Eu levantei da cama em um pulo, quando escutei a voz do Nick me chamando do jardim de casa. Corri pro banheiro pra lavar o rosto e prendi o meu cabelo em um coque pra disfarçar os fios embaraçados. Só então me direcionei pra janela.

– Nick, que bom que você veio. -eu falei aquilo, o que não era 100% mentira apesar de eu não esperar visitas naquela hora. Eu precisava me desculpar com o Nick pelo que aconteceu de manhã. - eu ia te ligar, mas a minha mãe confiscou meu celular por tempo indeterminado, então não deu...

– O que importa é que eu estou aqui e eu vim me desculpar também. Será que você pode descer aqui?

– Espera um pouco, você sabe. A minha perna tá engessada então vai demorar só um pouquinho pra eu descer as escadas - eu falei rindo.

– Então me espera tá bom.

Alguns minutos depois Nick apareceu na porta do meu quarto, e eu fiquei um pouco assustada por ele ter conseguido entrar no meu quarto sem que a minha mãe reclamasse. Nossa senhora! será que ele é um ninja?!

– Como conseguiu passar pela minha mãe?! -eu falei

– Ah, a tia Mary me deixou subir quando eu disse que tinha que resolver uns assuntos pendentes da escola... -ele falou com a maior cara de safado.

– Seu safado! - eu dei um soco de leve no braço dele.

– Mas enfim, me desculpa ok? Eu não deveria te deixar você sozinha com aquele imbecil.

– Qual é o seu problema com ele? A gente nem se conhecia, e você fica aí insultando ele, poxa Nick assim tá falhando viu.

– Eu não sei explicar ária, tudo que eu sei é que eu não gosto do jeito que ele te olha, e do jeito que você olha pra ele.

– Isso é impressão tua tá? Mas eu desculpo você, e peço desculpas também, por não ter nem ao menos agradecido pela preocupação que você teve comigo.

– Você não precisa se desculpar tá bom?

– Preciso sim! Amigos de novo? - eu falei estendendo a minha mão para um aperto.

– Amigos. - ele falou um pouco indignado, apertando a minha mão e me puxando para um abraço de urso. - boa noite pequena.

– Eu nem sou tão pequena assim u.u

– É sim, você é a minha pequena linda.

– Boa noite chato.

– Boa noite ridícula.

Na nossa língua, isso era uma forma disfarçada de dizer: Boa noite durma bem, se cuida, não esquece que eu te amo tá bom? Mas se tem uma coisa que eu odeio é ser melosa. Ele saiu do meu quarto e foi embora. Eu decidi tomar um banho pra fazer o exercício de álgebra que eu já tinha esquecido.

Quando tirei minha roupa percebi que o papel com o numero do Harry ainda estava no bolso da minha calça jeans. Quando terminei o banho coloquei um blusão pra dormir, peguei o numero do Harry e guardei na minha cabeceira. Em outros tempos teria salvado na minha agenda telefônica do celular, mas a minha querida mamãezinha me privou disso, então eu só lamento pra mim. Estava fazendo minha atividade de álgebra, mas não estava conseguindo resolver nada.

– Dane-se a tarefa, ela nunca dá o visto mesmo.

Então dormi com os livros em cima de mim, uma verdadeira bagunça. Minha mãe me acordou no outro dia bem cedo da manhã.

–Que horas são mãe?

– 5:30, levanta que você está atrasada.

– Atrasada?! Me deixa dormir mais um pouco!

– De jeito nenhum! Mas filha, o estresse de ontem me fez esquecer de te perguntar o que foi isso na sua perna.

– Ah mãe, foi uma longa historia, no carro eu te explico.

Fui tomar meu banho. Deixei meu cabelo solto coloquei uma rasteirinha, uma calça jeans clara e uma blusa cinza folgada. Comi waffles no café, escovei os dentes e corri para o carro. No caminho eu fui obrigada a explicar a história toda para minha mãe, mas é claro que eu não contei tudo O certo seria eu dizer “Um garoto seduzente me atropelou, mas eu fiquei feliz por isso porque me senti atraída por ele, eu fui pra casa dele e ele me pegou no braço e me deu seu número de telefone”, mas o que saiu foi “Eu fui atropelada por um garoto que chamou uma ambulância pra mim, e me deixou no hospital. Me deram uma injeção para eu dormir e descansar, e quando eu acordei já eram 15:30, então eu chamei um táxi e vim pra casa” A minha mãe me olhou um pouco desconfiada mas acreditou na história. Quando eu cheguei à escola me encontrei com Nick, e fomos para o primeiro horário, que de acordo com o meu horário era de álgebra (já deu até vontade de bocejar).

– Bom dia alunos. - a Senhora Conant falou, mas como sempre ninguém respondeu. Minha sala é repleta de indeliquentes, eu sou uma deles. - Hoje eu vou pegar o visto da atividade, valendo ponto extra.

Que ótimo. Dos dois um, ou eu era muito azarada ou a professora tinha o dom de ler mente e descobriu que eu não tinha feito a atividade, e decidiu dar o visto só pra tripudiar de mim... Não tá fácil a minha vida viu, não tá!

– Antes de dar o visto, eu gostaria de apresentar à vocês, os seus novos colegas de turma. - quando ela falou isso eles entraram na sala.

– Eu. Não posso. Acreditar - eu falei quando vi quem tinha entrado na sala. Em algum lugar da sala escutei Nick criticando.