Estava quase amanhecendo quando Hermione despertou. Draco acordou assim que Madame Pomfrey abriu a porta; só percebendo que tinha cochilado quando sentiu o corpo rígido pela posição. Ronald estava deitado nos degraus de uma escadaria e Harry estava levantando do chão, parecendo tão dolorido quanto Draco. Os três tinham grandes olheiras em baixo dos olhos e a pele ainda mais pálida do que o de costume.

—A senhorita Granger acordou e se sente bem, mas ela ainda está atordoada. Eu não iria permitir uma visita nessas condições, mas vendo que os três praticamente pernoitaram na porta da minha enfermaria, acho que vocês podem conversar com ela, mas por favor, sejam calmos; nada de agitação, a pobrezinha está confusa e...

A curandeira não teve tempo de terminar a fala, pois Malfoy havia entrado em tempo recorde na enfermaria. Hermione estava sentada numa cama branca, não muito melhor de aparência que nenhum dos três meninos.

—Draco! — A morena exclamou sorrindo

Atrás do loiro entraram Rony e Harry, com olhares preocupados para a melhor amiga. Draco atravessou a enfermaria em três passadas rápidas e sentou no bando ao lado de Hermione. Por alguns instantes avaliou o rosto dela, e exclamou.

—Granger! O que eu em você para desmaiar no meio do baile? Eu tenho uma reputação a zelar sabia?

Hermione riu, percebendo a preocupação nos olhos cinza.

—Fique quieto sua fuinha loira — ela disse em tom zombeteiro — você perdeu sua reputação no momento que me entrou naquele baile comigo.

Ele deu a língua a ela, e sorriu de lado, enquanto ela ria levemente.

—Hermione! — exclamou Rony andando até ela, com Harry logo a seu lado — Você está bem?

—Não poderia estar melhor.

Harry sorriu em alivio, mas Rony olhou para Draco e novamente para Hermione, erguendo as sobrancelhas.

—Então nesse caso você tem algumas coisas para explicar.

Hermione mordeu o lábio.

—Em minha defesa, você estava dançando com a Parkison.

—Eu acho — disse Harry hesitantemente — que ele quer se referir ao fato de você ter desmaiado no meio do baile… e talvez do fato de você ter esquecido de mencionar que foi adotada, e que na verdade é uma Black.

Hermione olhou pra Draco, que mordeu o interior do lábio.

—Desculpa? — ele murmurou

Ela soltou um suspiro

—Tudo bem, uma hora eu teria que contar tudo mesmo. Mas eu preferia contar isso num lugar mais… privado — ela respondeu apontando com a cabeça para a enfermeira que fielmente se mantinha a alguns metros de distancia, observando.

—Então eu posso perguntar por que você estava dançando com o Malfoy. — disse Rony

—Eu já disse Weasley — respondeu Draco num tom entediado — eu chamei ela. Ela aceitou.

— Mas…Por que?

Harry bufou.

—Por que eles tão saindo a um tempo Rony.

Rony abriu a boca e a fechou em silencio por algum tempo.

—Você terminou comigo por ele certo?

Hermione parou por um tempo antes de responder.

—É… complicado… Tudo está entrelaçado na história que eu vou contar… Olha, madame Pomfrey disse que eu posso sair amanhã. Me encontrem na frente da sala precisa antes do almoço, ok? Eu prometo que eu vou explicar tudo, eu só…

Mas sua fala foi impedida por um bocejo. A curandeira, que prestava atenção em cada movimento de sua paciente, entrou no meio do grupo de adolescentes, e obrigou os três meninos a saírem, recomendando que eles tivessem uma boa noite de sono. Depois de serem praticamente jogados para fora da enfermaria, Harry Rony e Draco e entreolharam.

—Bom… Eu vou indo —disse Draco quebrando o silencio constrangedor — até antes do almoço eu acho.

Draco saiu a passos largos atravessando os corredores que começavam a ser iluminados pelos primeiros raios de sol.

—Você confia nele? — perguntou Rony olhando o corredor que o sonserino acabar de desaparecer

—Nem um pouco —respondeu Harry com sinceridade, começando a andar em direção ao próprio salão comunal — mas a Hermione confia... Eu não confio na Parkinson também.—  completou o moreno, olhando para o amigo com uma sobrancelha levantada e um sorriso insinuativo.

Rony deu uma risada se humor.

—Cara, eu não confio na Parkison.

Harry deu risada, mas ficou em silencio por alguns segundos antes de continuar a conversa.

—Você e ela… Está rolando desde quando? Você poderia ter me contado, sabia?

—Eu… Ah, sei lá, nós ficamos durantes umas rondas e, quando eu vi, nós já estávamos conversando sobre coisas que eu nunca achei que fosse conversar com ela; de repente eu tinha a chamado pra sair comigo em Hogsmead e…

—Você disse que ia treinar quadribol naquele final de semana seu desgraçado — riu Harry sem realmente estar bravo

Rony riu junto.

—Eu não achei que “eu tenho um encontro com a Pansy” seria uma boa desculpa.

—Não, não seria. Mas eu não teria enlouquecido sabia? Eu descobri sobre a Mione e o Malfoy a um tempo.

—Você devia ter me contado! — exclamou Rony — eu não acredito que você deixou ela sozinha com aquela fuinha.

Harry estudou o rosto do amigo.

—Você não está surtando como eu achei que você surtaria.

Rony suspirou.

—Sei lá cara, hoje foi um dia tão bizarro que eu acho que meu cérebro não esteja processando nada. Quero dizer, primeiro eu tenho Pansy Parkison como acompanhante. Ai minha melhor amiga (e ex-namorada) aparece vestida de vermelho num baile preto-e-branco e aparentemente é o par de Draco Malfoy, nosso inimigo desde o primeiro ano. Então a Mione desmaia nos braços dele, eu abandono meu par no meio do baile (e cara, me deseje sorte por que eu tenho certeza que Pansy vai me esfolar vivo quando eu ver ela), descubro que minha amiga é adotada e, na verdade, pertence a uma família tradicional de sangue-puros; então passo a noite inteira dormindo na escadaria em frente a enfermaria com meu melhor amigo E meu inimigo na minha frente, dormindo no chão.

Harry deu risada da descrição da noite do amigo.

—Verdade… E ela estava agindo estranho antes de ir pro baile, ela parecia meio… não sei… sonserina. Ela foi rude e andava como se fosse a melhor pessoa do mundo… ela estava muito, não-Hermione entende?

Rony fez uma careta

—Eu não entendo mais nada, alem de que eu preciso de uma boa noite de sono. E amanhã antes do almoço lá vou eu conversar com Hermione e Malfoy sobre o namoro deles e a adoção de Hermione. Sei lá cara, eu gostaria que pelomenos um ano nosso fosse normal.

—Normal — repetiu Harry como se estivesse sentindo o gosto da palavra em sua língua — acho que eu não sei o que essa palavra significa. Nunca soube. E tenho o pressentimento que nunca vou saber.

—Somos dois — murmurou Rony — somos dois.

O silencio sonolento foi mantido até ambos entrarem em seu dormitório (onde todos os seus companheiros dormiam tranquilamente), e só foi quebrado quando eles desejaram um ao outro “boa noite”.