Clarissa POV'S

           Estavam todos desesperados.
           -Eu vim o mais rápido que pude!
           Minhas amigas estavam aos prantos.
           -Clarissa, a Alice entrou em coma.- as palavras quase não saíram da boca de Anna.
           -Como assim? O que aconteceu?- me desesperei.
           -A culpa é minha! Toda minha! - Zayn disse e se pôs a chorar.
           Nesse momento, o médico responsável pela minha amiga entrou na sala de espera. Ele se assustou com a grande quantidade de pessoas que esperavam notícia.
           -O quadro de Alice já é estável, mas não podemos dizer quanto tempo o quadro de coma vai durar. Eu sinto muito. Agora, só depende da paciente.
           Aquelas palavras foram duras para os pais de Alice, a dor diminui pelo fato de ela agora estar estável, mas a ausência dela por tempo ilimitado, era muito difícil.
          -Nós podemos vê-la?- a mãe de Alice, sr.ª Laura pediu.
          -Agora sim, mas podem somente duas pessoas por vez.- o doutor disse.
        Depois do pais de Alice, a Manuella e a Marina entraram. Logo após foi minha vez e a de Anna.
        Foi horrível ver minha amiga entubada, deitada, sem ela estar fazendo graça para nos fazer rir. Foi péssimo ver Alice, que é uma pessoa tão cheia de alegria, deitada ali, sem poder nem ao menos se mexer. Não consegui, e comecei a chorar, Anna, era mais forte que eu, mas vi seus olhos enxerem d'água. 
       -Alice, melhora logo ok? Todos estamos te esperando.- Anna disse, relutando para não chorar.
      -Isso mesmo amiga, força como você sempre tem!
      Saí do quarto, quando fechei a porta caí em lágrimas. O médico pediu para que não chorássemos perto de Alice, pois mesmo quando uma pessoa estava em coma, ela entende um pouco do que se passa em volta dela. Anna e eu chegamos à sala de espera, e Zayn quis ficar sozinho com Alice.
   
      Zayn POV'S

      Entrei no quarto de hospital de Alice. Lá estava ela, deitada, machucada e entubada, por minha culpa. Era como se uma parte de mim tivesse sendo machucada. Eu queria a reanimar, queria fazê-la voltar à vida normal, mas não podia. Me deitei na beirada da cama ao seu lado.
     -Me perdoe.- sussurei em seu ouvido.
     Minha princesa não ter respondido foi como se alguém estivesse esmagando meu coração. Fiquei olhando para ela, mesmo em coma, sua beleza ainda não tinha ido embora.
     Fechei meus olhos. Lembranças vieram à tona. Sua personalidade forte, seu jeito de me fazer rir, seu charme, seu sorriso, ela me oferecendo ajuda ao meu vício. E eu? O que eu fiz? A decepcionei, e agora ela estava ali, inativa, por minha culpa. Não sei quanto tempo fiquei deitado ao lado dela, viajei pelos momentos, e nem percebi o tempo passar. Acordei quando o seu médico disse que meus amigos queriam vê-la. 
      Não consegui sair daquele quarto, eu precisava permanecer ali. Alice precisava de mim. Por isso, um de cada vez, os meninos foram vê-la. Liam, veio primeiro. 
        -Alice, tenha fé como você disse que sempre tem quando conversamos mais cedo. Você vai melhorar. 

Liam percebeu meu sacrifício para não chorar. 
          -Ei, a culpa não é sua. Você se preveniu, foi um acidente. O fato de Alice ter reagido daquele jeito, também não é culpa sua. Você não pode controlar tudo Zaz.
           -Mas olhe como ela está agora!
           -Alice é forte, jovem e saudável. Eu conversei com os médicos, ela tem grande chance de sair dessa, é só ter fé.
           -Obrigado Liam. 
           Liam saiu e logo depois vieram Niall, Harry,e por último Louis.
           -Acho que não é só você que precisa de melhoras, acho que o Zayn também não é mesmo Alice?
          Olhei com uma expressão brava para Lou.
          -Alice, sai dessa logo para o bobo do Zaz ver que não foi culpa dele.
         Tive esperança que ela reagisse, um movimento de mão, respirar mais forte talvez, mas não, ela continuou imóvel respirando normalmente.
         Sr.ª Laura veio logo depois. Ela disse que eu poderia ir pra casa, mas ninguém iria me tirar dali. Eu precisava ficar ali, para qualquer sinal que Alice desse. 
         A noite foi longa, consegui convencer Laura a passar a noite em casa, pois ela estava cansada, e eu por ser mais jovem, não me faria tão mal passar a noite no hospital. Acordava de 2 em 2 horas. Em um dos sonos, sonhei que minha pequena havia acordado, estava falando comigo, no sonho eu a pedia em namoro, e bem na hora que ela iria responder, abri meus olhos, e vi que tudo não passava de um sonho.  

Fiquei ali naquele silêncio profundo, só com o leve som de pessoas conversando e se movimentando lá fora, e o barulho dos aparelhos. De repente, ouvi meu estômago roncando. Com o coma de Alice, me esqueci de comer. Desci até a cantina. No caminho vi choros, sorrisos. Talvez bebês nascendo. Comprei um sanduíche e um suco.                Antes de voltar ao quarto, passei na maternidade, fiquei ali olhando aqueles bebês, pensando que daqui a alguns meses, eu seria pai. Mas o pior era que meu filho não era de quem eu mais amava.
         -Qual deles é seu?- uma mulher chegou ao meu lado.
         -Nenhum, mas na verdade, daqui a alguns meses serei pai.- respondi.
         -Ah! Um bebê é uma coisa tão linda. De quantos meses sua esposa está?
         -Seis, e ela não é minha esposa. Nunca fomos casados, eu sou apaixonado por outra que está internada aqui.- meus olhos encheram d'água.
          -Foi um acidente o bebê?
          -Sim.
         -Entendo como é. Meu primeiro filho não é de meu marido atual, foi acidente de quando eu era jovem, assim como você, eu amava, e ainda amo, o homem que não era o pai. Por que você se emocionou?
        -É que hoje, a mulher que eu amo, sofreu um acidente por minha culpa. Eu contei à ela sobre minha futura paternidade, ela ficou nervosa, saiu chorando, e quando foi atravessar a rua, não olhou para os lados, e por isso foi atropelada, e agora está em coma.
       -Nossa...Que triste. Mas ela vai melhorar, tenha fé.
       -É o que todos dizem, e eu tenho, mas o que mais de magoa é pensar que foi tudo culpa minha.
       -Foi um acidente não foi? Então por que a culpa é sua?
       -Pode até não ser, mas eu tenho medo de como ela irá reagir quando acordar.
       -Se ela te amar de verdade, vai entender. E você já está agindo com fé.
      -Estou?
      -Sim, você disse "quando ela acordar".
      -É mesmo. Eu tenho que ir. Vou para o quarto ficar com ela.
      -Qual o nome dela?
      -Alice.
      -Sério? É o nome da minha sobrinha. Ela também está com dificuldades.- ela disse apontando para uma garotinha.
      -Que linda. Meu filho será um menino.
      -Estarei rezando por sua Alice também.
      -Obrigado moça. Ah, e obrigado também por me dar atenção, estava precisando conversar com alguém. Tchau!
       -De nada. Boa noite.
      Subi, e entrei no quarto. Abri a cortina para ver a lua. Peguei meu lanchei e sentei-me para comer. Percebi que a luz do luar iluminava minha princesa. De repente fui invadido por uma incrível sensação de esperança. Sabia que Alice iria acordar, só não sabia quando.