Jogos Vorazes escrita por Lívia Andrade


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Clove Clove Clove, onde está você?



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Ignoro todos os pensamentos ruins e continuo a correr para a direção do aerodeslizador, passo por um monte de flores que parecem terem sido colocadas ali de propósito e vejo Marvel, no chão e com um buraco no centro do seu pescoço.

 Após tanto tempo no centro de treinamento e convivendo com armas, sou habilidoso o bastante para saber que aquele ferimento só pode ter sido causado por uma flecha.

 Fogueiras sem nenhum tributo por perto, explosão dos nossos mantimentos, Marvel morto por uma flecha. Tudo leva a mesma pessoa. Katniss.

 Lembro de quando ela tirou a flecha das mãos mortas de Glimmer, será que foi isso que ela mostrou na entrevista com os  idealizadores?  Ela é tão boa a ponto de ter tirado uma nota 11?

Vejo o idealizador levar o corpo de Marvel e é nesse momento que percebo que tenho que tomar cuidado com a pacata garota do distrito 12.

Não há mais nada a fazer. Descobri que um dos mortos era Marvel agora tenho que esperar o hino para descobri quem foi à outra vitima.

 Volto pelas árvores e paro novamente onde deixei Clove, imagino onde ela pode estar agora. E se estiver morta...

Vejo um brilho bem rente a mim e quando viro vejo uma faca alojada em uma árvore.

- Me procurando, Cato?  - Diz uma voz acima das árvores.

 E lá está ela. Imagino como conseguiu subir tão alto com o tornozelo machucado. Fico muito feliz em vê-la.

- Não. – Minto - Deduzi que a pessoa que matou Marvel estaria aqui por perto. Assim eu poderia mata-la.

- Marvel? Bom, eu não o matei – Diz Clove pulando da árvore e mancando até perto de mim – Mas se você estava procurando algum tributo para matar... aqui estou eu.

 Ela está tão perto de mim que consigo enxergar suas sardas. Tiro minha espada do meu cinto, mas Clove não se afasta.

- Você é tão engraçada. – Digo

- Sou? Não me lembro de ter dito nada que tenha alguma graça.

 Os olhos de Clove estão fixos nos meus e realmente não enxergo nem um pouco de graça neles.

- Está com medo, Cato? – diz a garota

- Não. – Essa frase, sempre dirigida a mim. Lembro do sonho que tive e se parecia muito com o que está acontecendo agora. Clove dizia essa mesma frase quando eu não conseguia mata-la.

- Então acabe logo com isso. Você só vai fazer um favor pra mim.

O temperamento de Clove me irrita, ela consegue mudar de um ser frágil para forte em questão de segundos.

- E não consigo correr, logo vou ser encurralada por algum tributo e vou acabar sendo morta. – Diz a garota.

- Eu que piorei seu machucado no tornozelo. - Rebato

- Já fez uma parte, agora termine o serviço.

 Seus olhos continuam fixos nos meus, ela não demonstra medo e nem que vai fugir. Apenas espera.

 Levanto a minha espada e a encosto em seu pescoço. Clove continua me fitando. Aperto mais a espada e vejo gotas de sangue cair sobre ela.  Clove ainda não tira seus olhos dos meus. Abaixo a arma.

- Foi o que eu imaginei. – Diz Clove colocando a mão no pescoço e verificando o sangue– Tchau futuro vencedor do septuagésimo quarto jogos vorazes. – e ela se afasta.

- Tchau pequena arremessadora de facas. – Digo quando ela já está longe.

Arrumo um local para me abrigar. Não contava com perder todo meu estoque de suprimentos, a única coisa que eu tenho é minha espada. Pego algumas folhas tento fazer uma esteira, não sou muito bom já que não estive em nenhuma estação que ensinava sobre isso. Clove talvez soubesse algo.

  Logo o sinal está no céu, o hino toca. Vejo Marvel e a garota do Distrito 11. E só por hoje.

  Então o grito era da menina do distrito 11. Me surpreendi com sua capacidade de chegar até aqui. E como será que ela morreu? Katniss a matou? Ela não teria coragem de fazer uma coisa dessas, esse é o seu defeito.  Acho que não sou tão diferente de Katniss, também não consigo matar Clove.

 Agora somos apenas seis, as apostas devem estar fervendo na capital. Meu pai deve ter finalmente deixado o trabalho de lado para participar da entrevista. Penso se quando eu sair daqui como vencedor nós vamos voltar a ser uma família, se tudo vai voltar a ser como antes.

   De manhã sofro as consequências da noite mal dormida. Sinto dores nas juntas e articulações, me movo de vagar e sei que agora seria um alvo muito fácil para até uma criança de seis anos.

 Resolvo caçar, nunca fui muito bom com isso. Acho que por eu ser muito grande e espantar os animais ou porque não sou silencioso o bastante, então resolvo montar armadilhas e descubro que também sou ruim nisso.

 Quando tínhamos suprimentos tudo era diferente, eu não estava tão preparado para arena assim como eu imaginei. Achei que para vencer os jogos eu só tinha que matar, mas vejo que é bem mais, além disso.

 Depois de mais ou menos duas horas de espera consigo capturar um esquilo com a minha armadilha má construída, que, aliás, funcionou de forma errada fazendo o esquilo ficar preso por uma de suas pernas o que fez ele se debater, só para quando o decapito com minha espada.

 Faço uma pequena fogueira e cozinho a carne de esquilo, não é muito apetitosa, mas bem gordurosa e me dará bastante energia. Fico de estômago cheio antes de terminar e resolvo guardar o resto para quando me der fome. Fico feliz por ter deixado uma garrafa no bolso antes de ter caído na armadilha de Katniss, assim posso guardar água em algum lugar.

 Volto pelo caminho das fogueiras e encontro nosso antigo acampamento, perto da cornucópia onde tem um pequeno lago.  Encho minha garrafa de água e logo saio o mais rápido que posso. Aquele lugar não é tão bom para um tributo tão cansado quanto eu.

 Não sei aonde ir, há cinco tributos espalhados por essa arena que é enorme e eu não faço a mínima ideia de como encontra-los então sigo pelo único caminho que me é sensato. A Floresta.

   Resolvo me abrigar em cima de uma árvore dessa vez. Como sou muito pesado não consigo subir muito alto, mas me alojo em um dos galhos baixos de uma árvore.

 Fico apenas fitando as folhas e imaginando onde cada tributo poderia estar e o que estão fazendo. Penso em como vou me proteger de Katniss e seu arco e flecha. Tudo bem, eu tenho a espada, mas para usa-la eu preciso estar perto da pessoa já o arco e flecha não, de cima de uma árvore pode ser lançada e se ela for realmente muito boa com isso não vai errar um alvo tão grande quanto eu.

 Entre as folhas eu vejo a insígnia da capital. Nenhuma morte hoje. Me pergunto por quanto tempo ficarei tranquilo até os idealizadores armarem uma catástrofe para nos reunir. E se isso acontecer logo quero dormir um pouco primeiro.

 Viro e tampo os ouvidos para bloquear o hino de encerramento, mas trombetas soam, eu levanto bruscamente e acabo caindo de cima da árvore.

 Geralmente a única comunicação que os tributos têm fora da arena é a quantidade de mortos, mas, raramente, há trombetas que seguem um anuncio que podem ser para um banquete. Os idealizadores fazem isso quando a comida na arena está escassa e também para reunir os tributos.

 Se fosse isso eu não iria pela comida, mas sim pela oportunidade de matar alguns competidores.

A voz de Claudius Templesmith ruge de cima, congratulando os seis de nós que restam. Mas ele não está nos convidando para um festim. Ele está dizendo que houve uma mudança nas regras. Desde quando eu nasci assisto, todo ano, aos jogos e nunca houve isso. Ambos os tributos do mesmo distrito podem se declarados vencedores se forem os últimos vivos. Claudius dá uma pausa para as pessoas interpretarem a mudança radical e depois repete novamente a regra. Fico em choque, nunca imaginei que isso ia acontecer. No momento não penso em nada, na verdade em nada tão grandioso. A única coisa que vem na minha cabeça é um nome. Clove.


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Notas finais do capítulo

Não deixem de dizer o que acharam (: obrigada a todos que acompanham minha fic.