eu me senti um pouco apressada e o despi. Fiquei surpresa quando vi o seu dorso nu. Era incrível, bem esculpido... Kouga não era somente um homem gentil, também era belo, forte, mais do que eu sonhei.
Livres das roupas, eu deitei na cama e ele ajeitou-se sobre mim, explorava com beijos e carícias cada centímetro do meu corpo. Experimentei sensações inexplicáveis, arreios, contrações... Eu queria agradá-lo, também o beijei, passei as mãos através do corpo dele, sem qualquer constrangimento. Parecia que nos conheciamos daquela forma há anos.
Ele sorriu no momento em que me invadiu intimamente, meu coração disparou mais ainda. Atencioso, Kouga não deixava de me envolver com seus beijos e seus movimentos eram cadenciados. Fui às alturas quando o meu esposo tocou os meus seios, entretendo-se por alguns minutos. Eu senti uma explosão de sensações, tentei controlar os gemidos ao atingir o ápice, me segurei com força nos ombros dele, apertando-o contra o meu corpo com as pernas. Sei que ele deve ter sentido o prazer absoluto também, pois, caimos exauridos quase que ao mesmo tempo. Eu não quis que ele saísse de dentro de mim, então, fiquei acariciando os cabelos dele enquanto estava deitado sobre meu corpo.
Foi a melhor experiência da minha vida até então, me senti realizada, tão plena. Kouga então se deitou ao meu lado e aninhou-me em seus braços, afagando meus cabelos. Senti um arrepio quando ele falou próximo ao meu ouvido:

– Eu te amo, minha esposa.

– E eu te amo... Nunca mais quero sair de perto de você. Meu esposo amado - murmurei emocionada. - Kuchiki Kouga... Minha felicidade não tem proporção.

– Yuki... Você é tão linda. Farei o que puder para torná-la ainda mais feliz!


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