Acordei assustada com o barulho do despertador e logo pulei da cama, com uma vontade louca de jogar o despertador na parede, mas me contive quando pensei no dia lindo que começava, andei até a varanda para observar melhor o tempo e vi que não estava nem muito sol, nem muito frio um dia perfeito em minha opinião para dar uma boa volta de bicicleta no parque. O céu estava limpo depois da chuva de ontem à noite (pude perceber pelo ar úmido e o gramado molhado), a minha vista era maravilhosa, com lindas montanhas, riachos, árvores frondosas, flores de todas as cores, passarinhos cantando alegremente, até parecia conto de fadas.

            Fechei a porta da varanda porque ventava um pouco e isso fazia com que minhas coisas no quarto começassem a voar (principalmente os papeis espalhados em minha escrivaninha), eu tenho que admitir organização não é e nunca foi meu ponto forte e duvido muito que algum dia possa ser, mas deixando pra lá meros detalhes, encaminhei-me até o banheiro para me arrumar pra outro dia de escola.

            Vesti meu uniforme, que por sinal é horrível, marrom com tiras vermelhas na calça e a camisa era verde musgo, ah se um dia eu pegasse quem inventou esse uniforme...

            Corri para a cozinha e fui logo preparando o café da manhã para mim e para meu irmão (hoje minha mãe tinha saído mais cedo e eu era a encarregada de fazer as coisas do lar), fiz umas torradas com mel para mim e uma omelete com queijo que Yan tanto gosta, ele veio descendo e logo se espantou com o cheiro bom falando:

- Uaaal Maninha! Onde você aprender a fazer essas omeletes? Parecem comestíveis...

- hahaha muito engraçadinho! Aprendi com a mamãe horas...

            Então ele se sentou a mesa e comeu feito uma pessoa que não comia faz uns 5 dias.

- Tava com fome hein!

- Uhum, tava uma delícia, parabéns mana.

-Obrigada, eu disse colocando um sorriso no rosto.

- Quer uma carona pra escola?

- Quero sim, mas antes me ajuda a tirar as coisas da mesa?

- Claro!

            Eu estranhei o bom humor do meu irmão hoje, mas resolvi não perguntar a razão para esse estado de espírito tão incomum dele.

Yan hoje me levou para a escola com o fusca dele e depois foi para a faculdade de Jornalismo.

Chegando ao colégio logo avistei John, corri para cumprimentá-lo dando um longo e apertado abraço, ele retribuiu e me beijou no rosto. Ficamos nos olhando por um momento e depois ele me acompanhou até a classe.

- Como você está linda, Mel!

- Obrigada você também está muito charmoso John, eu disse dando uma piscadela.

- E nosso passeio depois da aula ainda está de pé, certo?

- Claro que sim!

- Beleza então, ele disse pegando a minha mão e depois a beijou. Eu suspirei.

            A aula de hoje voou, até porque eu e John não parávamos de conversar um momento sequer, eu adorava falar com ele me deixava tão feliz, quem não gostava muito eram os professores que ficavam nos olhando com uma cara feia, mas quando isso acontecia parávamos até que eles não nos encarassem mais e depois voltávamos a conversar ainda mais entusiasmados.

            O sinal tocou e eu me despedi de minhas amigas, e falei para John:

- Não se esqueça de nosso passeio às 15h hein!

- Isso seria completamente impossível Mel.

            Abracei-o e disse tchau, e depois fui andando rumo a minha casa, saltitando e cantando uma música feliz da vida.

            Cheguei e fui preparar o almoço, macarronada a bolonhesa minha especialidade, enquanto o macarrão esquentava, eu liguei o rádio e comecei a dançar feito uma louca, girando e girando, rodopiando e saltitando, cantando alto com a música (Girls Just wanna have fun). E para acabar com o meu entusiasmo meu irmão entra feito um louco em casa e desliga o rádio, quando ele me vê descabelada e dançando feito doida, ele me olha com um olhar de você está louca ou é impressão minha [?]. Eu fiquei sem-graça e logo me virei para ir terminar de preparar o almoço.

            Depois da maravilhosa macarronada, que fiz questão de comer dois pratos subi para me arrumar para a grande tarde.

            Tomei um longo banho, me perfumei o máximo que pude, mas sem exagerar, coloquei uma bermuda justa que deixava à mostra as curvas de minhas pernas bem definidas, um top um pouco acima do umbigo, um tênis de corrida e me maquiei um pouco com lápis de olho, um gloss transparente na boca e um pouco de blush rosa em minhas bochechas para dar um ar de saudável. Quando vi no relógio faltavam 5 minutos para as 15h. A impaciência começou a tomar conta de mim e fui esperar por ele na porta da minha casa, e enquanto eu estava trancando a porta, ouço uma voz rouca e sexy atrás de mim:

- Olá minha doce Mel!

            Eu tremi nas bases e me virei dando-lhe um abraço envolvente.

- Oie John!

- Pronta?

- Aham, só falta pegar a bicicleta na minha garagem.

- Ok

            Andamos até minha garagem e peguei minha bicicleta, montamos nas bicicletas e começamos a pedalar até o parque. Quando chegamos vimos uma barraquinha de sorvete e eu dei uma olhada tão indiscreta pra ela que John parou e comprou sorvetes pra nós dois.

- Ta gostando do passeio Mel?

- Amando! Eu falei com meus olhos brilhando.

            Um provava o sorvete do outro, o meu era de morango e o do John era de uva, ríamos com as piadas que fazíamos, e nos lambuzávamos feito crianças e então quando acabamos voltamos a andar de bicicleta apostando uma mini corrida. E enquanto eu fazia uma curva não vi que um homem vinha em alta velocidade em outra bicicleta porque eu estava olhando pra John, e batemos um no outro, cai na grama ao lado e bati com a cabeça em uma árvore, John veio correndo ao meu encontro e os olhos dele foram a última coisa que vi antes de fechar os olhos e cair desmaiada.

            Acordei em um hospital com o braço enfaixado e com uma pequena dor aguda em minha cabeça, tentei me levantar pra sair dali, pois odiava hospitais, mas uma mão me segurou impedindo.

- O que você está tentando fazer senhorita? John falou docemente pra mim.

- Sair desse hospital horas...

- Nada disso! Você sofreu uma batida na cabeça e machucou seu braço e precisa ficar de repouso, ele disse enquanto passava suas mãos em meu rosto.

- Ok então, já que você ta me pedindo, não consigo dizer não a você mesmo...

- Mesmo? Interessante, quero testar essa sua teoria.

            E então ele chegou próximo de mim, colocou sua mão em minha nuca fazendo com que nossos corpos se aproximassem, mas eu coloquei meu dedo indicador em seus lábios fazendo-o parar.

            John não se aproveite da minha boa vontade e fraqueza, por favor, eu disse sorrindo com um olhar malicioso. Ele logo se afastou e disse com um tom zombeteiro.

- Isso só prova que a sua teoria estava errada, minha princesa.

- No momento pode até estar... Eu disse piscando pra ele.

            E então minha mãe abriu a porta desesperada indo em minha direção toda preocupada querendo saber o que tinha acontecido, ela olhou pra John e o fitou com raiva pensando que ele era o culpado pelo meu estado.

- Mamãe não olhe assim pra ele! Foi ele que me salvou caso contrário eu estaria ainda desmaiada no parque.

- Ok querida, me desculpe John. E obrigada por trazer minha filha até o hospital.

- Que nada, eu faço tudo pela sua linda filha.

            Minha mãe me olhou rindo e disse que em dois dias eu já poderia sair do hospital se me comportasse bem.

            Aff, era só o que me faltava ficar dois dias de molho em um hospital. Mas o que eu podia fazer se eu era uma adolescente muito desastrada e ainda por cima enfeitiçada por um lindo menino de olhos azuis?